21 Arrependimento – PVO
Jacob
Estava completamente
atordoado, sentia uma dor e um desespero tão grande me consumindo por dentro
que mal conseguia raciocinar.
Levantei do chão,
encostei lentamente minha cabeça na porta e ouvi o seu choro. Confesso que naquele
momento tive vontade de morrer. Era como se uma parte de mim estivesse sendo
esmagada... O meu coração.
Caminhei lentamente
pelo corredor escuro, sem saber exatamente para aonde ir e o que fazer. E
quanto percebi estava na sala.
Fui até o bar, peguei
uma garrafa de conhaque que ainda estava lacrada e decidi que encher a cara era
a única coisa que poderia me acalmar naquele momento. Meu coração estava
doendo, me deixando sem razão e louco para ir até lá me ajoelhar diante dela,
pedir perdão e tenta consertar o que havia feito.
Literalmente havia me
transformado em um monstro. E o pior de tudo, é que eu sabia que nada do que
fizesse depois, apagaria as terríveis lembranças da nossa "lua de
mel". Mesmo sabendo que ela me amava, temia que não suportasse aquele
trauma e me abandonasse... Aquilo certamente eu não suportaria e talvez nem o
dinheiro, que receberia por ela me abandonar e desistir do casamento, seria o
suficiente para conseguir ser feliz...
Caminhei, ainda
torpe, para a cozinha com a garrafa de conhaque nas mãos, acendi as luzes,
dirigi-me para o armário, abri a gaveta e peguei uma faca. Fui até a pia,
coloquei a garrafa sobre ela e comecei a abrir o lacre. Tirei a rolha, caminhei
novamente até o armário, peguei um copo, me direcionei ao freezer e pequei a
forma de gelo. Voltei até a pia e coloquei o conhaque no copo e pouco a pouco
fui tirando o gelo da forma e depositando no repositório.
Bebi três copos de
conhaque, mas mesmo assim continuava sóbrio o suficiente para lembrar da
barbaridade que havia feito. Eu a havia machucado não só fisicamente, mas
também emocionalmente e não conseguia me perdoar por aquilo. Estava doendo
muito e eu não conseguia conter as lágrimas, que escorriam pelo meu rosto de
forma desesperada.
Bati com a cabeça
várias vezes no armário e senti um desespero tão grande que pensei em uma única
alternativa para a minha vida... Morrer!
Sim! Precisava morrer
para não fazer mais crueldades ao meu pequeno relicário. Precisava acabar com a
minha vida antes de acabar com a dela... Precisava matar o lobo louco e
masoquista, para salvar o cordeiro assustado e indefeso. Aqueles pensamentos me
consumiam e o desespero se tornava crescente dentro de mim, insistindo em
dominar a minha mente e o meu corpo.
Virei meu corpo para
a pia e vi a faca que acabara de usar... Ela seria a minha libertação... Tinha
a plena consciência de que me tornaria um fraco, um covarde, igualmente o que
meu pai foi ao se matar... Mas a verdade é que eu já havia me tornado o mais
fraco dos fracos, ao me apaixonar pelo meu objeto de vingança. Se ao menos eu
tivesse resistido aos seus encantos e não ter me deixado levar pela sua
delicadeza, mas agora era tarde demais... A única solução seria acabar com tudo
e arrancar a minha vida com a ponta de uma faca.
Morreria por amor,
por medo e por falta de coragem de seguir adiante... Desistiria da vingança e
jogaria o restante do nome dos Black na lata de lixo. Morreria para que ela
tivesse uma chance de ser feliz novamente.
Pequei a faca, fiquei
olhando para o brilho da lâmina e vi a face do monstro refletida nela. Lágrimas
ainda rolavam em minha face, um frio enorme me assolava e o ódio crescente do
monstro que havia me transformado inflamava cada célula do meu corpo.
Levei a lâmina até
meu pulso e a coloquei sobre a minha carne. Fechei os olhos e me lembrei do
sorriso mais lindo do mundo, do rosto meigo, da boca delicada e dos olhos azuis
brilhantes, sorrindo para mim... “Eu te amo! Sempre te amei!” o rosto do anjo dizia para mim.
– Não! Não!! Não
posso ser fraco e deixar esse monstro fazê-la sofrer novamente!
Fechei os olhos e
mais uma vez o anjo dizia para mim: “Eu te amei a minha vida inteira e esperei por você... Por
favor, não me abandone!”
Engoli seco e senti o
gosto amargo da bebida em minha garganta. Perdi a coragem de morrer. Precisava
dizer para ela que a amava. Sentir a sua pele quente novamente, o sabor doce
dos seus lábios, o seu cheiro reconfortante, ver o lindo sorriso e o brilho do
amor em seus olhos. Mas será que
ela ainda me ama depois de hoje? E por que hesitou na hora de dizer sim? Por
que não quis se entregar para mim? Será que descobriu que não me ama de
verdade?
As perguntas
começaram a me atormentar, enquanto olhava para a lâmina afiada sobre o meu
pulso. Tirei a de meu braço e peguei-a entre os dedos. Não pensei muito. Eu
precisava sentir dor naquele momento. A dor emocional eu já sentia me
corroendo, mas precisava sentir a dor física para pagar o meu pecado. Havia
tomado aquele corpo pequeno, frágil e imaculado de forma animal, pensando
apenas na minha satisfação, fazendo a minha “esposa” sofrer uma grande dor...
Merecia sofrer!
Instintivamente
fechei minha mão cravando a faca na palma, fazendo com que abrisse um enorme
corte. Senti uma dor muito forte, fechei os olhos e comecei a gritar, vendo o
sangue escorrer pela pia.
– AI! AI! AI! FDP!
Você está ficando louco! “KA” essa mulher está tirando a sua sanidade, Jacob!
Você é Jacob Black! O que pensa que está fazendo? Você é lindo, maravilhoso e
gostoso. Se ela ficou fazendo doce e não quis te dar, a culpa foi dela... Aff,
a quem pensa que está enganando? A quem? Você pode ser tudo isso e muito mais.
Mas... Você a ama com todas as suas forças! Inferno! Deveria ter protegido o
seu coração melhor. Nunca deveria ter se apaixonado por ela. E agora, FDP? E
agora? O que vai fazer? Ai! AI! Essa “PO” arde.
O sangue continuava a
escorrer dentro da pia, larguei a faca e abri a torneira, deixando que a água
escorresse sobre o corte, causando-me uma ardência terrível. As lágrimas
continuavam a escorrer em meu rosto.
– Você é um fraco!
Não aprendeu nada com o seu pai?! Deixou uma mulherzinha fazer você sentir
pena. Onde estava com a cabeça, Jacob? OH Ness! Queria tanto que as coisas
fossem diferentes para nós dois. Queria te amar sem precisar te fazer sofrer. "Mas agora é tarde demais para voltar
atrás. Você chegou a um ponto que não tem como voltar, Jacob." Mas que “M”!! “M”!! Eu a amo e tenho que fazer sofrer.
