domingo, 26 de setembro de 2010

Doce Vingança escrita por mica_black, leticiasilveira 3

Capitulo três
 
by Mica Black




Renesmee acordou sobressaltada. Algo a despertara.



Fazendo o mínimo de barulho possível, ela vasculhou a cama feita de cobertores dobrados até encontrar a pedra trazida do riacho. Não era uma arma, mas serviria para deixar um homem desmaiado se usada com força.



— O que está procurando?



— Nada. — Renesmee relaxou os dedos, mas deixou a pedra escondida ao seu lado. — Só estava me espreguiçando. Esse colchonete é o mais desconfortável no qual já dormi.



— Tentei não acordá-la. — Jacob riu enquanto se aproximava.



— Está com fome? - Jacob perguntou.



— Sim muita!



— Toma esse pedaço de pão.



Renesmee fitou-o e uma estranha sensação atingiu seu estô mago. Ele sorriu, fazendo-a corar, não de vergonha por estar enlameada, mas devido ao efeito que ele exercia em seu corpo. Afastou o pensamento perturbador.



Os dedos de Jacob tocaram os dela. O leve contato a lembrou do quão vulnerável estava na companhia daqueles homens estranhos.



Jacob não era um de seus irmãos. Nem queria que ele fosse.



Para seu profundo desgosto, ela o queria como uma mulher quer um homem. Talvez mesmo como marido. Mas primeiro precisava descobrir mais sobre ele: quem era; de onde vinha; porque a tratava feito uma prisioneira; e, acima de tudo, porque seu nome lhe parecia familiar.



Contudo, sem nenhuma razão aparente, sentia-se acanhada. A presença dele a deixava desconfortável, alerta… mas consciente de coisas que normalmente não notaria.



Coisas como sua pulsação acelerada, a respiração pesada, o anseio inexplicável em seu peito, a maneira como a brisa fria tocava suas faces quentes. Jacob a tocou no ombro.



— Está satisfeita?



— Sim. — Ficou quieta.



Jacob deslizou os dedos pelo rosto dela. O toque gentil deixava uma trilha ardente na pele. Renesmee recuou do gesto perturbador.



— Não tente me adular como se eu fosse seu cão de caça favorito.



— Não se parece com um cão de caça.



—Não. Sou o prêmio que ganhou no jogo. Uma prisioneira que além de lhe cortar a carne, desobedeceu a suas ordens e humilhou seus homens.



— Está errada novamente. — Jacob a puxou para perto e sussurrou-lhe ao ouvido: — É uma mulher desejável que pretendo conhecer melhor. - Renesmee tremeu com o hálito quente de Jacob em seu ouvido.



Jacob afastou a mão e ficou olhando fixamente para ela.



Mesmo que decidisse seguir a sugestão de Paul, procederia devagar, com cuidado. Sim, estava zangado com ela, mas violentar Renesmee não a faria lhe entregar o coração. Na verdade, além de deixá-lo enojado, cometer tal ato certamente provocaria sua morte. Não havia dúvida de que enfrentar três Cullen decididos a defender a honra da irmã seria uma forma rápida e indolor de morrer.



Eles tomaram seus cavalos e seguiram o trajeto até o destino desejado por Jacob.



— Onde estamos? - Renesmee pergunta não reconhecendo o local.



— Bem longe, seus seqüestradores te levaram para longe do seu reino



Controlando a frustração, ela sorriu com doçura.



— Onde estamos exatamente? - Ele arqueou as sobrancelhas.



— Cuidado para não falar na presença de Sam. Ele não gosta de mulheres tagarelas.



— E você?



— Já mostrei como me sinto a esse respeito. — Jacob pou sou os olhos nos lábios de Renesmee. — Sei como fazê-la parar de falar.



Ela estremeceu, sentindo a determinação enfraquecer. Jurou dali em diante se manter de boca fechada. Teria conseguido se não fosse uma necessidade que não podia mais conter.



— Preciso pedir que pare um pouco. — Disse, hesitante.



Os olhares de Jacob e Sam fizeram com que ela se sen tisse um inseto. Alguns minutos se passaram e a necessida de ficou forte demais.



— Preciso parar — insistiu.



— Por quê? — inquiriu Jacob.



