sábado, 14 de maio de 2011

Guerra dos Sexos JakexNess15

Pistas

Um dos carros, com seguranças, parou na frente dos dois corpos caídos, cantando pneu, impedindo que as balas disparadas os atingissem. O som forte dos pneus contra o asfalto ricocheteou o ar. Atingiu os ouvidos dos jovens, que tentavam se esconder. Alguns pararam para ver o que acontecia, outros simplesmente fugiam da linha de tiro. Os seguranças do segundo carro, o que havia levado Ness para o local, corriam ao redor com a arma em posição de ataque a procura do atirador.  Ness, que corria em disparada na direção de Jacob, deu a volta no carro e caiu na frente dele.

Jacob estava de joelhos diante de Sam, que possuía os olhos abertos e arregalados. Ele  esmurrava o peito do amigo enquanto pedia para ele não morrer.

- Sam,camarada, você não pode morrer! Volta, por favor! Volta Cara! Volta! Volta! – Entre lágrimas desesperadas, Jacob ora esmurrava e ora sacudia o amigo como se aquilo fosse lhe devolver a vida. Sabia que a culpa era sua. Se não fosse por ele o maldito assassino não teria atirado.

Ness o viu naquele momento e parecia em transe. Era uma cena assustadora de se ver. Depois de alguns segundos, finalmente recobrou a consciência e tentou fazer com que Jacob parasse.

- Jacob! Jacob!Aimeudeus você está vivo! – Ela o puxou de cima de Sam e o virou para si. Começou a beijar o seu rosto cheio de lágrimas em um desespero frenético. O susto fora tão grande que pensou não suportar. – Graças aos céus! OH Jacob, eu tive tanto medo! Eu pensei que havia te perdido. – Ela continuava beijando o seu cada canto do rosto. Seu coração batia como uma britadeira. Seu corpo estava trêmulo e a respiração ofegante. Nunca, nem mesmo quando foram perseguidos, sentiu tanto medo quando naquele momento. Tudo parecia tão assustadoramente surreal.

- Ele morreu!  Ele morreu! – Jacob repetia chorando. – Ele morreu por minha culpa! Era a mim que queria. – Ele a apertou forte contra os braços musculosos e tentou encontrar algum consolo em seus braços. Sentia tanta dor naquele momento, que estava tão frágil quanto uma criança de cinco anos. Nada podia diminuir a dor e o remorso que sentia pela perda de Sam. Sabia que o amigo só tentava ajudá-lo e por isso pagara com sua própria vida.

O barulho de sirenes os tiraram do transe e quando perceberam, havia duas viaturas da policia, uma ambulância e muitas pessoas a volta dos dois. O sangue de Sam estava espalhado pelo chão e sujava as roupas dos jovens sentados no asfalto. Os colegas de escola choravam pela perda e muitos dos pais os cercavam tentando ver o que havia acontecido.

Em dado momento, o delegado Carter se aproximou e junto com os investigadores do FBI tentaram tirar o casal da cena do crime – Meninos, venham comigo! – Ele ordenou. – Isso aqui já está uma loucura e a impressa cairá matando sobre vocês. Venham! – Ness tentou se levantar com sua ajuda, mas Jacob continuava sentado diante do corpo de Sam.

- Por quê¿- Ele perguntou passando as mãos abertas sobre os olhos para fechá-los.  – Não era para você morrer... Não Era. – Jacob soluçava de tanto chorar e Ness sentiu seu coração tão apertado que a sufocava. Faria tudo para arrancar aquela dor dele. Não suportava vê-lo naquele estado. Jacob não havia chorado daquela maneira nem mesmo no enterro da tia. No enterro do pai estava tão frio quanto uma pedra. Mas agora, diante do corpo do amigo, que tinha certeza de estar morto por sua causa, chorava mais do que criança. Era de cortar o coração.

O Delegado Carter o ajudou a levantar e como havia dito, a imprensa estava sobre eles. As luzes fortes das filmadoras estavam sobre os rostos assustados e chorosos. Os microfones estavam tão perto de suas bocas, que podiam bem machucá-los com tamanha brutalidade eles agiam. Os seguranças do casal fizeram um cerco para levá-los ao carro, mas era apenas quatro, dois em cada carro, número insuficiente para protegê-los diante de tanta gente que os espremia. Por sorte um deles colocou o carro perto do corpo, fazendo uma barreira contra as balas, assim ficou mais fácil  fugir do tumulto.

