quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Galope para Felicidade 6











Capítulo 4 - Desilusão


Virei meu corpo na cama, percebi que estava só, forcei meus olhos a se abrirem e olhei ao redor do quarto escuro. Senti meu coração doer pela rejeição do meu marido, que me abandonou na nossa noite de núpcias, sem sequer, me dizer um “boa noite”.
Uma lágrima rolou em meu rosto, meu coração ficou apertado e meu corpo se recusou a reagir. Foi nesse momento que ouvi o barulho da porta se abrir e vi Mary entrando com uma vela nas mãos.
- Bom dia, menina! Eu a acordei? - Perguntou com uma voz baixa quase um sussurro. Vi que estava ainda de camisola, com um sobretudo preto e usava uma toca branca na cabeça.
- Já amanheceu? - Perguntei bocejando e esticando meu corpo na cama.
- O sol já está nascendo. Vim aqui só para acender novas velas nos castiçais. Fiquei temerosa que acordasse no escuro e se espantasse. Afinal, é a sua primeira noite no castelo e poderia estranhar ao acordar. – Caminhou até a mesa e colocou velas sobre o castiçal, depois, foi até a minha cama e colocou mais velas sobre o que estava sobre a mesa de cabeceira.
- Mary, onde está o meu marido¿ Eu não o vi... Acho que ele saiu cedo. – Disse com vergonha de confessar que ele não havia dormido comigo. Precisava de alguma explicação sobre o que havia acontecido. Lord Jacob não estava ao meu lado, não o vi no quarto durante a noite e acordei sentindo a sua ausência. Aquilo era no mínimo estranho, porque um homem jamais recusaria a sua donzela na primeira noite e certamente ele não seria indelicado a tal ponto. Já havia provado que possuía modos de cavalheiro e não agiria como um tratante.
- Querida, o menino Jacob dormiu em seu antigo quarto... – Hesitou por um momento. – Sinto muito... Acho que ele não quis te acordar. – Passou a mão em meu rosto e fez um breve carinho.
- Certo! – Respondi segurando as lágrimas para não caírem do meu rosto em sua frente. Já me sentia humilhada, rejeitada demais para ainda me permitir chorar como uma criança boba. Sabia que as coisas não seriam nada fáceis e não desistiria de ser feliz nessa nova vida. Se ele havia me rejeitado, seja lá pelo motivo que fosse, eu o faria me amar aos poucos. E um dia seria feliz ao seu lado. Esperaria até que ele se dispusesse a me desposar e ficaria grata com o que pudesse me oferecer.
- O desjejum será servido em poucas horas. Quando ouvir o sino da capela tocar, é porque Lord Billy já terminou de orar pela sua falecida esposa e está se dirigindo para o desjejum. Então, ainda tem uma hora para dormir mais um pouco. Se estiver cansada demais para descer, trago o seu café na cama.
- Obrigada, Mary. – Sentei na cama e beijei o seu rosto. – A senhora é um anjo que caiu do céu para me ajudar. Descerei após o sino tocar. – Respondi e a vi se levantar e caminhar em direção à porta. Depois que saiu, sentei na cama, abracei os meus joelhos e fiquei chorando, sentindo a dor corroer o meu coração magoado. Tentava imaginar os motivos pelos quais ele se recusa a me desposar na nossa primeira noite de casados. Nada lógico vinha a minha mente. Caminhei até o meu closet e procurei nas gavetas um dos poucos livros que tinha. Depois voltei para a cama e comecei a ler.
Depois de algum tempo lendo, resolvi me trocar para o desjejum e fui escolher uns vestidos sem muitas saias, babados e rendas. Peguei um bem simples, que nem precisaria usar o espartilho que tanto odiava. Coloquei as roupas íntimas e depois o vestido. Precisava fechá-lo e não sabia como. Foi aí que resolvi procurar o quarto de Rachael. Saí do meu quarto e caminhei por um longo corredor na penumbra, mas não identifiquei exatamente o quarto.
