domingo, 12 de dezembro de 2010

Song Fic Vento No Litoral Jakexness9

Capítulo 8 –Vacilo




Chorei todo o caminho até a casa de dona Sarah e via de soslaio Jacob observando pela janela do carro. Sua respiração era forte, seu corpo parecia uma pedra de gelo, não disse nada e não se permitiu olhar para mim uma só vez.



Meu coração doía tanto, que em alguns momentos cheguei a ficar sem ar. Queria parar o carro para conversarmos, mas sabia que era melhor fazer isso quando chegássemos. Assim pelo menos teria um pouco de tempo para pensar, para encontrar palavras que descrevessem o amor que sentia por ele e o arrependimento pela dor que estava lhe causando.



Depois de algum tempo, chegamos à reserva e diminui a velocidade. Via a maravilha daquele lugar, sentia-me mais forte e esperançosa com as boas recordações de nós dois, apesar de poucas e tristes também.



Parei o carro na frente da casa de sua mãe, tomei um pouco de fôlego, toquei o seu braço suavemente e tentei falar o que sentia.



- Jacob, pode me ouvir um pouco. – Sussurrei baixo segurando o seu braço. Fiz leves carícias sobre ele, mas na verdade queria abraçá-lo e tirar toda a sua angústia.



- Eu não quero te magoar, Renesmee. – Começou com uma voz fria e um tom solene que chegava a dá medo.



- Por favor, ouça o que tenho a lhe dizer. – Praticamente implorava e sem perceber já estava chorando. Ele abriu a porta para sair e segurei firme, impedindo que prosseguisse. Não poderia deixá-lo partir daquele jeito... Não mesmo.



- Essa não é a melhor hora para conversarmos. Você não está preparada para o tipo de relação que eu preciso. Apesar de te amar, sei que tudo isso foi um erro. - Aquelas palavras me feriram como um punhal afiado em meu coração. Queria gritar, mas não conseguia. Queria segurar o seu rosto e obrigá-lo a me olhar, mas não conseguia. Simplesmente não conseguia me mover naquele momento, parecendo uma pedra. – Não sou mais um adolescente deslumbrado com as coisas que o futuro pode oferecer. Já vivo no futuro e preciso de alguém que possa seguir o meu ritmo. Achei que talvez fosse você, mas acho que me enganei.



- Jacob, por favor... – Cruzei os braços nos peitos e chorando muito. Não acreditava em suas palavras. Não acreditava que depois do que vivemos estava me falando tais coisas. Era uma dor tão grande, que era impossível mensurar o seu tamanho.



- Disse que não queria falar... tenho que ir. – Antes de sair parou e me olhou. Vi uma máscara de dor em seu rosto naquele momento. Sabia o quanto sofria e que a culpada era eu. Estava literalmente vivendo em um inferno e era a culpada por aquilo.



- Ness... – Sussurrou me abraçando carinhosamente. Seus braços eram acolhedores, quentes, macios e me sentia protegida. Mas ao mesmo tempo sabia que longe deles só haveria solidão. Queria prendê-lo a mim e não permitir que partisse. Era doloroso demais tudo aquilo e não sabia como viveria se realmente me abandonasse. Ele era o meu próprio ar e sem ele não conseguiria sobreviver.



- Jacob... eu... ãn... não... – Não conseguia formular uma só frase. Só chorava em seus braços. Ficamos em silêncio por um bom tempo, então voltou a falar.



- A culpa foi toda minha. Sabia que você estava vivendo um momento delicado e mesmo assim forcei a barra. Desde o primeiro momento eu te amei e por isso ousei a tentar te conquistar. Mas o mais difícil disso tudo, é saber que você nunca me viu de verdade. Não sabe o quanto é duro olhar em seus olhos e perceber que você não me enxerga. Que apesar de me vê na sua frente, não é a mim que você procura o tempo todo. – Ele estava chorando também e aquilo me feria ainda mais. Queria dizer que estava errado, mas não conseguia pronunciar uma só palavra. Eram dolorosas as suas palavras e a forma como ele se sentia... chegava a ser penoso. – Vivi muitos anos remoendo a falta da minha mãe, o meu abandono e o fato dela ter escolhido meu irmão e não a mim. E quando achei que estivesse resolvido sobre isso, conheci você e voltei a me sentir um nada... Se você soubesse.