Com o rosto vermelho como um pimentão, ela ergueu o queixo.



— Preciso... Aliviar-me.



— Como posso saber se não é um truque? — perguntou Jacob com um brilho divertido no olhar.



Controlando o ímpeto de apagar a expressão de zombaria com uma bofetada, ela respirou fundo.



— Se demorar muito falando bastante sobre o assunto, a resposta logo irá ficar visível.



Jacob fitou-a pensativo por mais um instante e assentiu.



— Siga-me.



Jacob a conduziu para dentro da floresta, longe dos de mais, até uma pequena clareira, onde parou de costas para ela. Constrangida, ergueu a saia e se agachou, sem deixar de fitá-lo.



— Não acabou ainda?



— Estou tentando, mas é difícil com você parado aqui tão perto — disse corada. — Queria ver se fosse mulher.



— Nesse caso, você não conheceria os prazeres que logo des cobrirá comigo — ele murmurou, numa voz quase sedutora.



Renesmee engoliu em seco e apressou-se com a tarefa, tentan do ignorar o que ele tinha dito.



Quando chegaram ao seu destino à noite, o céu estava co berto de estrelas e a lua brilhava. Um vento frio balançava os galhos das árvores, mas não voltara a chover.



Ao entrarem na clareira, o aroma delicioso de carne sucu lenta explicou o motivo de Paul ter partido na frente. Renesmee sentiu água na boca e fitou ansiosa, pela comida.



Embora exausta, sentiu o humor melhorar um pouco. Eles só tinham feito uma parada durante o dia. Seus pés doíam e ela estava faminta.



Jacob e seus homens deram tapinhas amigáveis no ombro de Paul em agradecimento, antes de começar a de vorar a comida. Renesmee permaneceu olhando, imaginando se dariam algo para ela comer.



— Está uma delícia — comentou Sam, enfiando mais um pedaço da carne na boca.



— Paul cozinha melhor que minha Emily — elogiou outro.



Jacob apenas sorriu muito ocupado em comer. Um som o fez se virar para as sombras atrás de si. Olhando por sobre os ombros, viu Renesmee, em pé onde a havia deixado. Ele ergueu um pedaço de carne para ela.



— Vai ficar aí parada a noite toda ou prefere sentar e comer?



— Por fim está me dando uma escolha? — Perguntou Renesmee, a voz carregada de sarcasmo.



Jacob limpou a boca na manga da túnica, já arrependido da oferta generosa.



— Precisa de uma lição sobre boas maneiras.



— E acha que vai me ensinar, fazendo-me caminhar até perder as forças e me matando de fome?



— Meu Deus, mas você tem a língua afiada! — Exclamou Jacob, quase perdendo a paciência.



— É eu nasci com ela. — Ela parou para sorrir. — E você, quando ganhou a sua?



Ele perdeu a calma e agiu por impulso, algo que fizera pou cas vezes na vida. Largou a carne, levantou-se e, antes que Renesmee se desse conta, agarrou-a pelo braço e a levou para o meio das árvores. Parou e puxou-a de encontro ao corpo.



— O que está fazendo? — Perguntou ela, sem fôlego.



— Lembrando-a de que também tenho boca e de que sei usá-la. — Murmurou suavemente, o hálito quente acariciando seu rosto.



Jacob a pressionava contra o peito e ela sentia as batidas fortes e regulares do coração dele. Os braços que a envolviam eram musculosos e longos. E, então, viu-o se inclinar e tomar sua boca, provocando-lhe novas sensações. Ele era o conquis tador e ela a subjugada. Sentiu um calor percorrer seu corpo, do ventre às pernas. Quando a língua atrevida pediu entrada em seus lábios, ela gemeu.



Ele interrompeu abruptamente o contato, deixando-a pa rada, confusa, tentando se recuperar, atordoada com o calor em seu corpo.



— Agora é hora de comer. — Jacob grunhiu.



Tropeçando atrás dele, Renesmee retornou para a clareira, ten tando dominar as batidas do coração. Sentou-se junto aos outros e aceitou um generoso pedaço de carne, mas já não tinha fome.



— Por que a moça está tão quieta? — Quis saber Paul. — Estará doente como o amigo?



Jacob deu de ombros.



— Tive que lembrá-la para não me desafiar.



