quinta-feira, 7 de junho de 2012

Faz de conta que foi assim21

CAPÍTULO 20 – Um mais um são três
(Ceumar)

Lá onde o sol descansa
Amarra sua luz no vento que balança
No veio do horizonte o meio que arredonda
Um caminho de paz
Lá onde a dor não vinga
Nem mesmo a solidão extensa da restinga
Até aonde a vista alcança é alegria 
Um mundo de paz

Lá onde os pés fincaram alma
Lá onde os deuses quiseram morar
Lá o desejo

Lá nossa casa lá...
Lá onde não se perde
A calma e o silêncio nada se parece
Nem ouro , nem cobiça, nem religião 
Um templo de paz

Lá onde o fim termina
Descontinua o tempo o tempo que ainda
Herança que deixamos do nosso lugar
Um canto de paz

Lá onde os pés fincaram alma
Lá onde os deuses quiseram morar
Lá o desejo

Lá nossa casa lá...
“Quem um dia irá dizer
Que não existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?”...

– Eu não viveria sem você, Edward... Não me deixe morrer... Não posso morrer agora... Vamos ter um filho.
Uma lágrima rolou do canto do olho e sua cabeça pendeu para o lado, inerte.
O grito de Edward ecoou pela casa.
Jake entrou correndo no escritório e viu Edward debruçado sobre o corpo de Bella, chorando convulsivamente, enquanto falava coisas desconexas sobre amor e filhos.
– Ela está morta? – Perguntou, levando a mão à boca, como se quisesse segurar um grito de desespero.
– Eu acho que sim... Ela e nosso bebê... – Edward murmurou entre soluços, entorpecido pela dor.
– Como acha? Saia de cima dela, Edward, me deixa ver se ela está respirando.
Jake o puxou com força, ajoelhando ao lado de Bella. Havia muito sangue sob sua cabeça. Colocou a mão em seu pulso e percebeu, aliviado, que havia pulsação, ainda que um pouco lenta.
– Ela está viva, só desmaiou! – Falou aliviado.
– OBRIGADO, DEUS!! – Edward gritou, andando em círculos, com as mãos na cabeça.
– Ela está grávida, Jacob! Nós vamos ter um filho... Eu vou ser pai!!! – Uma euforia desmedida tomava conta de Edward, numa mistura de alegria e descontrole.
Nesse instante dois paramédicos entraram e já começaram a examiná-la, dando início aos primeiros procedimentos de socorro.
– Ela levou um tiro. – Jake avisou.
Edward estava agoniado, já fazia mais de uma hora que Bella tinha dado entrada no hospital e ainda não tinha nenhuma informação sobre seu estado.
– Você é policial, vá lá e os obriga a falarem alguma coisa. – Falou para Jacob, que andava de lá pra cá, deixando-o mais nervoso ainda.
– Eu já fui lá, você não viu? Eles só sabem dizer que ainda estão fazendo exames. – Jake respondeu irritado.
– Então senta, pelo amor de Deus! Você já está me dando nos nervos andando desse jeito.
– Eu fico assim quando estou nervoso, não consigo controlar.
– O que você tinha ido fazer na minha casa? – Edward perguntou, sentindo-se curioso de repente.
Jake contou a ele o que haviam descoberto.
– Meu Deus!! Então o cara que queria me matar era o mesmo que andava rondando a casa? Mas por que eu, não era a Bella o seu alvo?
– Edward, tem uma coisa que eu ainda não te contei.
– O quê?
– Quem atirou na Bella foi o pai dela. Era você quem ele queria matar. Ele disse se chamar Charlie Scott e planejava deixar a filha viúva para que herdasse a sua fortuna e assim ele pudesse usufruir do dinheiro ao lado dela. Ele confessou tudo lá na delegacia. O chefe ligou me contando.
Edward ficou pasmo.
– O “pai” dela? Ela nunca o conheceu... Isso vai deixá-la arrasada.
– Estava pensando em não contar isso a ela, principalmente agora que está grávida.
Edward encarou Jake por um tempo, com uma expressão indecifrável.
– Você a ama muito, não é?
