sexta-feira, 18 de maio de 2012

Faz de conta que foi assim19

CAPÍTULO 18 – Livre para ir.


ESPUMAS AO VENTO 

(Fagner)
Sei que ai dentro ainda mora um pedacinho de mim
Um grande amor não se acaba assim
Feito espumas ao vento
Não é coisa de momento, raiva passageira
Mania que dá e passa, feito brincadeira
O amor deixa marcas que não dá pra apagar
Sei que errei 
 
Tô aqui pra te pedir perdão
Cabeça doida, coração na mão
Desejo pegando fogo
E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra para te dizer
Ah! se eu fosse você eu voltava pra mim de novo
E de uma coisa fique certa, amor
A porta vai estar sempre aberta, amor
O meu olhar vai dar uma festa, amor
Na hora que você chegar
“Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.”

Bella bem que tentou dormir, mas foi impossível. Nem o banho serviu para relaxá-la.
Seu corpo rogava pelos braços que a pouco a abraçavam, enquanto sua mente insistia em lembrá-la do quanto tinha sido traída e enganada pelo dono deles. A presença de Edward era uma verdadeira armadilha para ela. Não havia razão que resistisse a seus encantos. Precisava se preparar para deixá-lo, cortar o cordão que tinha se formado entre eles desde que o viu no hospital. Tinha de se acostumar a ser sozinha.
Depois de virar e revirar na cama, resolver descer e ver se Cornélia já tinha feito o café, afinal já deviam ser umas cinco horas da manhã.

Bella pensou que naquela hora apenas ela e as empregadas estariam acordadas, então, com preguiça de trocar de roupa, resolveu ir de camisola mesmo.

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Edward dormiu a noite toda abraçado ao travesseiro em que Bella tinha dormido, sentindo seu perfume. Ele era a prova de que aquela noite não tinha sido uma alucinação... Que ela realmente tinha se importado e ido lá cuidar dele.

Acordou bem cedo. Estava sem febre e sentindo-se bem, mas seu corpo estava doendo de tanto ficar deitado. Ia dar uma pequena caminhada na praia para alongar-se.
Pulou da cama, tomou um banho para alertar e saiu do quarto.

Jacob tinha chegado tarde. O caso do homem que supostamente queria matar Bella estava deixando-o estressado. Queria pegá-lo logo para que sua loirinha pudesse sair daquela casa. Sem a interferência e ataques de ciúmes de Edward seria mais fácil se aproximar dela.

Hoje teria de ir à cidade vizinha recolher o depoimento do funcionário de uma loja de impressões fotográficas. Pelas investigações, a foto de Bella tinha sido revelada lá.

Acordou bem cedo, mesmo ainda estando morto de sono, e desceu em busca de um café para despertar. Vestiu apenas uma calça de moletom, sem colocar sequer a cueca, pois dormia nu, e desceu. Nessa hora nem os empregados estariam acordados, pensou. Depois acabaria de se arrumar.

Bella não acendeu nenhuma luz para não acordar os que dormiam.

Tinha se enganado, Cornélia não estava trabalhando ainda. Resolveu tomar apenas um leite quente.
Jacob estava descalço, por isso seu andar pela casa era quase imperceptível. Quando estava entrando na cozinha, viu Bella de pé, na frente do microondas esperando algo esquentar. A luz indireta do aparelho a iluminava, e Jake se extasiou com o que viu. Numa cena que mais parecia uma aparição, ela vestia uma sensual camisola preta que marcava sutilmente as curvas de seu corpo. Os cabelos loiros e longos espalhavam-se por suas costas contrastando com o escuro do lingerie. Ela estava simplesmente estonteante.

Ele ficou quieto, apreciando a beleza da mulher por quem era apaixonado sem que ela percebesse sua presença. Seu instante de voyeurismo fez seu corpo inteiro se render aos encantos de Bella. Excitado não era uma palavra que fazia jus à condição em que se encontrava. Estava a ponto de explodir.
Bella bebeu o leite ali mesmo e se virou para sair.

Jacob foi até ela, era hora de revelar sua presença.

Estarrecida, Bella sentiu seu corpo se chocar com o de alguém no escuro da cozinha. Pelo tamanho dava pra perceber claramente que era um homem, e estava sem camisa. Paralisada de pavor, não conseguiu gritar, ainda mais quando sentiu o cano do revolver pressionar sua barriga.