Entraram no carro e deram partida para a mansão dos Cullens. Jacob ainda estava chocado demais com a situação. Não falava mais nada. Só chorava silenciosamente nos breves minutos em que o carro era conduzido para casa. Ness colocou a cabeça em seu ombro e tentou se recuperar do susto. Quase morreu do coração ao pensar que Jacob estivesse morto. Ainda sentia uma dor aguda em seu peito a sufocando. Mas preferiu não falar nada naquele momento.

Tomaram banho juntos sem falar nada e foram para cama dormir... “Pelo menos tentar”. Mas algo lhes dizia que aquela noite seria muito longa.

[...]

Os dois estavam na mesa de café da manhã “tentando”  comer algo. Simplesmente não conseguiam ingerir a comida que fora servida. Os olhares perdidos e expressões melancólicas. Por algum tempo Jacob não falou nada. Depois cortou o silêncio e pediu para chamar Dane, o chefe da segurança.

- Bom dia, Sr Black! – O homem disse ao entrar. Ness o olhou sem entender absolutamente nada. “Qual seria o motivo de Jacob chamar o chefe da segurança a mesa do café da manhã¿”

- Bom dia!  Fez o que te pedi¿ - Jacob perguntou.

- Já temos um carro nos fundos da casa a espera de vocês. Vão sair por lá sem serem notados.   O carro da sua esposa já está pronto e o dos seguranças também. Antes de vocês partirem eles seguem para La Push. Como me pediu, o carro parará em frente a sua antiga casa, o segurança abrirá a garagem e entrará. Os repórteres que estiverem na frente da casa os seguirão até lá e permanecerão até saírem. Vocês poderiam ir para Edmund tranquilamente.

- Bom! – Jacob assentiu.

- O enterro do Dr Paladino é as onze. Vocês devem voltar direto para o cemitério. Os seguranças já estarão lá os aguardando para escoltá-los de volta para casa. – Ele concluiu.

- Para onde vamos¿ -Ness perguntou sem entender a coisa toda.

- Eu pesquisei durante a madrugada e consegui o endereço de Herman Preston, seu avô. Vamos até ele hoje. Tenho certeza que seus tios aproveitarão essa tormenta para entrarem com pedido de tutela. Então não vamos ficar aqui chorando as perdas. O que passou, passou. Vamos agir antes que seja tarde. E investigar essas misteriosas mortes. – Jacob disse.

- Você está certo. – Ness assentiu. Nesse momento o mordomo entrou na sala de jantar e os interrompeu.

- O enterro do Sr Paladino foi marcado para às 11:00 e o de seu amigo Sam para às 16:00. Essa cidade anda tão perigosa, que os enterros precisam de agendamento. – Disse com tom sarcástico e arrogante.

- Eu já sabia dos horários dos enterros. – Jacob afirmou. Ele passou parte da noite na internet. No facebook dele e de Sam havia várias mensagens e comentários sobre o caso. Todos falavam do perigo que seria os enterros no dia seguinte.

- Sintam-se avisados. – O homem disse com mau humor e se retirou.

- Dane, providencie o esquema para sairmos para o enterro de Sam. Voltaremos para casa, para descansarmos, e mais tarde teremos que passar por esses abutres. – Jacob disse.

- Já está tudo pronto. – Dane afirmou. – Vocês irão no carro blindado e serão seguidor por mais três carros. Ninguém conseguirá atingi-los lá. Estamos em contato com o FBI e fomos informados que o cemitério está sob vigilância. Nenhum atirador será ousado o suficiente para atacar lá.

- Obrigado! Pode se retirar. – Jacob afirmou, o chefe da segurança assentiu com a cabeça e saiu.

[...]

O homem atendeu ao telefone estava furioso. Como temia, a ação do assassino de aluguel, havia chamado mais atenção do que queria. O contratou com a recomendação do amigo, achando que faria os serviços de forma eficiente, rápida e “limpa”.  O que aconteceu, no entanto, só o deixava ainda mais aborrecido.  O FBI estava no caso e a cidade estava cheia de repórteres investigando a vida dos moradores “pacatos”... Aquilo poderia ser perigoso demais. – Você estragou tudo, seu incompetente. – O homem vociferou.