– Amo, mas já me convenci que esse sentimento não tem futuro nenhum. Ela é louca por você, Edward. Não tenho como competir com um amor tão forte quanto o de vocês. Ela é uma pessoa incrível e espero que a faça muito feliz. Conheci uma garota há algumas semanas e vou investir nessa relação. Não se preocupe, não vou mais tentar nada com Bella. Ela será só uma amiga pra mim, daqui pra frente.
– Gostei que tenha sido honesto, Jacob... Eu também a amo muito, de uma forma que não sei nem explicar. Eu não consigo nem imaginar o que será da minha vida se eu perdê-la – Edward começou a chorar. – Eu estou aqui ileso, graças à loucura da Bella de pular na frente daquela bala, enquanto ela e o bebê estão lá dentro, lutando para sobreviver. Se acontecer alguma coisa vai ser culpa minha, só minha... – Ele agora soluçava de desespero.
Jake sentou-se ao seu lado e segurou no ombro de Edward.
– Calma, vai dar tudo certo. Você não viu o paramédico falando que a tiro pegou de raspão.
– Mas então porque não dão nenhuma notícia?
– Porque devem estar fazendo muitos exames. Fique calmo, Edward, eu vou lá perguntar mais uma vez.
Jake ia se levantando quando o médico apareceu.
– Bom, Sr. Cullen, sua esposa e seu filho estão fora de perigo. A bala passou de raspão, mas com a queda ela teve um corte grande na cabeça, por isso a perda de sangue. Apesar da batida forte, a tomografia mostrou que não há lesões cerebrais. Acreditamos que ela logo acordará. Em se tratando do cérebro, não podemos ser categóricos em nossos prognósticos, então a deixaremos em observação por um dia aqui no hospital.
– Oh, Deus, que alívio! – Edward falou, abraçando discretamente Jacob.
De uma forma que ele não entendia, estava agradecido por contar com o apoio dele durante o tempo torturante que ficaram sem notícias.
– Nossas preces foram ouvidas, eles estão bem. – Jake falou, com os olhos marejados de emoção.
– Quando é que eu posso vê-la? – Edward perguntou aflito.
– Ela já está no quarto. Pode ir lá agora.
– Obrigado, doutor.
– O pior já passou, rapaz! Vá lá ver sua esposa. Parabéns pelo bebê. Acabei de ouvir o coraçãozinho dele. – O médico falou, descontraindo um pouco a tensão de Edward.
– Ouviu o co-coração do me-meu filho?
– É, ouvi sim... E bate forte. Não tanto quanto o seu deve estar batendo agora. – Brincou, dando um tapa leve no braço de Edward. – Isabella deve acordar logo e vai gostar de te ver ao seu lado. Vá logo pro quarto.
Edward saiu feito um louco pelo corredor, sorrindo de orelha a orelha e repetindo no peito a velocidade das batidas do coração de seu bebê.
Dessa vez Bella tinha bem menos aparelhos ligados a seu corpo. Havia um curativo um pouco acima da testa e outro perto da nuca. Sua cabeça estava virada de lado, provavelmente para não doer o local que tinha levado os pontos devido ao corte na queda. Em um de seus dedos estava preso um fio ligado a um monitor que mostrava seus batimentos e pressão arterial. Ela respirava normalmente.
Edward se aproximou de Bella e cariciou seu rosto. Depois fez círculos com os dedos em sua barriga, delicadamente. Não notou nenhum sinal de gravidez ali, ainda. Bella continuava magrinha como sempre. Custava a acreditar que ali dentro se desenvolvia um ser gerado do amor deles.
Sentou-se na poltrona ao lado da cama e ficou esperando que ela acordasse.
Bella despertou se lembrando que havia sonhado com a mãe. Sentiu o peito se apertar de saudade. De repente uma sequência de pensamentos foi invadindo sua cabeça. Um grande jardim, uma cozinha, a Inglaterra, o Kansas, a faculdade, James, o aeroporto... Tudo o que Edward havia lhe contado tinha agora uma imagem própria, que vinha ligada a sentimentos específicos: dor, saudade, alegria, rancor. Bella percebeu estarrecida que estava recuperando sua memória. Era como se tivessem aberto as comportas de suas lembranças. Ouviu um sinal sonoro começar a tocar alto e notou, sem abrir os olhos, que alguém tinha acendido a luz do local onde estava.
