terça-feira, 24 de maio de 2011

Crisalida 19 By ValentinaLB

CAPÍTULO 19 – TERAPIA

POV EDWARD

Entrei na sala e fechei a porta, deixando Isabella ir embora para sempre da minha vida.
Assustei-me quando a vi sentada no sofá. Tinha me esquecido dela.
- É a sua namorada?
- Era.
- Que mancada, nheim!! Por que me contratou, ela é ruim de cama?
- A gente nunca transou.
- Ah...
- Eu conheci um cara e me apaixonei por ele. Quando ele descobriu o que eu fazia, eu disse a mesma coisa que você falou pra ela: “É só sexo”, mas ele também não entendeu e me deixou... Não são só as mulheres que não aceitam esse argumento...
- É, parece que ele não é muito convincente mesmo, pois acho que a perdi para sempre!
- Não, cara, quem o perdeu para sempre foi ela. Você poderá reconquistá-la e tê-la novamente, mas ela nunca mais terá o homem que imaginou que você fosse.
- Faz sentido.
- Por que vocês não transavam?
- Ela tinha medo, mas estava começando a se soltar. Já me deixava fazer carícias em seu corpo, tocar seu sexo. Ontem ela gozou para mim pela primeira vez. Foi o prazer mais intenso que já tive na vida.
- Me desculpe a franqueza, mas você devia ter esperado por ela. Pelo visto transariam logo.
- Sim, eu devia. Fui um completo idiota.
- Foi mesmo. Sua mãe não te ensinou como se trata uma mulher não?
- Minha mãe morreu quando eu nasci. Quem me criou foi meu pai.
- Ah! Desculpe. Eu sinto muito pelo que falei.
- Tudo bem...
- Por que desistiu tão fácil dela? Se a ama tanto, por que não implorou de joelhos seu perdão?
- Eu não desisti dela, garota, eu desisti foi de mim. Naquele momento, e ainda agora, eu estava tão decepcionado comigo que não me senti digno de tê-la. Ela merece coisa melhor.
- Eu sei como é este sentimento. Às vezes também tenho vergonha do que sou. Olha só o que eu fiz. Mesmo sem querer eu sempre sou motivo de brigas e rompimentos. Da mesma forma que dou prazer, também espalho tristeza por onde passo.
- Não diz isso, você não teve culpa. Quem devia fidelidade a ela era eu.
- Vá atrás dela então, lute pelo amor de vocês. Ela só reagiu assim porque deve ser muito apaixonada por você.
- Eu não tenho esse direito. Eu a convenci de se abrir para o mundo, de se desarmar e na primeira oportunidade a apunhalei pelas costas. Ela deve estar sofrendo muito. Eu sei o quanto, tenho conhecimentos médicos para saber que minha atitude impensada criou seqüelas profundas em Isabella. Eu sou um monstro.
- Se fosse um mostro não estaria aqui se martirizando desse jeito. Você errou muito, mas quem nunca errou? Não fique assim.
Ela me abraçou e chorei feito uma criança em seu colo. Nunca senti tanta falta da minha mãe como naquele momento.
- Como é mesmo seu nome?
- Edward.
- Prazer, Edward, meu nome é Theresa.
- Você tem um bom coração, Edward. Não permita que o sexo te comande. Se sexo fosse tão importante assim, eu seria a pessoa mais feliz e realizada do mundo.
- Você não é feliz?
- Não.
- Deixa essa menina te mostrar como se ama de verdade. Ela tem muito mais a te ensinar do que você a ela.
- Agora é tarde.
- Não me desanime, Edward. Ainda espero sair desta vida, conhecer minha alma gêmea, formar minha família. Se for tarde pra você, imagina para mim...
- Mas sua única vítima é você mesma, enquanto eu fiz sofrer a pessoa mais importante da minha vida, percebe a diferença?
- Não, para mim não tem diferença entre nós. Erros são erros, Edward!
Comecei a rir.
- O que foi?
- Você acabou de fazer uma sessão de psicoterapia comigo.
- Nunca ouviu falar que prostitutas e cabeleireiros são os melhores psicólogos que existem?
- Você faz meus anos de estudos parecerem nada.
- Você é psicólogo?
- Psiquiatra.
- Não é a mesma coisa?
- Não.
- O preço da sua consulta é mais caro do que eu te cobrei?
- Quase dez vezes mais.
- Então vou fazer a transa grátis e só cobrarei a consulta.
- É justo.
- Tá brincando ou vai mesmo me pagar a consulta?
- Vou pagar a consulta sim, foi melhor que a transa.
- Foi nada, sou ótima nas duas. E se não fosse a interrupção, este teria sido o melhor programa que já tive. Você é muito bom de cama, cara. Sua namorada não sabe o que está perdendo.
- Ex.
- Covarde!
- Realista.
- Covarde!
O porteiro interfonou avisando que a encomenda da Stª Isabella tinha chegado. Mandei subir só de curiosidade.
“Encomenda?”
Abri a porta.
- Desculpe a demora, mas fiquei preso no trânsito.
- Tenho de pagar algo?
- Só a gorjeta, o resto já está acertado.
Abri as caixas e entendi tudo.
- Ia ser hoje, Edwrad!
- Ia.
- Ela te ama.
- Amava.
- Covarde!
- Acha que eu tenho alguma chance?
- Claro que tem.
- Estou com medo.
- Quem não tem? O medo nos protege, Edward.
- Quantos anos você tem?
- Cem.
- É, eu percebi.
- Um ano de calçada vale por vinte.
Paguei a consulta para ela.
- Tchau!
- Tchau! Se precisar, me liga.
- O que você quis dizer com isso?
- Como psicóloga, Edward.
- Ah!
- Pelo amor de Deus, você não vai cair em tentação de novo, vai?
- Só tava brincando.
- Ah, bom!
- Sabe trabalhar como recepcionista?
Um sorriso esperançoso enfeitou o rosto de Thereza.
Iríamos consertar nossos erros... Ou pelo menos tentar.

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