- Eu fiz o que tinha que fazer. Você me disse para matar Jacob e Sam. A oportunidade era perfeita e se não fosse o grito de uma garota, Jacob não teria se atirado no chão e a bala o acertaria. – O homem respondeu.

- Se você houvesse matado Jacob, ao menos, teríamos um trabalho a menos. Agora temos o FBI na nossa cola e Jacob está “vivinho da Silva”. Não podemos nos arriscar mais agora. O que tem que fazer é sumir por um tempo esperar que eu o chame.

- Eu já sai do estado. Não direi onde me encontrar. Se precisar falar comigo é só me ligar. Quando as coisas estiverem tranqüilas, você pode me chamar para completar o “serviço”.  Nunca falho com as minhas obrigações e não será dessa vez. – Respondeu rispidamente.

- Por agora não nos falaremos mais. Quando for mais seguro, entro em contato com você. Não se deixe ser pego. – Afirmou.

 - Eu sei me cuidar bem. – Afirmou de forma segura. – Falamos depois. – Completou e desligou o telefone.

[...]

Assim que receberam o aviso de Dane, de que os repórteres haviam seguido a BMW de Ness, o casal saiu pelo portão dos fundos da mansão e seguiu para Edmond para encontrar os avós de Ness.

Levaram uma hora de viagem até chegar ao destino. Os seguranças estacionaram o em frente a casa e o casal saiu do carro. Caminharam até a porta da casa de mãos dadas e tocaram a campainha.

A porta se abriu e uma mulher com cabelos loiros até os ombros a abriu. Ela aparentava seus cinqüenta e poucos anos, era bela com seus lábios carnudos e brilhantes olhos azuis. Ela a olhou por alguns momentos, como se não acreditasse no que via, seus olhos ficaram cheios de lágrimas e seu corpo parecia trêmulo.

- OH! – Ela sibilou. – Entre, querida! – Ela abriu a porta um pouco mais e fez sinal com a mão para que os dois jovens entrassem. Jacob e Ness ficaram observando a mulher, pensando se ela sabia o motivo de estarem ali.  “Será que ela os conhecia¿”

- Sabe quem eu sou¿ - Ness perguntou timidamente, com a voz trêmula, obviamente encabulada.

- É claro que sei, Renesmee. – A mulher falou.

- A senhora é Alice Preston¿ - Jacob lhe perguntou.

- Sim! Sou a avô da sua esposa. – Ela respondeu a ele questionando como aquela mulher sabia quem ele era. Ela sabia que eles a visitariam¿ Tudo era bem esquisito para ele.

- Entrem, por favor! – Ela pediu novamente e o casal a acompanhou ao interior da casa.

Era uma casa simples, com uma decoração clara e acolhedora. Não chegava aos pés da mansão dos Cullens, mas obviamente confortável. Ness olhou todos os detalhes atentamente e para o seu espanto, havia fotos dela em vários portas retratos. Um quadro grande na parede, como uma foto sua de quando era criança, mas a maioria eram de sua adolescência. Algumas, reconheceu, foram tiradas há muito pouco tempo.

Jacob esquadrinhou o local com um olhar desconfiado enquanto seguiam a mulher. Não disseram nada um para o outro enquanto acompanhavam a mulher, apenas observavam tudo com muito interesse. Ficaram por uns dois minutos a sós na sala, enquanto ela saiu para chamar o seu marido. Nesse momento cochicharam sobre as fotos na casa.

- Jacob, você vê isso¿- Ness perguntou quase sussurrando. – Como eles conseguiram tantas fotos minhas¿- Ela olhava para o móvel de carvalho no canto da sala cheio de porta retratos. Reconheceu seu pai em alguns deles, mas em nenhum havia a foto de sua mãe. Ouviram passos em direção ao local.

