sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Entre a Nobreza e o Crime - Jane Herman




Sinopse: Irene Hargensen nasceu no seio de uma das mais proeminentes famílias nobres da Inglaterra do século XXI. Filha de um barão com fortes aspirações políticas, ela habituou-se a um mundo em que a moral acima de todos os julgamentos manifestada perante a sociedade é bem diferente daquela que é posta em prática nos seus bastidores. Cedo demais, Irene descobriu o que poderia fazer pelo bem familiar – e perder em nome dele também. Sua vida de interesses é afetada quando o irmão Heinrich, um célebre causador de problemas, é brutalmente assassinado nas ruas de Londres. Querendo vingar sua perda, ela vai ao rastro de Viktor Morgan, genro do homem mais temido do mundo e alto criminoso da Máfia Russa. Ele aceita ajudá-la, mas cobrando um preço alto demais para ser exigido de uma dama da nobreza. O que Viktor não esperava era que fosse dragado para os porões mais sinistros dos segredos de Irene, e que ele mesmo sentisse a necessidade de rebocá-la para o seu mundo. Um romance em que os limites entre nobreza e crime se perdem na medida em que Viktor e Irene, opostos que se atraem irremediavelmente, embarcam em um jogo de paixão e interesses sem direito a vencedores – e potencialmente mortal.


Ao começar a minha resenha, tenho que avisar que esse é um livro muito difícil de ser resenhado sem soltar spoiler. O livro tem quase 700 páginas e muitos acontecimentos no decorrer da leitura. Fica complicado para o leitor escrever sobre ele, sem contar alguns fatos.

Entre a nobreza e o crime é o tipo de livro que causa uma imensidade de sentimentos contraditórios nos leitores. Em determinados momentos você suspira com os protagonistas, em outros sente ódio mortal por suas atitudes, ao passar para outros capítulos sente pena, amor, medo e sofre com eles. A autora criou uma atmosfera tão complexa, plausível e palpável, enredando os seus leitores em sua trama, que é impossível não mergulhar de cabeça nela. O único fato inegável em tudo isso, é que mesmo com as personalidades forte e às vezes perversa dos protagonistas, o leitor acaba torcendo por eles. A coisa é tão bem feita, que deixa a impossibilidade de torcer contra o casal, mesmo a relação sendo perigosa, imoral e adultera.

A história foi postada na net como Fanfic, cativando muitos leitores nesse enredo tão fascinante. Muitos autores têm surgido nessa safra de fanfiqueiros e Jane fez um brilhante trabalho, postando seus capítulos periodicamente no Nyah, sem ajuda de uma beta, coisa que considero muito difícil.

Além da trama ser muito bem feita, com detalhes minuciosos nas cenas, a autora usa uma linguagem requintada e perfeccionista. Jane Herman conseguiu superar todas as minhas perspectivas e o livro entrou para a lista dos meus favoritos, antes mesmo de eu chegar à metade da leitura. Só para terem uma ideia do que falo, comecei a ler em uma sexta feira a noite e terminei na segunda. Fiquei três dias sem dormir, com dor de cabeça e exausta, mas ao chegar ao último capítulo, eu me senti triste e desesperada por mais. Se a autora fizesse um livro com 1500 páginas, eu não me importaria. Naquele momento, só queria que não acabasse e já me sentia em desespero pela possibilidade de esperar um segundo lançamento. Não é qualquer autor que consegue esse tipo de façanha depois de seiscentas e poucas páginas. Então tenho que dar salva de palmas para Jane e toda a sua perspicácia.

Irene Hargensen é a filha mais velha de um barão linha dura, autoritário, frio e ambicioso. Durante toda a sua vida viveu sobre o julgo do pai, sem amor nem mesmo da mãe e tendo como consolo o irmão Heinrich. Ao perder o irmão, brutalmente assassinado, Irene vê seu mundo desabando. O noivo Leonard e sua amiga Susan, tentam consolá-la nesse momento difícil, mas em seu coração existe uma grande dor pela perda e consciência pesada.

Tomada de ira, decide fazer justiça com as próprias mãos. Em sua busca pela vingança, Irene vai à procura de um mafioso, Viktor Morgan, para pedir ajuda. Sua intenção é encontrar e matar o assassino do irmão.

