domingo, 26 de dezembro de 2010

Song Fic Vento no litoral 12

Tristeza e solidão.




O que você faz quando a razão da sua vida não existe mais? Quando todos os seus planos correm rio a baixo, indo em direção a uma grande cachoeira? Não há nada o que fazer e nenhum motivo para continuar a existir. Não existe nenhuma palavra que posso consolar o seu coração. Você apenas tem vontade de morrer e jogar essa dor toda fora. De mandar embora tudo aquilo que está te maltratando, machucando... Ferindo a alma.



A Saudade aperta de forma tão grande em seu peito, como se alguém estivesse massacrando o coração com as próprias mãos. Ai você pensa: Como vou seguir em frente? Qual a razão de continuar a existir? Ele não existe mais... Ele se foi... Tudo o que quis para minha vida não existe. Nunca mais vou amar novamente. Nunca mais amarei alguém como amei Jacob. Nunca mais vou sentir por outro o que senti por ele. Nunca mais vou sorrir como sorri para ele. Até as lágrimas que derramei, nunca mais saíram da mesma forma da minha face.



Tudo se foi! Tudo! A vida é efêmera. Como dizia o poeta, temos que aproveitar o nosso dia, porque não sabemos como ele vai se acabar.



Só que parei diante do espelho e olhei a minha face. A face de uma mulher derrotada e destruída, e vi que não estou só, que não podia pensar somente em mim. E mesmo que ele houvesse partido para sempre, que nunca mais veria seu sorriso, que nunca mais sentiria o seu cheiro, o calor da sua pele e o gosto dos seus beijos, eu precisava continuar... Existia uma única razão para eu continuar, para ser forte, para secar as lágrimas e seguir em frente... A razão estava crescendo dentro de mim.

Coloquei a mão sobre a minha barriga, acariciei o meu ventre e comecei a pensar no que estava crescendo.



Não era só uma criança, sim o fruto do meu amor por ele e do dele por mim. Como poderia desistir da minha vida naquele momento? Como poderia pensar em parar? Em simplesmente não viver? Ele se foi, mas deixou algo tão importante crescendo dentro de mim. Algo que supera qualquer limitação. Supera qualquer tristeza... Era o único motivo para eu continuar: MEU FILHO



Por mais dilacerada que estivesse e maior que fosse a minha dor, eu tinha uma razão para continuar. Uma boa razão. Então decidi parar de chorar e secar as minhas lágrimas.



Daquele momento em diante, dedicaria e viveria pelo meu filho. O fruto do amor, do único amor que tive, e certamente do único que teria. Porque nenhum homem se compararia a Jacob e nenhum homem seria capaz de apagar todo amor que senti por ele, a forma como me entreguei e a forma como ele me teve. Nada apagaria aquilo e eu precisava seguir a diante.



Precisava ser forte e agir como uma mulher e não mais como uma adolescente de 17 anos, que acabara de ficar viúva pela segunda vez. Seguir em frente! Aquele era o meu plano.



Os primeiros meses foram difíceis e complicados. Comecei a passar muito mal e os sintomas da gravidez no inicio eram terríveis. E estudando no primeiro período na faculdade, tive que me manter distante das pessoas. Afinal não queria que soubessem o meu drama e que estava grávida. Procurava não me envolver muito com as pessoas e me manter longe dos rapazes. O meu único foco era os meus estudos. Ia para a faculdade pela manhã, enfiava a cara nos estudos e nos laboratórios. Mas era complicado, porque passava mal o tempo todo e tinha que sair no meio das aulas e dá explicações para os professores.



Procurava agir da forma mais natural, mas os meses foram passando e a minha barriga ia crescendo, já não dando para esconder que estava grávida.

As pessoas me olhavam de lado e algumas me questionavam sobre o pai da criança. E era doloroso e difícil dizer que o pai do meu filho havia morrido em um bombardeio em um navio, na faixa de Gaza, servindo o seu país, e que eu teria que criar o meu filho sozinha.



Tudo era muito triste, mas tinha o apoio da minha família. E por mais decepcionados que meus pais estivessem, tentaram demonstrar solidariedade e apoio. Para minha mãe foi mais complicado e no início pegava muito no meu pé. Depois ela começou a ver o tamanho do meu e drama, começando assim a me apoiar mais.

Eu era a única estudante naquele país, que ainda morava com os pais fazendo faculdade. E não contava aquilo para ninguém. Tinha que esconder as coisas das pessoas que estudavam comigo, que estavam mais próximas nas aulas, que tinha mais contato e cruzava pelos corredores.



Elas tentavam se aproximar e perguntavam sobre a minha vida, mas eu sempre me esquivava de perguntas sobre minha família, o pai do bebê e principalmente sobre onde eu morava, e de porque não morar uma fraternidade. Tinha sempre que omitir as coisas e me desviando de relações interpessoais.



Era complicado! Muito complicado, mas apesar disso consegui passar o primeiro período na universidade bem, consegui superar a dor que estava sentindo. Ela estava lá, comigo, todo dia me massacrando e me lembrando do que havia perdido. Todos os dias eu colocava as mãos sobre a minha barriga e pensava no pai do meu filho, mas ao mesmo tempo era uma emoção tão grande sentir aquele bebezinho crescendo e mexendo dentro de mim. Era uma emoção maravilhosa ver nas ultrassonografias ele já formado, crescendo e saudável. Eu já imaginava o rosto lindo, idêntico ao pai, com olhos e bocas, nariz, cabelos escuros de Jacob. E já fazia planos para ele.



Quando descobri que era um menino, decidi chamá-lo de Jacob Junior. Sabia que meu filho sempre estaria comigo e através dele Jacob estaria ao meu lado. Não importava mais nada. A dor tinha que ficar para trás e eu tinha que abafar o sentimento que me magoava. Tinha que tentar ser feliz e fazer o meu filho feliz.



Não pude cursar o segundo semestre e tive que trancar a matricula. Estava com a barriga muito grande e o bebê estava prestes a nascer, e certamente seria mais complicado freqüentar as aulas. Conversei com os meus pais e chegamos a um consenso que o melhor seria parar de estudar naquele momento.



Passei três meses seguintes cuidando de mim e do meu bebê, arrumando o quartinho do meu filho. Alice quem mais se divertia. Comprar para ela sempre foi uma grande diversão e decoração então, nem se fala. Ela pulava como perereca saltitante batendo palminhas todas as vezes que íamos para lojas comprar papeis de parede, berço e objetos de decoração para o quarto do meu filhote. E cada objeto que comprava, era com tanto amor, com tanto carinho. Eu me entreguei de uma forma tão intensa naqueles meses, que aos poucos a dor foi diminuindo. Aos poucos fui voltando a ser feliz.



