quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Song Fic Vento No Litoral Jakexness2



Capitulo 1 – Lembranças

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...


- Como... como... como¿ - Comecei a gaguejar chorando, sentindo um desespero tomar conta do meu coração. Seus braços me envolviam de forma carinhosa. Passou as mãos em meu rosto e ficou me olhando de forma estranha. Sua face era tão triste e parecia esconder uma grande dor. Estava tão nervosa, que imaginei que aquilo pudesse ser um sonho. Que todas as sensações que sentia: de calor, cheiro e toque; fossem apenas frutos da minha imaginação.



- Calma, Ness! Esse é o seu apelido¿ Não é¿ - Sua voz rouca me causou um frio na espinha. Assenti com a cabeça, sem conseguir falar nada. Meu corpo estava completamente torpe e não conseguia reagir diante daquela sensação tão estranha. Ele passou a mão em meus cabelos, tirando os de minha face e começou a falar muito baixo, talvez por medo de me assustar ainda mais. Se eu pudesse me olhar no espelho, certamente veria a face branca de um fantasma, tamanho era o susto que me afligia. – Eu Jacob Black, irmão gêmeo do Seth. – Começou o relato bem devagar. – Eu moro em Pear Harbo, sou marinheiro e não via meu irmão e minha mãe há 12 anos.



- Isso não é possível. – Disse praticamente sussurrando, enquanto sentia os seus braços me envolverem e o seu olhar penetrar o meu, como se estivesse sondando a minha alma. Balançou a cabeça em sinal de negativo e deu um ligeiro sorriso. Comecei a olhar bem de perto, percebendo que havia algumas diferenças em suas expressões faciais.



- Meus pais se separaram quando tínhamos 7 anos. – Havia uma dor tão grande em cada palavra. Ele parecia incomodado em falar sobre aquilo. Contudo, pela situação que se apresentava, tinha que falar no assunto para que eu entendesse. – Minha mãe teve que partir e escolheu apenas um dos filhos. Ela trouxe Seth para a reserva e me deixou com meu pai... – Ele engoliu seco e seus olhos encheram de lágrimas. Seu timbre de voz mudou e ficou mais áspero. Ele parou de me encarar e olhou para o mar, como se sentisse medo de eu ver a sua dor. – Nunca a perdoei por isso e evitei qualquer tipo de contato. Hoje, no entanto, com essa perda tão precoce do meu irmão, sinto não ter deixado o orgulho de lado e procurado os dois antes.



- Seth nunca falou de vocês... – Sussurrei observando lágrimas se formarem no canto de seus olhos. Fiquei tão emocionada com as palavras, que comecei a chorar também enquanto ele relatava tudo.



- Meu pai é militar e sempre foi muito severo. E minha mãe não agüentou a difícil vida ao lado dele. Por isso resolveu ir embora.- Naquele momento estava chorando e visivelmente emocionado. – Senti tanto remorso, inveja e raiva... Sim, raiva! Ela não escolheu a mim... não escolheu. – Balançou a cabeça em sinal de negativo. – Passei anos da minha vida com um pai amargurado, que descontava em mim toda a sua dor. Ele não se conformava com o abandono, mas também não fazia nada para mudar a situação. Com isso me fazia sofrer, sempre me impondo castigos severos, humilhando quando me dizia que era tão imprestável que a minha mãe havia me deixado para trás. Aquilo fez com que sentisse raiva dela e dele... Sim, eu odiava o meu irmão... eu achava que o odiava. Até que... – Ele fechou os olhos e começou a chorar muito. Não me agüentei e me afoguei em minhas lágrimas. De repente ele se sentou e me puxou para os seus braços novamente. Depois me abraçou tão forte, que quase me sufocou.



- Eu sinto... – Tentei falar, mas não sabia como o consolar naquele momento.



- Eu estava em alto mar há dois meses. Um dia, deitado em minha cama, senti uma dor tão forte que parecia que iria sufocar. Uma angústia me consumiu, meu corpo começou a tremer e a suar frio. Fui ao banheiro e comecei a vomitar muito. Um choro incontrolável tomou conta de mim e depois de umas duas horas sentindo aquela dor, tudo foi embora e eu senti vazio. Era como se um pedaço de mim havia morrido e deixado um vazio. – Ele colocou a cabeça em meu ombro e entre lágrimas começou a me contar tudo. Senti tanta vontade de cuidar dele, tirar as suas mágoas e dores. Nunca havia me sentido daquela maneira com ninguém... nem mesmo com Seth.



Ficou calado por um breve momento me abraçando e depois continuou.



