domingo, 20 de fevereiro de 2011

Crisalida6


CAPÍTULO 6 – RAIOS E TROVÕES
by Valentinalb

POV BELLA
Acordei sentindo uma dor horrível. Tentei levar minha mão até a cabeça, de onde provinha a dor , mas senti alguém me segurando, impedindo-me de mexê-la.
Olhei pro lado e reconheci o quarto onde estava. Era de Edward. Estava deitada em sua cama. Provavelmente era a primeira mulher a deitar-se ali. Só que para mim ela não funcionava como um leito nupcial, mas sim como uma cama de hospital. Meu “médico” estava sentado ao meu lado. Evitei encará-lo.
Tentei verificar o que tanto doía em minha cabeça, mas não consegui.
- Me solta – reclamei, sem entender por que não podia mexer minha mão.
- Calma, Isabella, só não quero que toque no curativo da sua cabeça, vai provocar mais dor.
O som daquela voz me fez lembrar tudo o que havia acontecido.
Tinha tropeçado e rolado nas escadas enquanto fugia de uma armadilha que fizeram para mim. Edward estava se fazendo passar por um amigo, mas queria mesmo era fazer uma avaliação médica em mim. Minha mãe não desistiria nunca de encontrar uma doença que justificasse meu jeito fechado e retraído.
Nunca havia me sentido tão humilhada. Pela primeira vez na vida estava me permitindo abrir-me para novas experiências e o que descubro é que tudo não tinha passado de uma armação. Edward só me via como uma paciente, um “caso” a ser estudado.
Senti as lágrimas escorrendo por meu rosto.
“Quem mandou sair do quarto, Bella? Lá é seu lugar...” Esse pensamento não saía da minha mente. Não me perdoava por ter deixado me enganarem daquela maneira. Se pelo menos tivesse minhas asas para fugir dali, mas não, tinha saído da crisálida antes da hora e por isso tinha me tornado uma presa fácil, indefesa.
Mais lágrimas rolaram de meus olhos.
- Está sentindo muita dor, Isabella? – Edward perguntou, mostrando-se bastante preocupado, achando que chorava por uma dor física.
Queria gritar pra ele que sim, que estava doendo muito. Que era uma dor aguda, que quase me impedia de respirar. Uma dor que fazia minha alma latejar, mas resolvi calar-me, voltar ao meu silêncio confortável.
Balancei minha cabeça negativamente.
- Você sofreu um corte na cabeça. Tive de dar uns pontos. Agora preciso fazer um exame em você. Poderia acompanhar meus dedos com os olhos? – Perguntou, colocando o dedo indicador diante de mim e movendo-o de um lado para o outro.
Acompanhei seu movimento sem dificuldade nenhuma.
- Acho que não sofreu maiores danos, Isabella, mas mesmo assim vou pedir que faça uma tomografia quando sair desta cama.
Ouvi-lo dizer “sair desta cama” me fez lembrar que era isso que faria naquele exato momento. Levantei-me rapidamente, querendo estar longe daquele lugar e de Edward o mais rápido possível.
Só quando fiquei de pé, livrando-me dos lençóis que me cobriam, é que percebi que estava apenas de calcinha. Fiquei em choque ao perceber que estava quase nua na frente de Edward. Puxei o lençol rapidamente, não tanto quanto gostaria, e me cobri, sentindo meu rosto pegar fogo com o rubor.
- Desculpe-me, mas tive de tirar suas roupas, estavam encharcadas de sangue. Corte na cabeça sangra muito. – Meu “médico” falou calmamente, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
Não acredito que existisse no mundo nada pior do que o que eu estava sentindo.
- Poderia, por favor, devolver minhas roupas para que eu possa ir embora? – Enquanto falava, senti como se o chão balançasse, ficando impossível manter-me de pé.
Aquelas conhecidas mãos me seguraram mais uma vez, só que agora pude senti-las direto em minha pele, pois o lençol que me cobria já não envolvia mais meu corpo. Devo tê-lo soltado quando me senti tonta.
Um choque de tremor e vergonha varreu meu corpo ao ver Edward me segurando pela cintura, praticamente nua. Meus seios quase tocaram seu rosto quando ele me deitou novamente. Antes que eu o fizesse, ele me cobriu, percebendo meu constrangimento.
- Sua mãe esteve aqui enquanto dormia. Ela foi buscar roupas limpas para você – Edward explicou.
- Pegue minhas roupas sujas mesmo, por favor, e me deixe ir embora daqui. – Implorei mais uma vez. Não sei onde tirei forças para falar tudo aquilo, mas sair de perto de Edward ou quem quer que aparecesse ali, era tudo o que eu mais precisava. Ansiava pelo conforto e proteção da minha solidão.
- Não está em condições de se levantar, Isabella. Você levou um tombo grande, rolou vários degraus de escada. É provável que vá se sentir tonta por um bom tempo ainda. – Edward agora falava como médico. Não se importava nem um pouco com o fato de eu não querer ver sua cara na minha frente nunca mais, pois eu tinha certeza que ele sabia que era isso o que eu queria realmente.