Quando o Júnior nasceu, o que mais queria era ter o Jacob ao meu lado. Mas fiquei muito feliz ao olhar para o rostinho dele, e ter a visão perfeita do homem que amei. Ele era a cópia perfeita do pai, como eu já havia o imaginado e sonhado muitas vezes, e certamente nunca me esqueceria daquele homem, porque todas as vezes que olhasse para o meu filho, veria a sua face em minha frente.



Júnior era uma criança grande e nasceu com quase quatro quilos. Era calma, esperto, não era manhoso, chorão e não deu muito trabalho. E para mim foi um enorme prazer cuidar do meu filho e sentir os primeiros contatos e emoções. Aprendi com ele dia a dia a ser mãe, mas as coisas nem sempre foram fáceis para mim, porque pouco tempo depois que ele nasceu, tive que voltar a faculdade, abrir mão de momentos felizes com meu filho. Mas sabia que precisava estudar para dá um futuro para ele. Precisava correr atrás do nosso pão de cada dia. Não seria justo viver as custa dos meus pais a vida inteira e colocar sobre os seus ombros a responsabilidade dos meus atos.



Contudo eu precisava amadurecer e com isso aprendi muito cedo que ser mãe era doar e abrir mão. Era ser capaz de atos generosos e o maior deles, foi abrir mão dos primeiros anos do meu filho, dos primeiros passos, dos primeiros dentes e das primeiras palavras... Tive que abrir mão de tudo isso para conseguir me tornar uma médica e só curti esses momentos através de vídeos e fotografias que minha mãe, avó e tias registravam para mim.



Elas tiravam muitas fotos e todas as gracinhas de Junior eram gravadas para que eu pudesse ver com calma. Era emocionante e ao mesmo tempo triste saber que estava perdendo os melhores anos da vida do meu filho, mas eu fazia isso para o seu próprio bem.



Júnior era um menino esperto, começou a falar e andar muito cedo. Não sei a quem puxou, porque o pai era tão travado e tão difícil de se conversar, talvez pela criação e pelos dramas familiares que havia vivido. O fato é que meu filho era um verdadeiro tagarela, e a convivência com meus tios Emmett e Jasper faziam dele uma criança muito extrovertida, falante e comunicativo até demais para o meu gosto.



Na escola, fez muitos amiguinhos e era uma criança amada por todos os que conheciam e fazia amizade em todos os lugares que passava. Ele era o tipo de pessoa cativante, que conseguia encantar as professoras, as mães dos amiguinhos ou qualquer um que se aproximasse. Encantava naturalmente com sua espontaneidade.



Eu tinha pouco tempo para aproveitar meu filho. E geralmente quando chegava do hospital, onde fazia residência, já estava dormindo. Nos finais de semana eu tinha que me desdobrar entre estudos e cuidar dele, conversar e levar para passear. E apesar de muito pequeno, ele já me cobrava isso e dizia: “Mamãe eu sinto a sua falta.” “Mamãe eu quero ficar com você.” “Mamãe eu quero passear com você.”



Era muito doloroso para uma criança de 3 a 4 anos dizer isso para sua mãe e era mais doloroso ainda uma mãe ouvir isso do seu filho. Ouvir que não lhe dava atenção. Mas ele já dizia isso bem pequeno e exigia a minha atenção. E quando estava em casa, fazia de tudo para que eu o notasse. Ele quebrava as coisas, aprontava, batia, gritava e fazia tudo que pudesse para chamar a minha atenção.. E eu sabia que era a culpada, mas tinha que continuar. Faltava muito pouco para eu terminar a minha residência e a faculdade para me tornar uma médica de verdade.



Assim os nossos anos foram passando e de início eu não me envolvi emocionalmente com ninguém, mas quando estava no primeiro ano da minha residência, comecei a namorar com um dos médicos que trabalhava no hospital. Contudo foi um relacionamento bem complicado e conturbado. Primeiro, ele era casado e só foi descobrir isso com três meses, depois disso ele ficou aborrecido por eu ter escondido sobre o meu filho. As coisas se complicaram e acabamos nos separando ao perceber que não era exatamente o que queríamos. Eu não queria que ele se separasse da sua esposa, não queria ser uma destruidora de lar. Era complicado saber que o homem com quem saia era casado. Depois dele, Jimi, comecei a namorar após um ano e meio depois o Michael.



Michael era extremamente divertido e brincalhão, não levava a vida muito a sério e queria farra, sair para boates e queria que eu fosse com ele. E de inicio era até divertido, mas vamos convir que para uma quase médica e com um filho, largar as suas responsabilidades para virar a noite na farra não funcionava bem e não era fácil. Então esse relacionamento não durou mais de dois meses e foi muito tenso.



Naquele momento, cheguei a conclusão que eu não havia nascido para conviver com homens, que não havia nascido para casar e a única saída para ter uma família seria morar só com meu filho. Pensei que um dia talvez encontrasse alguém para assumir meu filho como pai, mas naquele momento só me dedicaria a Junior.





Terminei a faculdade e a residência quando Junior já estava com 7 anos. Naquele momento decidi que daria uma virada em minha vida. Não poderia ser mais uma mulher vivendo sob a asa dos pais, agüentando sermões da mãe. Sabia que ele sentiria muito com a separação dos avós e dos tios, mas precisava dar aquele passo, precisava de um canto para nós dois e ser mãe de verdade para o meu filho pela primeira vez. Pois até aquele momento, não havia sido mãe realmente, não tomava as decisões sobre a vida dele, não participava e compartilhava dos seus momentos, não o ouvia, não tinha tempo para passear ou tempo para brincar. Normalmente quando chegava em casa, já estava dormindo e final de semana, eu tinha que estudar e me desdobrar para dar um pouco de atenção para uma criança que não parava quieta. Contudo sabia que ao terminar a faculdade as coisas começariam a mudar e realmente começaram a mudar.



Quando contei para os meus pais que precisava mudar com Junior para uma casa nova, minha mãe quase surtou. Ela brigou, chorou, implorou e fez tudo o que poderia fazer, mas no fim não teve jeito, pois a decisão já estava tomada e eu já havia escolhido um apartamento legal, já havia contratado uma babá para ficar com meu filho, já estava começando a preparar a decoração do apartamento, usando revistas de decoração. Alice foi quem não gostou nada desse fato e reclamou muito, mas era a minha vida e o meu destino e eu precisava tomar as rédeas pela primeira vez. E isso incluía eu preparar o meu apartamento sozinha, com meus próprios esforços e com o dinheiro do suor do meu trabalho.