- Isso tudo é muito estranho. – Jacob sussurrou. - Mas vamos ter tempo para perguntar tudo o que precisamos. Agora é melhor ficarmos quietos. Eles estão vindo para cá.- Os dois olharam para a porta e viram quando um homem de cabelos grisalhos e lindos olhos azuis entrou na sala. Era óbvio de onde vinha aquele oceano que tinha na face. A família de ambos os lados fora muito afortunada com brilhantes olhos que mais pareciam jóias.

-  Bom dia! – O homem se apresentou diante deles e esticou a mão para cumprimentá-los. – Pensei que demoraria bem mais a descobrir a localização da sua família. – Ness ofereceu a mão ao homem, que a apertou gentilmente. Ele a olhava de um jeito bem estranho. Era quase uma veneração que seus olhos dedicavam a mulher a sua frente. Era sua neta, mas mesmo assim uma total desconhecida. Queria abraçá-la. Não tinha intimidade para tanto.

- Eu... eu... – Ness gaguejou toda sem jeito e Jacob a socorreu.

- Ela não sabia da existência de vocês. – Ele disse ao senhor.

- E como chegaram até nós¿ - Ele questionou sentando-se no sofá enquanto fazia sinal com as mãos para os dois se sentarem.

- Vocês querem algo¿ Um suco¿ Café¿ Chá ou refrigerante¿ - A senhora perguntou a eles.

- Não obrigada – Ness respondeu pelos dois. Jacob percebeu o quanto ela estava aflita com a situação. Balançava a perna a todo instante e às vezes a percebia mordendo os lábios. Ele segurou firme a sua mão. Ela estava molhada pelo suor e fria como gelo. Se sentiu mal por forçar aquela situação um dia depois do estresse que passaram. Entretanto era melhor fazer algo pelo bem dos dois, do que esperar pela morte ou pela falência. Não conseguiria ficar em casa remoendo os acontecimentos da noite anterior. Doía muito a lembrança do amigo morrendo. E para Ness ele sabia que doía tanto quanto nele. Forçar aquela situação, no entanto, ali pareceu-lhe fora de propósito. Queria sair do local arrastando a com ele, mas era tarde demais.

- O Juiz Bristop nos falou sobre vocês. – Ela disse ainda observando os dois. Tentava encontrarem si semelhanças com os avós. Era parecida com a mãe. Tinha certeza disso pelas tantas fotografias que vira durante a vida. Mas alguns traços de seu rosto não eram tão familiares até aquele momento.

- Clai demorou até mais do que esperava para dar com a língua dos dentes. Pensei que com a morte do seu avô ele teria contado logo. – O homem falou.

- Ele estava fora da cidade. Foi fazer um tratamento médico em outro local. – Jacob respondeu.

- Entendo. – O homem respondeu franzindo o cenho. – Mas o que os trás aqui¿ Acho que com toda a confusão que está ocorrendo não teriam cabeça para pensar nos “parentes”. – O homem disse de forma estranha.

- Como o senhor sabe o que tem acontecido¿ - Jacob perguntou arqueando uma das sobrancelhas. Estava começando a ficar desconfiado.

- Eu ainda tenho olhos e ouvidos naquela cidade, rapaz. Sei de quase tudo que se passa por lá. Sei que o  “seu padrinho emprestado” o obrigou a se casar após a sua morte. – Ele deu um sorriso sarcástico.

- Como... assim¿ - Ness estava se sentindo tão desconfortável, que mal conseguia falar direito.- Por que... nunca¿

- Filha – O homem começou. – Seu “avô” praticamente me forçou a sair daquela cidade. Ele quase acabou comigo e só me restava acompanhar a sua vida de longe.

- Mas por que¿ - Jacob questionou curioso. Queria saber o que tinha por trás de toda aquela história

- Veja bem. – Ele respirou fundo e iniciou o seu relato. A mulher saiu da sala e os deixou a sós naquele momento. – Seu avô e eu não éramos inimigos. Bem pelo contrário, mas as coisas entre nós mudaram quando seu pai quis se casar com a sua mãe.

- Mas não era para ficarem unidos por isso¿ - Jacob disse.