- É você que vejo. – Consegui sussurrar com dificuldade.



- Queria tanto está certo disso, meu anjo. Desde o primeiro momento em que te vi, quis tê-la conhecido antes dele... Oh Ness!



- Tenta me ouvir e me entender. – Minha mente não conseguia conectar direito as coisas. Estava tão sufocada que mal conseguia formular uma frase decente para me defender. Se ele soubesse o tamanho do meu amor. Se o seu estigma de inferioridade não o perseguisse, veria o quanto o amava. Mas ele já tinha traumas tão grandes, que não conseguia perceber o óbvio e eu não conseguia dizer como em sentia.



- Ness, queria olhar para você e sentir o amor que tenho por você fluir. Queria perceber em seus olhos que você está comigo e não com o fantasma. Que não sou apenas um substituto do homem que amou. Mas não consigo ver nada disso em seus olhos. – Ele olhou em meus olhos e as lágrimas foram descendo de seu rosto. Estava se abrindo e me mostrando toda a sua fragilidade. Parecia que quebraria a qualquer momento e eu não conseguia fazer absolutamente nada. – Sabe o que é pior nisso tudo¿ - Perguntou mordendo os lábios. – Eu deixei você ver quem realmente eu sou. Abri o meu coração e deixei você conhecer a minha alma. Quem me conhece acha que sou um cara frio, estranho e até mesmo tímido. Mas eu tirei a máscara para você e mostrei o que há atrás dela. – Balançou a cabeça em sinal de negativo, chorando como se fosse um menino. Passei a mão em seu rosto e lentamente comecei a enxugar as suas lágrimas. – E você não foi nem capaz de perceber... Você simplesmente não me viu... Só a um fantasma... Como isso dói, Ness. – Coloquei a cabeça em seu peito e fiquei chorando muito, sem conseguir rebater as suas acusações, porque na verdade a todo momento em que olhava para ele, fazia comparações entre ele e Seth... Naquele ponto estava correto.



Ficamos abraçamos por um tempo, chorando juntos e deixando toda a dor fluir.



- Eu quero uma família, Ness. Quero uma mulher, um filho, uma casa... Um porto seguro. – Segurou meu queixo e ergueu a minha cabeça lentamente. Nossos olhos se cruzaram novamente e ficamos nos olhando por alguns segundos. Seus olhos eram penetrantes e pareciam querer desvendar a minha alma. Havia tanta aflição e tanto desespero na forma como me olhava, que chegava a me sufocar. – Sabe o que é o pior disso¿ A mulher que eu amei, a única a quem me revelei, a quem me entreguei e me permiti dá amor não será capaz de ser o meu porto seguro... Porque simplesmente me vê, mas não me enxerga. – Soltou o meu corpo, pegou a mochila no chão do carro, abriu a porta e saiu sem dizer mais nada.



- JACOB! JACOB! – Gritei desesperada, ele se virou e me olhou da janela do carro.



- Espero que um dia você possa encontrar alguém que sinta por você o amor que eu sinto. Alguém a quem você possa chamar de amor e possa se entregar de verdade. Que não seja movido apenas por um bom sexo ou uma boa conversa. Pedirei a Deus para você ser feliz... Muito feliz, Ness. – Deu as costas e começou a caminhar para a casa lentamente. Chegou à porta, virou-se para me olhar e ficou parado alguns instantes.



Perdi completamente os meus sentidos. Tudo começou a ficar escuro e quando percebi, não havia mais nada... tudo sumiu.



--xx –



Meu corpo estava completamente mole, minha cabeça doía, tentei abrir os olhos, mas a claridade me feriu. Virei o corpo lentamente, sentindo uma sensação macia e confortável de tecido de seda. Aos poucos fui mexendo as minhas pálpebras e quando consegui abrir, vi minha mãe olhando preocupada.



- Filha, como você está¿ Já estava preocupada. – Acariciou o meu rosto, sentou-se na cama ao meu lado e ficou fazendo afagos em meus cabelos.



- O que... o que... – Sussurrei baixinho.