– Po-po-por favor, na-não me ma-mate – sussurrou quase sem forças, implorando por sua vida.

– Bella, sou eu!

Ele falou algo incompreensível para seus ouvidos em pânico, mas provavelmente devia ser um “não se mexa!”, concluiu. Bella fechou os olhos e ficou esperando o barulho do tiro que anunciaria sua morte.

– Aca-ca-be logo com isso, a-atire de uma vez... – Queria apenas que a tortura terminasse. Se era pra morrer, que fosse logo.

Jake colocou suas mãos no ombro dela e a balançou, tentando trazê-la de volta à realidade.

– BELLA, CALMA, SOU EU, O JACOB!!

Bella abriu os olhos e pode enfim enxergá-lo na pouca luz. Era realmente ele.

– Por-por que está com um-um re-revólver? – Perguntou tremendo dos pés à cabeça.

Jake moveu as mãos diante de seus olhos, mostrando que elas estavam vazias.

– Que arma, Bella? – “Será que ela é sonâmbula?”, pensou.

– E-essa que vo-você está apontando para a mi-minha barriga. – “Seria Jacob a pessoa que queria assassiná-la? Mas por quê?”, tentou entender.

– Do que você está fa... – Ele olhou para baixo e viu o estado calamitoso em que se encontrava. Não era um revólver que estava apontado para Bella, era algo bem pior...

Bella teve enfim coragem de olhar também e se deparou com uma cena extremamente constrangedora. O pênis dele, completamente ereto, se projetava pelo tecido leve da calça larga, pressionando a região do seu umbigo. Aquilo definitivamente podia ser considerado uma arma, pensou. Seu rosto ruborizou-se de vergonha no mesmo instante em que a luz da cozinha se acendeu e ambos viraram para o lado da porta, praticamente sincronizados, encontrando o olhar furioso e indignado de Edward.

– ALGUÉM PODE ME EXPLICAR O QUE SIGNIFICA ISSO? – Edward perguntou, procurando um único motivo que fosse para não matar Jacob Black naquele mesmo instante.
Quando seu olhar pousou na linha da cintura do policial, tudo de humano que havia nele se esvaiu. Seus olhos percorreram o armário a procura da gaveta de facas. Aquele detetive de merda perderia seu “amiguinho” em questão de segundos se dependesse dele.

– SEU FDP, EU VOU TE MATAR! – Gritou, partindo para cima de Jake.

– Edward, não aconteceu nada, a gente apenas se esbarrou e eu pensei que ele fosse o tal bandido, só isso.

– Bella tentava explicar aquela situação absurda, apavorada e envergonhada ao mesmo tempo.


– CLARO QUE PENSOU, O DESGRAÇADO ESTÁ “ARMADO”! – Edward falou, já flexionando os braços com a mão em punho para socá-lo.

Foi nesse momento que viu Bella desfalecer-se, caindo como uma fruta madura no chão.

– BELLA!! – Gritaram juntos.

Edward empurrou Jake com os ombros e foi acudí-la, pegando-a nos braços para levá-la até o sofá.
Bella não achava certo estar fingindo, mas era a única forma de evitar uma desgraça naquela hora.

– Vou chamar uma ambulância. – Jacob se prontificou.

– Não precisa, esses desmaios são comuns. – Edward o acalmou, num meio segundo de trégua. - Agora suma daqui, seu tarado pervertido! – O meio minuto tinha acabado.

– Eu não te devo explicações, Edward, mas não quero que seja injusto com Bella, pensando que ela é uma qualquer. Não aconteceu nada entre a gente, foi só um esbarrão. Eu nem imaginei que teria gente acordada a essa hora, por isso desci assim.

– É claro que não estou pensando mal dela, seu merda. É você que não presta, que não sabe respeitar mulher dos outros. – Edward falou, cheio de raiva.

– Eu não fiz coisa alguma, mas mesmo que tivesse feito, precisa se lembrar que ela não é mais nada sua. Na verdade acho que ela te odeia, Cullen.

– Odeia tanto que dormiu comigo essa noite. – Edward se gabou, omitindo o motivo dela ter ficado ao seu lado.

Bella teve vontade de desistir da farsa e fazer Edward engolir aquelas palavras, mas o clima ainda estava muito tenso entre eles e ela ainda não estava preparada para olhar para Jake depois do mico que passou. Era melhor continuar atuando, mesmo que fosse para ficar ouvindo aquelas bobagens.