Ainda com sangue
pingando sobre o chão, abri uma gaveta e peguei um pano de prato. Enrolei em
minha mão e depois comecei a arrumar a bagunça na cozinha. Sabia que a mãe do
“Vi...nho” Teria um ataque se visse o sangue no chão e sobre a pia, tirando
conclusões erradas.
Peguei a esponja de
louça e comecei a limpar a sujeira que havia feito. Depois tomei mais dois
copos de conhaque, peguei a garrafa e voltei com ela para a sala.
Coloquei a garrafa no
bar e me deitei sobre o sofá por um tempo. Precisava colocar as idéias em ordem
e não conseguia dormir. Mesmo tento enchido a cara, continuava sóbrio o
suficiente para me lembrar da minha atrocidade. E aquilo continuava a me
atormentar.
Levantei do sofá e
decidi ir para o quarto, ver se conseguia dormir. Então caminhei lentamente
pela casa escura até alcançar a porta do “seu” quarto. Coloquei a cabeça sobre
a porta e ouvi o choro baixinho... Meu coração doeu novamente.
Fui para o “meu”
quarto, olhei para o relógio e vi que já passava das três horas da madrugada,
mas ainda não conseguia dormir. Tinha medo de ter algum pesadelo e me lembrar
dos meus pais ou da coisa monstruosa que havia feito com Renesmee.
Rolei na cama por
algum tempo e mesmo assim, o sono não vinha. Olhei para o relógio novamente e
já era cinco e trinta da manhã.
Resolvi levantar e ir
até o outro quarto. Queria ver o seu rosto, tocar a sua pele e sentir o seu
cheiro. Era incrível como seu toque me fazia falta, como a falta do seu calor
me fazia sentir frio. Minha cabeça estava totalmente atormentada com as
lembranças e precisava ver se estava “bem”... Tinha urgência em vê-la.
Sai da cama e me
dirigi até o outro quarto, abri a porta lentamente, tomando cuidado para não
fazer barulho, entrei e a encostei. Andei passos leves até cama, sentei no chão
em frente a ela e vi o seu rosto inchado, as marcas em seu pescoço, em seus
braços e o sangue sobre o lençol. Engoli seco e mais uma vez chorei como uma
criança. Como quis voltar no tempo, no momento em que a machuquei, mas era
tarde demais. Sabia que ela nunca me perdoaria e nunca se esqueceria da minha
brutalidade.
Levei a mão até seu
rosto, mas hesitei ao tocá-lo. Tinha medo de que acordasse e se assustasse
comigo em sua frente.
Mil coisas passaram
em minha mente e precisava que ela soubesse o quanto eu a amava. Mesmo
fazendo-a sofrer, eu a amava e estava atormentado com aquilo tudo. A dor era
muito grande, o desespero, o arrependimento... Sim! Arrependimento! Pela
primeira vez na vida me arrependia de um de meus atos. Pela primeira vez na
vida desejei não ser Jacob Black, desejei não ser um monstro... Desejei mudar
para ela.
Depois de algum
tempo, ela começou a sussurrar coisas que me deixaram ainda mais nervoso e me
fizeram entender o seu estranho comportamento.
– Não Seth! Não! Você não pode me amar desse jeito.
Vá agora para aquela igreja! Não faz isso comigo.
Começou a chorar como
uma criança, enquanto falava tudo o que sentia.
– É tarde demais para nós dois. Eu também te amo,
mas é diferente. Eu o amo! Eu o amo! Se eu pudesse me dividiria em duas e seria
a Ness do Jacob e a Ness do Seth, mas eu não posso. Eu não posso! Por favor,
não faz assim! Não chore por mim! Eu amo Jacob. Sempre amei e sempre o
amarei.Não posso deixá-lo esperando naquele altar. Por favor vá embora! Não
quero ouvir mais nada!
Ela falava e chorava
muito. Tive vontade de matar aquele “VI...dinho” filho da "PU". Soube
naquele momento o motivo dela estar tão abalada, com medo de casar e de se
entregar a mim. Ele havia plantado a dúvida em seu coração, havia introduzido a
semente que mais tarde poderia crescer e acabar completamente com seus
sentimentos por mim... Ela sofria por ele.
Me levantei
rapidamente, com medo de ouvir mais, mas antes que eu pudesse sair, ela começou
falar sobre a nossa noite. Não conseguia conter a emoção, do desespero e da dor
que me consumia.
– Jacob, por que você me machucou se eu te amo
tanto? Por que? Eu te amei desde o primeiro dia. Te amei a minha vida inteira.
Por que me machucou? Que tipo de monstro você é? Onde está o Jacob que conheci?
Por que me feriu desse jeito? Meu corpo ainda dói e minha alma está
sangrando...
– NÃO!! NÃO!! PARA!!! PARA!! POR FAVOR PARA!! ESTÁ
ME MACHUCANDO!
Ela começou a se
debater sobre a cama, fazendo movimentos com as mãos como se estivesse
empurrando alguém. Tive medo que acordasse e me visse. O seu desespero
certamente seria maior. Sai do quarto apavorado ao perceber o sofrimento que
havia lhe causado.
Fui para o meu quarto
e cai na cama. Chorei muito. Até os meus olhos não terem mais lágrimas para
derramar. Em seguida fui para o meu banheiro, tomei banho e resolvi me vestir
para ir trabalhar.
Sabia que não
conseguiria passar o dia perto dela e ver a sua dor. Precisava fugir daquilo e
pensar racionalmente sobre as minhas alternativas.
Passei um bom tempo
de baixo da água quente do chuveiro e depois me arrumei para sair de casa.
Prendi um pedaço de uma camisa, que rasguei, em minha mão e depois fui para a
cozinha.
Havia cheiro de café
e pão quente. Soube que Sue deveria ter começado o seu trabalho.
Inconscientemente rezei para não encontrar o “Vi...nho” do seu filho. Perderia
a cabeça com ele e a coisa ficaria feia entre nós.
– Bom dia, Sue! –
Disse ao entrar na cozinha.
– Bom dia! – Ela me
olhou de forma estranha, certamente tentando entender o motivo de eu estar com
terno e gravata aquela hora da manhã.
– Já tem café pronto?
Quero comer algo antes de ir trabalhar. – Disse para ela.
– Vai trabalhar hoje?
- Perguntou franzindo o cenho.
– Alguém tem que
trabalhar nessa casa. Da onde acha que sairá o seu salário no final do mês? -
Perguntei de forma ríspida.
– Oh, desculpe a
impertinência. – Pediu envergonhada.
– Realmente não gosto
de empregados impertinentes. Pode servir o café na sala de jantar. Estarei
aguardando. – Disse com tom autoritário e sai, deixando a mulher sem ação
diante das minhas palavras.
Fui para sala,
sentei-me na cadeira e fiquei esperando o meu café. Ela apareceu com uma
bandeja e começou a arrumar as coisas sobre a mesa.
– Minha esposa está
cansada. Então deixe-a dormir o quanto quiser. – Comecei as ordens do dia. –
Devo chegar para o jantar por volta das sete e quero tudo pronto. Não gosto se
esperar. O meu quarto, o que fica em frente ao quarto do casal, precisa ser
arrumado. Troque os lençóis e o deixe limpo. O banheiro precisa ser lavado.
