quinta-feira, 22 de março de 2012

Faz de conta que foi assim12

CAPÍTULO 11 – Tomando decisões
CANTIGA DE ACORDAR
(Edu Lobo / Chico Buarque)
Foi uma ilusão
Uma insensatez
Há que pôr o chão
Nos pés

Era como um trem
Que anda sem passar
Era um tempo sem lugar

Mas foi um sonho bom
De sonhar porque
Me sonhava com você
E então seu canto veio me acordar

Era uma ilusão
No interior
De uma outra ilusão
Maior

Mas você foi pro sol
Noite me envolveu
Num silêncio igual ao seu
E então seu canto veio me acordar

Tudo é uma ilusão
Os que estão aqui
Esses não estão
Em si
Do universo, o além
Faunos ou mortais
Vão restar mais nem sinais


Tudo o que se vê
É o sonho de algum pobre sonhador
Todas as estrelas
Todas as misérias
Todos os desejos
E a canção do meu amor
Tudo o que se viu

Tudo o que se foi

Última ilusão
Amanhece já
Vai-se abrir o chão
Quiçá
A ilusão se esvai
É uma cena só
E a cortina cai
Sem dó
Vai cessar o som
A sessão já foi
Despertar é bom
Mas dói

Pedras vão rolar
Choram serviçais
Vão se espatifar
Vitrais
Tomba o refletor
Ardem camarins
Cai no bastidor
A atriz
Descarrila o trem
O pilar cedeu
Vai morrer meu bem e eu


Num jardim fugaz
De espirais sem fim
Eu corria atrás
De mim
O homem se distrai
Dorme em boa fé
Sua sombra sai
A pé