Caminhei em direção as escadarias e encontrei uma serviçal no caminho.
- Ei, menina! Pode me ajudar?. – Disse para a jovem baixinha, com o tom de pele semelhante ao dos Lordes Billy, Jacob e de Mary. – Sorri para ela que caminhou em minha direção.
- O que posso fazer pela Milady¿ - Abaixou a cabeça e vez uma reverência.
- Não precisa de reverência. Sou uma condessa, mas não gosto desse tipo de tratamento. – Afirmei sorrindo. – Preciso que arrume o meu vestido atrás. Eu não consigo fechar os botões. Pode me ajudar, por gentileza¿ - Pedi educadamente.
- É claro! Vamos até o seu quarto fazer isso de forma mais reservada. – Disse e caminhamos pelo corredor escuro, até a porta meu quarto. Entramos e a menina me ajudou com o vestido e depois penteou os meus cabelos.
- Qual é o seu nome¿ - perguntei gentilmente.
- Sou Claire Young... Filha de Mary. – Disse sorrindo. – Você é ainda mais linda do que a Rachael contou. Seus olhos parecem duas esmeraldas. – Disse me olhando encantada.
- Você também é linda, Claire. Quantos anos tem¿ - Perguntei.
- Tenho quinze. – Respondeu arrumando os meus cabelos.
- E de onde vieram¿ São do mesmo lugar de Lord Billy¿ - Perguntei curiosa.
- Sim! Viemos de um lugar no novo mundo, chamado La Push. Uma aldeia indígena. Sabe o que é isso? - Perguntou arqueando uma das sobrancelhas.
- Já me explicaram uma vez... E a mãe do meu marido¿ Eles não falam sobre ela. – Disse ainda inquieta para saber de tudo sobre a casa.
- Ela morreu na travessia que fizemos há alguns anos. Billy nunca se recuperou da perda da nossa querida Sarah .- Respondeu.
- Sarah era como vocês? Fale-me dela.
- Ela não era de lá... – Pareceu hesitar um poucos. – Não fale que te contei sobre isso. As pessoas evitam falar nela nessa casa. Porque causa dor ao nosso senhor. – Olhou-me apreensiva e continuou. – Ela era uma moça branca assim como você. Filha de um Lord Londrino de muitas posses. Assim que o meu senhor ficou rico, o seu pai morreu e ela ficou com toda a herança. Ela e o senhor eram apaixonados, então se casaram e ele fez o dinheiro prosperar. A minha senhora sentia falta do seu castelo e de sua vida aqui nesse lugar. E por isso viemos do novo mundo, como vocês chamam. Mas na viagem tivemos um acidente terrível e ela morreu. Não quero falar sobre isso, porque é muito doloroso. Entende? - Quando ela disse isso, ouvimos o sino tocar e soube que estava na hora de descer para o desjejum com o resto da minha nova família.
- Obrigada, Claire! Você é muito linda e se puder me ajudar de vez em quando com esses vestidos, eu agradeceria muito. – Eu a abracei e saímos do quarto juntas.
- Milady...
- Chame-me apenas de Ness. – Pedi.
- Tenho que arrumar os quartos. Falamos-nos depois. – Seguiu na direção oposta do corredor e eu caminhei em direção a escadaria, passando pela penumbra de sombras, por aquele longo e frio.
Cheguei à escadaria, caminhei silenciosamente tentando encontrar a sala de jantar. Ouvi vozes depois de alguns passos. Parei atrás da porta e ouvi uma breve e curiosa conversa.
- Você é um irresponsável! – Era a voz áspera de Lord Billy.
-Eu aceitei me casar por causa de sua imposição. Mas não tenho que fazer tudo o que quer. – Lord Jacob, meu marido, parecia irritado e pela primeira vez o ouvia falar com vigor e atitude.
- Não podia ter abandonado sua esposa na noite de núpcias. – O outro acusou.
- Sabe que eu não a amo! Sabe que meu coração pertence a outra e não pode me obrigar a isso. Eu não a desposarei se é o que quer... Não mesmo!!! Ela ainda é uma menina, quase uma criança inocente e não abusarei de sua pureza com leviandade. – Respondeu com raiva.