- Você desmaiou e o seu amigo a trouxe para casa. – Disse analisando as minhas expressões. Franziu o cenho, mordeu os lábios e segurou a minha mão carinhosamente. – Quer me contar o que aconteceu¿ - Perguntou preocupada.



- Nós tivemos o dia mais lindo do mundo. Fizemos amor de forma intensa e depois eu o chamei de Seth. – Comecei a chorar me lembrando da nossa discussão. Senti uma angustia tão grande e uma necessidade enorme de ouvir a sua voz. Minha mãe balançou a cabeça em sinal de negativo e sua expressão era de completa desaprovação.



- Você não deveria ter se envolvido com ele. Ainda mais ir para cama com alguém que nem conhece. Onde estava com a cabeça¿ Pelo menos se cuidou¿ Filhos, filhos... filhos. – Levantou-se da cama e começou a andar pelo quarto.



- Mãe, calma. Tá¿ Não aconteceu nada demais... – Tentei me justificar e ela me deu um olhar repreensivo.



- Nada demais¿ Você foi para cama com um cara que conheceu outro dia! Não tem responsabilidade¿ Seth ao menos era o seu namorado e você o conhecia. E esse Jacob¿ Poupe-me, filha! – Disse com a voz muito severa.



- Eu o amo, mãe. – Tentei me justifica, mas ela me cortou.



- Você o ama¿ Até outro dia estava chorando por causa do Seth. Você amava o seu namorado e queria morrer quando ele se foi. E agora vem me dizer que ama o irmão gêmeo dele¿ Está brincando com os sentimentos desse rapaz. Isso Sim!



- Como pode me acusar desse jeito, mãe¿ Eu amo Jacob como nunca amei o Seth. Quero ficar com ele e se for preciso, vou com ele para Pearl Harbor quando partir. Abro mão de tudo para ir com ele e viver ao seu lado.



- Está louca! E os seus sonhos¿ A faculdade¿ Os seus amigos e sua família¿ Está obcecada pela morte de Seth e agora acha que vai tê-lo através de Jacob. Mas isso não vai acontecer. Seth morreu e não voltará mais. E Jacob é outra pessoa, tem outra personalidade e outro estilo de vida. Você não deveria ter se envolvido e iludido esse rapaz, filha. – Sentou-se ao meu lado novamente e ficou me olhando com pena. – A sua vida continua e você precisa continuar a viver.



- Mãe, eu amo o Jacob. Realmente o amo, mas não quero discutir sobre isso. Pode me deixar sozinha¿ - Perguntei, virei me para o lado e abracei o travesseiro. Comecei a pensar em tudo o que minha mãe disse e depois na última discussão com Jacob.



“Você não está certo, Jacob... é a você que vejo... só você... amo você.”



Passei o resto do dia na cama, dormi e acordei algumas vezes e tive tempo para pensar em tudo o que nos havia acontecido.



Decidi ir procurar Jacob no dia seguinte para conversarmos sobre a nossa briga. Pretendia abrir o meu coração para ele e finalmente dizer que o amava. Resolver o mal entendido e me entender com ele o mais rápido possível.



Levantei cedo e depois em arrumar, tomar café e me preparar psicologicamente para o encontro, peguei o carro da minha mãe e parti para a casa da dona Sarah.



Não vi a moto que Jacob havia alugado e imaginei que houvesse saído. Caminhei até a porta e mexi na maçaneta. E como desconfiava, estava aberta.



Entrei lentamente, encostei a porta e segui direto para o quarto de Seth. Entrei e vi as coisas de Jacob sobre a cadeira. Caminhei até a cama, sentei e vi que havia folhas de rascunhos. Pegue a comecei a olhar os esboços de desenhos... Ele havia me desenhado várias vezes, de várias formas e ângulos diferentes.



Cada desenho tinha traços marcantes, bem definidos e dava para perceber o seu perfeccionismo. Deixando-me completamente fascinada ao observar folha a folha.



Olhei as datas e vi que todas foram feitas no dia anterior, provavelmente após a nossa briga, e algumas folhas tinham marcas de borrões, como se algo molhado houvesse percorrido a superfície. Então percebi que ele havia chorado... Meu coração ficou apertado novamente.