Viktor recebe aquela mulher altiva, de nariz empinado, tom arrogante e aparência ultrajada pela impaciência, propondo-lhe um trato: Ele a ajuda a matar o assassino do irmão e ela passa uma noite com ele.

 - Desconfio que ser tão bobinha não 
combine com você. –Viktor chegou-se, tornando a
 pouca a distância inexistente. Tomou-lhe uma 
mecha do cabelo de fogo nas mãos, cheirando-a 
com vontade. Eram morangos silvestres, na cor 
e na fragrância, e bem poderiam marcar o
 travesseiro. – Você. Na minha cama. Comigo 
a noite inteira, para que eu faça o que eu quiser.
Página 40

A partir daí a trama toma um rumo delicioso. Irene nunca foi mulher de temer desafios e voltar atrás na palavra. Ela aceita o acordo com o mafioso e começa a trabalhar com ele, aprendendo o manuseio de armas, a fim de assassinar o algoz do seu amado irmão.

As coisas saem como planejado e Irene consegue o que deseja, mas é confrontada por uma terrível verdade na frente do mafioso, que descobre que a relação entre irmãos ia muito além do amor fraternal. Viktor fica furioso e se sentindo usado por ela. Decide então lhe dar a maior lição de sua vida.

A noite dos dois começa com toque de sedução e um prazeroso requinte de crueldade. Mas Viktor acaba cedendo àquela mulher encantadoramente devassa e altiva, desfrutando com ela a noite de sexo mais incrível do mundo.

A relação dos dois, que deveria acabar nesse encontro, avança por investidas dele, fazendo a intimidade entre os dois crescer pouco a pouco. E Irene, mesmo com sua arrogância e humor negro, acaba cedendo aos encantos do mafioso e desfrutando de momentos deliciosos em sua cama. Já Viktor, deixa os negócios, a esposa  Daria e a amante Raven em segundo plano, para ter o prazer de desfrutar de mais momentos apaixonantes com sua “Irina”.

Na relação dos dois existe um jogo de poder sensual. Ele deixa claro quem manda, mas ela o desafia, usando sua máscara de crueldade e sarcasmo. Mesmo assim Viktor consegue, na maioria das vezes, dominar nesse jogo de sedução. Mas as coisas começam a mudar quando o noivo Leonard volta da África e Irene deixa claro que ele é sua prioridade e que Viktor não significa nada. Os dois acabam rompendo a relação e sofrendo muito com isso, mesmo que não deem o braço a torcer, fica claro que existe uma ligação forte.

Quando são confrontados novamente, Irene percebe seus verdadeiros sentimentos por ele e decide romper o noivado. Para acabar com a relação com Leonard, por quem sente gratidão e respeito, mais uma vez precisa usar sua velha máscara de crueldade e feri-lo sem seu intimo.
Ela também precisa enfrentar o pai Bernard, que necessita do apoio o seu sogro para chegar a primeiro ministro da Inglaterra. O pai que sempre usou a filha, acha que ela cederá mais uma vez, deixando ser um joguete nesse jogo de poder. Porém Irene se mostra obstinada e rompe com a família.

Depois de uma breve viagem com seus amigos Jesse e Susan, para avaliar os sentimentos, Irene percebe que não pode mais viver longe de Viktor e vai direto ao seu encontro. Ele coloca suas condições e ela aceita. A partir daí, passa a ser oficialmente amante do maior criminoso do país, sendo alvo dos comentários da sociedade e investigada pela polícia.

- Eu quero o Senhor para mim. – respondeu com a voz firme.
 – Nem que para isso eu perca todo o pouco que me resta.

- Você está tremendo de ansiedade, porque anseia pelo sexo
Que não fizemos na sua festa, e mais que isso, anseia pelo prazer
Que Howard não foi capaz de lhe proporcionar. -  soprou-lhe
A clavícula, fazendo-a gemer. - Mas eu não sou idiota Hargensen.
Se você está comigo, estará “somente” comigo. Irei até
Sua cama quando eu bem entender, e quanto eu estiver
com minha esposa, quero o meu lugar
frio e inteiramente desocupado.
Página 275

Viktor dá para Irene uma enorme e luxuosa casa, cerca-a de seguranças e deixa claro, inclusive para sua esposa e para o sogro -  chefe da organização, que ela é sua amante e que pretende mantê-la.