Eu já tinha 24 anos, uma médica formada, já tinha uma especialização, já tinha como me prover com o meu próprio dinheiro, sem a ajuda dos meus pais, e não podia ficar morando de baixo do mesmo teto, como a garotinha da mamãe, não podia ser mais uma ouvinte na vida do meu próprio filho e aceitar que todas as decisões fossem tomadas por ela, Sei que foi difícil para a minha mãe ouvir aquelas coisas, mas precisava fazer e dizer tudo aquilo. Precisava que ela entendesse que Junior era meu filho e que eu quem deveria decidir os rumos de sua vida, decidir sobre qual escola, quais cursos faria, sobre a sua alimentação, quem deveria comprar as suas roupas e os seus remédios, que estava na hora de finalmente ser mãe para ele e não simplesmente uma pessoa que estava de vez em quando em sua vida dizendo olá. Precisava ser uma mulher e mãe de verdade para meu filho. Assim nós nos mudamos quando eu estava com quase 25 anos, para um bom apartamento amplo e arejado, tinha um bom play graund para Junior brincar, a babá que contratei, Nice, era ótima, ele era muito bonzinho com ela e os dois se davam super bem.



Consegui emprego em uma clínica particular em Nova York e trabalhava 8 horas em quatro dias na semana, com consultas marcadas, sem me preocupar com Junior, pois sabia que a Nice estava cuidando muito bem dele, e tinha o final de semana livre para ficar com meu filho. Deste momento em diante, comecei a aprender a realmente ser mãe para o meu filho, sem intromissões dos meus pais, descobri a alegria que era cuidar de uma criança esperta, cheia de vontade, muito independente, que conseguia captar as coisas no ar.



Não conseguia compreender como uma criança de sete anos poderia ser tão perspicaz e inteligente, e às vezes achava que meu filho era super dotado e me surpreendia com as novas descobertas que fazia sobre ele.



Ele sabia tudo sobre computador, o que me dava uma dor de cabeça enorme e me fazia ficar de orelhas em pé para vigiar o que estava fazendo na internet. Tinha um talento enorme para desenhar e para pintar, e até aquele momento, nem sabia que meu filho desenhava e pintava daquela forma. Descobri que ele fazia lindos desenhos e que minha mãe havia contratado um professor particular para ensiná-lo. Olhava para meu filho pintando e me lembrava de como Jacob desenhava, ficando muitas vezes emocionada ao me lembrar do meu passado. Ele com toda certeza havia herdado muito do pai. A personalidade nem tanto, porque de personalidade ele era mais parecido com Seth. Mas em muitas coisas, como na forma como mexia a boca, como olhava, como passava as mãos nos cabelos e em muitos dos seus gestos me lembrava Jacob.



Foi muito complicado essa transição e aprender a ser mãe do meu filho, que sabia exatamente quando as coisas não estavam bem e perguntavam, deixando-me muitas das vezes sem uma resposta para dar. Uma criança que tinha a cara de pau de chegar para mim e me perguntar o motivo de eu não ter um namorado e continuar encalhada. Tinha uma espontaneidade incrível e com a forma mais natural me perguntava: Mamãe quando eu vou ganhar um irmão?



Ás vezes eu tinha até vontade de chorar quando me perguntava aquilo. Como eu diria para ele que nunca teria um irmão, porque eu não queria arrumar mais nenhum homem? Como faria uma criança de sete anos entender os meus motivos? Era muito complicado e desde cedo ele começou com as suas cobranças. E todas às vezes que me via cumprimentar um amigo, ele me perguntava: Esse é o seu namorado? Era muito complicado explicar as minhas razões para meu filho e fazê-lo entender que ele nunca teria uma família completa, porque eu nunca seria capaz de me relacionar com alguém como com seu pai. Que meu coração ainda doía e se recusava a esquecer, para deixar a ferida se fechar. Por mais inteligente que ele fosse, eu sempre precisei de muito tato para lhe dizer às coisas e tudo para mim era extremamente difícil e doloroso.





O tempo foi passando e ele parecia conformado em saber que seu pai havia morrido, mas com quase nove anos ele começou a me perguntar sobre o seu pai. Queria saber como ele era, o que fazia, como havíamos nos conhecido, como ele tinha morrido e o motivo de todos terem evitado falar sobre ele. Aquele foi um dos momentos mais dolorosos para mim e tive que relembrar tudo o que vivi com Jacob. Tive que reviver aquela dor que estava abafada em meu coração e que relembrar coisas que procurava não pensar para não sofrer tanto. Precisei contar sobre o seu tio Seth, como conheci Jacob, como nos apaixonamos no momento de dor e como ele foi feito por nós dois. Foi um momento muito delicado.



Desde então, ele começou a me cobrar para conhecer os seus avós e eu sempre enrolava, dizendo que um dia o levaria de volta para La Push, para conhecer Sarah e disse que não conhecia ao seu avô Billy, mas que um dia daria um jeito dele o conhecer. Às vezes pensava que ele já havia se esquecido daquela promessa, mas ele sempre se lembrava e vinha me cobrar: Mamãe quando eu vou conhecer os Meus avós? Quando iremos para La Push?



Ele se sentava na varando do seu quarto, pegava o seu material de pintura e ficava pintando o pai com as fotos, de Seth, e me dizia: Mamãe, como eu me pareço com meu pai. Como eu queria conhecer o meu pai...Eu ia dormir chorando ao me lembrar de tudo o que vivi e com o coração partido pelas palavras do meu filho. Pensava em como seria a nossa vida se Jacob não houvesse morrido e sofria muito com aquilo.



Reviver o passado era muito difícil para mim, mas não podia negar o meu filho a história que deu origem a sua vida.Eu me lembrava de cada momento que passamos juntos, de todos os beijos, todos os gestos, a forma carinhosa como me olhava e tocava. Também me lembrei das nossas brigas... Naquela época eu era tão infantil... Eu me arrependi tanto de algumas coisas que eu fiz. Poderíamos ter vivido e aproveitado mais intensamente os nossos momentos juntos. Era muito doloroso pensar em como poderia ser e como seria a nossa família. Como quis que Jacob estivesse comigo quando a minha barriga começou a crescer. Como ele seria um ótimo pai e um maravilhoso marido. Foi ta doloroso... Tão doloroso reviver todos os momentos...