Deitei sobre a cama e fiquei um bom tempo esperando, mas ele não apareceu. Levantei e comecei a mexer nas suas coisas, cheirei as suas roupas e vi o seu lindo uniforme branco de marinheiro.



Ouvi um barulho de porta se abrindo e o meu coração gelou.



- Jacob, filho! – Era a minha ex-futura sogra chamando. Fiquei tensa e me senti envergonhada quando entrou e me viu mexendo nas coisas dele. Era uma situação completamente desagradável e sentia vontade de correr dali para não passar por aquilo.



- Ness¿ - Franziu o cenho e ficou me olhando de forma enigmática.



- Dona Sarah, a senhora sabe do Jacob¿ Preciso muito falar com ele. – Disse envergonhada, de cabeça baixa, enquanto brincava com a sua roupa de marinheiro.



- Não sei, filha! Venha tomar um café comigo. – Pegou a minha mão e me conduziu para fora do quarto. Preferia morrer a ter que falar naquele assunto com ela, mas não teve jeito.



- Dona Sarah, eu... – Engoli seco e desviei o olhar do seu rosto.



- Filha, o que está acontecendo entre vocês¿ Está obvio que os dois estão envolvidos e que sofrem com isso. O que aconteceu¿ - Fiquei encabulada e não consegui falar o que havia acontecido. Afinal não dava para dizer que após ter ido para cama com seu filho, troquei o seu nome, deixando-o muito magoado. – Tudo bem! Não insistirei. Só lhe peço que não brinque com os sentimentos do meu Jacob. Ele pode parecer calado, fechado demais e até de certa forma um pouco frio. Mas tem um coração de ouro. Nós estamos tentando nos entender e aos poucos está se abrindo comigo. Percebi que vocês dois estão apaixonados... talvez mais que isso. – Ficou me olhando e só assenti com a cabeça. Era uma situação completamente constrangedora e não conseguia me abrir.





- Eu não me sinto a vontade para falar esse tipo de coisa. – Respondi envergonhada.



- Filha, ontem o meu filho chegou mal. Parecia ter chorado muito e ficou mal o resto do dia. Depois se trancou no quarto e ficou desenhando. Perguntei o que havia acontecido, mas ele não conseguiu se abrir. E a única coisa que conseguiu me responder,foi: “ é muito duro você amar e não ser amado da mesma forma”.



- Dona Sarah, não queria ter magoado o Jacob... Preciso muito falar com ele. Tem idéia de onde esteja agora¿ - Perguntei nervosa.



- Não, filha. Meu filho não se abre muito comigo. Ele é muito calado, reservado demais e às vezes parece estranho. Às vezes acho muito introspectivo e tento falar com ele, mas ele se fecha. Entende¿ - Segurou a minha mão e fez um leve afago.



- Posso esperá-lo aqui¿ - Perguntei.



- É claro que pode. – Dei um terno sorriso e acariciou o meu rosto. – Vou trabalhar, mas você pode espera aqui em casa. Fique a vontade, filha. – Deixou-me sozinha na Sala, indo para a cozinha. Voltei para o quarto de Jacob, deitei na cama e fiquei esperando por um bom tempo. Olhava o relógio toda hora e nada dele aparecer.



Já eram cinco da tarde quando resolvi voltar para casa. Então peguei um caderno velho sobre a escrivaninha, o lápis de Jacob que estava na cama, ao lado dos desenhos, apoiei a folha sobre um velho livro e escrevi um breve recado.



“Jacob, eu te esperei o dia inteiro, mas você não apareceu.

Precisamos conversar sobre nós dois.

Pode me ligar quando chegar¿

A manhã a limusine vai nos buscar na porta da minha casa às 19h. Não esqueça disso. OK¿

Um beijo muito carinhoso”





Sai da casa frustrada e voltei com o coração ainda mais apertado, imaginando aonde ele teria ido para ficar o dia inteiro fora.



Passei o resto da noite com os meus pais, ansiosa, tensa e muito preocupada. E até cheguei a ligar algumas vezes para a casa da dona Sarah, mas ninguém atendia o telefone.