A relação entre Viktor e Irene é apaixonada, apaixonante e deliciosa. Somente ela consegue tirá-lo do sério, com palavras ácidas e maldosas quando quer algo ou está com raiva, usando um humor negro que é único. Ele tenta mostrar quem manda, mas no final acaba cedendo aos seus desejos. Os dois são perfeitos juntos e de certa forma cuidam um do outro. A autora mostra em várias passagens que nos momentos mais difíceis e delicados para Viktor, é Irene quem o consola e o ajuda a superar a dor, frustração e a raiva. Ele tem um cuidado ao extremo com ela, temendo pela sua vida, sua saúde e o bem estar. Temos cenas tão fofas que chegam a deixar o coração apertado e emocionado.

Ao mesmo tempo em que Irene é a salvação de Viktor, também é a sua perdição. Por causa dela ele desafia o sofro e retira os investimentos para apoiar a candidatura do seu pai. No final das contas, mesmo ele sendo o dominante, ela consegue o que quer dele quando o tem em sua cama.

Quero deixar claro que Viktor é um herói e ao mesmo tempo um anti-herói da história. Ele é um assassino, mafioso, adultero, cafetão e tudo o que um bandido pode ser. Às vezes fiquei com raiva de suas atitudes e até com um pouco de medo. Senti raiva pela forma como tratou Irene nos momentos de ciúmes e a humilhou com palavras depreciativas. O seu temperamento explosivo o leva a algumas atitudes extremas. Mas quando digo que ele é o herói é porque apesar de seus defeitos, Viktor é leal, na medida do possível, com quem é leal com ele. Cuida da família, dos empregados, de Irene e sempre diz que tem a consciência tranquila por não ter derramado sangue inocente. Ao ler sobre sua personalidade e atos, o leitor fica entre o amor e o ódio, tropeçando na corda bamba. Mas ao final dela, mesmo com os defeitos, torna-se impossível não amar e torcer por ele.

Irene é arrogante ao extremo, debochada, irritante, altiva, prepotente e suas palavras têm o poder de ferir. Ao longo do livro somos apresentados a sua vida, desde a infância, e conseguimos entender sua personalidade e os seus defeitos. No decorrer da leitura Irene muda bastante e torna-se menos egoísta. Por mais que ela tenha aprendido a ser dura com a vida, Viktor mostra as coisas de outra perspectiva. Assim ela passa a respeita mais as pessoas, principalmente os empregados, demonstrando que não é tão dura quanto parece ser. E em sua relação com Viktor, percebemos o cuidado e a sua preocupação com ele. Você já ouviu que cada um tem a sua tampa da panela? Essa é uma expressão muito velha, mas eu diria que se encaixa perfeitamente com Viktor e Irene. Eles são perfeitos e se completam. Um acaba compensando o déficit do outro em alguma coisa, balanceando a relação e o temperamento de ambos.

Também quero destacar que a narrativa é super sensual, sem ser vulgar. A autora consegue criar cenas hots no limite certo para a história, deixando-a ainda mais interessante e intrigante. Mas ela não usa de artifícios eróticos e vulgares de alguns livros hots. As cenas são ponderadas na medida certa, deixando o leitor satisfeito com o resultado final.

Entre a nobreza e o Crime é um livro cheio de facetas que o leitor simplesmente acaba se entregando a leitura. Esse foi o melhor livro que li esse ano, sem dúvida. Olha que já li muitos livros, mas continuo com gosto de quero mais e mesmo parecendo uma bíblia, de tão grosso. Às vezes pego e leio alguma passagem dele. Então posso dizer que é simplesmente INCRÍVEL e que é uma leitura SUPER recomendada.

Esperarei, roendo as unhas, até o lançamento do segundo livro. E espero, sinceramente, que a autora não demore. Já estou ansiosa demais nesse momento.

Espero realmente que goste! Em agosto teremos sorteio aqui no Mix.

Bjs no core

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