Está imundo. – Ela me olhou com o os grandes olhos arregalados e só assentiu
com a cabeça e depois de me servir, saiu.
Fiz o meu desjejum e
voltei para o quarto, para escovar os dentes, olhei-me no espero e não
reconheci a figura que via. Resolvi sair antes que me perdesse naquele
arrependimento que sentia.
Sai da casa e fui
pegar o carro no estacionamento. E eis quem encontro...
– É bom encontrar você
logo cedo. – Disse para ele arqueando a sobrancelha.
– Bom dia para você
também, Jacob! – Respondeu com má vontade.
– Bom dia, Senhor
Black! – Comecei com tom arrogante. Precisava colocar aquele moleque em seu
lugar e mostrar quem mandava ali. – Não gosto de intimidades com os empregados.
E também não quero que essa intimidade se estenda a “minha esposa”. Entendeu?
Você só está aqui porque ela tem pena de você e quer que tenha condições de se
manter na universidade. Mas não se aproveite disso para ter intimidades com
ela. O seu lugar não é dentro da casa, como se fosse uma visita. Você está
sendo pago para trabalhar e não ficar de papinho. Se eu o pegar com ela...
– Se você tivesse
escolha, eu nem estaria aqui hoje. – Respondeu de forma malcriada.
– SEU MOLEQUE! –
Parti para cima dele e a sua mãe entrou entre nós.
– Por favor, Senhor!
Precisamos desse emprego. – Praticamente implorava.
– Lembre isso ao seu
filho! Não quero ele perto da “minha mulher”. Ou acha que não sei, que o atraso
dela foi por você ter ido até lá, para impedir que se casasse? Não o quero
perto dela! Guarde esse amor aí com você. – Disse com sorriso sarcástico.- Ela
é minha! Sempre foi minha e sempre será! Não teve a capacidade de conquistá-la
antes. Então agora fica na sua. Se entrar no meu caminho... Eu mato você!
– Você mata? Essa eu
quero ver... Você só assusta garotinhas indefesas. Isso sim! E se pensa que
será um viúvo rico... – Disse em tom desafiador. - E se estivesse tão seguro de
si, não perderia o seu precioso tempo me ameaçando. Afinal tempo é dinheiro e
isso vale muito para você. – Parti para cima dele e sua mãe colocou as mãos
sobre o meu peito, impedindo de socar a cara do seu filho. Senti uma raiva tão
grande, ainda mais depois de descobrir o motivo dela ter se negado a mim.
Queria acabar com aquele moleque, mas precisava ser cauteloso em relação a ele.
– Não esteja tão
certo disso, moleque. A Ness é minha, só minha e não permitirei que a tire de
mim. Não atravesse o meu caminho! – Disse com raiva e sai soltando fogo pelas ventas.
Estava muito nervoso e queria acabar com aquele atrevido. Minha respiração era
pesada e minhas mãos estavam trêmulas. Peguei a chave do carro em meu bolso,
abri a porta, entrei e dei partida. Ainda sentia o efeito dos tremores em meu
corpo, mas precisava sair dali antes que cometesse uma loucura... Leia-se,
assassinato.
Tive dificuldade para
dirigir, pois minha mão machucada estava doendo muito e antes de partir para
Seattle, parei no hospital de Forks para dar alguns pontos no corte profundo.
Foi uma dor terrível,
que só serviu para piorar ainda mais o meu humor naquela manhã. E quem olhava
para mim, não dizia que acabara de sair da noite de núpcias.
Voltei para o carro e
parti para o escritório. E para completar o inferno do meu dia, ainda peguei a
“M” de um engarrafamento, que me deixou parado no trânsito umas duas horas.
Cheguei ao escritório
e todos me olharam estranho, por onde passava. Parecia que não acreditavam que
eu estava li para trabalhar no meu primeiro dia de casado e ainda em minha lua
de mel. Mas nem me dei o desprazer de cumprimentar ninguém. Fui direto para a
minha sala e só falei o suficiente com a minha secretária Vivi.
– Senhor Black? -
Tinha cara de espanto assim como os outros.
– Eu não quero ser
incomodado hoje. Não estou para ninguém e só atenderei ligações da minha
esposa. Mas acredito que ela ligará direto para o meu celular. Entendeu? Veja
os documentos pendentes e os leve para mim. – Falei tudo de uma vez e abri a
porta do meu escritório. Entrei, fechei a porta, olhei para toda aquela
suntuosidade e pela primeira vez, aquilo não me disse nada. Não me sentia feliz
por ter um escritório enorme, lindo, confortável e bem decorado que fazia jus
ao presidente da empresa. Pelo contrario, senti uma grande tristeza me consumir
e aquilo tudo só aumentava o vazio em meu peito.
Caminhei até a minha
mesa, liguei o computador e abri a pasta de fotos, onde havia vários álbuns com
fotos de Ness. E fiquei praticamente a manhã inteira vendo as fotografias dela.
Trim! Trim! Trim!
Peguei o telefone no
bolso e resolvi atender. Vi que a chamada era restrita e mesmo assim resolvi
atender.
Tem um pobre ligando pra mim! Tem um pobre ligando
pra mim!
– PQP! Ainda é a
cobrar! Inferno! – Resmunguei.
– Oi meu gostosão! –
Aff... Não pode ser!!!!!! Era a cachorra da Casy.
Eu mereço! Realmente mereço!
– Fala Casy! – Disse
com tom áspero.
– Que mau humor é
esse? Devia estar feliz. Ontem não foi sua noite de núpcias? - Disse com tom
malicioso.
– Eu não estou com a
menor paciência para gracinhas. Então diga logo o que quer de mim. Tenho que
trabalhar e não posso ficar de conversinha.
– Trabalhar? Hoje? O
que deu em você, gostosão? Não gostou da “BO” da esposinha? RARARARA –
Gargalhou debochando de mim.
– “KA”! Eu estou sem
paciência. Se não tem nada útil para me dizer, estou desligando. – Quando disse
isso, ela me cortou.
– Quando poderei ir
para ai? Já conseguiu o que queria, já casou, tem a presidência da empresa e
muito dinheiro ao seu dispor. Quando posso ir para ficar com você? - Estava
realmente vivendo o meu inferno. Como se já não me bastassem os meus problemas,
ainda tinha a PU da Casy para me preocupar. Tinha que enrolar um pouco mais,
até decidir o que fazer com ela... Ela precisava sair do meu caminho.
– Você é doida ou
comeu “M”? Eu acabei de casar e você quer vir para cá? Quer que descubram o
nosso caso? Eu assinei um acordo pré-nupcial e se desrespeitar o meu casamento,
perco tudo. Entendeu? Fica fria e deixa passar um tempo. Deixa a idiota da
minha esposa confiar em mim e achar que está tudo bem. Acho que uns cinco meses
são o suficiente para estabilizar as coisas.