- Eu não aprovava a sua mãe, querida. Sinto em dizer que fui contra e rompi com meu filho por causa dela. A sua mãe nunca foi um exemplo de virtude e quando era bem nova as coisas que fazia até eram engraçadinhas. Seu avô sempre passou a sobre a cabeça dela e se fingiu de cego. Quando ela atingiu ao auge da adolescência, era uma mulher linda, atraente e muito desejada. – Ness apertou a mão de Jacob, sentindo-se mal como se ouvisse a sua própria história de forma depreciativa.  Ele apoiou a cabeça dela em seu ombro e fez um carinho, para dizer que estava tudo bem. – Sua mãe “saiu”  com todos os homens que atravessaram seu caminho. Quase destruiu muitos casamentos e deixou muitos rapazes apaixonados a beira da loucura. Um belo dia, ela simplesmente acordou “se dizendo” apaixonada pelo seu pai. – O home fez sinal de aspas com os dedos das duas mãos quando disse a palavra “ se dizendo”. Jacob respirou fundo e olhou preocupado para Ness. Sabia que tudo aquilo estava mexendo demais com ela. Começou a se incomodar com o homem.

- Ai o senhor abriu guerra contra os dois¿ - Jacob deduziu.

- Eu não aceitei o namoro e quase enfartei quando sua mãe engravidou. – Ele colocou as duas mãos na cabeça, como se quisesse arrancar os cabelos. Estava vermelho como camarão naquele momento. O clima ficou super chato e foi interrompido pela volta da mulher com uma bandeja de lanches.

- Os biscoitos estão deliciosos. Eu que fiz. – Ela ofereceu e para não fazer desfeita, Jacob e Ness começaram a comer enquanto ouviam o relato.

- Vocês não sabem o que é criar um filho com todo amor, fazer planos para ele e sonhar com seu futuro brilhante para vê-lo destruído. – O homem parecia se segurar para não chorar. Suas feições eram de uma dor profunda. Ness sentiu o coração apertar quando ouviu os fatos. – Seu pai iria para Yale fazer medicina. Ele teria um futuro promissor como médico. Eu guardei dinheiro toda a minha vida para que ele estudasse em uma ótima universidade. Ai... – Ele gargalhou.- Sua mãe engravidou.

- E por isso o senhor e o vovô brigaram¿- Ness conseguiu perguntar.

- Eu queria que seu pai fosse para a universidade e mantivesse o relacionamento a distância, mas seu avô ofereceu um “bom cargo” na sua empresa.  Sua mãe não abria mão de se casar e conseguiu o que queria. Brandon  e eu nunca mais nos falamos. Era terrível ter o ódio do próprio filho. Quanto mais o tempo passava, ele me ignorava mais. Carlisle e eu mantivemos uma relação na berlinda. Ele me fez perder alguns clientes e me ameaçou várias vezes. – O homem estava chorando. – Ele fazia de tudo para defender a filha e apagar os seus erros mesmo quando eram indesculpáveis.  Meu filho, o idiota, não via que a mulher mesmo grávida continuava a dar seus “pulinhos”.

- Herman, por favor.  – A mulher suplicou.- Esta falando da mãe dela. Por pior que seja isso tudo, para ela deve ser difícil ouvir certas verdades. – Ela ponderou.

- Ela quer saber o motivo de nunca termos aparecido. Estou apenas tentando mostrar que nunca tivemos escolha. Nunca nos foi permitido uma aproximação. Nem mesmo no dia do nascimento... Fomos expulsos do hospital como cachorros. – Os jovens ouviam aquilo tudo perplexos. Ness percebeu que a sua vida era um “pequeno”  resumo da vida de mãe. Era horrível ouvir que ela era uma vagabunda. Sentiu tanta vontade de chorar, mas não faria aquilo diante deles. Resguardaria a sua dignidade. Se fosse para chorar, seria sozinha em sua cama. Não diante de estranhos.

- Pula essa parte, por favor. – Ness pediu engolindo seco.