- Ness! – Senti uma mão tocar o meu ombro e pulei de susto. Meu coração bateu rapidamente e me virei para ver Rachael, minha cunhada, que acabava de me flagrar ouvindo a conversa atrás da porta. – Vamos entrar para comer? - Disfarçou educadamente e segurou a minha mão, conduzindo-me até a sala de jantar. Senti as minhas bochechas arderem de vergonha, abaixei a cabeça e só pude dar bom dia.
- Bom dia! – Queria sair correndo e me esconder. Tentei digeri tudo o que havia ouvido, mas não tive tempo para conjecturar e tentar entender o que realmente estava acontecendo. No meio de tudo, uma frase começou a me afligir violentamente: “Sabe que meu coração pertence a outra...” O que significava aquilo¿ A quem pertencia o seu coração¿ Será que eu não teria o amor do meu marido¿ Mal havia casado e já o tinha perdido para uma cortesã qualquer¿ Meus olhos começaram a se encher de lágrimas e segurei para não chorar de desespero naquele momento.
- Bom dia, querida! Dormiu bem¿ - Lord Billy me perguntou educadamente, como se não soubesse que seu filho havia me abandonado na nossa primeira noite.
- Sim, obrigada. – Sussurrei de cabeça baixa, tentando não encarar os olhares curiosos sobre mim, segurando as lágrimas para não cair em prantos ali mesmo.
O clima de tensão foi quebrado quando Mary, Claire e outra jovem muito parecida com ela entraram na sala com os alimentos.
- Bom dia, Senhor! – Mary cumprimentou.
- Bom dia, querida! O que prefere comer¿ - Perguntou olhando para mim.
- Qualquer coisa... Não tenho fome. – Ela me deu um olhar expressivo, como se soubesse a dor que sentia, tocou meu rosto e fez um breve carinho. Senti-me de certa maneira confortada. Então, Rachael começou a tagarelar para minimizar o clima de tensão que havia no ar.
- Ness, querida, o que gosta de fazer¿ Podemos pintar, tocar piano, coser, fazer alguns trabalhos manuais, podemos ver a nossa Mary fazendo coisas deliciosas na cozinha, posso te levar para ver as flores na pequena estufa que papai montou. Temos muitas possibilidades e não quero que fique o dia inteiro sem ter o que fazer, morrendo de tédio. O que me diz¿ - Todos me olhavam e estava na hora de deixar claro que eu não era uma condessa cheia de mimos e frescuras como imaginavam. Então resolvi falar a verdade e ver como reagiriam.
- Não gosto de nada disso... – Comecei falando baixinho. – Eu sei fazer tudo, cuidar bem de um castelo e dar ordens aos empregados. Toco piano divinamente, pinto bem, faço bordados lindos e sei até cozinhar. Mas odeio isso tudo. – Disse de uma vez. – Eu gosto de mato, de correr, de tomar banho no rio, subir em árvores, montar cavalos e brincar com os animais. Também adoro me misturar com a plebe e não espero que isso seja um problema. – Ergui a cabeça e vi Lord Jacob rindo satisfeito para o pai, que o encarava com uma face de surpresa e indignação.
- Não será problema, “minha esposa”... Pode fazer o que bem quiser nesse castelo. Espero que se sinta em casa. – Lord Jacob disse com sorriso malicioso olhando para mim. Mostrando que estava gostando da bofetada que havia dado em seu pai, que escolhera tanto para acabar levando uma rebelde para casa.
- Tudo bem, querida! Acho que vai adorar as acomodações do castelo. Se precisar de ajuda, pode levar Claire ou Leah com você. – Rachael disse tentando parecer simpática.
- Não é necessário! Em pouco tempo conhecerei todos os esconderijos desse castelo. Pode acreditar. – Respondi.
- Quero que se sinta livre e feliz aqui, Renesmee. Ninguém vai impedi-la de fazer nada. Muito menos obrigá-la a fazer o que não sente vontade. Tudo o que precisar, pode pedir aos criados e em último caso ao seu esposo ou a mim. – Disse Lord Billy.