– Cinco meses? Acha
que ficarei cinco meses nessa “M” de empresa? E você aí, vivendo como um rei?
Nem pensar! Trata de arrumar um lugar para eu ficar. E não é qualquer lugar.
Entendeu? Quero uma cobertura linda e também uma BMW. Se acha que vai me passar
a perna está enganado, Jacob. Eu conto quem você é para o avô da sua “esposa” e
duvido que ele o mantenha na presidência.
– "KA" você
vai me ameaçar? Sabe do que sou capaz, sua “PU”! Sabe bem o que posso fazer com
você. Então não se atreva a me colocar contra a parede. Você não virá para cá e
ficará aí, bem quietinha. Se aparecer por aqui e ferrar a minha vida, acabo com
você. Entendeu? Quando eu achar que as coisas estão calmas por aqui, mando te
buscar. Agora me deixe em paz! Tenho que trabalhar.
– E o que faz
trabalhando justo hoje? RARARA – Novamente gargalhou com a voz irônica.
– A minha esposa era
virgem e nada boa de cama. Estou frustrado por não ter uma mulher de verdade.
Satisfeita? - Resolvi mentir para que me deixasse em paz.
– Se eu estivesse ai,
você não estaria com esse humor do cão. – Deu uma breve risada.
– É verdade! Agora me
deixa trabalhar. Tchau!
– Jacob, espera! Eu
te amo. – Disse com a voz doce.
– Tudo bem! – Já
estava perdendo a paciência com a vadia.
– Não vai dizer que
me ama também?- Praticamente gritava ao telefone.
– Não! Você é apenas
um bom sexo para mim, Casy. Eu só amo a mim! Não amo mulher alguma. Entendeu? -
Queria explodir, gritar, dar “PO”, arrancar os seus cabelos e a jogar de um
precipício.
– Você ama aquela
garota sem sal? HEIM, JACOB? FALA! VOCÊ AMA A VADIA CULLEN? FALA! EU ACABO COM
ELA! EU MATO A SUA “ESPOSA”! ENTÃO NÃO BRINQUE COMIGO! – Perdi completamente a
cabeça naquele momento.
– EU NÃO GOSTO DE
VOCÊ, NÃO QUERO VOCÊ E NEM TENHO VONTADE DE “FU” COM VOCÊ. SUA LOUCA! ESSA É A
VERDADE! EU AMO A MINHA ESPOSA! AMO SIM! AMO COMO NUNCA AMEI NINGUÉM! E SE VOCÊ
CHEGAR PERTO DELA... EU MATO VOCÊ COM REQUINTES DE CRUELDADE, CASY! ENTENDEU?
NÃO LIGA MAIS PARA MIM! ESQUECE QUE EU EXISTO E NÃO SE ATREVA A COLOCAR ESSE
TRAZEIRO CHEIO DE CELULITES POR AQUI! ENTENDEU? OU TENHO QUE DESENHAR! VÁ DE
“FU” SUA VACA MALDITA! – Desliguei o telefone com raiva e o joguei sobre a
mesa.
Inferno! Inferno! Inferno! Inferno! Inferno!
Inferno! Inferno! Inferno! Inferno!
O que foi fazer,Jacob? Agora como vai tirar essa
louca do seu caminho? Se ela resolver aparecer e fazer um escândalo, você está
ferrado. Se ela conta para Ness... Aimeudeus! Ela nunca vai me perdoar! Nunca!
Calma! Respira! Respira! Foco!
Olha o que você faz comigo, Renesmee? Está vendo
como me deixou completamente transtornado? Perdi completamente o foco e só
estou fazendo “M” por sua causa... Inferno!
Você tem que imprimir a procuração e os formulários
do banco, Jacob. Não se esqueça das coisas práticas! Ela precisa colocar você e
suas irmãs como suas dependentes. Precisa te dar plenos poderes para
administrar os seus bens. Você precisa aproveitar a ausência do avô dela para
agir... Ela é a única Herdeira disso tudo e precisa agir para tomar posse dos
seus bens.
Foco! Foco!
Abri a pasta de
documentos e enviei o comando para imprimir os arquivos. Depois abri o
inventário que havia feito e comecei a analisar as minhas possibilidades.
Carlisle é muito burro mesmo!
Ele colocou 90% das propriedades, investimentos,
contas e imóveis no nome da neta.
O único bem que continua em nome da família Cullen
é a empresa. Mas isso também tomarei deles... A se tomarei.
Como ele pode ser tão burro? Por que não deixou
tudo em inventário? Qual a finalidade de colocar quase tudo no nome da neta?
Ela ainda era de menor quando fez isso. Será que foi por causa dos impostos?
Não!! Tudo está devidamente regularizado e os impostos são pagos fielmente pela
Cullen.
Por que não há nenhum bem em nome dos filhos ou da
esposa? Não entendi, mas isso facilita muito as coisas para mim. Porque como
procurador dela, poderei dispor dos bens sem que ele ou ela tenham conhecimento
de nada. Será muito fácil para mim usufruir de todo esse dinheiro que circula,
vender as ações ou imóveis sem que percebam... BURRO!! VOCÊ FOI MUITO BURRO,
CARLISLE!
Levantei da cadeira,
peguei os documentos na impressora e os guardei em um envelope.
– Agora é só fazê-la
assinar esses papéis e você terá tudo ao seu dispor, Jacob. É nisso que tem que
pensar. Não no quanto ela sofre por você. – Ao mesmo tempo que via os meus
planos se concretizando, fechava os olhos e via as lágrimas rolando pelo rosto
dela. Um frio percorreu a minha espinha e uma sensação estranha me deixou
completamente torpe. Sentei na cadeira novamente, apoiei as minhas costas,
fechei os olhos e finalmente consegui dormir.
–- xx—
Acordei um pouco mais
relaxado, apesar das dores nas costas, levantei da cadeira, desliguei o
computador, peguei o envelope com os documentos, o celular sobre a mesa e olhei
para o meu relógio.
– Nossa! Já são seis
horas. Acho que dormi o dia inteiro. – Depois que arrumei tudo sai da sala e
percebi que o escritório já estava vazio.
Caminhei pelos
corredores e vi poucas pessoas caminhando em direção ao elevador.
Fui para o
estacionamento, peguei meu carro e parti de volta para La push.
A viagem foi longa e
deu tempo suficiente para pensar nos acontecimentos. Sabia que precisava
parecer duro com ela, mas tinha que encontrar uma forma de apagar a impressão
da noite anterior.
Eu a possuiria
novamente, mas seria mais carinhoso e daria o prazer que havia lhe negado. E
seria só uma questão de tempo para que me perdoasse pelo meu mal feito.
Depois da longa
viagem, cheguei em casa, entrei com o carro na garagem, estacionei e fui
procurá-la.
– Boa noite, Senhor
Black! - Sue disse ao me ver entrar.
– Boa noite, Sue! E
minha esposa? - Perguntei vendo a sua expressão de preocupação.
– Passou o dia
trancada no quarto. Quase não comeu e praticamente dormiu o tempo todo.