– Mentira! – Jake desafiou-o.

– Não estou nem aí se você acredita ou não, mas que dormiu, dormiu... Nos meus braços. – Completou, com um sorriso no rosto ao se lembrar.

“Como podiam ser tão infantis?”, pensou Bella. Aqueles dois marmanjos pareciam duas crianças brigando por um brinquedo. “Devia ter deixado você morrer assado pela febre, Edward Cullen.” – praguejou mentalmente, fula da vida.

Jacob não tinha mais tempo para bate-boca, estava atrasado para sua viagem. Subiu para acabar de se arrumar, deixando Bella ainda desacordada.

Edward afagava os cabelos dela, aproveitando sua inconsciência para lhe fazer carinhos. Bella, apesar da raiva, aproveitava-se dos carinhos de Edward, fingindo estar desmaiada. Naquele momento não tinha de bancar seu papel de “mulher que não aceita ser enganada”. Ouvia apenas as vontades de seu coração... “Coração idiota”, pensou.

Quando viu que Jacob tinha ido embora, fingiu acordar.

Edward a encarava com os olhos cheios de amor.

– Tudo bem? – Ele perguntou.

– Sim, só um pouco tonta – Ela mentiu.

– Quer que eu te carregue pro quarto. Posso ficar lá cuidando de você. – Edward achou a idéia perfeita.

– Não exagere, Edward, foi só um pequeno desmaio. – Bella falou zangada, levantando-se tão sem paciência que até se esqueceu de manter seu teatro.

As coisas tinham voltado ao normal naquela casa. Cada um para um lado... Era a única forma de evitar conflitos e constrangimentos. Bella ainda ficava vermelha quando se encontrava com Jacob. Morria de vergonha de história do “revólver”. Jacob se sentia constrangido também, mas sempre que a via tinha de se segurar para não rir. “Bella pensar que seu pênis era uma arma foi hilário!”

Do outro lado da cidade, o homem repassou com seu cúmplice, passo a passo, todas as partes do plano a ser executado.

Mostrou na planta desenhada à mão da casa, em qual cômodo ficava o cofre e qual era a combinação. Entregou-lhe a pistola carregada e deu ordem expressas para não usá-la, pois, se seguisse todas as orientações, não seria necessário. Reforçou para ele que a casa não era difícil de ser invadida, pois não contava com nenhum serviço de segurança a não ser o alarme que só era ligado à noite.

Na mochila estava uma foto da mulher que o encontraria na porta do banco para ajudá-lo com o depósito.
Auxiliou na colocação da barba e dos óculos falsos e lhe desejou boa sorte.

As pequenas películas de plástico que impediam suas digitais de ficarem nos objetos passaram despercebidas aos olhos do cúmplice ansioso.

– Hoje à noite os duzentos mil dólares, sua metade, estarão na sua conta. Estamos ricos, cara!!! É só entrar lá e pegar a grana. Moleza!!! E lembre-se: se algo der errado e for preso, não me dedure, pois sou o único que poderá lhe tirar da cadeia. Se ferrarem nós dois, apodreceremos no xadrez. Boca de siri, heim!! Conte apenas a história que ensaiamos. Deixa o resto comigo que eu resolvo.

– Claro! Ninguém tirará uma palavra sequer de mim. Para todos os efeitos estou nessa sozinho.
O ingênuo rapaz saiu animado, iludido com a possibilidade do enriquecimento fácil.

O homem caiu na gargalhada quando ficou sozinho. Tinha sido tão fácil enganar o trouxa. Bastava agora espalhar um boato no presídio e eles o matariam antes que abrisse a boca para delatá-lo.

Logo, logo o idiota do Jacob Black estaria comemorando a captura do bandido errado e ele poderia finalmente agir.

O dia começou como um dia qualquer. A mesma falta de cor, falta de alegria, falta daquela felicidade que Bella não sentia mais.