- Obrigada, Lord Billy.
- Chame-me apenas de sogro ou Billy se precisar. Sem formalidades. Afinal, estamos em família. – Olhou de forma expressiva e sorriu lindamente para mim. Vi Lord Jacob dando de ombros, meio que decepcionado, pela reação de seu pai e Rachael o encarar seriamente.
Depois que fizemos o nosso desjejum, pedi permissão para sair da mesa depois que meu esposo se foi, precisando ficar sozinha para pensar no que fazer da vida a partir daquele momento.
- Se me permite sair¿ - Disse olhando para Lord Billy.
- À vontade, Renesmee. – Sorriu e continuou a comer tranquilamente.
Caminhei até a porta apressadamente e quando estava longe da sua vista, comecei a correr sentindo-me oprimida e com uma imensa vontade de chorar. Afinal já havia segurado as lágrimas mais do que poderia.
Saí na porta principal do castelo e comecei a correr pelos arbustos na entrada principal. As lágrimas desciam em meu rosto e precisava parar para me acalmar.
Sentei em uma pedra, abaixei a cabeça e comecei a lembrar da conversa que ouvi:
“Sabe que eu não a amo! Sabe que meu coração pertence a outra e não pode me obrigar a isso. Eu não a desposarei se é o que quer... Não mesmo!!! Ela ainda é uma menina, quase uma criança inocente e não abusarei de sua pureza com leviandade.”
Ele não me amava, não me queria como mulher e não me desposaria. Meu coração batia forte, cada batida era como se fosse um soco violento, meu corpo inteiro trêmulo, minha cabeça doía e um medo, misturado com decepção e angustia cresciam dentro de mim.
Não era feia... Todos me diziam que era linda e quando me via no espelho, tinha uma visão bem agradável. Então por que me desprezava daquela forma¿ Quem era a outra mulher que dizia amar¿ O que havia por trás de tudo aquilo¿
Aos montes as perguntas viam a minha mente e precisava cavalgar para espairecer as ideias e tentar pensar racionalmente sobre tudo o que havia ouvido. Precisava encontrar uma maneira de descobrir quem era a mulher a quem se referiu. Como eles se conheceram, os motivos de não estarem juntos. Mas acima de tudo, precisava encontrar uma forma de fazê-lo se esquecer dela e olhar para mim como uma mulher, não como uma criança que mal acabara de desmamar.
Por entre arbustos e rochas do imenso castelo, andei por um tempo de forma solitária. Até que cheguei a um local onde parecia um pequeno vilarejo, com casinhas, poço, curral, cocheira, pastos, horta, entre outras coisas.
- Milady! – Fui abordada por um rapaz moreno, alto, com os olhos negros e as expressões características de Lord Billy, sua família e seus empregados. – Está perdida¿ - Perguntou arqueando as sobrancelhas.
- Não... Mais ou menos... É que... – Fiquei sem graça com o rapaz me admirando com veneração. –Procuro o estábulo... Quero cavalgar um pouco. – Disse para ele, admirando o seu corpo másculo, forte, com o peitoral quase à mostra naquela camisa branca com os botões abertos. Usava uma calça de linho marrom e botas negras.
- Eu sou Seth Cleawater. Você deve ser Milady Renesmee, a esposa do Jacob. – Disse o nome de meu esposo com muita intimidade, como se fossem amigos íntimos e não patrão e empregado.
- Sim! Sou a esposa... – Sussurrei.
- Quer que eu a acompanhe até a cocheira¿ Temos lindos cavalos e a ajudarei escolher um para montar. – Disse enquanto caminhávamos.
- Seth, onde está o meu marido¿ Essas pequenas casas parecem um vilarejo...
- Billy é muito generoso e cada família que trabalha para ele tem a própria casa, assim como fartas glebas dadas por ele.