- Então me leve para um hospital. Sou maior de idade e tenho o direito de escolher meu médico – falei rispidamente.
Seu olhar parecia sofrido quando me encarou. Desviei meus olhos rapidamente. Estava com muita vergonha dele.
- Sei que está magoada, Isabella, mas assim que estiver melhor quero te explicar o que aconteceu. Nem tudo é como você deduziu.
- Não precisava ter tirado minha roupa – falei, meio emburrada, sentindo-me ultrajada.  
- Não se preocupe com isso, Isabella, sou médico. Já estou acostumado com isso.
- Poderia me deixar sozinha? – Aquela situação estava insuportável. Minha vontade era começar a gritar de desespero.
- Claro. Se precisar de alguma coisa e só chamar. Sua mãe deve chegar logo. Vou fazer algo para você comer. Preciso te dar um remédio, mas tem de estar alimentada para não passar mal.
Antes que eu dissesse que não queria nada, ele saiu do quarto.
Assim que relaxei com sua ausência, comecei a ouvir o barulho ensurdecedor dos trovões. Uma verdadeira tempestade estava se formando. Encolhi-me na cama. Não gostava de chuva forte, tinha medo desde criança. Na verdade era quase uma fobia que me fazia entrar em pânico. Senti que começava a tremer.
Alguns minutos depois, que para mim pareceram horas, Edward voltou com um sanduiche e um copo de suco. Assim que entrou no quarto, um raio caiu em algum lugar ali perto, fazendo um barulho estrondoso. Automaticamente cobri minha cabeça com o lençol, não contendo meu desespero.
Edward deixou a bandeja sobre o criado e sentou-se ao meu lado.
- Isabella, me dê sua mão – pediu calmamente.
Por mais que não quisesse, era tentador sentir que não estava sozinha.
Tirei uma das mãos debaixo do lençol e percebi quando ele a segurou firmemente. Aquilo ajudou bastante. O calor de sua mão se contrastava com o gelado da minha.
- Isabella, olhe para mim, por favor.
Estava puxando lentamente o lençol para destampar meu rosto, quando outro raio caiu ali por perto. Cobri-me novamente, sentindo uma vontade enorme de chorar.
- Isabe...
Antes que ele terminasse de dizer meu nome, mais um raio caiu, provavelmente no pára-raios do prédio, fazendo a luz se apagar.
Não sei como, mas quando vi estava só de calcinha sentada no colo de Edward, com o rosto enterrado em seu ombro e os braços em volta de seu pescoço, apertando-o fortemente. Graças a Deus o quarto estava na mais completa escuridão. Sabia que depois daquilo só me sobraria o suicídio, mas naquele momento a segurança dos braços de Edward era tudo o que eu precisava.
- Tudo bem, Isabella, não precisa ficar nervosa. Já vai passar. – Enquanto sussurrava, um de seus braços apertava minha cintura e o outro pousava a mão sobre meus cabelos, afagando-os delicadamente.
Não saberia dizer quanto tempo fiquei naquela posição, mas quando finalmente os raios e trovões pararam, eu estava bem mais calma. Infelizmente a luz voltou antes que eu tivesse voltado para debaixo dos lençóis.
A palavra constrangimento não é suficiente para explicar o que senti quando me vi no colo de Edward, com os seios encostados em seu peito, sentindo que sentava sobre um volume enorme e duro entre suas  pernas.
Pulei pra cama e me enfiei sob os lençóis rapidamente.
- Desculpa – foi só o que consegui dizer.
- Você só entrou em pânico, Isabella. Não tem problema.
Ele estava tão constrangido quanto eu. Seu rosto estava vermelho e sua respiração acelerada.
Pegou a bandeja e colocou na minha frente. Saiu do quarto logo em seguida.
Queria morrer. Minha vontade era fazer uma “Maria Teresa” com as cobertas e descer pela janela, fugindo sem deixar rastros.
Não sei que graça o universo estava achando naquilo, mas ele estava conspirando para que eu parecesse uma ninfomaníaca aos olhos de Edward. Primeiro ele me viu fazendo uma verdadeira “dança do acasalamento” diante de seus olhos, depois eu me jogo seminua em seu colo, grudando-me em seu pescoço. Não vou nem mencionar que encontrava-me sobre sua cama, em seu quarto. Só podia ser uma brincadeira astral, daquelas bem sem graça. Eu nunca tinha sequer beijado na boca e agora já podia ser diagnosticada como uma devassa enrustida.
Se podia piorar, piorou. O olhar suspeito com que minha mãe me fitou quando entrou no quarto, algum tempo depois que acabou a chuva, me fez ter certeza que não sairia do meu quarto nos próximos dez anos.
Mas, apesar de tudo, ainda me lembrava muito bem do que tinham feito comigo. Não os perdoaria nunca. Nem o prazer imensurável que tinha sido estar no colo de Edward pesaria a seu favor. Não queria vê-lo nunca mais...
Era a segunda vez que dizia isso.

1 comentários:

sueane simas disse...

ameiiiiiii.............quero mais ..........muito maia sa historia me intriga........e amo isso

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