Edward ficou apavorado quando acordou com aquela máquina apitando. Em segundos uma enfermeira entrou no quarto, aproximando-se da cama.
Bella desconfiou que aquele barulho tinha a ver com os batimentos acelerados de seu coração, mas mesmo assim não quis abrir os olhos. Não estava preparada para encarar o mundo agora que começava a se lembrar de tudo, inclusive o porquê de estar ali.
Ouviu a voz de Edward perguntando, aflito, o que estava acontecendo.
– Ela teve uma arritmia, mas os batimentos já estão voltando ao normal.
– Por que ela ainda não acordou?
– Não sabemos. Já era para isso ter acontecido. Clinicamente ela está bem, não dá para entender. Amanhã o médico provavelmente fará novos exames.
Bella queria poder dizer que estava mais acordada do que nunca... Mais do que eles podiam imaginar, mas preferiu fingir que dormia. Não queria despertar enquanto não soubesse o que fazer com tudo o que havia recordado.
Assim que a luz foi apagada, percebeu a mão de Edward acariciar seu rosto. Era reconfortante sentir sua presença ao seu lado, mas ao mesmo tempo lhe causava um sentimento de mágoa.
Agora entendia porque ele se punia tanto pelo que tinha lhe feito. A dor e a solidão que sentiu quando foi abandonada estavam ali, vivas em sua mente e coração. Mas também ainda se lembrava do quanto fora feliz com ele nos dias que viveram como marido e mulher... E no fruto que carregava na barriga em decorrência do amor que viveram. Por horas seguidas comparou os momentos bons e ruins que passou com Edward.
Pela claridade do quarto, percebida pela fina pele de suas pálpebras, Bella soube que tinha amanhecido. Precisava de mais tempo, por isso continuou fingindo. Ouviu os médicos dizerem a Edward, após chamarem seu nome várias vezes, que a única coisa que podiam fazer era esperar.
O medo tinha voltado em Edward. Temia que algo muito grave tivesse acontecido com ela... Algo que a fizesse dormir para sempre, assim como num conto de fadas. Na dúvida, beijou-a nos lábios, sentindo-se ridículo; não pelo beijo, mas por se imaginar o príncipe. Não adiantou... Ou sim?
Quando Bella sentiu os lábios macios dele nos seus, percebeu que, independente do que já tivesse se passado com eles, era com aquele homem que queria viver o resto de sua vida. Se ele tinha errado, já se redimira. Tinha provado a ela o quanto a amava e isso era o que importava. Resolveu que ninguém nunca saberia que tinha se curado de sua amnésia, sabe-se lá como. Talvez tivesse bloqueado suas lembranças propositalmente, até que tivesse condições de aceitá-las, como agora, ou talvez algo dentro de seu cérebro tivesse voltado ao lugar. O motivo da recuperação nunca descobriria, mas isso não era o que importava naquele momento. Ia deixar as tristezas no passado, aproveitar os momentos bons e se entregar ao amor que sentiam. Amava Edward desesperadamente e agora teria um filho dele. O passado que ficasse em seu lugar... No passado.
Abriu os olhos bem devagar, acostumando-se aos poucos com a luz.
– Edward... – Chamou-o.
– Bella! Você acordou, meu amor!
Ela esticou o braço, desprendo-se do fio que a ligava à máquina e mostrou que queria um abraço.
Edward a apertou em seus braços e foi correspondido com a mesma força.
Tudo o que Bella queria era sair dali e voltar para casa, junto com o amor da sua vida.
– Vamos voltar pra nossa casa – pediu.
– Vamos sim, Bella. Nada mais vai nos separar.
– Nada...
Bella teve certeza, naquele instante, que ele nunca precisaria saber que ela se lembrava do garoto fraco que ele tinha sido, afinal era o homem no qual tinha se tornado que merecia o seu perdão.
“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito.”
