sábado, 12 de fevereiro de 2011

Crisalida 5


CAPÍTULO 5 – SOPA DE LETRINHAS
By ValentinaLB

POV BELLA
Voltei pra casa com uma sensação estranha. Pela primeira vez na vida tinha me sentido bem estando na companhia de outra pessoa. Não tinha prática com relacionamentos interpessoais, mas sabia quando uma coisa era boa e quando era ruim. Ficar ao lado de Edward era bom.
Fui direto para o estúdio. Liguei a música, troquei minha roupa e comecei a dançar. Não estava sozinha, havia alguém ali comigo, e não era Jacob.
Os dias se passaram e não o vi mais. Sentia sua falta.
“O que está acontecendo comigo?” Será que enfim a borboleta se libertaria?
Eu não era nem de longe alguém que chamaria a atenção de um homem como Edward, então estaria diante de mais um amor platônico? Se é que era amor o que estava sentindo... Se não fosse, era algo bem próximo.
Balancei a cabeça tentando espantar os pensamentos. Eu amava Jacob e ninguém o tiraria do meu coração, nunca... Nunca... Nunca? Já não sabia de mais nada.
- Bella, o neto da D. Berta está aí, quer falar com você. – Carmem entrou no meu quarto com cara de espanto. Nunca tinha visto um homem me procurar.
- Ele está aqui? – Perguntei assustada.
- Sim, Bella, está lá embaixo.
Senti um vazio no estômago. Pensei em pedir para Carmem dizer que não poderia descer, mas algo dentro de mim gritava para que fosse vê-lo logo.
Com meu figurino de sempre, calça e blusão de moletom, fui até a sala.
Ele estava sentado no sofá, mais lindo que nunca.
- Oi – falei meio sem graça.
- Oi, Isabella. Desculpe vir sem avisar. Espero não estar atrapalhando. Vim te convidar para aquele jantar do qual falei. Vai ser hoje. Venho te buscar as dezenove horas – falou sem demonstrar o menor constrangimento.
“Espera um pouco, ele está me convidando para um jantar na casa dele?”
- Hã... Eu não sei... – Aquilo era completamente novo para mim.
- Se está tudo certo, até mais tarde então.
Deu um rápido beijo em meu rosto e saiu sem que eu tivesse tempo de entender o que tinha acontecido
Eu tinha aceitado?
- Bella, eu entendi bem, você vai jantar com esse moço lindo? – Carmem estava eufórica.
- É... Acho que vou... Vou? – Perguntei com cara de boba.
Subi as escadas mais transtornada que tudo. Edward me confundia. Eu meio que perdia a capacidade de raciocinar diante dele.
De repente o pânico me dominou. Nunca tinha saído com um homem na minha vida. Não sabia como agir, o que falar (isso eu nunca sabia mesmo), o que vestir...
Tomei um banho e parei diante do guarda-roupa. Devia ter mais de vinte blusões de moletom.
Acabei escolhendo uma calça jeans, um blusão azul marinho com capuz atrás e tênis all star. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Estava pronta.
- Você vai jantar com Edward assim? – Minha mãe perguntou quando desci as escadas.
É claro que Carmem já tinha contado a “novidade” para ela.
- Vou – respondi.
- Pelo amor de Deus, Bella, coloque uma roupa mais feminina, minha filha. – Já ia começar tudo de novo.
- Essa está boa, mãe. – Não sabia me vestir de outra forma.
Ela apenas balançou a cabeça, demonstrando impaciência. Saiu da sala sem dizer mais nada.
Às sete em ponto Edward tocou a campanhia. Senti meu coração se acelerar. Definitivamente estava me desconhecendo.
Ele me olhou de cima a baixo e deu seu lindo sorriso torto.
- Vamos? – Falou com sua voz encantadora.
- Vamos – respondi.
Sentia minhas pernas meio trêmulas. Tudo aquilo era novo para mim. Socializar não era minha praia.
Percebi que havia um taxi nos esperando.
- Eu podia ter ido no meu carro, não precisava vir me buscar – falei sem graça.
Ele ficou me olhando assustado e então começou a sorrir.
Olhei pra ele sem entender nada.
- Nunca te vi falar tanto – comentou rindo.
- Nunca sei o que dizer, então prefiro ficar calada.
Ele apenas manteve o sorriso, balançando a cabeça levemente.
O que aconteceu comigo? Eu tinha tomado sopa de letrinha? De repente as palavras saíam tão facilmente de minha boca. Edward me dava uma sensação de paz estranha, me deixava à vontade.
Entramos no taxi e fomos para seu apartamento.
Durante o caminho percebi os olhos de Edward em mim, mas não ousei encará-lo.
O apartamento estava lindo. Minha mãe tinha mãos de fada para decoração.
- Ficou bonito, Edward – elogiei.
Ele se virou para o meu lado rapidamente, como se eu tivesse falado algo que chamara muito sua atenção.
- É a primeira vez que diz meu nome, Isabella – falou, parecendo até meio emocionado.
Apenas sorri. Era uma dessas vezes que não sabia o que dizer.
Sentei-me no banco que Edward indicou, perto do balcão e fiquei assistindo-o cozinhar, o que o deixava mais charmoso ainda.
- Sabe cozinhar, Isabella?
- Sei.
- Quer me ajudar?
- O que quer que eu faça?
