terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Entrevista para o blog Giro livro

Sabe quando um livro "prende" de um jeito que você não consegue parar mais de ler? Pois é... A Gláucia Santos não só não conseguiu mais parar de ler, como também começou a escrever (para a alegria dos leitores). Essa fluminense, nascida em Duque de Caxias, até pareceu seguir por "outros rumos", já que se formou em Sistemas de Informação pela Universidade do Grande Rio e  passou a trabalhar como Analista de serviços de telecomunicações; porém, quando, em 2008, o dom para a escrita aflorou, ela não teve como fugir. Assim, nasceu uma autora que foi de fanfics a romances, sempre com muita paixão pelo que faz (quer conhecer um pouco mais sobre o trabalho dela? Leia a resenha que fizemos do livro Luz da Minha Vida, clicando aqui). Confira abaixo a entrevista que ela nos concedeu.


Giro - Gláucia, é verdade que seu nome não é Gláucia? Por que você criou um pseudônimo?

Gláucia - Bem, meu nome na verdade é Gleice Santos e essa é uma longa história. kkk

Resumindo, não queria que os meus colegas de trabalho achassem as minhas fanfics na net e por isso criei o pseudônimo de Glaucia Black, como uma forma de me resguardar. Na época me pareceu a melhor decisão.

Quando decidi publicar o livro, apenas mantive o primeiro nome do pseudônimo e o meu sobrenome verdadeiro.

Giro - Como você se fez escritora?

Gláucia - Eu não sabia que podia escrever até os 28 anos. Nunca tive acesso aos livros de literatura e tudo se restringia ao que os professores passavam para trabalhos. Como meus pais não podiam comprar, sempre pegava emprestado com os amigos.

Dois anos depois de terminar a faculdade um amigo marcou comigo, para me entregar um convite de seu casamento. Aquele foi um marco na minha vida, pois fiquei umas duas horas aguardando na livraria e comprei o livro que daria início a tudo (Crepúsculo).

Depois de terminar a série, não me contentava com o final do personagem Jacob Black e comecei a procurar por continuação para a trama. Foi nesse período que conheci as fanfics e fiquei viciada.

Eu não encontrava uma que tivesse fim, pois as autoras sempre deixavam incompletas. Assim comecei a escrever a minha primeira fanfic, chamada Sol da minha vida – Jacob e Renesmee. Depois disso não parei mais e simplesmente me apaixonei pela arte da escrita.

Giro - E a leitora que há em você? De que tipo de leitura ela se alimenta? Há um gênero favorito?

Gláucia - Eu sou bem eclética e leio um pouco de tudo, mas alguns livros me fascinam mais. Acho que é um pouco de época para cada estilo.

Sou completamente apaixonada por históricos de regência e algumas autoras me encantam. Aprendi a apreciar muito os sobrenaturais, mas em certo momento fiquei enjoada. Tudo era muito parecido e isso se tornou cansativo. Dei um tempo deles por um tempo.

Amo romance de mulherzinha, do tipo bem fofo e delicado. Kkk Sempre me perco em cada um deles, principalmente como mesclam com chick lit bem elaborado.

Adoro romance hot e sensual, mas gosto das tramas que possuem conteúdo. Com essa onda de BDSM tudo acaba ficando bem parecido e os autores se focam mais no hot do que no romance. A coisa fica maçante e fico com vontade de abandonar a leitura.

Drama? Eu amo, né? Os livros que me tocam mais, os favoritos, são aqueles me arrancam um pouco de lágrimas. Eu amo um bom drama, com lições de vida e algo que toque muito o meu coração e me faça pensar muito, questionar o autor e as personagens. Adoro brigar com as personagens enquanto leio. kkkk

Giro - Como é o processo de produção de um romance? Gostamos sempre de perguntar: você é o tipo de autora que planeja o fim antes da primeira linha ou vai escrevendo para “ver no que vai dar”?

Gláucia - Geralmente a ideia para uma trama história vem no momento mais impróprio possível. Às vezes estou no ônibus, olhando a estrada e uma cena dispara o gatilho. Na maioria das vezes, estou ouvindo música e começo a assistir a um filme em minha mente. Fico inquieta por dias, ouvindo repetidamente a mesma música, até conseguir terminar com o melhor desfecho. Só começo digitar qualquer romance quando tenho a trama completa na mente.