(Machado de Assis)
Bella entrou em casa nos braços de Edward. Não porque precisava, mas porque aquele ato simbolizava o recomeço da vida de casado deles, agora sem mentiras e sem esquecimentos, embora ele não soubesse dessa parte.
Não era mais num castelo de areia que a felicidade deles estava alicerçada. Era sobre bases sólidas e duradouras que construiriam o futuro juntos. O passado não seria mais um ameaça e sim um conjunto de experiências onde buscariam, sempre que necessário, lições para o presente.
Tirando uma leve dor no corte perto da nuca, Bella sentia-se maravilhosamente bem. Estava deitada em sua cama, com a cabeça no peito de Edward e aproveitava a sensação gostosa dos dedos fazendo carinhos em seus braços e costas.
– Quando descobriu que estava grávida, Bella?
– No mesmo dia em que o pedido de divórcio chegou. Eu fiquei com os dois papéis na mão, sem saber o que fazer. Um punha fim no nosso casamento, o outro mostrava o quanto tínhamos feito a coisa certa. Fiquei desesperada.
– Desculpe-me por ter querido me separar de você, mas eu pensei que era isso o que queria.
– Eu estava sofrendo, Edward. Já tinha percebido que era ao seu lado que queria ficar, mas tinha medo de assumir isso.
– Você ficou feliz com a gravidez?
– Muito! Chorei feito uma criança quando li o resultado. Joguei-me na frente daquela arma porque sabia, não sei como, que estava salvando o pai do meu filho. Em momento algum duvidei que eu e o bebê ficaríamos bem, de que seríamos uma família.
– Você foi muito louca, Bella. Poderia ter acontecido uma desgraça e eu não me perdoaria nunca.
– Mas não aconteceu, Edward. Vamos esquecer isso. Era só um ladrão a procura de dinheiro, como Jake falou. Já passou.
– É, já passou...
Edward tinha concordado com Jacob em omitir de Bella que era o próprio pai quem tinha atirado nela. Ela não merecia esse desgosto.
A relação dele com o policial tinha melhorado bastante nos dois últimos dias. Estava se permitindo conhecê-lo melhor. Ele tinha lá suas qualidades.
– Fico feliz que você e Jake estejam se acertando. – Bella falou.
– Ele até que é gente boa, desde que fique bem longe de você.
– Bobo!! Ele me contou que está namorando uma morena linda. O nome dela e Leah.
– Então vamos torcer pra que eles se entendam e ele desista de vez de você. Não quero ter de quebrar a cara dele de novo.
– Lá vem você com esse espírito de homem das cavernas... – Bella disse rindo.
– Só cuido do que é meu.
Edward a beijou apaixonadamente. O desejo não tardou a percorrer suas veias. Foram aprofundando o beijo enquanto suas mãos passeavam pelo corpo do outro, à procura de prazer.
– Eu senti tanto sua falta, Bella... – Edward sussurrou, com a voz carregada de luxúria.
– Eu também, Edward. Quero fazer amor com você do jeito certo, sem medos e sem sofrimento.
– Será que podemos?
– Por que não?
– E o bebê?
– Deixa de ser bobo, Edward. Ele é do tamanho de um grãozinho de feijão e está bem protegido no meu útero.
– Tem certeza que não vou machucá-lo? E se for uma menina?
– O que é que tem se for uma menina? – Bella perguntou rindo, afastando-se para vê-lo melhor.
– Ela vai ver o meu... “negócio”. É estranho.
Bella não se conteve, caiu na risada.
– Edward, primeiro que “ela” não pode ver nada, nem tem olho ainda, e segundo que seu “negócio” não vai chegar onde ela está.
– Jura?
– Juro, amor.
Edward voltou a beijá-la e logo já estavam nus.
– Seus seios estão maiores. Nunca imaginei que pudessem ficar mais lindos ainda. – Ele disse, acariciando-os com os lábios.
Beijou todo o corpo de Bella, fazendo-a delirar com suas carícias. Queria possuí-la, mas tinha medo de machucá-la.
– Não vou me deitar sobre sua barriga, Bella. Vem cá! – Disse, colocando-a sobre seu corpo.