- HUM! Interessante.... Vocês têm as suas casas e ele deu um lote de terras para casa família¿ E como funciona¿
- Nós cuidamos das terras dele, cultivando e fazendo render um bom lucro. E cuidamos da nossa. Ainda recebemos moedas de ouro pelos serviços prestados. – Respondeu e depois de caminhar um tempo, sendo observados por algumas pessoas, chegamos até a cocheira.
- Você não me respondeu sobre o meu marido. – Disse para ele.
- Está cavalgando... – Olhou para mim com curiosidade. – Jacob adora se banhar no rio e cavalgar pela floresta. Gosta de caçar e a essa hora é isto que está fazendo. Chegamos!
A cocheira era enorme, com divisória para os estábulos onde ficava uma grande variedade de cavalos, com cores, raças e tamanhos diferentes.
- É enorme! Bem maior do que o que tem no meu castelo... Digo no castelo da minha família. – Disse.
- Pode escolher um dos animais, que preparo para a Milady montar. A maioria são mansos e só tem dois que não são permitidos montar. Um deles é o de Jacob, Pérola Negra, o outro é selvagem e ainda estamos domando. Jacob o chamou de Nefasto por causa do seu gênio. Ele é arisco demais e difícil de ser domado.
- HUM! Posso vê-lo¿ - Perguntei curiosa.
- Pode... – Hesitou. – Só não pode tentar montá-lo. Jacob acabaria comigo se Milady se machucasse.
- Eu prometo. – Juntei as palmas das mãos e fiz um gesto para ele, como se estivesse orando e riu para mim.
Caminhamos até a baia do estábulo e vi o animal negro, com os olhos flamejando, relinchando para nós. Senti um arrepio no corpo ao observá-lo e tive a nítida impressão de ele encarar meus olhos.
- Já está bom! Pode me ajudar a escolher um animal para montar¿ - Perguntei para ele.
- Claro!
Começamos a andar e quando vi aquela criatura linda, branca como a neve, olhos castanhos escuros me olhando tranquilamente,tive a certeza de querer montá-lo.
- Ele é lindo!!! – Exclamei empolgada.
- Ela! – Corrigiu-me enquanto eu admirava a beleza da égua.
- Qual o nome dela¿ - Perguntei curiosa.
- Princesa. – Ele sorriu. – Essa égua Jacob comprou de um mercador e se encantou com ela. Ele pretendia... – Hesitou.
- O que ele pretendia¿ - Perguntei curiosa e imaginei que seria um presente para a tal mulher que amava. Não me importava se ele pretendia dá-la, pois no momento que pus os meus olhos sobre a égua, soube que seria minha algum dia.
- Nada. – Respondeu.
- Posso montá-la, por favor? – Praticamente implorei.
- Pode! Deixa-me colocar a sela para a Milady montar. – Respondeu sorrindo.
- Pode me chamar apenas de Ness¿ Por favor, Seth. – Pedi gentilmente pare ele enquanto selava a égua para eu montar.
- Tudo bem, Ness. Só espero que Jacob não se incomode com essa intimidade. – Resmungou.
- Se ele reclamar, mande-o falar comigo. Tudo bem¿ - perguntei e ele sorriu.
Depois que Seth selou a égua Princesa, eu montei e comecei a cavalgar pelo pasto verdejante que circundava o castelo. A conduzi até a floresta com enormes árvores e poucos raios de sol penetravam pelas folhas. O vento frio batia em meus cabelos que esvoaçavam-se enquanto galopava sentindo uma sensação de liberdade em meu corpo.
- Renesmee – Ouvi a sua voz rouca e sensual chamando o meu nome. Segurei as rédeas de princesa, fazendo-a parar, enquanto virava para olhar de onde vinha a voz que tocava o meu coração como música.
- Milord! – Sussurrei ao encará-lo, observando o seu corpo perfeito sobre o animal belíssimo. Seus cabelos desgrenhados, os botões da blusa abertos, as calças negras justas em seu corpo, as longas botas... Uma figura perfeita e encantadoramente sensual que me deixou com falta de ar no momento que o fitei.