Depois disso escrevo, mas tem trama que simplesmente toma o rumo sem pedir licença ao autor. É incrível como uma decisão em um capítulo pode mudar bastante o rumo escolhido. As minhas leitoras também me ajudam muito nesse sentido, pois conforme vou publicando vão dando as opiniões e ideias, fazendo a coisa fluir bem.

Minha beta reader, Heri, é ótima e durante o processo criativo conversamos diversas vezes, enquanto vou ajustando tudo. É claro que faço o possível para manter o final escolhido.

O meu último surto criativo foi correndo na esteiro e escutando Rock. Pode? Pois é... sempre acontece quando menos espero.

Acho que o autor precisa ao menos saber como vai terminar. Se tem uma coisa que aprendi na vida de fanfiqueira, foi que improvisar sem planejamento só faz o autor perder tempo e abandoar a trama sem concluir.

Giro - Após a publicação de Para Sempre, você chegou a pensar que tinha perdido o dom de escrever? Como foi o processo de superação que resultou em Luz da Minha Vida?

Gláucia - Eu tive poucos bloqueios durante o período que publiquei fanfics. Um deles foi quando tentei publicar Opposing Souls a primeira vez. O funcionário de uma editora na época me disse que nunca publicaria uma fanfic e praticamente me chamou de plagiadora. Ele nem se deu ao trabalho de ler o meu manuscrito. Fiquei meses sem escrever e bem desanimada com tudo. Um belo dia a Heri veio e me deu um puxão de orelha. Foi ali que resolvi começar algo novo e tentar publicar.

Eu mudei o meu estilho de escrita e a narrativa, pois queria uma trama politicamente correta, sem muito hot, e que passasse uma mensagem boa. Não queria a melhor história, mas aquela que transmitisse algo para o leitor. Acho que todo livro tem essa função, seja positiva ou negativamente. E Para sempre veio com mensagens subliminares para alcançar o coração dos leitores e fazê-los ter fé em Deus e no amor.

Para sempre nasceu de uma música, que permeou minha mente por vários dias. O projeto era fazer algo totalmente diferente do que saiu, mas como disse, a trama escolheu o seu rumo e não ficou como havia planejado.

O processo de publicação foi bem estressante e depois de meses me sentia sem esperança e aborrecida. As coisas não saíram como queria e tudo que pensava era que nunca mais escreveria. Fiquei depressiva, ganhei peso, tive problema de pressão alta, tendinite e bursite nos dois braços, desvio na coluna e estressada demais, principalmente depois que o livro foi colocado para download grátis e virou viral na net. Aquilo acabou comigo e me afastou um pouco da internet. Passei meses sem suportar se quer olhar as mensagens do meu email e fancebook.

Nas férias de janeiro de 2013 resolvi tentar novamente. Depois de passar quase um ano sem escrever nada, consegui criar a trama em duas semanas. Foi algo que me reergueu e me deu um novo fôlego. Agora sei que por mais aborrecida, estressada ou bloqueada, em um momento ou em outro a inspiração voltará. Basta eu me dedicar com afinco ao trabalho. A única coisa que me falta é tempo, pois vontade tenho.



Giro - Qual o maior desafio, hoje, para quem quer ingressar nessa carreira de escritor(a)?

Gláucia - O maior desafio é vender. Hoje você tem facilidade para publicar o livro, mesmo sem uma editora para te apoiar e investir no seu projeto. Conseguir um público que compre e incentive é outra coisa. Vender livros nacionais no Brasil é muito difícil. Geralmente o autor não tem lucro na primeira publicação e gasta bastante para conseguir fazer as parcerias quer irão divulgar o seu livro.

O autor tem que gostar do que faz, independente do dinheiro que vai ganhar, e não desistir com as portas fechadas ou com as críticas.

Hoje o meu maior desejo é ser lida. Quero muito que o meu livro alcance o maior número de leitores possíveis.

Giro - Quem te inspira, Gláucia? Quais são os autores estrangeiros e nacionais que você mais admira no momento?

Gláucia - Essa lista é tão grande. Kkk Eu tenho muitos autores na lista de favoritos, mas alguns eu compro sem pestanejar. Sei que independente do gênero, não me decepcionarão.

