Luz da minha vida
Sinopse: Anna
Maria é uma violinista, filha de um famoso maestro falecido, que viveu dezoito
anos na escuridão. Aos cinco anos sofreu um acidente e perdeu a visão. Por toda
a vida Anna foi protegida pelos pais e sofreu com o preconceito das pessoas. A
sua vida começa a mudar quando se muda para Nova York, para trabalhar em uma
das filarmônicas mais famosas do mundo. Lá Anna conhece Richard, um médico
ginecologista inglês lindo, carinhoso e super apaixonado. A partir desse amor,
que Anna verá o mundo com os outros olhos e também sofrerá com os perigos que
essa cidade pode lhe oferecer.
Prólogo
Ana Maria se observou no espelho do banheiro por um longo
tempo. Suas mãos tocavam o próprio rosto suavemente, tateando, sentindo, esquadrinhando
pouco a pouco a pele suave, em busca de reconhecimento. O que via no espelho
era algo que seu cérebro ainda não havia processado. Aquela pessoa era ela?
Tudo parecia muito estranho e irreal desde o momento que abriu os olhos e
acordou ao lado daquele homem. Agora, ali diante do espelho, ela tentava um
reconhecimento irrefutável de que aquela pessoa que via era ela e só reconheceria através do toque. Era difícil assimilar os
sentimentos e impressões, o ambiente era tão assustador e não ajudava. Ela
olhava para todos os lados, tentando pensar, assimilar, aferindo o que ela
conhecia, sem seu mundo sombrio, ao que via.
Seu olhar cruzou o espelho e observou a figura do homem, o
mesmo homem com quem acordara minutos antes, aquele a quem ela passou um tempo
observando e tentando assimilas as feições. Ela ficou um bom tempo ao seu lado
na cama, depois de cheirá-lo e tocá-lo, para ter a absoluta certeza que seus
olhos não atraiam... Sim era ele, o homem que lhe ensinou o que era amar, o
homem que lhe deu esperanças, o mesmo que aceitou em suas condições, sem exigir
nada, aquele que a venerava, dava-lhe as mãos e falava coisas bonitas, mas
também falava coisas duras quando necessárias. Era difícil acreditar que ele
era o “seu Richard”. Ana ficou
encantada ao observá-lo, com um misto de curiosidade e admiração. Ela tateou o
seu rosto de olhos fechados e abertos. Gostava de fazer isso, tocá-lo era bom.
Ele a abraçou por trás e ficou observando o seu rosto no
espelho. Não disse nada, não exigiu explicações, não se inquietou com seu súbito
desconforto ou demonstrou ansiedade pelo seu silêncio. Ele apenas esperava o
seu tempo, ela sabia disso. Sabia que ele esperava apenas o seu reconhecimento.
Não queria invadir o seu espaço, antes que se sentisse segura para partilhar os
sentimentos. Assim era Richard, tão companheiro e seguro de sim. Ele lhe passava
confiança e ela confiou nele mesmo antes de ver a luz. Agora sabia que podia
confiar que lhe ajudasse a trilhar esse novo, e tão assustador, caminho. Ela precisava
dele, ele sabia disso e apenas observava, enquanto a abraçava com carinho.
Ana Maria percorreu o olhar pelo ambiente, era o banheiro,
sabia. Ficou tentando reconhecer cada objeto. De repente sentiu medo, o mesmo
medo, para não dizer pavor, que sentiu quando abriu os olhos e percebeu que
pela primeira vez via o mundo sem estar embaraçado. Tudo era apavorante. Ela
começou a chorar, mas não sabia se de alegria ou tristeza, por estar tão
apavorada. Richard a abraçou forte, mas continuou em silêncio, respeitando o
seu momento, aquele em que a pessoa nasce para um novo mundo e não sabe bem
como se adaptar. Ela olhou novamente o espelho e viu as lágrimas correndo pelo
rosto, imediatamente seu dedo tocou uma
lagrima e começou a subir, fazendo o caminho que levavam aos olhos, até que ela
tocou o olho esquerdo, e piscou, sentindo incomodo do toque dele.