Quis ir até lá, mas meu pai não me deixou sair e assim como minha mãe, ficou aborrecido por eu está correndo atrás de “homem”.



Fui para o quarto bem chateada e tentei dormi, mas era inevitável pensar nele e em tudo o que havíamos passado juntos, na tarde maravilhosa que tivemos e na briga terrível que impôs uma distância enorme entre nós dois.



Finalmente consegui dormir e relaxar depois de um dia super angustiante.



--xx—



Sábado, o dia do baile de formatura, finalmente havia chegado e estava muito nervosa. Mas o meu estado de espírito não se devia ao fato de ter que comparecer a festa. E sim ao meu reencontro com Jacob depois da nossa briga.



Sentia uma falta terrível dele e olhava o tempo todo para o relógio, esperando que as horas passassem rapidamente.



Logo cedo fui para o salão com as minhas amigas e fizemos tudo o que tinha direito. E quando sai de lá, estava linda, com uma maquiagem deslumbrante, um penteado nos cabelos que deixava com lindos cachos quase loiro, presos no topo da cabeça, caindo sobre os meus ombros. Meus olhos estavam marcantes, com uma sombra escura, sobrancelhas desenhadas, bochecha rosada, cílios alongados, lábios desenhados com um tom rosado brilhante. Sinceramente não sei o que a maquiadora usou em mim, mas estava estonteantemente linda.



Sorri ao ver o resultado final no espelho, imaginando se Jacob gostaria de me ver daquela forma.



Minha mãe foi me buscar de carro, para colocar o vestido e as jóias que dariam o toque final ao meu lindo visual de princesa.



Meu vestido era lindo, deslumbrante e caia muito bem em meu corpo. Sua cor, chá, combinava perfeitamente com o tom dos meus cabelos e nele ficava com um ar angelical. Era um longa tormara que caia, com uma leve camada de tecido esvoaçante sobre ele. Tinha uma faixa de seda num tom de ouro que cobria toda a minha cintura. Seu caimento era perfeito e me senti uma verdadeira princesa ao me observar pronta no espelho.



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“Será que Jacob vai gostar¿ Tomara que sim...”



- Filha, Jacob chegou. – Disse e sentir meu corpo todo estremecer. Cruzei os braços na altura do peito, tentando me proteger do que viria pela frente. Senti-me insegura, mas ao mesmo tempo queria vê-lo. Ele tinha o poder de me deixar totalmente desnorteada daquela forma e o pior, tirava totalmente a minha capacidade de agir. Parecia mais um gato acuado.



- Será que ele vai gostar de mim assim¿ - Perguntei, mordi os lábios e fiquei vendo o sorriso de minha mãe.



- Você está linda, meu amor. Que homem não gostaria¿ Só está insegura por causa da briga de vocês. Mas essa noite vocês superam isso e tudo dará certo. Aproveita a festa e não pensa em coisas tristes. – Ela me abraçou ternamente, depois segurou firme a minha mão e me ajudou a descer.



Lentamente caminhamos pelo corredor, chegamos ao topo da escada e de lá vi Jacob parado a minha espera.



Quando os nossos olhos se encontraram, vi o mesmo brilho que sua face tinha quando nos amamos pela primeira vez. Parecia completamente hipnotizado ao me ver. Sorri involuntariamente e comecei a descer as escadas.



Um frio percorreu a minha espinha e me senti estranha naquele momento. A cada passo que dava, estranhas sensações dominando o meu corpo. Queria correr e me esconder, mas ao mesmo tempo queria está em seus braços e sentir seus beijos. A festa já não tinha a menor importância... Somente ele.



- Você está vestida para matar, Ness.– Disse pegando a minha mão, enquanto me olhava no fundo dos olhos. Já não havia aquela dor, apenas o encantamento que mostrava quando encarava meu rosto, analisando as minhas expressões, como se estivesse vendo a minha alma.



- Obrigada, Jacob. – Disse sorrindo para ele. Era tão reconfortante sentir que o clima de tensão entre nós já havia sumido. Sentia uma enorme felicidade transbordando em meu corpo. E se não fosse pela minha mãe, teria me atirado em seus braços e o beijado de forma avassaladora.



