domingo, 15 de maio de 2011

Crisalida14


CAPÍTULO 14 - MINHAS CONDIÇÕES


"Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do “não”
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...

Eu levo a sério, mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em 0X0 e eu quero 1X1
Sei lá o que te dá que

Não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não.

(Se... - Djavan)


POV EDWARD

Tá bom, eu amava loucamente Isabella e estava muito feliz por estarmos finalmente namorando, mas a expressão “matando cachorro a grito” era o que melhor me definia no momento.

Tinha aceitado as condições impostas por ela para namorarmos, que excluíam sexo e “afins” do nosso relacionamento. Sem o sexo ainda ia, mas sem os afins...
Eu andava me sentindo um garotinho de cinco anos, namorando de pegar na mão, na escolinha.
Para piorar a situação, Isabella não conseguia disfarçar o quanto se excitava com nossos beijos, o que provava que não era frígida, só bloqueada mesmo. Sentir seu corpo tremer em minhas mãos e não ter permissão para satisfazer seus anseios era algo mais difícil do que imaginava. Era como se ela dissesse “sim” com o corpo, e “não” com a boca, num conflito constante entre razão e emoção.
Eu até podia tratá-la, se o problema fosse médico mesmo, mas poderia ter “conflito de interesses”, e com certeza teria, então o melhor seria encaminhá-la a outro profissional, se ela aceitasse, óbvio.
Particularmente achava que o que ela precisava mesmo era ser pega de “jeito”, sem que tivesse tempo de pensar ou recusar, mas convenhamos que se tratava de um método questionável. Desde adolescente aprendi com meu pai que “não é não”, e por mais que fosse tentador, jamais faria algo sem o consentimento de Isabella... Mas que daria certo... Ah, daria! Modéstia à parte, depois que experimentasse minha pegada, duvido que não fosse querer mais. Eu era bom nisso. Testado e aprovado, com estrelinhas, por todas as mulheres com quem transei. Isabella não sabia o que estava perdendo.
Hoje estávamos fazendo um mês de namoro. Trinta dias da mais pura felicidade para mim. Só de estar junto de Isabella já me fazia feliz. Minha borboletinha ainda não alçava vôo, mal saía do chão, mas mesmo assim conseguia me fazer perder os sentidos com seu jeito tímido e ao mesmo tempo ardente de beijar.
Contratei um famoso chefe de cozinha para fazer nosso jantar de comemoração, que seria no meu apartamento. A escolha do local, é claro, estava apoiada nas mais pervertidas intenções de minha parte. Uma comida deliciosa, champagne, velas, música baixinha, minha mestria na arte do sexo... Hoje definitivamente Isabella seria minha, inteira ou pelo menos em parte!!
Comprei flores para ela e fui buscá-la. Desde que a vi pela primeira vez, não houve um dia sequer que meu coração não bateu acelerado antes de encontrá-la. Já tinha virado rotina: Mãos suando frio e um “Tum, Tum,Tum” no peito. Não poderiam me culpar por isso, Isabella era linda, sexy e diferente que qualquer outra mulher que tinha conhecido. Ela era especial!!
Quando cheguei meus olhos não acreditavam no que viam. Isabella estava deslumbrante. Vestia um vestido vermelho, curto, que deixavam suas pernas de fora. Era a primeira vez que a via de vestido, ou melhor, vestida de menina. Isso era golpe baixo. Não se faz isso com um homem com mais de trinta dias em abstinência total. Sorri para ela, mostrando meu contentamento em vê-la tão linda.
- Você está simplesmente maravilhosa, Isabella - disse. - As flores são pra você. - Entreguei-lhe o buquê e lhe dei um longo beijo apaixonado.
- Obrigada, Edward, são lindas. Você está lindo também. - Isabella falou, meio sem fôlego.
- Vamos então?
- Vamos.
Até chegarmos ao meu apartamento, não consegui parar de olhar pra ela. Seu rosto corado era a prova de que ela estava percebendo meus olhares.
- Você devia se vestir assim mais vezes, Isabella. Não imagina como está sexy. E tem mais uma coisa... Suas pernas são estonteantes. - Sabia que a deixaria sem graça, mas não me contive em elogiá-la. Realmente estava linda.
Com o rubor de sempre, ela apenas sorriu.
Isabella ficou um tempo admirando a decoração que tinham feito, conforme encomendei, na sala. Várias velas iluminavam o ambiente, criando uma atmosfera bem acolhedora e romântica. A mesa também tinha sido arrumada. Queria que tudo estivesse perfeito nesta noite
- Nossa, Edward, está tudo tão lindo!! - Isabella falou, maravilhada.
- Que bom que gostou, Isabella! Quero que nossa noite seja especial - sussurrei em seu ouvido, deixando transparecer que tinha outros planos para aquela noite.