Mas
Foi uma ilusão
Uma insensatez
Há que pôr o chão
Nos pés

“Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.”
Edward sentiu uma onda de ódio percorrer suas veias. Pensou que já estivesse livre de Jacob Black.
– O que este homem quer comigo? – Bella perguntou assustada.
– Ele é o policial que está investigando o assalto na farmácia onde você foi baleada, amor. Eu já falei para ele que você está com amnésia, mas parece que ele tem dificuldade para entender as coisas. Talvez eu tenha de desenhar. – Edward disse irritado.
– Mas eu não me lembro de nada!
– Ele sabe disso, Bella. Não se preocupe, meu amor, amanhã eu vou despachar este inconveniente daqui. Ele não vai te importunar, não vou deixar.
– Parece que vocês não se dão muito bem. – Bella comentou.
Edward fez uma cara de desprezo e não falou nada. Realmente não gostava de Jacob Black, mas o que menos gostava era de vê-lo se aproximar de seu castelo de areia.
– Bella, eu vou para o escritório trabalhar um pouco. Descanse até a hora do jantar. Quando estiver pronto eu te chamo.
Na verdade ele queria mesmo era ligar para Rosalie. Precisava avisá-la dessa proximidade ameaçadora.
– Tudo bem. Vou tomar um banho.
– Deixe a...
– ... Porta aberta! – Bella continuou antes que ele terminasse. – Já sei! – Falou rindo. – Quer que eu tome banho na ducha da piscina? – Perguntou brincando.
– Seria uma visão maravilhosamente tentadora. – Edward respondeu, sorrindo torto, maliciosamente.
Abraçou-a e deu um selinho em seus lábios, na intenção de despedir-se dela, mas qual não foi sua surpresa quando Bella passou os braços pelo seu pescoço e aprofundou o beijo, invadindo sua boca avidamente.
Bella não sabia o que a tinha motivado a fazer isso, mas sentiu uma vontade louca de beijar seu marido. Agarrou sua nuca, puxando seu rosto para mais perto e se perdeu na umidade daquela boca convidativa.
Era como se lavas de vulcão percorressem as veias de Edward. Ele a prensou na parede mais próxima, sem pararem o beijo, e apertou seu corpo no dela. Sua mão alcançou a coxa de Bella, erguendo-a de modo que seus sexos se encaixassem, fazendo-a gemer de prazer.
Bella, quando notou, já estava com as duas pernas em volta da cintura de Edward, sentindo sua excitação pressionar seu quadril. Pensou que não teria forças para evitar que fossem até o fim. Desejava aquele homem com a força de uma vida inteira, e não de dias.
Compreendeu o motivo de transarem quase todos os dias, como Edward havia dito. Ele era uma perdição, tinha o poder de deixar uma mulher à beira da loucura.
Edward estava no céu!! Podia sentir o corpo de Bella tremer em contato com o seu. Era mais do que tinha sonhado, tê-la daquela forma.
– Seja minha agora, Bella! - Sussurrou, praticamente implorando.
A boca de Edward agora gemia em seu ouvido, fazendo-a arrepiar-se toda. Sua mão subia por sua barriga, numa infindável viagem até seus seios. Bella ansiava por aquele toque. Queria ser dele completamente.
– Eu...
Um pigarro masculino e um “Oh, meu Deus!!” numa voz assustada de mulher quebraram o clima de luxúria que os envolvia.
Edward se virou e deu de cara com Jacob Black parado no meio da sala, olhando-os com um semblante indecifrável. Estava com tanta raiva que não se tocou que estava constrangedoramente excitado.
Jacob sabia muito bem o que seu olhar significava: inveja, dor e raiva.
Bella sentiu o rosto pegar fogo. Tinha sido pega no maior “amasso” com o marido, em plena sala de visitas. Só então percebeu que a mão de Edward ainda estava sob sua blusa. Lembrou-se desolada que ela não tinham alcançado seu objetivo.
Edward puxou-a rapidamente, possesso por ter sua intimidade invadida por aquele inconveniente investigador.
– O que está fazendo aqui a essa hora, policial? Não marcou para amanhã às dez? – Perguntou, não se dando ao trabalho de esconder sua irritação.
– Desculpem-me interrompê-los. – Jacob falou, com um leve sorriso sarcástico no rosto. – É que apareceu um problema e terei de viajar ainda hoje e não podia ir embora sem colher o depoimento da Srª Cullen.
– Pelo amor de Deus, Black, deixe Bella em paz. Ela acabou de sair de um coma e, como é do conhecimento de todos, não se lembra de nada.
– Estranho, me pareceu que se lembravam bem um do outro.
Edward sentiu o sangue ferver em suas veias.
Bella percebeu que uma briga feia estava preste a acontecer naquela sala. Edward poderia acabar preso por agredir um policial em serviço.
– Tudo bem, Edward – interveio. – Não tenho problema nenhum em conversar com o investigador. Eu estou bem.
– Não sei se poderei ajudá-lo, policial, mas estou à sua disposição. – Falou gentilmente.
– Jacob. Pode me chamar de Jacob – disse, cumprimentando-a.
Seu corpo arrepiou-se todo ao tocar aquela mão frágil e macia. Nunca quis tanto ser outra pessoa como quis ser o tal Cullen naquele momento.
Edward bufou de raiva, mas conteve-se. Pensando bem não era uma boa coisa para seus planos criar problemas com a polícia.