Sem saber o que fazer, Renesmee recorreu a um gesto infantil e mostrou-lhe a língua.



Para sua surpresa, ele riu.



— Deveria ser chicoteada por agir feito uma criança teimosa.



— Chicoteada? — Com olhos arregalados, Renesmee se afastou. — E quem seria… tolo suficiente para tentar?



A hesitação deixou evidente que Renesmee tencionava perguntar quem seria "homem" suficiente para tentar. Ao menos fora inteligente de não desafiar ainda mais sua paciência. Mas a expressão assustada fazia com que Jacob lamentasse a péssima escolha de palavras.



— Renesmee, ainda se arrependerá por ser tão imprudente.



Ela se ergueu e começou a andar pela pequena tenda.



— Não é imprudência querer liberdade.



Jacob se levantou também.



— Não se faça de tola, Renesmee. Não é uma prisioneira. Pretendo devolvê-la a Cullen, completamente ilesa. Mas você parece ter o hábito de correr riscos desnecessários.



Horas depois, Renesmee já estava esticada na manta quase dormindo quando Jacob se juntou a ela.



— Vai dormir comigo. — Jacob se inclinou, e com um gesto que começava a se tornar um péssimo hábito, levantou-a pelos braços



Lembrando-se do episódio de antes do jantar, ela tratou de obedecer. Porém, nenhum aviso parecia induzi-la a se deitar de boa vontade ao lado do Black, embora soubesse que teria que fazê-lo. Nos últimos dias não tivera muitas escolhas. De repente, tudo pareceu chegar ao limite, e lágrimas de frustra ção inundaram seus olhos.



— Por que está chorando? — Perguntou Jacob, deitando-se sobre as mantas.



Renesmee fungou temerosa de falar e gaguejar, acabando as sim com o restante de orgulho e dignidade.



Jacob a segurou pelo tornozelo, fazendo-a cair sobre seu peito, os narizes encostados um no outro.



— Diga-me por que chora — murmurou a voz baixa e per suasiva. — Tratei você com bondade e a salvei de ladrões.



— Quero ir embora!



_ Descanse tranqüila, Renesmee, eu não vou machucar você. - Jacob afastou o braço de sua cintura, e roçou um dos dedos em sua face, enxugando uma lágrima, que ela não conseguiu conter.



Ela suspirou e disse:



— Eu sei que não.



Renesmee queria dizer mais. Falar de tudo que lhe corroía a alma, mas se calou.



Jacob estreitou os olhos.



Rolando para o outro lado, ele lhe deu as costas. Ela fechou os olhos e tentou dormir, mas os acontecimentos dos últimos dias invadiam sua mente. Dentre eles, uma suspeita que não a deixaria descansar sem resposta.



Cutucou as costas de Jacob, que resmungou:



— O que foi?



— Quem é você, Jacob Black?



Ele não respondeu.



Renesmee não discutiu. Teria de fazer muito esforço para que os dentes parassem de bater. Não lembrava ter sentido tanto frio antes. O ar da noite estava úmido pela promessa de um inverno maldoso.



Jacob a puxou para perto, então começou a esfregar-lhe vigorosamente os braços.



— Você está congelando.



Incapaz de responder por causa dos dentes batendo, Renesmee cruzou os braços e apertou-se nele para aproveitar o calor oferecido.



Ele tirou a blusa de lã e a ofereceu a Renesmee.



— Não é muito, mas vista.



Uma vez vestida com a blusa tão comprida quanto um vestido, Renesmee encolheu as pernas para que ambos pudessem compartilhar do abrigo.



Jacob a puxou novamente, mantendo os braços ao redor dela.



— Tente dormir um pouco.



Renesmee pousou a cabeça no peito dele. Ele, por fim, ficou meio embaraçado com essa situação, ou seja, ela era irmã de seu inimigo. Mas Renesmee era diferente era ousada. Obstinada. Imprudente. Curiosa. Todas as coisas que afastariam o tédio e manteriam seus longos dias cheios de atividade.



No dia seguinte, Renesmee acordou e viu que Jacob não estava ao seu lado, então saiu da cabana e do lado de fora estava sentando Sam comendo um pedaço de pão. Renesmee, por sua vez, deu um passo para trás para entrar na cabana, mas foi impedida pelo mesmo.