Não sabia o motivo, mas dentro de mim sentia como se ele ainda estivesse vivo. Sentia como se estivesse em um pesadelo, fosse acordar e encontrar Jacob lindo e maravilhoso como sempre, o homem mais charmoso que havia conhecido. Contudo o tempo passava e nada me acontecia. Eu não conseguia me relacionar com os homens, e só tive relacionamentos frustrados. Foram encontros, jantares e saídas ao cinema que não passavam de meros encontros. Remexer na ferida só me deixava mais vulnerável e fazia me afastar ainda mais dos homens. Fazia com que eu sentisse medo de amar e perder novamente. Afinal fiquei “viúva” duas vezes e não agüentaria uma terceira. Fiquei muito tempo sem fazer sexo com um homem, porque em cada um eu procurava Jacob e suas qualidades, e por isso as coisas não funcionavam bem.



Eu era uma mulher com quase 27 anos, frustrada, sem conseguir me relacionar, com uma criança muito esperta que tinha o dom de me cobrar as coisas. O que eu podia fazer? Eu não tinha do direito de fazer o meu filho sofrer. Eu precisava lhe dar uma família de verdade e por mais difícil que fosse para mim, não podia negar a família que ele me pedia. Ele queria um irmão e precisava da figura paterna. Se sentia mal nas ocasiões que a escola chamava os pais e ele era o único que não tinha. E isso sempre fazia com que me cobrasse. Queria conhecer os seus avós e para isso teria que remexer ainda mais na ferida. Eu precisava abandonar as minhas lembranças. Precisava lutar contra os meus fantasmas e encontrar uma forma de me relacionar para dar um pai e um irmão para o meu filho. Como fazer isso quando está com o coração doente? Quando as lembranças são tão fortes? Quando os sonhos são tão reais que você acorda sentindo o toque da pele e o gosto dos beijos? Era tudo muito complicado e eu pensava: Será que um dia conseguirei superar isso tudo? Será que conseguirei esquecer e seguir em frente? Eu simplesmente não conseguia me esquecer, mas precisava fazer aquilo pelo meu filho.



Eu já não agüentava mais as cobranças do meu filho, ouvir que era encalhada e cobrar para conhecer os avós. A minha vida em Nova York não tinha muito sentido. Eu trabalhava quatro dias na semana na clínica, fazia cursos a noite, não tinha muitos amigos além dos que fiz no hospital, dos meus pais e dos meus tios. Então eu tomei uma decisão que mudaria radicalmente as nossas vidas. Faria dez anos da morte de Jacob e eu precisava superar, recomeçar a vida e para isso era necessário encarar os meus fantasmas. Decidi que voltaria para o local onde cresci, onde conheci o homem da minha vida, o mais lindo e maravilhoso do mundo.



Peguei o classificado do jornal, e por coincidência ou não, estava lá um anúncio pendido médicos em uma pequena cidade no Estado de Washington, um dos lugares mais chuvosos do pais, cidade provinciana, com poucos habitantes e tranqüila para se viver.



Quando vi o anuncio para trabalhar naquela clínica em Forks, não tive dúvida que o destino estava me empurrando para lá. Já estava mesmo com a idéia de ir e precisava dar ao meu filho a oportunidade de conhecer a história dos pais. Precisava permitir que dona Sarah conhecesse o seu neto. Ela já havia perdido os dois filhos e sofrido muito na vida. Nada mais justo que ela pudesse curtir um pouco o neto e tentar amenizar a sua dor através dele. Liguei para o diretor do hospital, marquei uma entrevista e decidi mudar de vez a minha vida. No dia seguinte viajei para Forks.



Em Forks eu encontrei algumas pessoas que fizeram parte do meu passado e que me fizeram relembrar muito do que vivi naquele lugar. Foi estranho e desconfortante, mas eu precisava voltar ao começo para seguir em frente.



A entrevista foi com o senhor Foster, que era pai de uma antiga conhecida chamada Nathaly. Ele me conhecia e me viu crescer, conhecia os pais mais e foi de certa forma amigo do meu pai. Quando me viu, analisou o meu currículo e fez a entrevista não teve dúvidas que deveria me contratar. Pedi para ele duas semanas para encontrar um local para ficar e organizar a minha mudança. Ele concordou e me recomendou um apartamento em um condomínio novo no centro da cidade.



Sai do hospital e foi direto para a imobiliária para alugar o apartamento. Cheguei lá e me apresentei ao corretor, que para variar também já me conhecia. Depois de conversamos sobre mim e o que havia feito nos últimos dez anos, fomos para o apartamento para eu conhecer o imóvel.





O condomínio ficava no centro da cidade, no local onde era o antigo cinema, tinha uma boa vista para a praça da cidade e dava para ver tudo, delegacia, escolas e comércio da cidade, era mobiliado, amplo e arejado. Era o local perfeito para eu viver com o meu filho. Só faltava preparar as nossas coisas para nos mudar. Seria perfeito para recomeçar a minha vida e curar definitivamente o meu coração.





Voltei para Nova York e dei a noticia para a minha família. Eles não aceitaram muito no início, mas aceitaram o fato de que eu precisava recomeçar onde tudo começou, onde aprendi a amar e parti com o coração partido.



Uma semana depois, Nice, Junior e eu partimos de Nova York e desembarcamos no aeroporto internacional de Washigton. Aluguei um carro e seguimos viagem para Forks, onde começaria uma nova vida e me tornaria uma nova mulher, para tentar dar ao meu filho tudo o que ele não teve nos seus nove anos. Seria uma boa mãe, tentaria encontrar um bom homem que assumisse o papel de pai e quem sabe, lhe daria o irmão que tanto me cobrava.





Chegamos ao nosso novo apartamento, colocamos as caixas espalhadas pela sala, deixando tudo uma grande bagunça e demoraríamos alguns dias até colocar tudo em ordem. Tive vontade de sair correndo ao ver a desordem que se formou na sala do apartamento. Só abrimos as malas com as roupas e objetos pessoais para passar algumas horas. Depois fui para a varando com meu filho e ficamos olhando a cidade.



Junior parecia maravilhado com aquele lugar e ansioso para conhecer a sua avó. Estava louco para conhecer as praias na reserva de La Push, as quais havia lhe contado. Mas antes de pegar o meu filhos e sair para passear na cidade, eu precisava fazer uma coisa... Precisava ir até a minha pedra na praia de La Push. A mesma onde eu estava sentada dez anos antes olhando o por do sol quando conheci Jacob. Precisava olhar para aquele lugar mais uma vez, para pelo menos encarar as coisas de um modo diferente. Aquele seria o marco inicial para recomeçar a minha vida do zero. Eu espantaria os meus fantasmas e depois nada mais seria como antes. Eu me tornaria uma nova mulher. Estaria mais forte, mais decidida e madura.