– Sente-se, Black. Só te peço que seja breve, Bella não pode se esforçar muito, precisa descansar. - Tentou uma trégua, sentando-se ao lado da esposa para demarcar seu território.
O olhar que Jacob deu para os dois não precisou nem de legendas. Tinha acabado de assistir uma cena que não condizia com alguém que estava convalescendo.
Bella sentiu o rosto ficar vermelho novamente.
– Então, Isabella, por acaso não teve nenhum sonho com algum rosto diferente? Explicaram-me que talvez possa ter sonhos com o atirador.
– Isso se a amnésia dela fosse emocional, Black. Mas não é. – Edward intrometeu, se segurando para não botar aquele homem para fora de sua casa a pontapés.
– Calma, amor, eu respondo.
– Não Jacob, não tive nenhum sonho nestas duas noites, após acordar do coma.
Edward sentiu o sol se abrindo diante dele. Bella tinha acabado de chamá-lo de amor e nem percebera.
Um sorriso enorme tomou o lugar da irritação de ter Jacob Black na sua sala.
– Isabella, eu vou voltar para New York hoje, mas no final de semana estarei de volta. Vou ficar uma temporada aqui em Monterrey fazendo uma investigação. Gostaria que visse algumas fotos, se não se importar. Quem sabe uma delas lhe cause alguma reação.
– Sem problemas. Ajudarei no que for possível. – Bella respondeu sorrindo.
Edward ficou vendo-os se chamarem pelo primeiro nome e não gostou nada, mas estava muito feliz para pensar nisso agora.
Jacob agradeceu a atenção e se despediu, demorando mais que o necessário para soltar a mão de Bella.
Ao entrar no carro, suspirou profundamente. Sabia que o que estava fazendo era errado e sem ética. Em momento algum chegara a acreditar que Isabella pudesse ajudá-lo no que quer que fosse, mas a vontade de vê-la novamente tinha-o feito mover céus e terra para encontrá-la e armar esta palhaçada toda, tentando tirar alguma pista de uma desmemoriada.
Lembrou-se do toque delicado de suas mãos e de seu sorriso perfeito. Era a primeira vez que tinha visto ela acordada e quase se perdera no verde daqueles olhos.
Como uma paixão podia surgir assim? Como fora se apaixonar por alguém dormindo?
Nenhuma pergunta sua tinha resposta. “Mas desde quando o amor se preocupa em ser coerente?”, pensou.
Acelerou o carro, admirando a paisagem do lugar onde moraria nos próximos meses. Não tinha nada de coincidência no fato de participar daquela investigação na Califórnia. Bastaram uns telefonemas e estava finalmente perto de sua loirinha de novo.
“Loirinha casada”, lembrou-se. E pelo visto apaixonada pelo marido. A cena na sala falava mais que qualquer palavra. Teria de se contentar apenas em vê-la, constatou tristemente. Quando se apaixonara não sabia que ela era comprometida.
“Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer.”
Edward estava muito preocupado com a fixação de Jacob em Bella. Precisava avisar Rosalie sobre isso o mais rápido possível, ainda que o que quisesse mesmo fosse continuar de onde pararam. Teria de deixar isso para mais tarde. A segurança de seu plano era mais importante no momento.
– Bella, amor, vou mandar um e-mail para um fornecedor e depois jantaremos. Se quiser ir tomar banho, te chamarei quando terminar.
– Vou subir então.
Bella estava um pouco envergonhada de encará-lo depois daquele beijo.
Ganhou apenas um selinho e subiu as escadas com pressa.
“A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.”
Edward ligou para Rosalie, aflito.
– Não se preocupe, Ed. Já sabemos que ele esteve aí e verificamos a ficha dele. Não há nada de errado. Ele é um policial exemplar e está investigando esta quadrilha que rouba psicotrópicos há muito tempo.
– Não tem como afastá-lo de Bella?
– Não há necessidade de interferirmos no que não apresenta perigo para o plano, Edward. Lembre-se que ele não desconfia de nada. Não vai ficar investigando vocês. Ele só está interessado no depoimento de Bella. Se acharmos necessário, aí sim, interferiremos. Fique calmo e curta sua nova vida.
Edward ficou menos preocupado depois do telefonema. Foi para o quarto chamar Bella.
Pela fresta da porta do banheiro, viu que ela estava sentada na borda da banheira, vestindo um roupão e com a cabeça baixa.
Não pensou duas vezes antes de entrar.
– Bella, o que foi?
– Estou muito tonta. Acho que vou...
Bella simplesmente desmaiou.
Edward a pegou no colo e levou-a até a cama, deitando-a. Cobriu-a com o edredom e ligou correndo para o Dr. Schneider.
Depois de contar tudo o que tinha acontecido, ouviu atentamente o médico.
– Edward, esses desmaios são normais. Vão acontecer algumas vezes até o cérebro de Bella se recuperar da cirurgia. Pode me dizer se ela passou por alguma emoção forte ou esforço físico hoje, além da caminhada?
– Hum... mais ou menos... A gente andou.. Hum... Se empolgando um pouco, se é que me entende. – Edward se lembrou do amasso deles na sala e também da visita do policial.