– A gente nunca fez assim. – Bella falou sem graça, sentindo sua ereção sob seu sexo.
– Tem muitas coisas que a gente não fez ainda, amor. Eu vou te mostrar todas.
Edward puxou seu rosto para junto do dele e sentiu, extasiado, ela deslizar-se sobre seu membro, envolvendo-o sua estreita e quente intimidade.
Bella começou a se movimentar lentamente, curtindo cada segundo daquele movimento.
Edward assistiu encantado ela o cavalgar sem pudor nem vergonha, entregando-se ao prazer que aquilo lhe causava. Com os dedos, estimulava seu sexo úmido, deliciando-se com o leve balançar de seus seios firmes. Alcançaram o clímax com gemidos altos, pouco se importando se poderiam ser ouvidos.
Bella se debruçou sobre o peito do marido, exausta. Ofegante, mal conseguia falar.
– Isso foi tão bom...
– Nem fala, amor. Você foi surpreendentemente perfeita. – Edward também mal conseguia falar.
– Na próxima vou melhorar ainda mais.
– Sabe quando será a próxima? – Edward perguntou malicioso.
– Faço uma idéia... – Ela respondeu rindo.
– Hoje você não sai desse quarto, menina.
– Nem eu quero...
Amaram-se o resto da tarde, até que Bella adormecesse de cansaço.
Edward a apertou em seus braços e também dormiu, completamente realizado e feliz.
No final de semana fizeram uma festa para comemorarem a reconciliação e a gravidez de Bella. Seus sócios, Alice, Jake e Leah foram convidados.
Alice chegou aos berros, abraçando Bella aos prantos.
– Um bebê, meu Deus!!! Como isso foi acontecer?
– Quer que eu desenhe, baixinha? – Perguntou Emmet, gozando a amiga pela pergunta despropositada.
– Você não sabe desenhar cegonhas, Emm. – Edward brincou, fazendo todos caírem na gargalhada.
A alegria pela felicidade do casal podia ser vista no rosto de todos os presentes, até de Jake, que parecia estar se dando muito bem com a nova namorada. Ele e os amigos de Edward se entenderam logo, e um pouco tempo já pareciam se conhecer a vários anos.
Bella ganhou muitos presentes e uma lista enorme de pretensos padrinhos. Ela, Alice e Leah ficaram babando nas roupinhas e sapatinhos.
– De quantos meses está? – Perguntou Leah.
– De dois meses.
– Então o neném vai nascer perto do aniversário do Ed? – Alice comentou.
– Sim, um pouco depois. O médico disse que o parto está previsto para o começo de julho, lá pela segunda semana.
O final de semana foi perfeito, assim como os meses que se seguiram.
Bella e Edward decidiram continuar morando na Califórnia até o parto. Queriam aproveitar aquele paraíso o máximo que pudessem. Era um excelente lugar para ela passar a gravidez.
A primeira vez que assistiram o exame de ultrassom e ouviram o coraçãozinho do bebê, Edward ficou abobalhado, achando aquele som a música mais linda que já tinha ouvido. O tum,tum, tum ficou por vários dias em sua cabeça, sempre lhe fazendo sorrir quando se lembrava.
Os cuidados com Bella redobravam a cada mês. Embora as posições no sexo tivessem de ir se adaptado às suas novas formas, a intensidade e cumplicidade só aumentavam, fazendo-os se satisfazerem cada vez mais.
Edward ligou para os pais no natal, mas não contou que ia ser pai. Estava esperando a oportunidade certa para contar tudo o que tinha feito, mas nunca a encontrava. Quando os pais vieram vê-lo, ficou três dias em Boston, quase morrendo por ter de deixar Bella sozinha, mesmo Cornélia prometendo que cuidaria dele como se fosse sua filha. Ligava umas dez vezes por dia.
Esme notou o quanto o filho estava feliz e bem disposto. Seu rosto irradiava alegria.
Carlisle se manteve pensativo o tempo todo, observando o filho por longos períodos, quando Edward não estava vendo.
Assim que seguiram viagem para o México, onde passariam férias, Edward voltou correndo para sua amada.