- Não deve cavalgar pela floresta sozinha. – Começou a falar. – É perigoso e algum malfeitor poderia lhe fazer mal. Não me perdoaria se fosse atacada fora dos muros do castelo.
- Desculpe, meu senhor! Eu gosto de cavalgar pela floresta, pelos campos e estava procurando o rio. Sei que em algum lugar próximo há um rio. – Respondi para ele, desviando o meu olhar dos seus, sabendo que me entregaria, já sentindo minhas bochechas arderem, a sensação estranha se formando em meu estômago.
- Tudo bem! Venha, eu a levarei até o rio. – Cavalgou até mim, pegou a minha mão gentilmente e senti um choque no momento do contato, fazendo os pelos do meu corpo se eriçarem. Depois de alguns segundos soltou a minha mão.
Cavalgamos juntos até o rio, Lord Jacob desceu de seu cavalo, o amarrou em uma árvore e depois veio até mim para me ajudar. Segurou minha cintura de forma vigorosa, pegou minha mão e desceu o meu corpo, fazendo o espaço entre o seu corpo e o meu diminuírem. Meus olhos voltaram a se fixar nos seus, não conseguia parar de admirar aquele rosto tão belo e tão exótico que me deixava completamente perdida.
- Você está bem¿ - Perguntou-me encarando de forma estranha.
- Sim! Obrigada. – Ele me pôs no chão e caminhei até a margem do rio. Sentei e fiquei jogando pedrinhas, enquanto ouvia os seus passos bem atrás.
- Quantos anos você tem¿ - Ele me perguntou sentando-se ao meu lado.
- Acabei de completar dezesseis. – Respondi nervosa, sem saber o que fazer,o que perguntar e como agir diante daquele homem lindo, que era o meu marido e estava tão próximo e tão longe de mim.
- Você é tão nova... Esse casamento foi um erro, menina. – Senti uma dor tão profunda no meu coração enquanto ele falava cada palavra. Ele doía muito e não sabia como olhá-lo. Senti a dor da rejeição, vi toda a esperança se esvaindo entre os meus dedos. Tinha que ser forte e tentar conquistá-lo. Mas quando se ouve algo como isso, um dia após o casamento, é pior do que uma bofetada na cara. E apesar de saber que ele estava tentando ser legal comigo, de certa forma até carinhoso, não havia como não sofrer diante da sua confissão. Eu teria que ser paciente, esperar que ele me visse como mulher. Talvez em alguns anos, quando adquirisse um pouco mais de corpo e meu rosto não se aparecesse como o de uma menina. Só que meu desejo só fazia aumentar com ele tão perto e queria provar de seus beijos. Saber que sensação era aquela que deixava as pessoas tão felizes. Por isso esperar até que ele me notasse seria uma grande tortura para mim. Mesmo assim estava disposta a esperar e seguir firme, mesmo que para isso fosse preciso derramar todas as lágrimas do mundo. Seria forte e um dia me olharia como uma mulher, não como uma criança que entrou em sua vida por um lamentável engano. – Não quero te magoar... – Hesitou. – Ferir os seus sentimentos é a última coisa que pretendo. Por isso, não me queira mal... Só acho que você é muito criança para estar casada.
- Muitas jovens se casam mais jovens do que eu, meu senhor – Engoli seco e tentei controlar a minha respiração.
- Você é linda, meiga e parece uma boneca. Percebi que é muito mais forte e decidida do que havia imaginado. Espero que não seja infeliz ao meu lado... Só me dê um tempo para me acostumar com isso tudo... – Ele falava como se entendesse tanto a dor e o sofrimento que me doía o coração cada a palavra que dizia. – Sei que deve se sentir rejeitada. E essa era a última coisa que queria lhe fazer. É tão linda e delicada... Merecia alguém melhor do que eu... Não merecia sujar o seu nome com um “selvagem” como as pessoas costumam dizer.
- Eu não o acho um selvagem. – Eu interrompi.