- No dia seguinte, fui chamado à cabine do capitão do navio e estranhei. Até pensei que havia cometido alguma falta. Afinal sou marinheiro há pouco tempo e estou aprendendo tudo na marra. Mas ai ele veio com um tom solene, dizendo que tinha uma mensagem e que sentia muito. Naquele momento pensei que meu pai havia morrido. E de certa forma me senti aliviado. Quando abri o pedaço de papel, levei uma descarga elétrica em meu corpo. Só então entendi o que havia acontecido... Meu irmão estava morto! - Ficou em silêncio por mais um tempo e chorou ainda mais. A minha dor era tão grande e o remorso pelo acidente também. Mas nada se comparava com a dor dele. Era algo que dava vontade de entrar em seu coração e arrancar todo aquele desespero.



Um homem lindo, forte e encantador, mostrando se para mim da forma mais frágil. Ainda mais sendo um militar, o que era de se estranhar. Não entendi como ele se sentiu a vontade para me contar aquelas coisas. Mas quis que continuasse. Dependia saber sobre o passado dos gêmeos e tentar fazer algo para acalmar o seu coração.



- E¿ - Sussurrei, passando os dedos pelos seus cabelos, enquanto permanecíamos abraçados na areia da praia. Seu cheiro começou a me inebriar, o toque o seu corpo causou-me um estranho frio na barriga. Meu coração batia rápido e ao mesmo tempo doía. Era algo tão estranho, que senti como se sentisse na carne a sua dor.



- Recebi os pêsames e voltei para a minha cabine. Tive que me conter para não chorar... Imagina um marinheiro chorando¿ - Deu uma risada sarcástica. – Fiquei dois meses no mar, pensando sobre toda a minha vida, os motivos que me levaram a não procurar a minha mãe e o meu irmão. E decidi que ao desembarcar, pediria licença e viria para La Push procurar o meu passado.



- E você achou o que procura¿ - Sussurrei em seu ouvido, sentindo o seu corpo estremecer com aquele gesto. Acariciei o seu rosto, seus cabelos e suas costas, enquanto chorava abraçado a mim.



- Ainda não! – Disse e se calou. – Meu pai pareceu não se importar com a morte de Seth. Mas eu senti um pedaço de mim morrer com ele. – Afastou se de mim, sentou se na areia de frente para o mar e ficou olhando para o por do sol. – Esse lugar é tão lindo... – Sussurrou.



- É sim! – Respondi.



- Não entendi porque Seth usava Cleawater no nome. – Disse para ele.



- Minha mãe se chama Sarah Cleawater Black. Mas acho que Seth não quis usar o nome do nosso pai e preferiu o da nossa mãe. Ao contrário de mim, que sentindo uma mágoa tão grande dela, nunca usei o Cleawater. – Ele respondeu e se virou para me fitar. – Mais alguma coisa¿ - Perguntou franzindo o cenho.



- Como pretende achar o que procura¿ Ele está morto. – Disse para ele.



- Eu vim para cá com a missão de me acertar com a minha mãe e buscar o passado do meu irmão. E quando tive a minha primeira conversa com ela, contou me sobre vocês dois. Disse que você poderia me contar quem era o Seth Cleawater. Ela já não tem estrutura emocional para falar sobre ele. Por isso vim te procurar... preciso de muitas respostas. – Seus olhos penetraram os meus novamente e havia um encantamento tão grande. Comecei a me lembrar da forma que Seth me olhava e senti algo estranho em meu estômago.



- Eu estou abalada demais para falar agora... – Comecei a chorar me lembrando do acidente. Os gritos dos paramédicos tentando me tirar do carro e da minha mãe contando que ele havia morrido. Uma pontada atingiu em cheio em meu coração. Fechei os olhos e depois olhei para o céu. Vi o seu rosto sorrindo nas nuvens. Jacob me abraçou e ficamos chorando juntos, sem precisar dizer nada. A nossa dor e perda eram as mesmas. – Conversou tudo com a sua mãe¿ - Perguntei dando uma de intrometida.



- Sim! Hoje entendo que ela não me preferiu... ela não quis me abandonar e não foi uma escolha fácil. Na época Seth estava doente e precisava de seus cuidados. Ela não agüentava mais viver com meu pai. Disse que ele a agredia e abusava dela. Estava tão desesperada que resolveu fugir para reserva e pediu ajuda a sua prima Sue. E foi por isso que me abandonou. Como ela teria condição de cuidar de duas crianças pequenas¿ E ainda tinha um filho doente... – Ele começou a gaguejar e chorar muito ao falar da mãe, do passado e dos seus sentimentos. Mais uma vez nos abraçamos e fiquei ouvindo o seu relato, enquanto lhe transmitia o meu carinho.