Depois da fatídica manhã na cozinha, ela e Edward praticamente não se falaram. Evitava-o o máximo que podia. Quando mais pensava em tudo que tinha acontecido em sua vida, mas Bella se conscientizava que precisava ir embora o mais rápido possível. Não eram as coisas que Edward tinha lhe contado, sobre ter abandonado-a na Inglaterra, que ela não perdoava. Esses acontecimentos, apesar de demonstrar uma crueldade absurda da parte dele, não lhe provocavam sentimentos profundos. Era difícil odiá-lo por algo que não se lembrava... No entanto, descobrir que ele tinha mentido para ela, fingindo ser seu marido, por mais que ele tenha interpretado o melhor, mais perfeito, mais sedutor e mais carinhoso marido do mundo...

Um suspiro profundo saiu do fundo de sua alma ao lembrar-se dos primeiros dias naquela casa.

... Não, nem assim poderia perdoá-lo.

Mentira era imperdoável, pensou. “Quem mente uma vez, mente sempre.” E ela não queria passar o resto de sua vida com alguém em quem não confiava. Ela amava uma pessoa que não existia, um personagem... E agora as cortinas tinham se fechado e a luz do palco se apagara. Na vida real ela estava sozinha e infeliz. Esta era sua sina e ninguém foge daquilo que nasceu pra ser, pensou Bella. Ela tinha nascido para ser viver sem amor, e assim seria...

Trancada em seu quarto, Bella não percebeu que fora da casa um enorme alvoroço se formara.
Com as mãos algemadas, o invasor era colocado em um camburão, enquanto um policial lia seus direitos.
Jake, que fora chamado assim que os seguranças o pegaram, sentia um peso enorme sair de cima de seus ombros. Finalmente Bella estava segura.

Edward também se sentia aliviado. Não via a hora de poder avisar para Bella que o pesadelo tinha acabado, mas ao mesmo tempo seu coração se despedaçava ao constatar que nada mais a prendia naquela casa. Ele a perderia para sempre.

A mochila com a foto de Bella e a pistola eram provas suficientes para concluírem que se tratava de quem eles procuravam. Com ela em mãos, Jake entrou em sua viatura e foi para a delegacia colher o depoimento do preso.

Edward subiu as escadas com o coração acelerado. Já estava antevendo seu sofrimento quando Bella saísse pela porta da frente, indo embora para nunca mais voltar.

Bateu em seu quarto e ficou esperando.

– O que foi, Edward? – Perguntou Bella, abrindo a porta.

– Tenho uma ótima notícia pra te dar. Pegaram o cara que queria matá-la. Ele está preso, você não corre mais perigo.

Bella colocou as duas mãos na boca e soltou o ar dos pulmões, num sinal claro de alívio.

– Jura?

– Juro, Bella. Ele foi pego há alguns minutos em nosso jardim, tentando invadir a casa. Jacob o levou para a delegacia, para interrogá-lo.

– Ah, meu Deus, eu nem acredito que esse terror passou. Vou ter minha liberdade de volta. – Ela desabafou, com os olhos levemente marejados.

– É, está finalmente livre. Você vai mesmo embora, Bella, agora que não precisamos mais manter as aparências? – Edward perguntou, mostrando uma enorme tristeza no olhar.

– Vou. – Ela respondeu, sentindo o peso daquela afirmação.

– Tem certeza que é isso que quer Bella? Não consegue mesmo me perdoar?

– Não é tão simples assim. Você me assassinou, Edward. Matou quem eu era sem me dar sequer direito de defender-me. Não me deu chance nenhuma de retomar para minha vida, de ir atrás das minhas lembranças perdidas, do meu passado.

– Se lembrasse de como era infeliz, Bella, talvez entenderia o que eu fiz. Não ia querer ter voltado pra sua vida antiga... Não ia mesmo – disse Edward, saindo antes que desabasse na frente de Bella. Um aperto no peito quase o impedia de respirar e já estava impossível segurar as lágrimas.

Bella sentou-se na cama sem saber o que sentir. Uma mistura de alívio e ansiedade se apossava dela. Estava livre do perigo... Estava livre para ir embora... “Não era para estar feliz?”, pensou. Mas ela não estava. Angústia era a palavra que traduzia bem o que estava sentindo naquele momento.

“Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.”


Na delegacia o detido contou, como já tinha combinado com seu comparsa, que planejou tudo sozinho. Que pretendia sequestrar Bella, a esposa de Edward Cullen, para pedir resgate, pois sabia que ele era rico e que o pai dele era mais rico ainda.