– Aconselho vocês a irem devagar no que se refere a sexo, Edward. É melhor evitar relações sexuais nesta primeira semana. Deixe Bella se adaptar melhor. Evite esforço e emoções fortes. Ela precisa de descanso nestes primeiros dias.
– Tudo bem, doutor.
– Bella acordará em poucos minutos. Mas qualquer problema, pode me ligar a qualquer hora. Tenho um amigo médico aí em Monterrey e se achar necessário, pedirei que ele passe aí para dar uma olhada nela.
Edward agradeceu e desligou, sentindo como se um balde de água gelada tivesse sido entornado em sua cabeça. “Nada de sexo!” Estas palavras ecoavam em seus ouvidos.
O médico tinha razão, Bella logo acordou.
– O que aconteceu? – Perguntou confusa.
– Você ficou tonta e desmaiou no banheiro, amor. Ainda bem que a porta estava aberta.
– É... Eu me lembro de estar conversando com você. Depois não vi mais nada, ficou tudo escuro.
– Não se preocupe, Bella, o Dr. Schneider disse que esses desmaios já eram esperados. Só espero estar sempre por perto para poder acudi-la.
– Duvido que não estará, Edward. Você cuida tão bem de mim. – Bella falou sorrindo.
– Vou cuidar de você pelo resto da vida, meu amor. Te proteger me dá um grande prazer.
Edward deitou ao seu lado, sobre o edredom e acariciou seu rosto.
– Não tive tempo de te agradecer por aquele beijo... Obrigado.
Bella sentiu o rosto esquentar.
– Eu também fui beijada.
– É, foi sim... – Edward concordou, soltando uma risada.
Não demorou muito para que suas bocas se unissem mais uma vez.
– Edward, - Bella sussurrou, com os lábios colados nos dele – eu pensei se a gente não podia tentar ser mais, como posso dizer... Hã... Marido e mulher, sabe?
– Podemos sim Bella, mas seu médico pediu pra gente não se exceder muito. Melhor esperarmos só mais um pouquinho.
Edward não podia acreditar que tinha sonhado por dez anos ter Bella em seus braços e agora precisava pedi-la para adiar a realização desse sonho por mais uns dias.
– Desculpe-me, mas é que eu me sinto tão bem. Não pensei que “isso” pudesse me fazer mal. – Falou sem graça.
Bella sentiu-se envergonhada por parecer afoita. Tomara aquela decisão depois do beijo na sala. Não tinha motivos para não desfrutar das sensações maravilhosas que seu marido a fazia sentir. Edward merecia esse voto de confiança, estava se mostrando um companheiro perfeito.
– Não fique assim, amor. Não faz idéia do quanto eu te quero também, do quanto eu te desejo. Estou apenas cumprindo ordens médicas. Não posso colocar sua saúde em risco. Vai passar rápido, você vai ver.
Na verdade Edward achava que faltava um século até a semana seguinte, mas tinha de parecer calmo para Bella.
– Tudo bem, vamos esperar então.
– Vamos jantar? – Edward chamou, querendo morrer por ter de abrir mão de fazer amor com Bella. Se não tivesse ligado para o médico...
– Vamos. – Ela respondeu decepcionada.
Edward estava inconsolável com a proibição de tocá-la. Excomungou a décima geração do Dr. Schneider.
Bella voltou usando um vestido curto e justo no corpo que não ajudava em nada a facilitar a espera que lhes tinha sido imposta.“Fazer o quê?”, pensou.
Jantaram uma deliciosa salada com carne assada e depois foram para a varanda aproveitar a brisa do mar. A noite estava linda.
– Emmett me mandou um e-mail confirmando a vinda deles na sexta-feira. Ficarão até domingo.
– Vou pedir para a Vera preparar os quartos de hóspedes e avisar a Cornélia. Vai ser ótimo termos companhia. – Bella falou, agora verdadeiramente entusiasmada.
– Vai sim amor, vamos nos divertir bastante. A Alice e o Emmett são dois palhaços! – Edward comentou rindo.
Após a conversa, foram para o quarto dormirem.
Bella vestiu uma camisola um pouco mais sexy, propositalmente, e deitou-se, aguardando o marido que estava no banheiro.
Edward quase teve um AVC quando viu Bella deitada. Ela estava simplesmente irresistível.
Respirou fundo e deitou-se, puxando-a para junto de si.
– Vamos dormir abraçadinhos de novo? – Pediu.
Bella sorriu e concordou, balançando a cabeça. Aconchegou-se no corpo quente do marido, sentindo seu cheiro delicioso e inebriante.
Depois de alguns segundos de silêncio, Bella não se conteve.
– Edward, o que o necessariamente o médico considera exceder-se?
– Na verdade eu não sei Bella. Por quê?
– Por nada, só curiosidade.
– Acho que tem a ver com batimentos cardíacos.
– Coração acelerado?
– É
– Então acho que devemos nos afastar.
– Tá bom! – Edward riu.
Bella virou para o canto e tentou dormir. Seu corpo inteiro tremia de desejo.
“E daí ser fazer amor a fizesse perder os sentidos!!”, pensou. “Que mulher não desmaiaria depois de ser amada por Edward?”, concluiu.
Enfim o sono a libertou da tortura.
“Nunca te é concedido um desejo sem que te seja concedida também a facilidade de torná-lo realidade. Entretanto, é possível que tenhas que lutar por ele.”

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