Quando Bella estava de cinco meses, descobriram que teriam um menino. Edward quase desmaiou quando a médica mostrou-lhe a minúscula protuberância entre as pernas do bebezinho que aparecia no monitor e falou que era o pintinho de seu filho.
– Um menino? – Perguntou com os olhos vermelhos, tentando não chorar.
– Um garotão, e vai ser grande como o pai.
– Oh, meu Deus, ele vai ser bem dotado como o Edward? – Bella perguntou emocionada.
A doutora ficou mais vermelha que um tomate.
– Eu estava me referindo ao tamanho do bebê – falou sem graça.
– Ah... – Foi tudo o que Bella disse.
Edward balançou a cabeça, contendo o riso. Nem os micos de Bella estragariam sua felicidade naquele momento.
A casa estava cheia para o aniversário de Edward. Emmett, Jasper, Alice, Jake e Leah chegaram pela manhã, animados com a noite na boate, onde comemorariam os 26 anos do mais novo papai da turma.
O bebê só nasceria em duas semanas, conforme tinha previsto a obstetra.
Bella tinha acordado sentindo dores, mas preferiu não falar nada. Não queria preocupar o marido naquele dia tão especial. Essa dorzinha devia ser normal no final da gravidez, pensou. Olhou-se no espelho se sentindo uma baleia.
– Eu não tenho nada que fique legal em mim para colocar hoje à noite – reclamou. – A roupa que eu comprei me deixa parecendo uma tenda de praia.
– Você está linda, amor. Nem imagina o quanto está desejável – Edward disse, beijando-a levemente os lábios.
– Tá vendo... Você nem me beija direito mais. - Bella estava a ponto de chorar. Aliás, ultimamente chorava por qualquer coisa.
– Bella, você sabe o que acontece quando a gente começa a se beijar muito... Esqueceu que a Drª Evelyn nos proibiu de fazer sexo. Estou apenas evitando a tentação. Mas já vou avisando, não vou respeitar essa tal de dieta de quarenta dias depois que o bebê nascer. Ah, mas não vou mesmo. – Edward falou rindo.
Ele a abraçou, tentando encaixar sua barriga linda e enorme entre eles, e a beijou apaixonadamente, controlando-se ao máximo para não passar disso.
Durante o almoço o tempo começou a fechar, anunciando que uma grande tempestade se aproximava.
Não demorou muito e o temporal desabou. A chuva torrencial não dava sinal de que pararia tão cedo.
Jacob, que tinha ido à cidade comprar um presente, entrou ensopado em casa. Tinha abandonado o carro no meio da estrada bloqueada por um deslizamento. Andou quase um quilômetro a pé para voltar pra casa.
– Podemos esquecer o passeio de hoje à noite. Não dá para passar de carro. Enquanto não desobstruírem a estrada, estamos isolados.
A frustração tomou conta de todos, menos de Bella, que mesmo não deixando transparecer, ficou feliz por não ter de sair de casa. Além da cólica que só piorava, estava se sentindo feia e gorda.
– Vou pedir para a Cornélia fazer uma janta bem gostosa pra gente. Vamos comemorar aqui mesmo, vai ser divertido também, gente. – Bella queria que as pessoas se sentissem tão bem e aliviada quanto ela.
– A Bellinha tá certa. Podemos brincar de “mímica”, é tão bom.
– É, gente, nada de tristeza. É o aniversário do Ed. Estarmos juntos é o que importa.
Logo todos já tinham se animado novamente.
Um jantar simples mais delicioso foi servido e depois cantaram parabéns com uma vela enfiada no mouse de framboesa que Cornélia tinha preparado.
Bella e Edward se beijaram cheios de paixão. Há onze anos atrás seus lábios tinham se tocado pela primeira vez, lembrou-se Edward. Aquele era o melhor aniversário que já tinha tido em toda sua vida. Apesar da falta dos pais, estar ao lado da mulher que amava e que trazia seu filho na barriga, e de amigos tão queridos era tudo o que alguém podia desejar. Não tinha felicidade maior do que a que estava sentindo.
Na sala, a brincadeira rolava solta. Edward acertava quase todos os nomes de filmes, menos os que Alice encenava, pois ela era horrível na mímica.