Jacob não sabia por que, mas algo o incomodava. Porém não podia ir contra as evidências, que eram muitas. O caso estava encerrado, isso era fato. Sua loirinha já poderia ir embora e, se dependesse dele, iriam juntos.
Na manhã seguinte Edward ficou esperando Bella descer para tomar café. Assim que a viu descendo, se postou diante dela, no pé da escada.

– Bom dia, Bella. – Cumprimentou-a.

– Bom dia, Edward. – Bella respondeu, sentindo seu corpo tremer com a proximidade dele.

Edward percebeu que ela estava incomodada por ele estar tão perto, mas não se afastou. Estava cansado de bancar o bonzinho.

– Quando estava de partida para a Inglaterra você tinha cerca de cinquenta e poucos mil em sua conta. Esse dinheiro é seu, Bella. Como, para não me comprometer, você não pode tirá-lo do banco, gostaria que aceitasse que eu te reembolsasse. Não é justo que o perca, afinal você trabalhou para tê-lo.

– Bom, se é assim, eu aceito. – Bella aceitou para ver se ele saía logo de perto dela. Não estava preparada para tanta proximidade. Podia sentir o hálito dele em seu rosto, e aquilo quase lhe tirava os sentidos.

– Quando você vai?

– Estou providenciando isso pela internet, procurando um lugar aonde ir.

– Você sabe que não precisa disso, Bella. Se quiser, fique nesta casa, eu volto para Massachusetts.

– Você já gastou muito comigo. Não seria justo continuar te dando despesas. – Bella ironizou, referindo-se aos cinco milhões.

– Ter você em meus braços valeu cada centavo que eu paguei. – Edward falou, sorrindo torto, mostrando mais uma vez que não se arrependia do que fez.
Bella sentiu as pernas falharem. Sempre que Edward sorria daquele jeito ela experimentava uma sensação de
 “quase morte”.

– Nunca passou por sua cabeça que você poderia ter conseguido isso sem ter de pagar?

– Já sim, Bella, mas já passou por sua cabeça que toda isso valeu a pena? Que nós fomos felizes e que poderíamos continuar sendo se você aceitasse os fatos que eu não prejudiquei ninguém? Que eu não te forcei a nada? Que você se apaixonou por sua própria vontade? Que eu só te levei pra cama quando você quis? Que o amor que sentimos um pelo outro é maior que os erros que você acha que cometi? Que seremos dois infelizes, separados?

– Eu posso muito bem viver sem você, Edward. – Bella mentiu, tentando mostrar convicção no que estava fazendo. Mas palavras de Edward ainda ecoavam em sua cabeça.

– Então por que está tremendo? Acha que não sei o quanto eu ainda mexo com você?

– Não estou tremendo! Além de mentiroso também é pretensioso?

Edward simplesmente a puxou pela cintura e roubou-lhe um beijo, sem conseguir se controlar mais. Com a mão na parte da trás de sua cabeça, forçou o rosto de Bella contra o seu, impedindo-a de se afastar. À força, abriu caminho entre seus lábios, invadindo-a com a língua. Já não aguentava mais de saudade daquela boca.
Bella não teve forças para evitar o beijo, muito menos para não retribuir... Quando viu, estavam se beijando alucinadamente, como nunca tinham se beijado.

Edward a levantou do chão, segurando seu corpo junto ao dele.

As mãos de Bella ficaram espalmadas no peito dele, mas se recusavam a fazer força para afastá-lo. Ao contrário disso, envolveram o pescoço de Edward, se entregando por completo às sensações maravilhosas que ele causava nela.

Foi Edward quem se afastou, deixando-a tonta e confusa.

Com um sorriso no rosto e aos lábios vermelhos e úmidos, ele a confrontou:

– Você me ama, Bella! Como quer que eu acredite que não me quer mais, se nem seu próprio corpo você conseguiu convencer?

– Vo-você me forçou, seu selvagem! – Bella o xingou, tentou se justificar.
Edward deu uma risada alta.

– Conta outra, Bella! Você quis tanto quanto eu.

– Vo-você é um... um... – Bella estava tão nervosa que não sabia o que dizer. – Eu te odeio, Edward. Odeio!!!

Sem conseguir conter os soluços, Bella correu para seu quarto. Queria se matar por ter sido tão fraca. “Como pude deixar que aquilo acontecesse?”, se perguntava, sentindo-se completamente derrotada e humilhada.