- Você não entende nada da vida. E um dia olhará a besteira que fez e sentirá vontade de voltar atrás. Eu tentei evitar esse casamento, mas agora não é mais possível. Só queria que as coisas não fossem tão difíceis para você... Só quero o seu bem e um dia compreenderá isso, Renesmee.
- Pode me achar de Ness¿ Por favor! – Praticamente implorei.
- Só se parar de me chamar de Milord ou meu senhor. Apenas Jacob. Tudo bem¿ - Estendeu a mão e apertou a minha. Quase desmaiei naquele momento e tive vontade de cair em seus braços. Não sabia o que fazer e o que dizer. Minha língua parecia travada e meu coração batia em ritmo descompassado.
- Eu não tenho vergonha de você e nunca terei, Jacob. – Enchi-me de coragem e falei.
- Será¿ - Vi uma tristeza tão grande em seus olhos negros e tive vontade de colocá-lo em meu corpo e acariciá-lo. Mas não consegui fazê-lo.
- Nunca... – Sussurrei.
- Você é uma boa moça. – Tocou o meu rosto e fez um carinho enquanto olhava em meus olhos. – Agora vamos! Mary ficará furiosa se perdermos a ceia.
- Tudo bem! – Ele se levantou, estendeu a mão e me puxou do chão, colando nossos corpos. Eu senti-me mole naquele momento, quase desmaiei e se não me segurasse, cairia estatelada na grama.
-Você está bem¿ - Perguntou apertando o meu corpo contra o seu enquanto sustentava o meu peso.
- Só uma vertigem... – Sussurrei.
Jacob caminhou comigo até Princesa e depois me ajudou a montar. Subiu no Pérola Negra e começamos a cavalgar juntos de volta ao castelo dos Black.
Senti uma felicidade enorme por ele se permitir conversar comigo pela primeira vez. E principalmente por ser tão carinhoso e gentil. De nenhum modo, aparecia a figura do homem “selvagem” que as pessoas falavam. Pelo contrário, era um verdadeiro cavalheiro, senti seus gestos protetores, sua forma carinhosa de me tocar e de se dirigi a mim. Havia um grande respeito em cada palavra e ele parecia sempre medir exatamente o que me diria. Depois de alguns minutos galopando comigo, percebi que ele começou a relaxar e pela primeira vez vi aquele sorriso lindo se abrindo, os dentes branquinhos, as covinhas mais acentuadas, as maçãs redondas do rosto sem a expressão rígida e incômoda que sempre demonstrava. A máscara de homem duro acabava de cair em minha frente, deixando-me ainda mais apaixonada e encantada com ele. Ali, eu o quis ainda mais. Mais do que antes e estava disposta a ter muita paciência até que me visse como uma mulher desejável, não mais como uma criança ingênua e frágil.





NGlau:

Espero que gostem do cap.

Fiz umas modificações de última hora e espero não deixar passar erros.

O cap 6 é o PVO do JAcob e o cap está lindissimo! Esse cap será postado na quiinta feira.





bjus



n/h:

Ah! tia Glaucia que Seth mais lindo esse! Camisa aberta, de botas....morri

Nossa, que capitulo doido!!! Senti até dor no peito....Mesmo assim o Lord Jacob não destratou ela...e esses pegas ai? ... ELE PASSOU A MÃO NO ROSTO DELA E FEZ CARINHO... Ele se levantou, estendeu a mão e me puxou do chão, colando nossos corpos....FALA SERIO, MENINA VC PRECISA AGIR...aproveitar as oportunidades....duvido que ele resista...16 anos muito novinha!!!!....bjs....meninas estão gostando? então recomendem....

1 comentários:

Daniela RC disse...

Olá Galucia, eu sou a DanielaTwilight no Nyah, e quero dizer-te que adoro o teu blog.
No Nyah começei a publicar uma nova fanfic: Lugar Para Amar, se tiveres um tempinho passa por lá, gostaria muito de ter a tua opinião, o link é: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/93270/Lugar_Para_Amar

bjs e uma continuação de um optimo trabalho!

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