– HUM! – Franzi o
cenho. – Prepare tudo para o nosso jantar. Em meia hora desceremos. – Disse e
comecei a subir as escadas.
Cheguei a porta do
quarto, abri lentamente e percebi que estava tudo escuro. Acendi as luzes do
quarto, sentei-me no sofá que ficava do outro lado e fiquei observando-a
dormir.
Aos poucos ela
começou a se mexer e a tremer as pálpebras. Abriu os olhos lentamente e me viu.
Sua face tranqüila desapareceu e no lugar surgiu a de uma pessoa assustada.
Pegou o travesseiro e colocou no rosto. Aquilo fez meu coração gelar.
Ela tem tanto medo assim? Acha que sou um monstro?
O que eu fiz?
Tudo bem! Mantenha ela com medo de você e depois
tente seduzi-la. Isso deve funcionar... Tomara que funcione!
– Boa noite, neném! –
Levantei do sofá, caminhei até a cama e tentei parecer arrogante aos seus
olhos. Mas a verdade era que sentia uma enorme vontade de abraçá-la, cair de
joelhos e pedir perdão.
FPD! Não fraquejará agora! Seja forte! Não faça
"M"!
– Oi, Jacob... –
Parecia tão assustada, que mal conseguia falar comigo. Praticamente sussurrava.
– Apronte-se para nós
jantarmos. Não gosto de comer sozinho. – Ordenei e a percebi se encolher sobre
a cama.
– Não estou com fome.
– Sussurrou tentando não me olhar.
– Isso não foi um
pedido, neném! Levante-se e fique bem bonita para mim. Eu vou tomar meu banho e
me arrumar. Espero encontrá-la lá embaixo em meia hora no máximo. – Fui duro
com ela, apesar de estar com o coração na mão ao ver o seu estado. Caminhei até
a porta, olhei para trás e vi o pavor estampado em seu rosto. Ela se encolhia
ainda mais na cama e o seu corpo tremia de medo. – Não me faça vir te buscar! –
Completei e sai do quarto.
Fechei os olhos,
respirei fundo e senti meu corpo vacilante tremer.
Calma, Jacob! Calma! Você precisa ser forte! Não vai
deixar esse sentimento te dominar! Precisa seguir em frente nos seus objetivos.
Mas que objetivo, Inferno? Que objetivo, se faço a
mulher que amo sofrer? Droga de vida! Droga! Ela acabou me enfeitiçando e não
consigo deixar de sentir pena, arrependimento e medo de perder o seu amor...
Droga! Droga!
Fui para o meu
quarto, comecei a tirar as roupas jogando tudo sobre o sofá. Encaminhei-me para
o banheiro somente de Box, entrei embaixo do chuveiro e deixei a água quente
cair sobre meu corpo. Fiquei um bom tempo tentado relaxar meu corpo, minutos
depois, saí pegando a toalha para me enxugar e fui para o closet escolher uma
roupa. Peguei calças jeans, um suéter e uma Box vermelha para vestir.
Terminei de me
arrumar, escovei os dentes, penteei os cabelos e passei perfume.
Fui para a sala de
jantar, me sentei na cadeira e fiquei esperando que Ness descesse.
O tempo começava a
passar e ela não aparecia. Já estava morto de fome e prestes a ir buscá-la no
quarto quando apareceu com a cara murcha. Seu rosto estava inchado, havia
marcas roxas em seus braços e no pescoço. Havia escuras olheiras debaixo de
seus olhos, deixando em seu rosto uma expressão de dor e abatimento em sua
face, que nada me lembrava a linda menina que roubou meu coração.
Fui arrebatado
novamente pelo arrependimento e quis sumir da face da terra. Senti raiva por
ela nem ao menos tentar disfarçar o seu estado e não se mostrar nem um pouco
amistosa. Mas senti muito mais raiva de mim pelo animal que era. Meu humor
estava péssimo e explodiria a qualquer momento... Já não agüentava mais aquele
clima terrível.
– Pode ir, Sue! A
minha esposa irá nos servir. Se precisarmos de você, tocaremos o sino. –
Ordenei para a empregada e nem olhei para ver a sua expressão de pavor. Ness
olhou para ela envergonhada e parecia que choraria a qualquer momento. Estava
tentando parecer forte, mas sabia que não estava agüentando aquela dor.
– Pensei que teria
que lhe trazer pelos cabelos. – Ela arregalou os olhos, puxou a cadeira e se
sentou calada.
Como ela pode ser tão tonta e acreditar que eu
realmente a puxaria pelos cabelos?? Eu sou um monstro mesmo. Apenas uma noite e
ela já acha que posso agredi-la?! inferno!!
– Pode nos servir! –
Cruzei os braços e ordenei. Ela não conseguia me olhar, apenas fazia o que eu
mandava, de cabeça baixa, com os olhos cheios de lágrimas. Queria que gritasse
comigo, que me chamasse de estúpido, canalha, monstro ou qualquer outro tipo de
coisa. Mas ela simplesmente não reagia... Ela não falava e aquilo começava a me
incomodar demais. – O gato engoliu a sua língua? - Perguntei tentando parecer
irônico.
– Como foi seu dia,
Jacob? - Ela sussurrou enquanto colocava a comida em meu prato.
Reage, mulher! Por que não grita comigo? Por que
não me xinga? Por que não me bate? Sua indiferença está me matando! Faz alguma
coisa! Fala alguma coisa! Não me deixe com o seu desprezo.
– Foi ótimo! Muito
produtivo por sinal. E o que o meu neném fez o dia inteiro? - Tentei fazê-la
falar, agoniado com aquele silêncio todo. Já não suportava o seu jeito frio e a
forma indiferente que se dirigia a mim. Era como se não me visse ali. Aquilo
estava me matando de raiva.
– Chorei e dormi. –
Cravou uma faca em meu peito. Senti as lágrimas se formando no canto dos meus
olhos, mas segurei. Quase chorei de tanta agonia. Fui possuído por uma opressão
tão grande, que pela primeira vez tive medo de fraquejar e quebrar diante dela.
Já não era mais o mesmo Black. Alguma coisa havia mudado dentro de mim. A
maldade em meu coração estava dando lugar ao sentimento que nutria por ela. E a
sua dor começava a me incomodar. Tentei manter a máscara de homem perverso e
tive medo que ela percebesse a minha fraqueza.
– É bom para lavar os
olhos. – Consegui dizer com dificuldade e percebi que ela não havia colocado
comida em seu prato. Sabia que adoeceria se parasse de comer. Ou poderia até
mesmo morrer de desgosto... Isso está pior do que imaginava. Não suporto mais
isso... Não suporto mais essa vingança... Deus!
– Trouxe uns
documentos para assinar, neném! Acho melhor você me nomear o seu procurador. Do
contrário terá que assinar muitos documentos. – Depois de um tempo calado,
consegui finalmente tentar uma conversa. Mas ela permanecia fria como um gelo,
deixando-me completamente incomodado com a situação. – Não vai comer? - Apenas
negou com a cabeça. – Trata de comer algo. Não quero o meu neném doente.