Fui marcada por algumas pessoas em uma brincadeira do face e desisti de colocar a lista de autores, pois achei injusto ter que escolher. Quem quiser conhecer os meus 43 queridos, pode acessar o meu link de autores no skoob, clicando aqui.


Giro - Se você pudesse ter escrito um livro que outro(a) autor(a) escreveu, qual seria? Por quê?

Gláucia - Pergunta difícil, mas responderei com sinceridade. Não quero parecer letrada ou intelectual, porque leio apenas o que quero e gosto. Kkk

A resposta é óbvia para mim. Eu teria reescrito Amanhecer, da série Crepúsculo. Afinal, foi por causa desse livro que me tornei autora.

Fiquei tão obcecada por ele, que escrevi 15 fanfics com a personagem Jacob Black. E, apesar de já ter superado essa fase, ele ainda é e sempre será importante em minha vida.

Giro - Encontrei seu livro no site da Amazon por um preço bem acessível. Esse é o caminho para autores contemporâneos? Qual a importância de sites como Amazon para você?

Gláucia - Amazon é incrível demais. Antes eu tinha um publico pequeno, mas agora eu sou lida por tanta gente, que faz tudo se tornar ainda mais gratificante. Imagina o que é para um autor novo saber que seu livro foi vendido em vários países, que você nunca sonhava alcançar? Isso é a glória!

O melhor disso tudo é que os livros são vendidos por um preço acessível, possibilitando ao publico adquirir e ler em qualquer lugar. Essa inovação possibilita ao autor iniciar uma carreira e tentar vencer, mesmo sem editora. Ainda possibilita as editoras encontrarem os novos autores. O que pode ser melhor do que isso?

Giro - Para escrever sobre uma portadora de deficiência visual, você fez algum tipo de estudo ou laboratório?

Gláucia - Eu fiz pesquisa por algumas semanas e conversei com uma deficiente. Tinha dúvidas bem idiotas, como por exemplo como o deficiente visual sonhava. Não sabia como era lidar com o preconceito e também como se locomover em uma cidade grande.

Procurei na net e consegui ler alguns depoimentos de deficientes. Isso foi entre os meses de novembro e dezembro, quando ainda pensava na possibilidade de escrever algo.

Descobri que o deficiente tem uma força enorme. É aterrorizante você se guiar na selva de pedras, com pessoas cada vez mais estressadas e menos solicitas. Mas o deficiente consegue se locomover, usar o transporte público e trabalhar com dignidade. Essa foi a grande lição de vida para mim.

Giro - O que Anna Maria deixou de aprendizagem para Gláucia Santos?

Gláucia - A força, coragem e determinação. Às vezes quando penso que não posso fazer algo me lembro que milhares de pessoas conseguem ter uma vida digna com essa determinação. Eu às vezes sou um pouco dramática e desisto fácil das coisas, mas e uma pessoa com limitação consegue, então eu tenho que pelo menos tentar. Também aprendi que temos mais força do que imaginamos e descobrimos isso nos momentos mais críticos da vida.

Giro - Algum livro “na agulha”? Quais seus projetos para o futuro?

Gláucia - É claro! Eu tenho muita vontade, só me falta mesmo tempo. Kkk Meus projetos estão em andamento no momento e tenho mais dois na mente para começar o trabalho.

Minha revisora está terminando Vento no litoral e a segunda edição de Para sempre. Pretendo publicar ambos até o mês de julho.

Estou editando a fanfic Opposing Souls, que será publicada com o título Vidas opostas. O primeiro livro terá 27 capítulos, dos quais 22 eu já alterei. Esse projeto é para início de 2015.

Também estou editando a fanfic Medo de amar. Essa tem 21 capítulos e tenho que finalizar a primeira revisão. Pretendo publicar ainda esse ano.

Nas férias de setembro pretendo iniciar um livro baseado na música de Guns Roses. Ainda não quero dizer qual a música ou o título do livro. Boas ideias merecem ser guardadas a sete chaves.


Gostaria de agradecer pela oportunidade de mostrar o meu trabalho. Você é uma fofa!
Para os leitores peço que esperem pelas novidades. Em breve vocês se apaixonarão novamente por duas tramas de arrebatar o coração.

Publicada em: http://www.giroletra.com.br/2014/02/entrevista-com-autora-glaucia-santos.html

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