Eu não era mais uma adolescente de 17 anos. Era uma mulher com quase 28 e precisava ser forte para seguir em frente e permitir a felicidade ao meu filho. Mas para isso precisava encarar os meus fantasmas primeiro. Sabia que ali as lembranças fariam a dor ficar mais latente, mas era necessário aquele momento. Se eu pretendia viver naquele lugar, teria que vencer a minha dor e os meus medos para conseguir. Eu renasceria das minhas cinzas, após queimar as minhas lembranças e tudo o que vivi seriam apenas lembranças tristes.... Aquele era o plano.



- Filho, mamãe precisa sair. Preciso ir até um lugar, ficar sozinha e pensar em algumas coisas. Tá? Eu vou pedir para a Nice procurar o seu material de pintura e o seu cavalete. Ai você pode ir para o seu quarto novo e começar a brincar com eles. Ela também fará um lache para você comer. Tudo bem? - Disse acariciando a sua cabeça.



- Tá mãe! Eu vou pegar só o que precisar para ficar essa noite. Vou ficar bem. Tá? Amanhã eu quero conhecer a minha avó. Pode ser? - Perguntou abrindo um enorme sorriso para mim.



- Tudo bem. Vou passar na casa da sua avó para conversar com ela. Tentar primeiro preparar o coração dela para isso. Amanhã eu o levo para conhecê-La. Você vai ficar bem? - Comecei a bagunçar os cabelos dele e vi o sorriso lindo que tanto amava, enquanto assentia com a cabeça.



- Relaxa, mãe! Você está muito preocupada. Vou pedir para a Nice me ajudar com as coisas e vou pintar no meu quarto. Vou fazer alguns cavalos marinhos para você. Quando voltar estarão prontos. - Ele me abraçou de forma terna e aconchegou a cabeça em meu peito. Meu menino lindo e carinhoso como o pai era.



- Você gosta mesmo de cavalos marinhos? Não é? - Levantei a sua cabeça e encarei os seus lindos olhos negros. Como eles eram parecidos com os olhos do meu Jacob.



- A senhora canta tanto aquela música... Cavalos marinhos! - Ele cantarolou de forma linda para mim. Meu coração se encheu de alegria com meu filho cantarolando para mim. - Eu aprendi a gostar deles. Sabia?



- É... Era a minha música e do seu pai. - Respondi com o coração apertado.



- Eu sei... Eu sei que sente. Vai lá! Eu ficarei bem. - Beijou a minha mão de forma carinhosa. Eu olhava para o meu filho tão maduro e tão esperto. E tentava entender como uma criança de nove anos conseguia sentir quando eu não estava bem, e demonstrava uma sensibilidade tão grande naqueles momentos. Ele olhava para mim e sabia que eu não estava bem. Se fosse em outro momento, faria uma brincadeira ou contaria uma piada. Mas percebeu que estava mal e preferiu não brincar. Ele entendia que precisava ficar sozinha e confrontar os meus fantasmas. Meu filho ás vezes era bem mais maduro do que eu.



Sai do apartamento, peguei o carro que havia alugado, não liguei o som do carro porque não estava muito boa para ouvir músicas. Só precisava de silêncio. Um silêncio reconfortante que me permitisse ouvir o meu coração, me lembrar tudo o que se passou e confrontar os meus fantasmas.



Acelerei o carro e segui pelas estradas de Forske em direção a La Push. O lugar estava exatamente o mesmo, o mesmo verde e aquela vegetação maravilhosa, o céu acinzentado, apesar de estarmos no verão e de nessa estação o clima não ficar tão ruim, mas dava impressão que iria chover.



Continuei a seguir viagem, aos poucos o céu foi mudando e as nuvens foram sumindo. Pareciam levadas pelo vento, que deixava o céu com aparência de um tecido de seda azul. Eu já conseguia ver o sol se pondo do horizonte, quando acelerei mais um poucos com uma estranha ansiedade.



Acelerei mais um pouco até chegar a praia... A praia onde tudo começou.



Reparei que havia um carro estacionado, uma BMW. Fiquei um pouco aborrecida, afinal eu precisava de silêncio e solidão para viver aquele momento. Mas o que eu podia fazer? Estacionei no acostamento, sai do carro lentamente, bati a porta, caminhei até a areia fofa, olhei para aquela linda paisagem que continuava a mesma.



Cruzei os braços na altura do peito, sentindo um frio e um arrepio pelo corpo. Comecei a caminhar de cabeça baixa em direção a minha pedra. Quanto mais eu andava, mais aquela estranha sensação me dominava. Era como se fosse um dejavu. Tinha vontade de fugir daquele lugar e de não encarar os meus fantasmas. Mas eu precisava... Precisava daquele momento. Só depois de passar por aquilo eu conseguiria me sentir forte novamente.



Caminhei mais um pouco, levantei a cabeça e havia um homem... AH! Um homem!!! Não! Não pode ser! Ele estava de costas, mas a sensação que tive foi de... AIMEUDEUS!! Meu coração batia muito rápido. Minha respiração estava irregular e meu corpo estava trêmulo. Eu poderia reconhecer cada detalhe daquele corpo e aqueles cabelos negros, mesmo de costas, após dez anos. Só posso estar ficando maluca. - Pensei em um momento de reflexão e recusa. - Estou tendo uma alucinação. Essa é a única explicação. - Caminhei alguns passos, chegando mais perto, mais perto e mais perto... Eu já havia até me esquecido de respirar. Arregalei os olhos e de repente... Ele se virou.



Ah!! Não!! Não! È um fantasma! - Senti meu corpo desfalecer e tudo ficar escuro.



--xx--



- Acorda! Ness, acorda! - Tentei abrir os olhos, as pálpebras estavam pesadas e minha cabeça estava rodando. Senti meu corpo sendo envolvido por braços fortes e firmes, tive medo que fosse mais um daqueles pesadelos horríveis. Medo de abrir os olhos e me deparar com um fantasma. Realmente vivia um dejavu. Queria encarar aquele momento, mas não conseguia. Forçava-me a não abrir os olhos, enquanto a voz continuava a me chamar. - Ness! - Era a mesma voz rouca, sexy e penetrante que fazia o meu corpo sentir arrepios. Senti um frio estranho em meu estômago. Parecia que algo estava se mexendo dentro dele. Tomei coragem e lentamente comecei a abrir os olhos. Eu me deparei com aquele rosto. O rosto perfeito e lindo...