- É difícil, mas as feridas não cicatrizaram, Jacob. – Nos olhamos por um momento e parecia ver Seth na minha frente. Mas apesar de iguais, os gestos e expressões eram distintos. Fiquei confusa olhando o seu rosto e ele pareceu constrangido.



- Algumas feridas nunca se fecham, Ness... nunca... – Passou a língua nos lábios e depois começou a secar as lágrimas. – Nunca perdoarei o meu pai...



- Jacob, você já perdeu tantos anos longe da sua mãe e do seu irmão. Acha que alimentar ainda mais ódio vai te fazer bem¿ Tenta viver bem com o seu pai. Pelo menos isso. - Ele assentiu com a cabeça e depois começou a rir. – Todos dizem que sou muito certinho. Mas ninguém imagina o inferno que vivi com o capitão linha dura como pai. Quantas noites eu chorei e apanhei por isso. Os castigos que sofri por não ser tão duro quanto ele. A educação que tive diz que um homem não chora, não apanha e não se arrepende. Ele tentou me criar assim, mas felizmente não aprendi. Do contrário, não conseguiria chorar a mágoa que sinto e a dor pela perda do meu irmão. Se me visse agora, certamente me repreenderia, humilharia e me faria agir como um brutamontes sem coração. Hoje conversando com minha mãe, imagino o que ela sofreu em suas mãos. E até consigo perdoar o meu abandono. – Disse para mim, engolindo seco, enquanto terminava de enxugar as suas lágrimas. Depois passou a mão delicadamente em meu rosto e foi secando as minhas. Fiquei completamente sem reação com a sua atitude tão carinhosa naquele momento.



- Eu te direi tudo sofre o Seth, Jacob... Pode contar com a minha amizade. Só que estou numa fase complicada e ainda me culpo pelo acidente. – Comecei a me lembrar de tudo. Os fatos foram ressurgindo em minha mente. Quando percebi as lágrimas rolavam em me rosto novamente.



- Não chore, pequena... – Puxou me para os seus braços e me abraçou novamente. Senti-me confortável em seus braços. Então pude relatar o acidente que mudou completamente as nossas vidas e cruzou os nossos caminhos.



- Era aniversário da minha amiga Jéssica. Naquela noite chovia bastante e já estávamos atrasados. Ele reclamou que demorei muito para me arrumar e estava resmungando muito até o caminho do meu carro. Como não gosto muito de dirigir, Seth sempre conduzia o carro. Partimos para Forks em alta velocidade e no meio do caminho, eu me lembrei do presente. Comecei a encher a paciência dele para voltarmos até a minha casa. Ele não queria ir e achava fútil da minha parte. Mas sentia vergonha em chegar a uma festa de mãos abanando. Por isso ele deu ré de forma rápida na pista, fez um cavalo de pau e quando estava virando o carro... AHHHH!! AHHHH! Não!! – Tudo se formou em minha mente como um filme. Uma dor tão grande me afligia o coração. Fiquei sem ar, tentei controlar a respiração enquanto chorava muito. Jacob tentava me acalmar, fazia carinho em meu rosto, em meus braços e dizia que foi uma fatalidade. – AHHH!! AHHH!!





- A culpa não foi sua... não foi... foi uma fatalidade... – Apertou forte o meu corpo contra o dele, enquanto chorava muito com aquela dor me rasgando. – Calma! Foi um acidente! – Sussurrava em meu ouvido.



- Um... um...



- Não precisa falar agora. – Colocou a minha cabeça em seu ombro e continuou a me fazer carinho.



- Caminhão... um caminhão... fui eu... se não fosse... AHHH!!



- Não! Calma, Ness! Calma!! Estou aqui com você. Eu a ajudarei passar por isso. Agora está muito recente, mas essa dor vai passar e você voltará a ser feliz novamente.



- Nós fizemos tantos planos... AHHH! AHHH!!!



- Eu sei, meu bem! Mas precisa se acalmar... – Ficamos abraçados por um longo tempo. Choramos muito para espantar os fantasmas a nossa volta. Mas eles continuavam lá... sempre lá. Jacob naquele momento era o meu porto seguro e em seus braços sentia em terra firme. Ele me segurava e não deixava as ondas me levar... Era a minha rocha firme e evitava que os fortes ventos não me derrubasse na água.







Agora está tão longe

ver a linha do horizonte me distrai

Dos nossos planos é que tenho mais saudade

Quando olhávamos juntos

Na mesma direção

Aonde está você agora

Além de aqui dentro de mim...

 

1 comentários:

Anônimo disse...

stou gostando muito dessa fic
que novidade ,gosto de todas
voltei a ler doce vingança
achei demais ter voltado a postar
beijos
Daiane

Postar um comentário