- Não sabia a cor do seu vestido, então comprei branca. – Disse colocando o anel em forma de rosa, uma tradição das formandas, em meu dedo. Sorri e fiquei vendo a delicadeza do seu gesto. Havia se preocupado com o mínimo detalhe. Sem falar que estava estonteante com aquele terno preto e com gravata borboleta. Parecia um artista de cinema, indo para a sua estréia na noite do Oscar... Simplesmente deslumbrante.



- Filha, sua bolsa... Espera que vou pegar. – Minha mãe subiu as escadas correndo e ficamos apenas nos olhando. Jacob me encarava de uma forma, que chegava ser abusada. Parecia me ver nua em sua frente, quando formava aquele sorriso malicioso. E eu, como sempre, fiquei ruborizada, com as bochechas queimando, provavelmente vermelha como um pimentão.



- Aqui está! – Assim que minha mãe me deu a bolsa, ouvimos o barulho da buzina da limusine.



- Nosso transporte chegou. – Disse para ele.



- Que bom! Quero chegar logo a esse baile e ver qual efeito causarei. – Começou a rir e minha mãe deu de ombros, sem entender o que ele dizia.



- Vamos, Jacob! – Entrelacei os meus dedos nos deles e caminhamos até a saída.



- Cuida bem da minha filha, Jacob!! Divirtam-se! – Minha mãe disse e caminhamos lentamente até o carro.



Quando a porta se abriu para entrarmos, foi pior do que imaginava. Claire começou a gritar, agarrou-se no pescoço de Quil, gritando: “FANTASMA! FANTASMA!”; Quil abanava Claire; Jessica simplesmente desmaiou; Embry se encolheu em um canto do carro. Mike ao invés de socorrer sua namorada, começou a desmunhecar e a dá gritinhos: “SOCORRO! SOCORRO!”; Aquilo foi muito gay e Jacob e eu caímos na gargalhada. A cena foi bizarra demais, mas tive que interferir e dizer quem Jacob era. Afinal foi mancada minha em não avisar sobre ele para os meus amigos.



- Gente! Gente! GENNTEEE! – Todos olharam para mim, com os olhos arregalados, tremia, e se agarravam uns nos outros. Jessica, que já estava acordando, olhou para Jacob e desmaiou novamente. Jacob não conseguiu se segurar e riu novamente. Lancei um olhar repreensivo e ele parou de rir. – Ele não é o fantasma do Seth... É o irmão gêmeo dele. – Consegui falar com calma, mas as expressões ainda eram de espanto. – Gente, não estou mentindo. Esse é Jacob Black, irmão gêmeo do Seth. Podem relaxar agora¿ - Perguntei arqueando a sobrancelha.



- Isso mesmo! – Quando Jacob falou, Mike novamente deu uma desmunhecada e se jogou sobre Embry, que o empurrou para longe.



- Ai!!! – A voz era muito gay e tive me conter para não rir.



- Sai daqui! Tu é macho ou não¿ Fala sério, Oh mané! – Embry se afastava, olhando atônito para o gesto e a forma de falar de Mike.



- Nem precisou beber para mostrar o seu lado fêmea. - Jacob sussurrou e dei uma cotovelada nele.



- Para... – Disse em seu ouvido e ele só ria.



- Esse é boiola. Nunca percebeu¿ - Sussurrou em meu ouvido.



- Ele é namorado da Jessica. – Respondi e todos observavam aquela conversa baixa entre nós.



- Então ela tem um problema... Da fruta que eu gosto, ele não come nem o caroço. O negócio dele é outro. Vocês são todos cegos. – Começou a dá umas risadinhas baixas, olhando para a expressão de pânico de Mike. Jessica acordou mais uma vez e quando viu Jacob novamente, ameaçou um novo desmaio, mas Claire a segurou pelos ombros e começou a sacudir. Pensei que fosse quebrar a garota.



- PARA!! VAI ME MACHUCAR!- Jessica gritou com raiva, empurrando Claire para longe.



- Conta isso direito! – Quil ordenou analisando o rosto de Jacob.