Precisa está sadia para me satisfazer. Além disso, não quero que sua família me
acuse de deixá-la passar fome. – Tentei disfarçar o meu incomodo, mas ela
continuava a me ignorar... Fria como gelo.
– Não tenho fome... –
Sussurrou de cabeça baixa.
Você vai me deixar louco, Ness! Não posso permitir
que morra por causa do FDP que sou! Vai comer por bem ou por mal. Nem que para
isso tenha que te obrigar. Se você adoecer e morrer, nunca me perdoarei por
isso... Nem sei se conseguirei viver depois que te perder. Não se faça de
durona e colabore um pouco! Ah, "KA"! A última coisa que quero é te
machucar hoje! Por favor colabora comigo!
– Se não comer por
bem, comerá por mal. Não quer que enfie essa comida pela sua goela abaixo. Ou
quer? - Tentei sorrir para ela não perceber o meu desespero. Então, me olhou
com aqueles olhos cor de safira, arregalados quase chorando.
Ela começou a comer
com má vontade, levando lentamente as garfadas a boca. Via que se quer mastigava
a comida direito e já engolia. E eu, sem poder fazer nada, queria tentar
ajudá-la a comer, queria fazer um carinho, ajoelhar diante dela e gritar que a
amava. Estava quase chorando, já não agüentava aquela situação insustentável,
precisava senti-la em meus braços novamente. Precisava amá-la como nunca fora
capaz de fazer... Precisava acabar com a sua dor.
Apesar do meu
desespero, uma força maior me dominava e em meu subconsciente ouvia a voz do
meu pai dizer: “Os
Cullens... Os Cullens!”
Ela terminou de comer
e se levantou da mesa no mesmo instante em que os meus devaneios me levavam ao
meu pai em seu último suspiro. Instintivamente segurei o seu braço e a impedi
de sair. Sinceramente não sei o que deu em mim, pois coloquei força demais ao
segurá-la, machucando-a novamente e correndo o risco de lhe deixar mais marcas
roxas em seu braço. Então, cai em mim e a soltei, sentindo o arrependimento me
esfaqueado mais uma vez.
– Não tem permissão
para sair da mesa! Só pode sair quando eu permitir. Está claro? - A pedra de
gelo finalmente derreteu e ela começou a chorar apavorada. Havia tanta dor
naquele olhar, que só servia para aumentar ainda mais o meu desespero. Estava a
beira da loucura, dividido entre o amor e a vingança, e simplesmente não sabia
o que fazer. – Pode ir! Espere-me bem cheirosa e nem pense em trancar a porta
do quarto. – Assim que ela saiu, coloquei as duas mãos sobre a cabeça e comecei
a chorar toda a dor que sentia. Estava completamente perdido de amor, mas
sofria por ter que maltratar tanto a minha esposa. Tudo aquilo era mais do que
eu conseguia suportar, mais do que poderia supor ser possível para um homem.
Estava desesperado para sentir o seu corpo, para dar o amor que estava negando
e dizer que a amava. Ela precisava saber que eu a amava muito. Já não suportava
viver com aquela mentira me sufocando.
Levantei da cadeira e
fui para o meu quarto. Vi que as roupas sujas já não estavam mais lá e o
banheiro estava arrumado.
Tirei as roupas,
coloquei o hob e fiquei um tempo sentado na cama, para dar tempo de ela se
arrumar para mim. Tempo depois, levantei, peguei o envelope sobre a cama,
apaguei as luzes e fui para o seu quarto.
Abri a porta e ela
fingia que dormia. Mas percebia pelos seus tremores que estava acordada e muito
assustada... Com medo do monstro a tocar.
– Você não está
dormindo, neném! Preciso que assine esses papéis para mim e depois vamos
conversar mais intimamente. – Tentei falar com a voz calma, tirando toda a
amargura e a malicia do meu tom. Ela se virou e se espreguiçou sobre a cama.
Sua expressão era de muito medo. Parecia um gatinho assustado quando me olhava.
Quero te dar tanto amor, Ness. Não tenha medo de
mim meu neném.
– Estou cansada e com
preguiça de ler hoje. – Respondeu baixinho, escondendo o rosto com a mão.
Não me faz sentir pior do que já estou, amor. Por
favor tenta relaxar essa noite. Se eu pudesse voltar no tempo...
– E quem disse que
precisa ler? Não confia em mim? - Perguntei arqueando a sobrancelha e ela fez
um sinal de negativo com a cabeça. Aquilo me deixou mal, mas saia que depois da
nossa noite, toda a má impressão iria embora e ela relaxaria ao meu lado. –
Acho que começamos mal, neném. – Caminhei até a cama, sentei ao seu lado, tirei
os papéis e a caneta de dentro do envelope e coloquei sobre cama. Comecei a beijar
o seu pescoço, deslizando os lábios suavemente pela sua pele. Senti o seu corpo
estremecer e ficar mole em meus braços. Aproveitei a deixa e subi os lábios até
a sua boca e comecei a movê-los lentamente. Pouco a pouco fui aumentando os
movimentos, sentido uma sensação boa com o toque suave de sua pele e o gosto
maravilhoso de sua boca. Pedi passagem para a minha língua e comecei a explorar
cada canto de seu interior. Consegui me esquecer de tudo e me entregar
totalmente ao beijo. Até que...
– Não... – Ela
sussurrou após interromper o beijo
– Assina logo esses
documentos para nós ficarmos mais a vontade, amor. – Ela estava completamente
entregue e sem pensar muito, pegou o envelope, assinou seu nome nos lugares
onde haviam "X" marcados e me entregou. Peguei a caneta e os papéis,
levantei e os larguei sobre a mesa. Voltei até a cama e me sentei ao lado dela
novamente, recomeçando as caricias, mas ela se esquivou novamente com medo de
mim.
– Eu não quero, Jacob... – Havia tanto medo naquele olhar, estava tão
apavorada que tive medo
de prosseguir e tentar algo naquela noite. Mas a necessidade de fazê-la se
sentir amada era tão grande, que precisava tentar romper aquela barreira e lhe
dar o carinho que precisava. Não podia permitir que continuasse a me temer daquele
jeito. Ela precisava me respeitar e não ter pavor de mim... Eu havia cometido
em erro e precisava consertar ainda naquela noite.
OH Ness, me perdoa! Farei você esquecer o monstro
que fui ontem... Eu só quero te amar... Amar muito, minha vida.
– Você não me quer? -
Comecei a beijar o seu pescoço suavemente, percorrer todo o seu comprimento com
a língua, me deliciando com a pele macia e cheirosa. Levei a mão até a sua
perna e comecei a subir até o interior de sua coxa. Fiz leves caricias e a
senti estremecer em meus braços. Subi a mão mais um pouco, até chegar em sua
calcinha e ela me interrompeu.
– Você me machucou...
– Vendo-a assim tão frágil e manhosa, tive vontade de cortar o meu “KA” fora.
Ela não merecia ter como marido o homem mais canalha do mundo. Começava a me
odiar por viver e fazer mal a criatura mais doce que existia. Um instinto
protetor me dominou e tudo o que quis foi provar que a amava e estava
arrependido.