Ah!! Não!! - Levei um grande choque e tudo sumiu novamente.



Acho que desmaiei novamente, não sei quanto tempo se passou, mas quando abri os olhos novamente, ainda tomada pelo mesmo pavor que assolava o meu corpo, eu me deparei com o rosto daquele homem. Quis gritar e correr, mas não tinha forças. Naquele momento não tinha sanidade para fazer nada. Estava assustada demais com aquele acontecimento. Tive medo de a loucura ter me dominado de vez ou de está possuída por alguma coisa ruim. Algo tinha que explicar eu está nos braços de um homem que havia morrido há dez anos.



Arregalei os olhos novamente, as lágrimas começaram escorrer dos meus olhos, sem mesmo em dar conta, e quando percebi estava chorando muito. Senti uma dor tão grande e não entendia como aquilo era possível. Ele estava morto e eu sabia disso, pois sofri com a sua morte cada dia que vivi naqueles dez anos. Então como era possível está me segurando em seus braços? Qual explicação para aquilo? Até cheguei em pensar em trigêmeos... Não! Não há trigêmeos. Eram só dois. Então como poderia aparecer um terceiro em minha vida? A única explicação plausível, era que estava tendo um colapso nervoso, fruto da minha imaginação e desejo que aquilo estivesse acontecendo. Não pode ser real essa situação tão estapafúrdia. Não mesmo! Mas como sair do colapso? Como me recuperar e voltar ao normal? Eu quis tanto que ele estivesse vivo, que de repente me deparo em seus braços.



Mas os seus olhos eram nítidos, ele me olhavam com admiração e muito amor, estavam lagrimosos e parecia que iria chorar, e os seus braços fortes me envolviam de forma carinhosa. O toque suave de seus dedos acariciaram a minha face. Eles percorriam as minhas pálpebras, os meus lábios, meu nariz e fazia traço por todo o contorno de meu rosto. Enquanto me tocava, a emoção transbordava ainda mais em sua face. Era a mesma face encantada que conhecia, parecia que via uma aparição e me tocava com cautela. Nossos olhares se cruzaram e naquele instante o tempo parou. Eu mal respirava, ele parecia está na mesma forma, não conseguia falar nada. Continuava a tocar os traços do meu rosto, enquanto me olhava com tanto amor que chegava a doer.



- Não! Isso não está me acontecendo. Não! Não! Você está tendo um colapso nervoso. É só a emoção por estar nesse lugar. - Afirmava em voz alta, tentando me acalmar e esperando que tudo sumisse e a minha alucinação terminasse a qualquer momento. Fechei os olhos para tentar me acalmar. - Você não está vendo! Ele está morto! Ele morreu! Morreu! Calma! Calma! Isso tudo vai passar.



- Eu não estou morto, Ness. - A voz rouca se pronunciou, causando arrepios por todo o meu corpo, que se estremeceu em seus braços. Ele me apertou fortemente contra o seu peito e tentou argumentar. Coloquei a cabeça em seu peitoral definido e comecei a chorar muito. O desespero que sentia era tão grande, que achei que fosse morrer. Ele me apertou muito forte, em um abraço de urso, e ficamos chorando um no braço do outro.



- Você... Você... Você morreu - Choraminguei em seus braços - Q que está acontecendo? Estou ficando louca! Não!Não!Não! - Chorava ainda mais.



- Calma! Deixa eu te explicar o que aconteceu. Calma, Ness! - Ele começou a se levantar, com o meu corpo em seus braços, deixando-me ainda mais nervosa. Como um fantasma poderia me carregar no colo e caminhar comigo em seus braços até a nossa pedra? Como?



Ele se sentou, colocou-me sentada, depois começou a beijar as minhas lágrimas em meu rosto de forma tão gentil. Fiquei tão assustada diante daquele acontecimento, meu corpo tremia tanto, sentia um pânico tão grande que pensei que morreria. Eu não entendia o que se passava e só chorava, chorava e chorava. Em minha mente veio a imagem do noticiário, informando sobre o bombardeio e como em senti naquele momento. Lembrei de como sofri, de como doeu e de como quis morrer. Naquele momento mesmo, queria morrer com aquela dor forte em assolando. Era algo tão surreal, que parecia uma loucura da minha cabeça.



Eu chorava enquanto me lembrava de tudo e o sentia secando as minhas lágrimas. Ele me tratava com tanto cuidado, parecia que tinha medo de eu não agüentar e me quebrar. Estava tão apavorado quanto eu e tentava me acalmar, enquanto me tocava de forma tão gentil e delicada.



Ele me puxou para os seus braços novamente, depois me aconchegou em seu peito enquanto afagava os meus cabeços, começou a falar de forma lenta e pausada, para que eu pudesse assimilar os acontecimentos.



- Eu não morri, Ness. Foi um mal entendido e eu não estava naquele navio quando ele explodiu. Tentei te encontrar... Como eu te procurei... Você não tem idéia. Como eu fiquei desesperado por não te achar.



- Mas... Mas... - Não conseguia falar nada, tremia dos pés a cabeça, gaguejava tentando interrompe-lo, mas ele continuou.



- Vou te explicar tudo, mas preciso que fique calma. Preciso que você me ouça para tentar entender. Pode tentar se acalmar? Estou aqui na sua frente, de carne e osso. Não sou fantasma, Ness. - Dizia de forma suave, olhando no fundo dos meus olhos, enquanto os seus dedos seguravam suavemente o meu queixo, erguendo-o para que encarasse o meu olhar.



- Eu não consigo acreditar. Me belisca para me mostrar que não estou... AIII! Assim machuca. - Reclamei ao sentir um beliscão no braço, ri e vi o seu sorriso se abrindo discretamente na face de deus grego.



- É só para você entender que isso não é um pesadelo, um colapso e nem um surto psicótico. Você precisa entender que está aqui diante de mim. - Ergueu o braço e beijou o local do beliscão. Depois seu olhar encarou o meu novamente e ficou em silêncio esperando a minha reação. Senti tanta coisa estranha, um turbilhão de emoções me dominando de forma avassaladora. Me sentia como uma adolescente de 17 anos, revivendo as emoções do primeiro amor. Olhava para aquele homem lindo e sentia meu corpo inteiro reagindo. Todo aquele amor que estava adormecido, começou a despertar, causando as sensações estranhas e me deixando nervosa. Tudo aconteceu de forma tão estranha e intensa, que me perdi completamente dentro daqueles olhos negros penetrantes, que me fitavam como se eu fosse um ser encantado, uma santa ou uma aparição. Era uma coisa estranha, hoje não consigo descrever de forma fidedigna o que vi naqueles olhos. O que vi naquele rosto completamente consternado, diante de mim. E eu estava ainda mais perdida do que ele. Só precisava de uma explicação racional para aquilo que estava acontecendo, e que me fizesse compreender que não estava louca. Que ele não era uma aparição, um fantasma ou fruto da minha imaginação, que tentava encontrar uma forma para escapar daquela dor.