Bella levantou-se e tirou o papelzinho com o título que teria de representar: “Onze homens e um Segredo”.
Alice e Leah tinham ido fazer pipoca, mas a brincadeira continuou.
Quando Bella começou a pensar como faria os gestos, uma forte contração a fez encurvar-se de dor. Seus músculos travaram e ela sequer conseguia gritar.
– “O Corcunda de Notre Dame” – Emmet gritou todo feliz, achando que tinha matado de primeira.
Concentrando-se em sua respiração para não desmaiar de dor, Bella levou as duas mãos na barriga, que estava dura como uma pedra e começou a gemer.
– “O Planeta dos macacos” – Opinou Jake.
– Não é nada disso, você tá louco! – Edward tirou sarro.
– Para mim ela está imitando um gorila, gente – explicou ele, sem graça por não ter acertado.
A vontade de Bella era trucidar aqueles quatro idiotas que não percebiam que ela teria um bebê bem ali, no meio da sala.
– O-o be-bebê va-vai...
– “O BEBÊ DE ROSEMERY” – Edward berrou, antes que outro acertasse na sua frente. – Acertei mais uma vez, acertei mais uma vez... – se gabou, dando uma grande risada.
– Não valeu, a Bella roubou pra você. Não pode falar nesse jogo – Jasper apelou.
Bella não sabia o que mais a deixava nervosa, se era a dor que parecia rasgar seu ventre ou se era a vontade de esganar aquele bando de asnos na sua frente.
Alice entrou na sala e a viu se contorcendo.
– MEU DEUS, BELLA, O BEBÊ TÁ NASCENDO?
– É “O bebê de Rosemery”, Alice, e eu já acertei – Edward falou sem paciência, cheio de soberba.
– É O SEU FILHO QUE ESTÁ NASCENDO, IDIOTA!! NÃO VIRAM QUE A BELLA ESTÁ EM TRABALHO DE PARTO, SEUS INSENSÍVEIS? – Alice correu para ajudá-la, colocando uma cadeira para que se sentasse.
– O QUÊ? ME-MEU FILHO VAI NA-NA-NASCER? – Edward foi tomado por um desespero sem tamanho.
A cara de paspalhos dos homens daquela sala era digna de uma fotografia.
– Eu preciso ir para um hospital. Ahhhhhhhhhhhhh!!!! – Bella sentiu outra contração, mais forte que a primeira.
Edward bem que tentou pegar a esposa no colo, mas suas pernas tremiam tanto não teve força nem para movê-la um centímetro que fosse do lugar.
– Deixa que eu carrego a Bellinha – Emmett se prontificou, tropeçando nos próprios pés de nervoso. Pegou-a sem o menor esforço.
– Gente, não tem como irmos para um hospital, a estrada está interditada – Jasper lembrou.
– Ah, meu Deus!!! O que eu faço agora? – Edward se desesperou.
– Vamos chamar o socorro. Eles tem helicóptero. Calma, pessoal, vai dar tudo certo. Leve Bella para o quarto que logo os médicos chegarão. Aguenta aí, loirinha!!
– Não se preocupem, eu aguennnn... Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
Bella bem que tentou deixá-los calmos, mas a dor que voltava a sentir era insuportável. O líquido da bolsa que acabara de estourar escorreu de suas entranhas, deixando-a totalmente constrangida e fazendo todos perderem o último sinal de serenidade que lhes restava.
Emmett a colocou-a na cama, branco como um fantasma.
Leah fez todos os homens saírem do quarto. Eles estavam deixando Bella mais nervosa ainda. Somente Edward ficou ao seu lado, segurando fortemente sua mão, dando-lhe carinho e apoio.
– Vai dar tudo certo, amor... Tudo certo... – Ele repetia, tentando colocar o máximo de credibilidade em suas palavras
Alice a despiu, tirando suas roupas molhadas e cobriu-a com o um lençol.
Bella flexionou as pernas, procurando uma posição que amenizasse a dor.
Jake foi informado pelo bombeiro que o atendeu que o socorro levaria uns trinta minutos para chegar, pois a chuva forte atrapalhava o vôo do helicóptero.