Ah, Ness se eu pudesse mudar o passado, jamais
teria cruzado o seu caminho para te fazer sofrer. Mas agora é tarde demais para
nós dois. Eu preciso de você e tenho medo do mal que ainda posso lhe fazer.
Isso está acabando comigo, amor.
– Perdão, neném! Hoje
você vai gostar... Eu te darei muito prazer... prometo. – Ela fechou os olhos,
parecendo concordar com as minhas investidas, por mais que ainda parecesse ter
medo. Comecei a abrir o fecho do seu vestido e o tirei, deixando-a só de
calcinha. Era a visão mais linda do mundo. Admirei o seu corpo e desejei beijar
cada pedaço. Ela era minha mulher e eu seria um homem de verdade para ela.
Precisava encontrar uma forma de lutar contra o instinto de vingança que me
dominava e amar muito aquela mulher. Tirei o meu hob, debrucei o meu corpo
sobre o dela e voltei a beijar o seu pescoço. Precisava que relaxasse e
começasse a perder o medo de se entregar. As minhas carícias precisavam
deixá-la relaxada, antes de fazer qualquer coisa. – Pode me perdoar, neném? -
Comecei a descer os lábios, brincando com a língua em sua pele delicada. Beijei
a sua barriga muitas vezes. Queria cobri-la de beijos e provar que estava sendo
sincero. Desci mais um pouco e cheguei a sua calcinha. Seus olhos se
arregalaram e senti seu corpo estremecer. Comecei a tirar lentamente e abri as
suas pernas. Ela quase chorava com tanto medo... Como o seu pavor me fazia mal.
Levei a boca até o
seu sexo e comecei a beijá-la. Ela fechou os olhos e parecia relaxar um pouco.
Percorri a língua pelos pequenos lábios, sentindo o seu gosto maravilhoso e
depois comecei a estimular o seu clitóris.
Ela gemia e se
contorcia na cama. Vi um sorriso começar a se abrir em seu rosto e os espasmos
em seu corpo fazendo-a se debater sobre a cama. Comecei a mover a minha língua
de forma ávida, deixando-a totalmente entregue e relaxada. Percebi que gozou
três vezes e fiquei satisfeito por dar prazer e não dor ao seu corpo. Mas
precisava dar mais... Muito mais.
– É tão doce e tão
gostosa, neném! – Ela jorrou outro gozo, fazendo sua nata invadir minha boca.
Era uma satisfação tão grande que sentia vontade de gritar de felicidade.
Comecei a subir os meus beijos, enquanto ela sofria os efeitos dos espasmos
sobre o corpo, beijei suas pernas, joelho tornozelo... Beijei o seu pé.
Como você é linda, Ness! Linda! Cheirosa! Gostosa!
Deliciosa!!! Como eu te amo, neném.
– Jacob... – Ela
sussurrava o meu nome com satisfação e aquilo enchia o meu ego. Era surreal
aquela sensação de vê-la gozar para mim.
– Geme meu nome,
neném... geme... – Subi meu corpo e me debrucei sobre ela novamente, apoiando
os cotovelos na cama. Ela abriu os olhos e eu sorri maravilhado com aquele
brilho intenso e apaixonado novamente... Ela ainda me amava e eu estava feliz
demais por isso. – Aconteça o que acontecer, neném... Te amo... Amo de verdade.
– Abri suas pernas e ergui os seus joelhos. Começava a me encaixar entre eles,
quando...
– Jacob, não! Vai
doer... você me machucou... – Ela começou a chorar e a expressão de dor se
formou em sua face novamente. Eu havia causado um trauma muito grande e tinha
que ser paciente, agir com calma e tentar deixá-la relaxada.
Não vou te machucar essa vez, amor... Prometo!!
– Perdoa por ter sido
tão bruto com você, neném... Serei carinhoso hoje. – Aproximei o meu rosto
lentamente e beijei os seus lábios de forma bem calma, fazendo sutis movimentos
sobre eles. Desci a minha mão e comecei a estimular o seu clitóris rapidamente.
Consegui fazer com que gozasse e fui aumentando a intensidade do meu beijo.
Encaixei o meu pênis em sua entrada e lentamente forcei a entrada, mas ela se
contraiu.
Se fizer assim, vou acabar te machucando... Calma!
– Se você não relaxar
e se contrair... – Levei a mão ao seu rosto e comecei a fazer carícias, mas ela
ainda parecia apavorada de medo. – Assim vai doer, Ness. Tenta relaxar! Eu não
vou te machucar novamente. Quero que isso seja prazeroso para nós dois. – Ela
já chorava com medo de mim e me sentia angustiado com tudo aquilo. Sentia-me o
pior homem do mundo e tentava encontrar uma forma de apagar o que eu havia
feito... Não dava para passar uma borracha... Ela nunca esqueceria.
– Vai doer
novamente... – Ela chorava manhosa e eu tentava me controlar para não explodir
com o desejo que tomava conta do meu corpo. Senti o meu “KA” pulsando, mas
precisava manter a calma. Não podia perder o controle novamente. Do contrário
tudo estaria perdido.
Calma, Jacob! Calma! Ela está com medo, mas isso
vai passar! Vai devagar e ela será sua mulher de verdade. Vai se entregar a
você de corpo e alma.
– Só um pouquinho. –
Comecei a penetrar lentamente e quando percebi a sua expressão de dor começava
a sumir. Pouco a pouco fui invadindo o seu corpo e quando consegui colocar tudo
dentro dela, parei de me mover e deixei que seu corpo se acostumasse com o
tamanho e com a ardência. – Já estou todo dentro de você, neném. Ficarei aqui
até seu corpo se acostumar com ele. – Iniciei um beijo lento e carinhoso. Era
correspondido em cada movimento. Sentia suas mãos acariciando as minhas costas
e comecei a me mover lentamente, tirando e colocando, tirando e colocando...
Pouco a pouco fui aumentando os movimentos e sentia seu corpo mais relaxado e
entregue. Ouvia os gemidos vindos de seus lábios e comecei a sentir um prazer
surreal. Era como se fossemos apenas uma pessoa... Um só corpo.
Comecei a brincar com
a língua sobre o bico do seu seio, enquanto a outra mão apalpava o outro. Pude
me deliciar com o gosto de sua pele delicada, sentindo uma sensação que ainda
não havia proporcionando ao meu corpo... Pela primeira vez na vida eu fazia
amor... E não apenas sexo.
– Jacob... – Ela
sussurrava o meu nome e aquilo era como música para os meus ouvidos. Se
morresse naquele momento, iria completamente extasiado com tanta felicidade.
– Geme meu nome,
neném... Geme...- Sugava um de seus seios com a mão e brincava com o outro.
– Woo Jacob... Ãnn
ãnnn – Seus gemidos aumentavam e ela conseguia se mover junto comigo, como se
estivéssemos em uma dança sensual. Seu corpo parecia completamente adequado ao
meu. Parecia conhecer a forma perfeita de me dar prazer.... Estava literalmente
no céu.