- É tão assustador... – Ana Maria sussurrou. – Estou
assustada, Richard. – disse ela, observando o rosto dele através do espelho.
- Você terá que aprender como uma criança a enxergar o
mundo, reconhecer as cores, os objetos e assimilar o rosto das pessoas. Mas é
tão corajosa, Ann. – Respondeu ele, com aquele sotaque britânico que ela amava.
A sua voz era uma das coisas mais encantadora e ela adorava ouvir o timbre
forte, confiante e um pouco rouco, quando falava. Ela conheceria a sua voz em
qualquer lugar no mundo, mesmo no meio de uma multidão.
- No escuro eu me sinto em casa, sou segura e tenho uma
identidade. Ver as coisas a minha volta é tão... Tão... Assustador! Sim,
assustador é apropriado para isso. Quando acordei e o vi ao meu lado na cama,
levei um susto. Foi à primeira vem em duas semanas que enxerguei algo que não
estivesse embaraçado em minha visão. –
Ana Maria se lembrou do momento assustador, em que teve vontade de correr. Sua
mente refez passo a passo daquele momento único e inesquecível. – Você estava
lá, ao meu lado e eu não o conhecia. Quis gritar, correr e fugir de você, mas
algo me fez recuar. Algo em seu corpo... Foi o seu cheiro. Sim foi o seu cheiro. Em meu mundo sombrio eu
reconhecia facilmente as coisas, com os meus outros sentidos, mas agora a minha
visão me confunde, e pior do que isso, ela me assusta muito.
- Ann, você viveu os dezoito anos de sua vida no escuro.
Tudo o que tem são lembranças, distorcidas, da infância, de quando você ainda
enxergava. Agora tudo pode parecer estranho e até assustador, mas você vai
aprender novamente. Vai reconhecer as coisas, pouco a pouco, sem forçar demais
o seu cérebro. Logo você poderá ser independente e não precisará de ajuda. Mas
enquanto isso não acontecer, estarei ao seu lado... Sempre! Serei a luz dos seus olhos, um clarão
no meio da escuridão. Você poderá seguir meus passos, meu cheiro e o seu novo
sentindo se adaptará ao novo. Nunca a deixarei perdida, prometo. Sempre que
sentir medo, poderá segurar a minha mão e se guiar através dos meus passos. Se
você me deixar, serei a luz da sua vida.
As lágrimas no rosto de Ana Maria começaram a escorrer
ainda mais. Ela se virou e abraçou Richard de forma urgentemente, desesperada e
ansiosa. Já havia sentido o seu cheiro, tocado o seu rosto para fazer o
reconhecimento. Sabia que era ele pela voz, pela forma como a tocava, pela
forma como agia calmamente e tranquilizava o seu coração. Agora ela queria
sentir os seus beijos. Queria os seus lábios. Era fundamental senti-lo
novamente. Virou-se para ele, ficando frente a frente, segurou o seu rosto com
as duas mãos, ficou na ponta dos pés, para alcançar os seus lábios, e o beijou
com sofreguidão. Ana Maria queria se perder em seus braços mais uma vez, como
já havia feito outras vezes. Ela precisava daquilo e agora tinha a certeza,
Richard era sim a luz da sua vida
2 comentários:
Simplismente Lindoooo!!!
Sem palavras para descrever a emoção que senti ao ler este trecho.
Parabéns pela nova estória que começara...
Jana Godoy
Oh Glau eu já era para comentar á mais tempo, mas na altura que li a net estava parva e nao deu, depois passou-se, desculpe =(
Bem, a ideia parece ser simplesmente perfeita!!!
Mas claro, sendo escrita por si só pode ser perfeita xD
Quero mais!!!
beijinhos
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