No treinamento na academia de polícia tinha aprendido a fazer partos de emergência, mas nunca precisara fazer um. Usando seu parco conhecimento, pediu a Alice que verificasse o quanto Bella estava dilatada. Com essa informação poderia saber que tempo ainda daria para esperar, uma vez que, pelos gritos dela, as contrações estavam muito próximas umas das outras.
Sem coragem de olhar, Alice pediu a Leah que verificasse.
– Amor, tem uma coisa redondinha cheia de cabelinho saindo de dentro da Bella – sua namorada lhe falou baixinho, deixando-o agoniado.
Jake sabia que não restava mais nada a fazer a não ser fazer o parto de Bella.
Abriu a porta do quarto e entrou de supetão.
– Loirinha, vou te ajudar a ter este bebê. Não se preocupe, eu treinei para fazer isso. O socorro não vai chegar a tempo.
– Você? Quantos partos já fez? – Alice perguntou, quase em choque.
– Esse será o primeiro.
Bella juntou as pernas no mesmo instante, envergonhada e decidida a não deixá-lo vê-la nua de forma nenhuma.
– SAIA DAQUI, JACOB!! NÃO VOU MOSTRAR MINHA PERERECA PRA MAIS NINGUÉM!! EU QUERO UMA MÉDICAAAAAA. AHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Mais uma onda de dor a invadiu, e essa era a pior de todas.
– Bells, querida, não é hora para timidez, seu filho quer nascer e você não conseguirá fazer isso sozinha – Alice a aconselhou.
– BELLA, ABRA ESSAS PERNAS PRO JAKE, PELO AMOR DE DEUS!!! – Edward falou sério, tomado por uma angústia sem tamanho. Nunca tinha imaginado ter de fazer um pedido daquele à sua esposa, ainda mais sendo justamente para Jacob.
Ela olhou para ele assustada, mas obedeceu, rendida pela gravidade das circunstâncias.
– Tudo bem, mas faça essa dor passar e não deixe nada de ruim acontecer com meu bebê. – Bella implorou, flexionando novamente os joelhos, morta de medo e vergonha.
– Alice, peça a Cornélia que pegue toalhas limpas e esterilize uma tesoura com álcool ou água fervendo, rápido!
Jake foi ao banheiro e lavou as mãos e os braços. Sentou-se próximo aos pés de futura mamãe e afastou o lençol. O bebê já estava coroando.
Rogou a Deus que o iluminasse, numa breve oração silenciosa.
Edward nem tinha tempo de sentir ciúmes, só torcia para que tudo desse certo e que sua esposa e filho saíssem salvos. Sua felicidade estava nas mãos de Jacob.
– Bella, me escute com atenção: quero que na próxima vez que sentir dor, você faça força, empurrando o bebê para fora. Tente não gritar, concentre sua força em seus músculos. – Jake pediu calmamente, escondendo as mãos trêmulas para não deixá-la insegura.
Da porta do quarto, Jasper, Emmett e Leah assistiam encantados e assustados o nascimento daquele bebê tão esperado.
Seguindo as orientações do amigo policial, não demorou até que um chorinho estridente ecoasse pelo quarto. Jake, aliviado e extasiado, amarrou o cordão com fio dental e deu para o pai cortar.
Com o rosto banhado em lágrimas, Edward, tremendo, finalizou o parto do filho, recebendo no colo seu bebezinho todo sujo ainda, mas não menos lindo.
– É seu presente de aniversário, amor. – Bella falou soluçando, não contendo a emoção.
Edward colocou o bebê delicadamente no peito dela, que agora chorava na mesma cadência que a mãe, emocionada ao ver o rostinho de seu filhinho pela primeira vez.
Apesar do susto e improvisação, Matthew nasceu num ambiente que transbordava amor. Nos olhos marejados de todos que ali estavam, podia-se ver o quanto amavam aquela criança e se sentiam felizes e comovidos por compartilharem sua vinda ao mundo. Foi um momento mágico e único na vida daquelas pessoas. Ninguém ali jamais esqueceria aquele dia.
“Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida.”

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