sábado, 12 de fevereiro de 2011

Pena de Anjo5 by ValentinaLB


CAPÍTULO 5
By ValentinaLB

Ela estava indo embora e eu não tinha a menor idéia do que fazer.
Se a deixasse ir, era só uma questão de tempo até que ouvisse a notícia de seu suicídio em algum jornal, mas o que eu podia fazer para evitar isso?
- Ei! – Saí correndo atrás dela. Não tinha a mínima idéia do que fazer, mas confiei no meu incoerente poder de improvisação.
- Ei, espere! – Ela estava parada, esperando o elevador.
- O que quer comprar agora? – Perguntou, esboçando algo que lembrava levemente um sorriso.
- Queria te dar algo em troca do isqueiro. Que tal uma caneta? – Perguntei, sorrindo para ela. Tirei minha caneta Montblanc do bolso e entreguei a ela. A vida dela valia mais que um milhão de canetas daquela.

- Tá gozando com minha cara? – Parecia chateada com minha proposta. A caneta valia uma fortuninha.
Uma idéia me veio à cabeça.
- Então vamos fazer o seguinte: Você fica com minha caneta como garantia, tipo caução. Amanhã eu devolvo o isqueiro e você me dá ela de volta, combinado?
- Não estarei aqui amanhã – disse calmamente, devolvendo-me a caneta.
Senti-me em queda livre, como se fosse eu quem tivesse pulado do prédio. Ela ia tentar de novo... Ela tentaria até conseguir...
- Vai viajar? – Perguntei, tentando prolongar o assunto.
A porta do elevador se abriu e ela entrou. Não me respondeu.
Entrei também. Não sabia mais o que falar. Pensei em lhe contar que eu sabia de tudo e implorar para que não se matasse, mas que direito tinha eu de fazer isso? Invadir sua privacidade dessa forma poderia deixá-la mais constrangida ainda, e, consequentemente, com mais vontade de acabar logo com a tortura que era sua vida.
Deus, ou quem quer que fosse o mentor dessa idéia maluca, era prova que eu tinha tentado. Se Ele tinha um plano para a vida dessa garota, que a convencesse Ele mesmo. Eu lavava minhas mãos, o que não deixava de ser um ato religioso. Alguém da turma Dele já tinha feito isso.
- Tchau!
- Tchau!
Sai do prédio me sentindo péssimo. É horrível saber que por mais que você se esforce, te puseram na história apenas para perder. Era assim que me sentia. Nunca tive a menor chance. Ela iria se matar de qualquer jeito. Eu não tinha como vigiá-la vinte e quatro horas por dia.
Tinha andado alguns passos, imerso em minhas lamúrias, quando senti alguém puxando meu casaco. Olhei para trás, pensando se tratar de algum trombadinha e me deparei com um par de olhos verdes me fitando.
- Quero meu isqueiro de volta.
- Por quê?
- Vou precisar dele.
- Pra que?
- Para atear fogo.
- EM QUEM??? – O desespero me dominou e meu grito desvairado era prova disso.
- Hã?... – Ela me olhou novamente com aquele olhar de pena, imaginando que eu fosse louco de pedra. - Eu vou queimar umas fotos.
- Eu também vou precisar dele – falei. Se ela fosse fazer alguma besteira, não seria com meu isqueiro.
- Mas ele é meu.
- É não, você me deu, lembra? Agora é meu.
- Então me devolve a minha caneta que eu vendo ela e compro milhares desse. – Ela já não conseguia mais conter o riso.
Entreguei-lhe  a caneta. Estava me divertindo brincando com ela daquela forma. Dava até pra esquecer que se tratava de alguém tão amargurada.
- Vai trocar uma Montblanc por um isqueiro de supermercado? Você é doido?
- Gostei dele.
Ela começou a rir. Era um som gostoso de ouvir. Se ela era capaz de dar uma risada daquela é porque havia uma esperança de salvá-la do suicídio.
- Posso saber por que esse interesse repentino neste isqueiro?
- Valor sentimental. Eu o ganhei de uma menina linda.
Ela ficou ruborizada e sorriu, mas logo em seguida fechou a cara e se afastou sem dizer nada.
“Tinha ido longe demais, me esquecendo que eu era da mesma espécie de seu maior inimigo: o homem.”
- Ei, volta aqui! Desculpe-me pela cantada idiota. Tá bom, eu devolvo seu isqueiro.
Corri até ela e coloquei a mão em seu ombro.
Num movimento brusco, ela girou, fugindo do meu contato, e praticamente gritou.
- NUNCA MAIS COLOQUE SUAS MÃOS EM MIM!!
Ela tinha uma expressão amedrontada e demonstrava sentir repulsa por mim.
- Des... desculpe-me. – Fiquei sem ação. Não sabia o que fazer nem o que dizer.
Não fui o único a ficar sem graça. Ela também pareceu constrangida com sua reação desmedida.
- Desculpe-me também, é que não gosto que me toquem. – Seu olhar estava fixo no chão.
- Recado dado – disse, levantando as duas mãos em sinal de rendição.
- Pode ficar com ele. – Ela voltou a me olhar.
O grito de uma criança perto de nós me lembrou da festa de Ethan. Se eu não me apressasse, chegaria atrasado e Emmet e Rose ficariam chateados comigo. Era hora de me despedir, ou...
- Gosta de brigadeiro? – Agora eu já estava apelando para o estômago.
- Adoro! – Pelo menos em uma única coisa ela era normal.
- Quer ir à festa de aniversário de dois anos do meu sobrinho? – Eu estava começando a acreditar que milagres aconteciam.
Peguei meu celular e mostrei uma foto de Ethan comigo, os pais e os avós. Imaginei que aquele “momento família” me faria mais digno de confiança.
- Eu nem te conheço. – Falou, fazendo cara de poucos amigos.
- Temos uma paixão desenfreada pelo mesmo isqueiro. Isso não é suficiente para nos considerarmos íntimos? – Brinquei.
Ela gargalhou de novo, fazendo um sol inexistente brilhar na cidade.
- Onde vai ser? – Pelo menos não era um sonoro “NÃO”.
- No apartamento do meu irmão. Fica a umas dez quadras daqui. Podemos ir de taxi. – Convencê-la de entrar no carro de um completo estranho me pareceu quase impossível. O taxi lhe daria maior segurança.
- Seu irmão não vai ficar chateado de você levar uma estranha na festa? – Ela parecia tão infantil fazendo aquela pergunta.
- Claro que não, afinal você é minha convidada.
- Mas não estou vestida adequadamente.
- Você está lin... bem.
“Sem intimidades, Edward.”
Ela pensou um pouco e então se decidiu.
- Então tudo bem, vamos.
A onda de felicidade que me invadiu foi maior do que eu esperava. Não era só por estar evitando que se matasse por algumas horas que me deixava alegre, era a possibilidade de passar mais tempo ao seu lado. Ela era uma garota adorável.
Chamei o taxi e fomos. Depois eu buscaria meu carro no estacionamento.
- Prazer, meu nome é Edward Cullen. – Disse, estendendo minha mão pra ela.
Ela não me cumprimentou, mas sorriu encantadoramente.
- Prazer, Bella.

1 comentários:

sueane simas disse...

ameiiii muitisimi esta otimo!

Postar um comentário