Edward percebeu que tinha ido longe demais, mas ainda assim levou os dedos aos lábios e fechou os olhos, sentindo o gosto de Bella ainda em sua boca.
 Não subiu para se desculpar, não estava arrependido.

Jacob voltou para casa satisfeito. O juiz tinha decretado a prisão do sequestrador e Bella não corria mais perigo.

Os dois se encontraram na cozinha, o que fez Bella ficar completamente vermelha ao lembrar-se do último encontro deles naquele lugar.

– Bella, estou de partida – ele disse, contendo o riso ao vê-la tão envergonhada – queria agradecer a hospitalidade. Foi muito bom te conhecer melhor. Você é uma mulher extraordinária, merece encontrar um amor verdadeiro.

– Não foi nada, Jacob. Também te agradeço por me proteger. Você é um bom policial, devia se dedicar a isso. Não entendo por que caras como você e Edward se prezam a enganar outras pessoas tão sordidamente. Deviam ter vergonha do que fazem.

– Bella, eu não trabalhei no seu “plano”, se quer saber. Eu nem sabia que Edward não era seu marido de verdade. Só me contaram quando esse cara que prendemos começou a te perseguir. Nos casos que eu participo os envolvidos sempre estão de acordo. Eu jamais aceitaria fazer mal a você. Não te contei porque minha vida corria perigo se eu fizesse isso. – Jake se explicou, chateado por ela compará-lo com Edward.

– Eu não sabia disso – Bella falou, sentindo-se um pouco culpada por tê-lo julgado.

– Não sou nenhum santo, Bella, mas com relação a você, realmente não tenho culpa de nada.

– Tudo bem, Jacob, acredito em você.

– Vou embora para New York amanhã. Meus casos aqui se encerraram. Quer ir comigo? Aluguei um carro para espairecer um pouco durante a viagem. Te deixo onde você quiser, mas meu apartamento está à sua disposição. Se quiser ficar lá até arrumar onde ficar, será um prazer retribuir a hospitalidade.
Jake sabia que suas chances eram mínimas, mas não custava tentar.

– A carona eu aceito. – Bella falou sorrindo. - No meu do caminho eu decido onde vou parar. – Quanto a ficar em seu apartamento, não pretendo morar em New York, quero uma cidade do interior.

– Tudo bem, você é quem sabe. Se prepare que sairemos cedo. – Avisou, não escondendo o grande sorriso que se formou em seu rosto.

Bella agora estava mais despreocupada. Com o dinheiro que tinha, daria para começar uma nova vida em qualquer lugar.

Completou a mala que já tinha arrumado com mais algumas roupas e fechou o ziper. Na manhã seguinte tudo o que viveu naquela casa se transformaria em simples lembranças. Colocaria um ponto final neste capítulo triste da sua vida. Deixaria para trás o mais lindo sonho que alguém já viveu... Mas sonhos eram assim mesmo, não duravam para sempre.

Já estava pronta para se deitar quando ouviu uma batida na porta. Ao abrir, deparou-se com Edward.

– Bella, queria me desculpar por hoje de manhã. – Ele falou, entrando sem ser convidado.

– Não Edward, não perdôo – falou, mais irritada com ela mesma do que com ele.

Os olhos de Edward fitaram a sacola de viagem em cima da poltrona e um frio percorreu sua espinha.

– Já vai embora? – Perguntou assombrado.

– Vou, amanhã de manhã. – Bella achou melhor omitir que iria com Jacob. Preferiu evitar outra briga entre eles.

Edward se sentou na beira da cama e cruzou as mãos na nuca, abaixando o tronco até que seu rosto se aproximasse dos joelhos. Ficou uns segundos naquela posição até que se acostumasse com a dor em parecia querer estraçalhar seu peito.

Bella começou a sentir pena dele, mas espantou logo esse pensamento da cabeça. Ele não merecia sua consternação. A vítima era ela.

– Não vai não, Bella. – Edward suplicou, ainda com a cabeça baixa.

– Edward, não há mais solução para nós. Eu não posso aceitar o que você me fez.

Ele se levantou num rompante e colocou as mãos no ombro dela, ficando cara a cara com Bella.

– Por que não, Bella? – Perguntou desesperado, chacoalhando-a minimamente.

– Porque eu não consigo. – Bella murmurou, já sentindo as lágrimas rolarem pelo seu rosto.