-Dona Sarah teve dois filhos e quando fugiu do marido, só levou um deles com ela. O que estava doente e precisava dela naquele momento. Quando Seth morreu, mandou uma mensagem para Jacob avisando sobre o falecimento. Mas como estava embarcado, só pode vir agora. Entenderam¿ Então parem com essas caras de AIMEUDEUS TO FICANDO DOIDO! – Disse para ele.



- Não acha que vai dá “M” a presença dele nessa festa¿ - Embry se manifestou. – Porque todos vão achar que o Seth ressuscitou ou coisa pior. Acho melhor ele não ir.



- Nem pensar! Jacob é o meu par e vai comigo sim! – Disse com tom autoritário.



- Você quem sabe, mas vai dá “M”! Olha o que digo. – Dessa vez foi Mike falando.



- A voz dele engrossou. – Jacob sussurrou e começou a tossir. Olhei para ele e dei uma nova cotovelada. Mas ele parecia se divertir com aquilo tudo.



- Então vamos logo! Não quero perder nada da festa. – Claire disse e finalmente entramos no carro. Jacob sentou-se ao meu lado e quando tentou pegar a minha mão, instintivamente eu a puxei. Não queria que os meus amigos me vissem com o meu cunhado. Não sei porque, fui levada pelo sentimento de vergonha e pela primeira vez desejei não tê-lo convidado. Jacob se sentiu desconfortável com o meu gesto e se esquivou, afastando o corpo do meu. Percebia os olhares curiosos dos meus amigos e tentava não deixar transparecer o que sentia.



Depois de alguns minutos de viagem, chegamos ao ginásio do colégio, onde seria realizada a festa de formatura.



Ele estava todo decorado com luzes, mesas com toalhas branca, cadeiras com fantasminhas, arranjos florias sobre cada mesa, uma enorme mesa com todos os tipos de quitutes e frutas. Também havia alguns ponches, certamente sem bebida alcoólica, e arranjos florais sobre ela.



Tudo estava perfeitamente arrumado e as pessoas moviam seus corpos sinuosamente sobre a pista de dança. De repente...



-AHHHH!! FANTASMA! – Começou um pandemônio no salão, alguns começaram a correr para a porta, causando tumulto e queda de muitos estudantes. A diretora Parker desmaiou durinha no palco, vi que algumas professoras também desfaleceram. Na correria mesas e cadeiras foram jogadas para o lado. Alguém caiu sobre a grande bacia com ponche, espirrando o liquido para todos os lados. Os gritos não paravam e vi quando Embry correu para o palco e pegou o microfone.



- GENTE! GENTE! GENTE! NÃO É FANTASM! É O GÊMEO DO SETH! GENTE PAREM DE CORRER! NÃO É FANTASMA! É O IRMÃO! É O IRMÃO!



As pessoas pararam de correr e gritar, voltaram seus rostos para a nossa direção e pareciam completamente atordoada. Então ele começou a contar a história que ouviu no carro.



- A mãe do Seth quando se separou, levou apenas um dos filhos e deixou o outro com o pai. Por isso temos uma cópia fiel do nosso saudoso Seth aqui. Espero que seja acolhedores com o Jacob essa noite e relaxem um pouco. MUSICA POR FAVOR! – A música começou a tocar, alguns estudantes começaram a levantar, os que já estavam na porta voltavam para o salão. Começaram a arrumar as mesas e cadeiras que foram derrubadas na correria. Vi alguns dos professores tentando acordar as professoras e a diretora Parker, que continuava apagadona.



Olhei para Jacob e ele estava sério, parecia bem pensativo. Talvez arrependido, não sei exatamente, mas ele não achou graça daquela confusão toda. Pegou a minha mão e fez um leve carinho. E mais uma vez eu a soltei.



- Jacob, podemos falar a sós¿ - Fiz sinal com a cabeça e o levei para um canto do ginásio.



- O que foi Ness¿ Sinto que está desconfortável comigo¿ - Franziu o cenho e ficou me olhando de forma apreensiva.



- Olha só... – Comecei constrangida, com medo de magoá-lo novamente. – As pessoas não sabem sobre nós. E é estranho, porque eu sou a “viúva” do seu irmão. Então fica estranho a gente se tocando, fazendo carícias... – Nem terminei de falar e ele já se armou.