Deixei-a perdida em deus pensamentos, provavelmente preocupada com minha insinuação e tratei de abrir o champagne. O barulho da rosca saindo da garrafa fez Isabella se assustar. Enchi duas taças e entreguei uma a ela. Esperava que a bebida a deixasse um pouco mais solta.
- Ao nosso amor!! - Brindei, desejando silenciosamente que ele durasse para sempre.
- Ao nosso amor!! - Ela brindou também, batendo delicadamente sua taça na minha.
Enlacei-a pela cintura e tomei seus lábios em um beijo intenso, cheio de desejo. Isabella correspondeu avidamente, deixando-me enlouquecido.
Já estava a ponto de carregar Isabella para o quarto, nem que fosse à força, quando um pigarro me fez recobrar o juízo. Era Pierre, o Chefe responsável pelo jantar, perguntando se já podia servir. Disse que sim e sentamo-nos à mesa para jantarmos. A comida estava deliciosa. Pierre tinha sido muito bem indicado por um professor do Mestrado.
Após recolher os pratos da sobremesa, dispensei-o, agradecendo e elogiando seu serviço.
Enfim eu ficaria a sós com Isabella. Agora sim, começaria a verdadeira comemoração que tinha em mente.
Coloquei uma música romântica num volume bem baixo e me sentei no sofá, puxando Isabella para sentar-se no meu colo. A essa altura, eu já estava excitado só de imaginar que em breve estaria tocando mais ousadamente o corpo lindo de Isabella.
Assim que ela percebeu minha ereção, mostrou-se completamente constrangida.
- Acho melhor sentar no sofá - falou, ruborizada.
- Bella, não acha que já estamos juntos tempo suficiente para você começar a se sentir mais à vontade com detalhes como esse? - Perguntei, segurando-a pela cintura para que não saísse do meu colo. Já estava passando da hora dela se acostumar com isso, afinal bastava chegar perto dela para que acontecesse. Eu a desejava mais do que podia controlar.
- Não é isso, Edward, é que é estranho - falou.
Estranho?... Já o chamaram de muitas coisas, mas assim, nunca - falei rindo, tentando descontraí-la. - Isso não é estranho, Isabella, é apenas a prova do quanto eu a desejo, do quanto você mexe comigo. - Queria que ela encarasse nossa sexualidade como algo natural.
Segurei sua nuca e a beijei. Dessa vez não me contive, beijei-a com luxúria, sem esconder minha vontade de possuí-la. Poderia dizer que foi um beijo de “gente grande”. Me surpreendendo, Isabella não se assustou, muito pelo contrário, agarrou-se ao meu pescoço, demonstrando que também se deliciava com o beijo.
Aquele foi o sinal que eu precisava para seguir com meu plano de darmos um passo à frente no nosso namoro. Na verdade eu queria era dar um salto, mas era melhor ir com calma.
Lentamente fui subindo minha mão que estava em seu joelho, acariciando sua perna em direção à coxa. O vestido curto era um convite a esta carícia. Antes que alcançasse sua calcinha, Isabella manifestou seu descontentamento.
- Edward...
Tirei a mão decepcionado. Tinha achado que ela estava sentindo o mesmo prazer que eu, pelo menos era isso que seu corpo mostrava, considerando seus gemidos e tremores. Não falei nada, com medo de ser ríspido. Se abrisse minha boca naquela hora, boa coisa é que não ia sair dali.
Continuei beijando-a. Não ia desistir na primeira tentativa. Isabella estava tão excitada quanto eu e era impossível que não sentisse necessidade de aprofundar nossas carícias.
Deixei-me levar mais uma vez pelos apelos do meu corpo e fui me inclinando sobre Isabella, na intenção de deitar-me sobre ela no sofá.
- Edward... - Não, não queria acreditar que Isabella estava me pedindo para parar. Estava tão bom...
Parei tudo, sentando-me no sofá. A frustração me dominava.
- Meu Deus, Isabella, o que há com você? - Perguntei claramente irritado. Estava difícil segurar minha frustração.
- Eu é que pergunto o que há com você, Edward? - Isabella retrucou, se recompondo e sentando-se no sofá também. - Você prometeu que ia se comportar, que teria paciência... - Ela também estava desapontada comigo.
- Tudo bem, Isabella, eu realmente falei que te esperaria, mas já faz um mês que estamos juntos e você ainda age como no primeiro dia. - Realmente estava difícil de agüentar tanto puritanismo de Isabella.
- Edward eu simplesmente não me sinto pronta ainda - se explicou, usando o velho argumento.
- Por que, Isabella? Que medo é esse que você tem de sexo? Se quiser, posso te indicar um colega lá do hospital que poderá te ajudar. Ele trabalha com este tipo de bloqueio. - Eu tinha realmente conversado com o Dr. Harper, um dos meus orientadores, que era psiquiatra também.
- Ah, não!! Você agora vai tomar o lugar da minha mãe, Edward? - Percebi que minha insinuação trouxe os velhos traumas de Isabella de volta. Parecia que ia chorar a qualquer momento.