– Não jogue tudo o que vivemos fora. Deixe seu coração falar mais alto, menina. Você me ama! – Havia dor e lamento na voz dele.

– E se eu te amar, Edward, que diferença isso faz agora? De que valeu o meu amor por você, se mesmo assim eu continuei sendo enganada? – Bella praticamente se entregou com aquele desabafo.

– Eu queria deixar o passado para trás, Bella. Queria ter tido o privilégio que você teve de esquecer tudo de ruim que eu te fiz. Eu tinha vergonha de assumir para você que eu tinha traído sua confiança, que a tinha trocado por dinheiro. Estava tão bom ser visto por você apenas como o homem que te amava e te fazia feliz. Bella, ninguém nunca vai te amar tanto quanto eu te amo. Você é minha vida... Me diga como eu vou viver sem você depois de já ter sido minha? Ensina-me a te esquecer, por favor! – Edward a abraçou desolado, chorando em seu frágil ombro feito um menino.

– Como posso te ensinar uma coisa que nem eu consigo fazer, Edward. Seria tão mais fácil se eu não te amasse tanto... – Foi um momento de entrega, onde as aparências se renderam aos sentimentos verdadeiros.

Edward não quis escutar mais nada. Colocou as mãos nas laterais do rosto de Bella e a beijou apaixonadamente, sendo correspondido sem o menor sinal de rejeição.

Bella não queria pensar em mais nada que não fosse na doçura dos lábios que beijavam os seus.
Quando percebeu, Edward já a prensava na parede, pressionando o membro excitado contra seu quadril.

Bella sabia que não era certo o que estavam fazendo, mas nenhuma célula de seu corpo estava disposta a abrir mão da sensação de prazer e plenitude que a invadia. O conforto da cama não lhes interessava naquela hora, eles tinham pressa... Tinham urgência em se amarem. O desejo e amor que sentiam um pelo outro era o único ponto de convergência entre eles.

– Seja minha de novo, Bella – Edward sussurrou em seu ouvido, enquanto suas mãos passeavam por seus seios, fazendo-a gemer incessantemente.

– Eu sempre serei sua, Edward... – Bella murmurou entre gemidos, assumindo uma condição na qual estava predestinada a viver.

Edward retirou a calça e cueca sem parar de beijá-la. Acariciou a pele macia da perna de Bella, subindo a mão por debaixo da camisola até que encontrasse sua calcinha, já molhada pela excitação. Bella quase gritou quando sentiu o dedo dele afundando em sua intimidade, deslizando para dentro e para fora sem causar dor alguma. Sentiu um prazer indescritível.

Ele levantou uma de suas pernas, mantendo-a dobrada, e posicionou-se no meio de suas pernas.

– Bella, tudo bem? – Perguntou enquanto beijava seu pescoço, querendo avisá-la do que aconteceria a seguir.

Bella respondeu afastando a própria calcinha para que o membro dele tocasse seu sexo e pudesse penetrá-la. Ansiava por senti-lo dentro dela mais uma vez.

Edward entendeu o convite e foi possuindo-a devagar, sugando sua boca enquanto sentia-se cada vez mais dentro dela. Dessa vez não queria machucá-la.

Bella foi se sentindo preenchida pelo homem que amava, num momento em que apenas a emoção os controlava. As investidas de Edward faziam as costas de Bella se chocar contra a parede, possibilitando-o ir cada vez mais fundo, proporcionando uma satisfação absoluta para ambos.

Não demorou muito até que chegassem ao orgasmo juntos, numa explosão de sentimentos e sensações que fizeram com que esquecessem por alguns segundos que eram duas pessoas. Naquele momento eles tinham se fundido em um único corpo, compartilhando o mesmo coração.

Ficaram imóveis e em silêncio. Qualquer palavra que fosse dita quebraria o encanto daquele instante.

– Edward, me deixe sozinha, por favor. – Bella pediu, depois de um tempo, sem muita convicção na voz.

Ele a atendeu, vestindo-se rapidamente enquanto ela continuava no mesmo lugar.

Saiu em silêncio, não sem antes fazer seus olhos encontrarem os dela. As lágrimas que escorreram deles era a confirmação de que aquilo era um adeus.

Quando a porta se fechou, Bella deixou seu corpo deslizar pela parede, completamente subjugada pelo amor que sentia por aquele homem.

Seria ainda mais difícil partir...

“Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.”

(Fernando Pessoa)

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