– Isso, neném!!! – Um
vulcão explodiu dentro de mim com todo aquele prazer exalando em cada parte do
meu corpo. Comecei a estocar cada vez mais rápido, enquanto ouvia os seus
gemidos chamando o meu nome. Entrava e saia, entrava e saia, entrava e saia...
Já não pensava mais.
– Jacob...
– Woowww Neessss eu
te amo!!!
Todas as minhas
forças foram sugadas para dentro dela através do meu esperma. Tirei o meu
membro, ainda sentindo os espasmos em nossos corpos, deitei sobre a cama e a
puxei para mim.
Não conseguia dizer
mais nada. Simplesmente fechei os olhos, puxei seu corpo para o meu, deitei sua
cabeça e comecei a lhe fazer carinho.
Tinha medo de que
qualquer palavra estragasse tudo naquele momento. Era melhor deixá-la sentir o
meu amor e não dizer nada.
Consegui cochilar um
pouco e acordei ouvindo os seus sussurros... Fiquei completamente atônito.
– É tarde demais para nós dois. Eu também te amo,
mas é diferente. Eu o amo! Eu o amo! Se eu pudesse me dividiria em duas e seria
a Ness do Jacob e a Ness do Seth, mas eu não posso.
Tirei seu corpo do
meu peito, deitei-a na cama e me levantei. Caminhei até a beira a cama, peguei
a minha Box e coloquei. Então, fui até a cabeceira da cama, acendi a luminária,
caminhei até o interruptor e apaguei a luz.
Ela ainda continuava
a falar quando sai do quarto. Estava completamente atordoado com tudo aquilo.
Resolvi beber algo para me acalmar e fui para a sala, onde havia o bar.
Peguei a garrafa de
conhaque e novamente fui para a cozinha. Fiz o mesmo ritual da noite anterior e
comecei a beber.
Eu preciso fazer algo da minha vida... Preciso! Não
posso perder essa mulher para outro. Certamente se lhe negar carinho, cairá nos
braços dele... Deus o que eu faço?
“Os Cullens... Os Cullens! Vi o meu pai aparecer na minha frente e começou a me acusar. “Você prometeu, filho! Vai deixar essa
vadia te enfeitiçar? Vai fraquejar agora que conseguiu tudo? Não pode! Você
prometeu para mim! Lembre-se da sua mãe! Foi culpa deles!
–NÃO!!! NÃO!!! ME
DEIXEM EM PAZ! – Arremessei o copo e a garrafa para longe. O chão da cozinha
ficou cheio de cacos de vidros. Dei a volta, desviando dos cacos, caminhei pelo
corredor e cheguei a porta da casa. Vi que chovia muito do lado de fora, mas
estava tão doido, que tirei o hob e sai só de Box no meio da chuva.
“Os Cullens... Os Cullens!”
– PARA DE ME
ATORMENTAR! PARA!! INFERNOOO!!! EU SÓ QUERO AMAR!! PARA! – Cai de joelhos no
chão,sentindo a água fria percorrer o meu corpo, uma dor enorme sufocava o meu
coração, não conseguia encontrar forças para me levantar e entrar. Comecei a
chorar muito deitado na grama.
– Não... Não... Me
deixa em paz, pai! Por favor me deixa ser feliz! Não... – Senti uma mão tocar a
minha cabeça.
– Você ficará doente
assim! Precisa entrar, Senhor. – Era a voz de Sue, ela afagava os meus cabelos
e tentava me ajudar.
– Eu preciso
morrer... Preciso... Para o bem dela... Não quero fazer mal a ela...
– Venha! – Ela me
ajudou a me levantar e caminhou comigo para dentro de casa, pegou meu hob do
chão da porta e começou a me secar. – Vamos para o seu quarto. Precisa tirar
essa sunga molhada e se deitar debaixo de um cobertor. Do contrário, ficará
doente.
– Não deixe eu
machucá-la! Não deixe! Não deixe! Eu preciso morrer!
– Você está bêbado,
Senhor. Não diz coisa com coisa. – Tudo estava embaçado em minha frente. Tinha
a consciência de estar andando, mas via tudo distorcido. Se não fosse pelos
braços me ajudando, não sei se conseguiria entrar e ir para a cama.
– Eu preciso
salvá-la... preciso. _ Repetia como se estivesse delirando.
Senti sua mão tirando
o hob e a minha Box. Depois me conduzindo até a cama e me deitando.
– Vou chamar a Ness..
– Não! Não! Ela
precisa ficar longe de mim! Sou um monstro! Eu a amo e não quero machucá-la...
Não... Não... Por favor não.
– Tudo bem! Vou
apagar a luz, descer e fazer um café forte para curar essa bebedeira. Daqui a pouco
eu volto. – Aquilo foi a última coisa que ouvi antes de apagar completamente.
Mas em minha consciência ainda ouvia: “Os Cullens... Os Cullens!
Behind Blue Eyes
No one knows what
it's like, to be the bad man
To be the sad man,
behind blue eyes
No one knows what
it's like, to be hated
To be fated, to
telling only lies
Ninguém sabe como é,
ser o homem mal
Ser o homem triste,
por trás de olhos tristes
E ninguém sabe como
é, ser odiado,
Ser destinado, a
contar só mentiras...
But my dreams they
aren't as empty
As my conscience
seems to be
I have hours, only
lonely
My love is vengeance,
that's never free
Mas meus sonhos não
são tão vazios
Quanto minha consciência
parece ser
passo horas, somente
sozinho
Meu amor é a vingança
que nunca é livre
No one knows what
it's like, to feel these feelings
Like I do, and I
blame you
No one bites back as
hard, on their anger
None of my pain or
woe, can show through
Ninguém sabe como é,
sentir estes sentimentos
Como eu sinto, e a
culpa é sua!
Ninguém ferroa tão
ferozmente, em sua ira
Nenhuma das minhas
aflições ou dores.. Podem transparecer
But my dreams, they
aren't as empty
As my conscience
seems to be
I have hours, only
lonely
My love is vengeance,
that's never free
Mas meus sonhos não
são tão vazios
Quanto minha
consciência parece ser
Passo horas, somente
sozinho
Meu amor é a vingança
que nunca é livre
When my fist
clenches, crack it open
Before I use it and
lose my cool
When I smile, tell me
some bad news
Before I laugh and
act like a fool
Quando meus punhos
cerrarem, abra-os até quebrar...
Antes que eu os use e
perca a calma.
Quando eu sorrir, me
dê algumas notícias ruins...
Antes que eu sorria e
aja como um tolo.
And if I swallow
anything evil
Put your finger down
my throat
And if I shiver,
please give me your blanket
Keep me warm, let me
wear your coat
E se eu beber de algo
maligno;
Enfie seu dedo na
minha garganta.
E se eu tremer me dê
seu cobertor;
Me mantenha aquecido,
deixe-me usar seu casaco.
No one knows what
it's like, to be the bad man
To be the sad man,
behind blue eyes
Ninguém sabe como é,
ser o homem mal
Ser o homem triste,
por trás de olhos tristes.
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