- Eu só quero entender, Isabella. O seu corpo diz uma coisa e sua cabeça fala outra. Pensa que não percebo o quanto você se excita com nossos beijos? Você também me deseja tanto quanto a desejo, mas mantém esta postura de não deixar que eu a toque. Poxa, eu sou homem, Isabella, tenho necessidades, não sei quanto tempo vou agüentar esse nosso namoro de pré-escola. Eu te amo, quero você pra mim, Isabella. Quero te fazer carícias, sentir seu corpo sob minhas mãos. Que mal há nisso? - Era tão fácil de entender o que eu estava falando...
- Eu mereço ouvir isso, mereço sim! Quem mandou eu acreditar que você ia me esperar. Eu fui uma boba mesmo - esbravejou, levantando-se do sofá para ir embora.
Se ela estava pensando em fazer como no outro dia, teria de ser muito forte para fugir dos meus braços, porque não a largaria se quisesse sair por aquela porta.
- Você não vai fugir desta vez, Isabella. Vai ouvir tudo o que eu tenho pra falar - falei um pouco brusco. -Eu achei que com o tempo seu acanhamento iria passar, - continuei - que você perceberia o quanto eu te amo e que entenderia que não há nada de errado em nos tocarmos, Isabella. - Coloquei minhas mãos em seu rosto para que olhasse para mim. - Do que tem tanto medo? Eu posso te dar tanto prazer, Isabella... E sei que você também me faria o homem mais realizado do mundo.
Em três anos eu tinha tido tempo suficiente para fantasiar todas as formas possíveis e imaginárias de dar prazer à Isabella. Tinha feito amor com ela tantas vezes e de tantas maneiras diferente que mesmo se vivêssemos uma vida inteira juntos, ainda faltaria tempo para colocar tudo em prática.
- É disso que eu tenho medo Edward. - sua voz me fez voltar à realidade. - É esta sua experiência que me apavora. Você está acostumado a ir pra cama com mulheres espetaculares, que sabem fazer um monte de coisas. Eu não posso competir com elas - desabafou, expondo uma insegurança que eu desconhecia.
- Mas eu não quero elas, eu quero você. Eu quero seu rosto corado, quero suas mãos trêmulas, quero seu jeito de menina... É você que eu desejo, Isabella. Não fique preocupada com sua inexperiência. Confie em mim, eu te ensino tudo o que não souber - falei carinhosamente, desejando que ela confiasse mais em mim.
- Por que está fazendo isso comigo, Edward? Sabe que eu não consigo. - Comecei a desconfiar que talvez não fosse só medo. Eu poderia estar iludindo-me de que Isabella também me desejava.
- Na verdade acho que você não quer, Isabella. E isso sim, é um problema. - Isabella se assustou com minha colocação.
- Claro que eu quero! Eu te amo, Edward. Só que não tenho coragem.
- Me ama mas não me deseja. E não sei se isso me basta, realmente não sei, Isabella. - Entristecia-me chegar àquela triste conclusão.
- O que está querendo dizer com isso? - Isabella perguntou, com a voz um pouco embargada.
- Estou dizendo que não sei se terei paciência de te esperar. - Aquelas palavras saíram cheias de dor. Meus olhos fixaram-se em Isabella, procurando decifrar sua expressão.
Um silêncio dolorido instalou-se na sala.
- Está ter... terminando comigo, Edward? - Isabella mal conseguia falar.
- Não, Isabella, estou colocando minhas regras pra esse namoro dar certo. Agora é minha vez de impor condições - falei decidido.
- E quais são suas condições? Me levar pra cama? Vai invocar a velha lei do "Prove que me ama?" - Falou ironicamente, fazendo-me sentir um devasso.
- Não Isabella, não sou homem disso. Só quero que tente, pelo menos tente, se deixar levar por seus impulsos, seus desejos. Não quero que faça nada que não queira, Isabella, mas quero que se permita fazer o que quer.
Longe de mim tentar persuadir Isabella a fazer algo que não quisesse, apenas estava fazendo-a entender que seu corpo tinha vontades e necessidades e que não era saudável ignorá-las.
Ela mordeu os lábios, como sempre fazia quando estava nervosa. Ficou em silêncio. Minha borboletinha tinha voltado pra crisálida.
- Faça como fez naquele dia que dançou, Isabella, feche os olhos e deixe a mulher ardente que existe em você aflorar - aconselhei, percebendo o quanto ela estava se sentido acuada. Essa não era minha intenção, não queria fazê-la sofrer.
Puxei-a para junto de mim e a beijei ternamente. Não me atrevi a nada, não havia clima para isso.
- Vou te levar pra casa agora, mas pense em tudo que conversamos, Isabella. - Temia pelo futuro do nosso relacionamento. Um abismo no que se referia à maturidade sexual, nos separava, mas em compensação um amor verdadeiro e avassalador nos unia, e era neste fato que eu depositava minhas esperanças de ser feliz para sempre ao lado de Isabella.
Peguei minhas chaves e a levei para casa.

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