No dia em que o navio foi bombardeado, eu não estava lá. – Começou a descrever o ocorrido, olhando no fundo dos meus olhos. – Eu estava preso em uma base militar americana, por indisciplina militar. Fui ajudar uma senhora sem saber que era uma palestina. Por isso eu me envolvi em uma briga com militares israelenses. Fui julgado e condenado, pegando um mês de cadeia. – Seus olhos estavam cheios de lágrimas e percebi que fazia muita força para não chorar. Havia uma expressão de dor tão grande em sua face. Quis colocá-lo em meu colo, acariciar os seus cabelos e arrancar toda a sua dor, mas não conseguia nem me mover naquele momento.– Quando o navio foi bombardeado eu não estava lá. Acho que Deus deve gostar muito de mim, porque Ele me deu um livramento naquele dia. Perdi amigos naquele bombardeio e sofri muito com o ocorrido. Depois que aquilo aconteceu, pedi para um amigo, o carcereiro, que avisasse meus pais e a você que estava preso. – Acariciou o meu rosto gentilmente, tocou os meus lábios com a ponta dos dedos e ficou brincando com uma mecha dos meus cabelos.



- - Eu pensei que você havia recebido a mensagem e só descobri que você havia sumido quando voltei. Eu te procurei, fiquei desesperado, fui em todas as irmandardes e universidades no Estado de Washington, mas não te encontrei. Depois eu te procurei na rede , mas não te encontrei. Não havia como te encontrar. Por dez anos esperei por você. Isso é tudo muito difícil, mas preciso que acredite em mim. - Beijou a minha testa de forma doce, depois se afastou lentamente e encarou os meus olhos. Meu corpo inteiro tremia de nervoso e tentava me forçar acreditar que aquilo era verdade. Pela primeira vez na vida eu não parecia estar em um filme de terror.



- - AH Tá! Você explicando as coisas ficam mais claras. - As lágrimas começaram a descer sobre o meu rosto sem eu perceber. Estava tão confusa e aquele encontro foi tão doloroso. Muito mais doloroso do que o primeiro. Ele pegou a minha mão e começou a acariciar. Os seus toques eram tão intensos e suaves. Deslizava os dedos sobre a minha pele, sem dizer nada, apenas olhando para mim e em alguns momentos para o horizonte. Ficamos em silêncio, para que eu pudesse me acalmar e digerir tudo aquilo que acabara de ouvir. Precisava encontrar uma forma de acreditar que aquilo era verdade, que não era um delírio fruto da minha imaginação. Mas os seus toques eram tão reais, estava tremendo de nervoso. As mãos começaram a suar muito e quando ele me olhava, percebia que também havia medo em seus olhos.



Depois de um tempo em silêncio, resolvi quebrar o clima.

- Tudo bem. Você não morreu. Você ficou preso e por isso não morreu... - Eu gaguejava e a minha voz estava trêmula, falhando em alguns momentos. - Eu... Eu... - Não conseguia completar a frase. Era tão estranho imaginar que passei dez anos sofrendo por um homem que estava vivo. Que o tempo todo esteve ali. Mais ainda por pensar em tudo o que meu filho perdeu. Era tão doloroso e chocante, que mal conseguia falar. Era difícil raciocinar logicamente sofre tudo o que estava acontecendo e tudo o que ele contou. Quis me atirar em seus braços, abraçá-lo e beijá-lo, mas eu sentia muito medo, ainda mais quando percebi uma aliança em seu dedo. Senti uma dor tão forte no coração ao ver aquela aliança. Ele estava casado. Tinha que estar, afinal havia passado dez anos. Fiquei tão desapontada e nervosa. Tive vontade de sair correndo e sumir naquele momento. Afinal não poderia me envolver com um homem casado... AI Deus como eu sofri! Como eu quis gritar e reclamar por ele não ter me esperado.





- Então eu acho que é isso. - Disse dando de ombros. - Você está vivo e eu estou aqui de volta... Acho que tenho que ir embora. - Falei sem graça, enquanto ele continuava a me olhar daquela mesma forma que me desconsertava.





- Não, Ness! Não vá! - Praticamente implorou, fazendo aqueles olhinhos do gatinho do desenho Sherek.



- Eu acho que a sua esposa e os seus filhos devem estar sentindo a sua falta. Você não acha? - Perguntei e senti um embrulho estranho no estômago. - Você não deveria estar aqui conversando com outra mulher. Não pega muito bem para um homem casado. - Tentei parecer o mais normal possível, quando a minha vontade era de gritar, enquanto proferia aquelas palavras e ele riu. Foi engraçado ver aquele sorriso novamente e eu não entendia o motivo do riso, mas de alguma forma ver o seu sorriso confortou o meu coração.



- Casado? Eu? Não! Não sou casado. - Olhou a aliança, levantando a mão e ficou observando por alguns segundos. Colocou a mão sobre a minha e continuou. - Eu uso essa aliança desde que cheguei a Israel. Comprei essa aliança em um dos portos onde paramos. Eu comprei um par de alianças e o outro ficou guardado. -Meu corpo estremeceu quando tocou a minha bochecha de forma carinhosa e suave, falando com aquela voz rouca e sexy. - Eu queria te mostrar um lugar. Por favor, você poderia vir comigo? É importante!





- Vai demorar? - Perguntei mordendo os lábios de forma nervosa, enquanto desviava os olhos do seu olhar. Não queria me perder naqueles olhos negros. Já estava completamente hipnotizada por ele e precisava pensar racionalmente, sem deixar que os seus olhos me influenciassem.





- Eu preciso que você veja algo. Pode ser? A não ser que você tenha alguém te esperando. - O seu tom de voz ficou triste. Foi estranho ver aquela reação mesmo após dez anos. Parecia sofrer e havia uma aflição tão grande em sua face. Comecei a pensar se ele ainda sentia algo por mim, se o amor ainda estava em seu coração e se seria possível algo para nos dois. Queria perguntar mais e tentar entender o que se passava em seu coração, mas tinha medo das respostas que ouviria.