- Está com vergonha de mim¿ Vergonha que saibam que estamos ficando¿ É isso¿ Então para que me trouxe aqui¿ Eu não acredito! – Jogou os braços para cima e balançou a cabeça em sinal de negativo.



- Jacob, por favor...



- Por favor¿ Você faz comprar essa roupa, me traz aqui para me expor perante essa gente, arruma essa confusão toda. Agora vem me pedir por favor¿ Eu não sou idiota! Se é isso que quer... – Fechou os olhos, respirou fundo antes de continuar. – Estava certo sobre você, Ness. Só sou um objeto que você usa e depois descarta. Eu não sou nenhum otário para uma garotinha mimada fazer o que quer de mim. Não mesmo! – Estava exaltado e não media as palavras quando falava. – Quer saber de uma coisa¿ Eu vou rodar esse salão e encontrar uma garota legal para ficar comigo essa noite. Definitivamente você não me merece.



- Jacob, não é isso. – Segurei o seu braço e ele puxou com raiva.



- Vai para o inferno e me esquece. – Puxou os braços e saiu sem olhar para trás.



Meus olhos encheram de lágrimas e tive que me segurar para não chorar. Ouvi passos e alguém tocando em meu braço.



- O que foi isso, amiga¿ - Claire perguntou franzindo o cenho.



- Fiz tudo errado mais uma vez, Claire. E agora ele está me odiando. O que eu faço, amiga¿ - Eu a abracei e coloquei a cabeça em seu ombro.



- De momento, corre atrás dele e impeça a Melissa de ficar com ele. Olha a safada se atirando sobre o gato. – Fez um sinal com a cabeça e o meu sangue ferveu. Senti um ciúme me consumindo de uma forma violenta. Sai dos braços de Claire e caminhei até lá.



- Oi, Melissa! Pelo que vejo já está se atirando para o Jacob. Não conseguiu nada com o Seth e agora vai atacar o irmão. – Disse com raiva e Jacob se quer olhava para a minha cara.



- Não tão quanto você. Não é Ness¿ - Cruzou os braços e ficou me encarando. – Mal o Seth morreu e já está dando para o cunhado. Que feio! – Parti para cima dela e Claire me segurou por trás.



- Ela quer briga. Não vai cair na dela, amiga.



-Sua “PI” safada! – Disse com raiva para ela.



- Eu sou, mas assumo. E você¿ Santa do pau oco! Acha que não percebi a briguinha de vocês¿ Que você está caidinha por ele¿ Fala sério! Ele não é o Seth e a noite promete. – Colocou as mãos sobre a cintura e ficou me encarando.



- O que você tem com isso¿ - Perguntei com raiva. Tinha vontade de voar nos seus cabelos, mas não podia.



- Eu¿ Só o fato de eu querer ficar com ele essa noite. – Deu um sorriso maquiavélico e olhou para Jacob. – Voltando ao assunto, Jacob. Você dança comigo¿ - Ele olhou para mim, arqueou a sobrancelha e sorriu. Depois se virou para ela, pegou a sua mão e a encarou nos olhos.



- Será maravilhoso ter uma mulher de verdade essa noite. – Deu as costas e caminhou com ela para a pista de dança. Naquele momento fiquei completamente sem chão e resolvi ir encher a cara para aliviar o meu estado de nervos. Quis matar o Jacob por ter feito aquilo, mas sabia que eu era a única culpada.



- Claire, você havia dito que os meninos esconderiam bebidas de verdade nessa festa. Sabe onde eles colocaram¿ - Perguntei olhando para o seu rosto espantado.



- Ness, você não está acostumada a beber. – Ela me repreendeu.



- Se eu não beber alguma coisa... se não conseguir relaxar... se... eu mato alguém essa noite... quebro a Melissa na “PO”! Juro que quebro. Então vamos beber logo! – Sai batendo o pé e queria beber na sua intenção. Depois que tivesse toda a coragem que precisava, faria aquela loira oxigenada pagar caro por ousar tirar Jacob de mim. Ela já havia tentado muitas vezes com o Seth e sinceramente relevei. Mas com Jacob era diferente... Arrancaria os seus olhos, quebraria os seus dedos, cortaria os seus cabelos, deixaria sem dente e com olho roxo.

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