- Vai colocando a água no risoto enquanto eu mexo.
Dei a volta no balcão e me posicionei ao seu lado, no fogão. Peguei a concha e comecei a colocar a água aos poucos no arroz, que por sinal já exalava um cheiro delicioso.
Nossos corpos se tocavam a todo o momento. A presença tão próxima de Edward me deixava atordoada. Os sentimentos e sensações que se apossavam de mim eram diferentes das que sentia por Jacob, pareciam mais físicos, mais viscerais.
- Bella, não sei quase nada de você. Importa-se de me responder algumas perguntas, afinal preciso conhecer melhor a mulher que vai jantar comigo. - Todas as suas palavras me pegaram de surpresa, mas ser chamada de “mulher” realmente de surpreendeu.
- Também não sei quase nada sobre você – falei timidamente. E era a pura verdade. Nunca tinha me interessado em ouvir as histórias de Berta sobre o Neto.
- Tive uma idéia – ele falou. – Enquanto comemos vamos trocar figurinhas. Eu faço uma pergunta pra você responder, depois você faz uma para mim, e assim sucessivamente. Tudo bem?
- É... Acho que sim.
Fiquei imaginando que tipo de perguntas ele faria.
Edward desligou o fogo e levou a panela direto para a mesa, que já estava lindamente colocada. Serviu vinho nas taças e convidou a sentar-me à mesa.
O risoto de funghi estava maravilhoso.
- Está delicioso – comentei.
- Obrigado, Isabella. Bom que assim poderá aceitar outros convites para jantar aqui – falou, olhando intensamente em meus olhos.
Não contive o rubor que tomou minha face. Não era só minha boca que falava por mim.
- Posso começar? – Perguntou ele, referindo-se à brincadeira de perguntas e respostas.
- Tudo bem.
- Então vamos lá... O que você mais gosta de fazer?
- Tocar violino e dançar – respondi.
- Por sinal dança muito bem, Isabella, fiquei impressionado – falou, me deixando completamente envergonhada. Devo ter ficado muito vermelha, pois logo ele mudou de assunto.
- É sua vez.
- Por que voltou aos Estados Unidos? – Na verdade queria perguntar quanto tempo ficaria, mas não tive coragem.
- Ganhei uma bolsa para mestrado e não tive como recusar. Também queria ficar mais próximo da minha avó.
O vinho estava se mostrando bastante relaxante.
- Dançaria para mim outra vez?
- Não abusa, Edward. – Falei enfaticamente. Ele caiu na gargalhada.
- Onde você quer estar daqui a cinco anos? – Talvez assim obtivesse minha resposta quanto a sua estadia no país.
- Hum... – pensou. - Jantando com uma mulher interessante – disse por fim, me encarando com seus olhos magnéticos.
“O que foi isso?”
- Você tem namorado? – Ele perguntou displicentemente.
Ops!! A conversa esta atravessando um limite perigoso.
- Não, não tenho nem nunca tive. – Maldito álcool. Não precisava ter dado tantos detalhes.
- Você tem? – Será que tinha algum remédio na minha bebida? Essa não era eu.
- Eu tinha, mas terminamos quando me mudei pra cá. – Ele não pareceu se importar com o fato.
- Quando você diz que nunca teve namorado quer dizer que nunca esteve apaixonada? - Pela primeira vez na noite, senti nele uma certa ansiedade.
- Não, só quis dizer que nunca namorei mesmo – falei, evitando encará-lo.
- Então já esteve ou ainda está apaixonada por alguém? – Ele nem sequer esperou sua vez para continuar.
- É a minha vez, Edward.
- Desculpe, pode perguntar.
- Qual a sua especialidade como médico? – Não sei por que, mas me deu vontade de perguntar aquilo. 
Edward pareceu relutante em responder minha pergunta. Não me encarou enquanto falava.
- Psiquiatria.
Pude ouvir um estalo em meu cérebro. Senti as lágrimas se formando em meus olhos.
Estava de volta ao meu caleidoscópio preto e branco.
- Edward, isto aqui é um jantar ou uma consulta? – Nunca me doeu tanto saber uma resposta. Não tive dúvidas de que minha mãe estava envolvida naquilo.
- É a minha vez de perguntar, Bella – disse, usando meu argumento anterior.
- Não Edward, a sua vez já durou muito; aliás, não sei nem quando ela começou, duvido que tenha sido hoje. E aí, vai me responder ou não?
- Isabella, sua mãe realmente me pediu para ajudá-la, mas...
Levantei e saí correndo do apartamento. Sentia-me tão idiota que tinha vergonha de mim mesma. Como pude acreditar que um homem como Edward ia querer me convidar para jantar? Eu era uma patética menina iludida.
Edward me chamava, mas eu sequer olhava para trás. Para meu azar o elevador não chegava nunca, então resolvi descer pelas escadas mesmo. As lágrimas me atrapalhavam ver os degraus e em segundos estava rolando escada abaixo. Uma dor lancinante tomou conta do meu corpo e tudo ficou escuro.

1 comentários:

Margarida Teixeira disse...

eu fiquei viciada a fanfic é totalmente incrivel! E a história é maravilosa!!continua a escrever!!
bjs
guidinharp

Postar um comentário