— Ora, Srta Cullen, pode sentar junto comigo eu não mordo. - Murmurou ele.



— Cadê Jacob? - Indagou-a com uma voz autoritária.



— Foi tomar um banho de riacho. Logo ele vem, Srta. Você é muito diferente do seu irmão Emmett, eu fazia imagem diferente antes de conhecê-la.



— Como me imaginou?



— Bem uma chata, mimada e ruim igual ao seu irmão aquele desgraçado ambicioso!



— Meu irmão não é ruim como todos pensam e, por favor, não o insulte perante a mim.



— Bem, vejo que você não sabe nada sobre seu irmão!



— E o devo saber dele?



— Que...



Sam foi interrompido por Jacob.



— Deixa Renesmee em paz Sam! - Ordenou Jacob.



O som de cavalos se aproximando ecoou no ambiente. Um homem gritou:



— Lorde Jacob!



Jacob respondeu ao grito seguinte.



Desmontando, Harry perguntou:



— Seu povo precisa do Senhor. Tem que dar ordens de como faremos para recuperar aldeias às crianças morrendo de fome!



— Do fundo do meu coração lorde, desejo-lhe sucesso em Cullen, porque precisamos fazer algo justo.



O comentário de Harry intrigou Renesmee. Que tipo de sucesso Jacob poderia ter em Cullen?



— Pode sair agora, Harry.



Jacob voltou para junto de Renesmee e lhe apertou a perna.



— Ouviu?



Renesmee encolheu-se devido ao tom severo.



— Sim.



— Bom. — Ele relaxou a mão, acariciando-lhe a coxa com o polegar.



— Vamos, é hora de partir.



— Para suas terras?



Um sorriso lhe suavizou as feições. O olhar perturbador a manteve em silêncio.



— Sim. Estive longe por muito tempo. Preciso verificar algumas coisas antes de viajar para as suas terras.



— Mas primeiro posso me banhar no riacho?



— Logicamente, minha dama!



Renesmee se banhou, mas demorara muito para retornar e Jacob já estava ficando preocupado e foi ver o que estava acontecendo



Renesmee estava olhando para o pequeno lago, abaixou-se na margem, espirrando água em seu rosto. Se isso não a acalmasse, pelo menos diminuiria o queimor em suas faces.



— Renesmee, vamos.



— Ok! Meu "Senhor", sua escrava já vai!



— Por favor, Renesmee, não gosto de sátiras.



Renesmee levantou e seguiu andando sem esperar por Jacob e ele apegou pelo braço a fazendo esperar e a trouxe para perto, novamente.



— Um beijo, então poderemos ir.



Renesmee, rapidamente, ergueu a cabeça e deu-lhe um rápido beijo, mal tocando seus lábios.



— Pronto, já teve seu beijo.



— Oh, chama isso de beijo? - Sua pergunta a atordoou.



— Sim, eu...



Jacob rapidamente cobriu a boca dela com a sua, cortando sua resposta e, pela primeira vez, desde que era criança, Renesmee sentiu-se gelada de terror. Sua pulsação corria rápida.



Isto era perigoso. Ela tinha que fazê-lo parar. Tinha que achar um modo de trazer Jacob à razão.



Jacob moveu seus lábios mais firmemente contra sua boca. Renesmee quis erguer seus braços para empurrá-lo para longe, quebrar aquele encanto que havia descido sobre ela, deixando-a em chamas.



Mas seus braços se recusaram a obedecer.



Jacob interrompeu o beijo, com um gemido rouco e tocou sua fronte com os lábios.



— Isso é um beijo.



Renesmee olhou fixamente para ele, perguntando-se quando seu coração ia parar de bater alucinadamente para poder caminhar.



Jacob sentiu estranho. Seu sangue corria quente por suas veias e seus sentidos incendiaram. Um beijo não era suficiente. O mero movimento dos lábios macios de Renesmee contra os seus, seu corpo suave apertado contra seu peito e a dança erótica das línguas se buscando, não contribuíam em nada para acalmar o desejo crescente.



Ele a queria. E era homem suficiente para admitir desejar que Renesmee sentisse o mesmo. Jacob também reconhecia a raiva que borbulhava sob seu desejo.

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