Assim preferi me calar, não queria falar sobre o nosso filho. Precisava encontrar uma forma de explicar sobre ele e aquele momento não me sentia confortável para fazê-lo. Assenti com a cabeça, ele se levantou da pedra, pegou a minha mão e entrelaçou os nossos dedos, apertando a fortemente e caminhou comigo pela areia fofa da praia, até chegarmos ao acostamento, onde estavam estacionados os nossos carros.





- Você tem condições de dirigir? Ou quer ir em meu carro e depois volto para trazê-la? - Perguntou analisando as minhas expressões. Acho que ficou com medo de eu não agüentar aquilo tudo e passar mal. Parecia extremamente preocupado ao em encarar, franzindo o cenho e mordendo a parte inferior dos lábios.



-Não eu posso... Eu posso... Dirigir. - Afirmei, ainda com a voz trêmula, e ele assentiu com a cabeça.



- Tem certeza? Você me parece perturbada.





- Perturbada? Como você acha que deveria ficar? - Disse dando uma leve risada. - Após encontrá-lo depois de dez anos, achando que você havia morrido.



- Tá! Ok, desculpa. Não queria que nosso encontro fosse assim. Não queria te assustar e nem te aborrecer. - Disse com ar arrependido.





- Eu também não. Quis tanto te encontrar e agora não sei o que fazer. - Confessei abaixando a cabeça. - Abre o seu coração, Ness. Diga o que ele sente. - Pediu segurando o meu queixo com as duas mãos, erguendo-o lentamente para que pudesse encarar o meu olhar.



- Eu estou tentando, mas é difícil. Estou apavorada. - Meus olhos ficaram cheios de lágrimas naquele momento e segurei para não chorar novamente.



- Eu sei disso, meu anjo. - Diminuiu o espaço entre nós, segurou a minha cintura com as duas mãos e puxou o meu corpo para si. Depois foi aproximando o rosto lentamente. Vi os seus movimentos em câmera lenta, seus lábios estavam próximos dos meus, já sentia sua respiração, então mordi os lábios de nervoso e ansiedade. Um turbilhão de emoções me dominou naquele momento, fiquei aflita e não sabia o que fazer. Nem sabia mais beijar na boca e tinha medo daquilo. E ele percebendo o meu desespero, me soltou e se afastou lentamente de mim e não me beijou



- Desculpa! Tá? Vamos de vagar com isso. Sei que é estranho para você como é para mim. - Beijou a minha testa, depois fez um leve afago em minha bochecha e se afastou. Caminhou até o seu carro, abriu a porta, olhou para mim por um momento, com olhar melancólico, depois entrou e deu partida. Entrei no meu carro, respirei fundo, tentei segurar o volante, sentindo meu corpo e minhas mãos trêmulas, dei partida e o segui pelas estradas de La Push.

NOTA
 
Amores, primeiramente gostaria de dizer que estou morrendo de saudade de vocês.



Vocês não têm idéia de como esses dias foram horríveis e solitários sem as minhas amiguxas. Mas espero voltar a rotina logo e concluir as minhas fics.


Como vocês passaram o natal? Comeram muita rabanadas? Kkkk Tomaram vinho e champanhe?


Espero que todas tenham passado um natal maravilhoso, repleto de amor, alegria, paz, prosperidade e muito aconchego da família.


Eu me mudei na quinta feira e estava tão cansada, que meia noite já estava dormindo. Já trabalhei tanto esses dias, que estou mortinha, e ainda tenho muito para fazer em casa.


A minha casa nova é linda, a minha cozinha é um luxo o meu banheiro enorme, sem falar no resto dos cômodos e do quintal.


Vou comprar uma piscina para tomar banho com as minhas cunhadas e os meus sobrinhos. Kkkk Coisa de pobre, NE? Mas fazer o que? Kkkk


Eu ainda não estou muito boa e o resultado dos meus exames deram inflamação dos meus dois ombros e na cervical. Estou com os músculos fracos e desidratados e a dor se irradiou ao longo dos braços, por isso terei que fazer mais dez seções de fisioterapia dos dois braços.


Sinceramente não sei quando isso vai terminar, mas não pretendo parar de escrever. Mesmo com dor, darei o meu jeitinho brasileiro para fazer os caps.






Gostaria de agradecer a todas pelas recomendações que recebi para a song fic e a herdeira. Já tenho 26 para a song e 28 para a herderia e vcs não tem noção de como isso me faz feliz.


Quero agradecer a galerinhaa do facebook que me atura a semana inteira e manda aqueles bichinhos, corações e flores fofoinhas.


Eu to amando esse negócio de facebook e deixo conectado o dia inteiro para ver as fofocas. Kkkk


Gostaria de agradecer a minha beta amada Heri e dizer que estou morrende de saudade. Quanto tempo não conversamos! Fica tão sem graça sem vc para fofocar. Não sabia que sentiria tanta falta do MSN, mas to sentindo muito.


Vê se aparece, Heri!!






BEM SE EU NÃO POSTAR NADA ESSA SEMANA, NÃO TEREI OPORTUNIDADE PARA DESEJAR O FELIZ ANO NOVO.


ENTAO JÁ DEIXO A MINHA MENSAGEM PARA VCS.


QUE O ANO DE 2011 SEJA REPLETO DE AMOR, FELICIDADE, PAZ, HARMONIA, REALIZAÇÕES, BEIJOS, ABRAÇOS, AMIGOS, FAMILIA E DINHEIRO (EU ADORO DINHEIRO... NÃO SOU HIPOCRITA. KKK)


VAMOS ENTRAR O ANO COM PÉ DIREITO E FAZER UMA CORRENTE POSITIVA PARA QUE ELE SEJA MELHOR.


ACREDITO QUE A VIRADA DO ANO É FUNDAMENTAL PARA O RUMO DOS DIAS QUE SEGUIRÃO. ENTAO SEMPRE ENTRO O ANO RINDO, COMENDO UVAS, BEBENDO CHAMPANHE E COM UMA NOTA BEM ALTA DE DINHEIRO NAS MÃOS, BEIJO E ABRAÇO MUITO A MINHA FAMILIA E DEPOIS CAIO NA FARRA. KKK


VAMOS FAZER UMA CORRENTE POSITIVA!!!


FELIZZZZZZZ ANOOOOOO NOVVVVOOOO!!






MUITOS BJUS NA BOCA E NO CORE!!






BOA LEITURA

1 comentários:

Anônimo disse...

estou chorando muito agora,que capitulo LINDO,posta mais por favor.

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