- Quando seus pais morreram, lutamos pela sua guarda. Chegamos a pedir a guarda compartilhada, mas não conseguimos. Seu avô, muito “influente” era amigo do Juiz. Clai por mais que me considerasse, mostraria a sua intenção de escolher o melhor para você. Eu estava quase falido e Carlisle terminou o seu trabalho e afastou todos os meus clientes. Todos deviam algo a ele e fizeram o favor de procurar outro contador. Depois ele me propôs um trato, que me envergonho de ter aceitado, que salvou as nossas vidas. – Ele disse olhando para Alice e pegou a sua mão. – Ele daria dinheiro para montar um novo negócio bem longe de Forks. E nós concordaríamos em nunca te procurar. – Ele olhou para Ness de um jeito estranho. Seus olhos pareciam suplicar por perdão naquele instante. – Eu juro que se houvesse outro jeito... Não houve! Nunca houve! Sempre que tentamos, ele estava lá. A única forma que encontramos de te ver crescer, foi através das fotos e das notícias que recebemos de “velhos amigos”.

- E por que não a procurou quando Carlisle morreu¿ - Jacob perguntou com tom sarcástico. – Sua propina se estendia mesmo depois da morte dele¿

- Veja bem, rapaz...

- OH! É muito fácil colocar toda a culpa nele. – Jacob resmungou.

- Jacob, para! Por favor. – Ness suplicou.

- Tudo bem! Eu me calo. Mas deixo a minha humilde opinião. Carlisle não era o monstro que ele pinta, Ness. E não teve toda a culpa no que aconteceu. Ele perdeu o filho e foi covarde o bastante para não lutar pela neta. – Jacob afirmou.

- Eu quis me aproximar. Mas como faria isso depois de quase dezoito anos¿ Você já é uma mulher. É tão bonita, tão voluntariosa, geniosa, mimada... – Ele hesitou

- Não faça isso, Herman. – A mulher o advertiu.

- Tão vadia quanto a minha mãe. – Ness completou. – Foi por isso que não me procurou. Não queria ver em mim o que odiava em minha mãe¿ Mas eu não sou assim¿ Não totalmente. E Jacob está me ajudando a mudar. Eu estou amadurecendo e tentando fazer as coisas certas. – Ela completou.

- Eu sei, filha! Me desculpe. É a primeira vez que nos vemos e eu despejo toda essa imundice no ventilador. Você não tem culpa do seu sangue.- Ele disse com desprezo e Jacob pigarreou.

- Mas o que os trás aqui¿ - Alice perguntou tentando mudar o assunto. O clima estava muito pesado. Ninguém mais falava nada e todos pareciam com medo de estragarem ainda mais a ocasião.

- O nosso tutor e advogado. – Ness começou e quase não consegui.

- Paladino¿ - Ele perguntou. – Resolveu chutar o traseiro daquele oportunista¿

- Não! - Jacob disse. – Ele foi assassinado.

- O que¿ Como assim¿ - O homem fez uma expressão de susto, que Jacob jurava ser fingimento.

- A garganta dele foi cortada. – Ness disse.

- Isso é horrível. Quem faria tamanha maldade¿ - Alice perguntou.

- A mesma pessoa que tenta nos matar e tem cometido assassinatos. Se você tem realmente espiões em Forks devera saber disso. – Jacob disse em tom zangado. Estava louco para ir embora dali. A conversa com os avós de Ness o tinha aborrecido muito. Não por ele, mas por vê-la tão chocada com as revelações sobre a mãe.

- Eu não tenho “espiões” . – Disse fazendo aspas com as duas mãos. – Eu tenho amigos.

- Que seja! – Jacob resmungou.

- Estamos aqui, porque o juiz nos advertiu que meus tios vão pedir a tutela. Se eles conseguirem, vão detonar com a nossa herança. A única forma de evitar isso é indicando o tutor. E se ele for da família, maior a possibilidade de aceitação. É claro que para quem entende o alfabeto, um pingo é letra. E depois ele nos falou sobre o senhor. É por isso que estamos aqui. – Ness disse para o avô

- Vocês me querem como tutor¿ É isso¿ - O homem perguntou.

- É mais ou menos isso. – Ela hesitou por um momento e veio uma idéia louca a cabeça. – E... se quiserem viver conosco. – Jacob quase pulou da poltrona. Apertou-lhe a mão tão forte que quase a machucou. Ela tentou se libertar sem deixar os avós perceberem a situação.

- É tentador, mas temos nossa vida.- Ele respondeu e Jacob soltou um suspiro de alívio que não durou muito. – Só que eu te devo tanto por esses anos de ausência. É tão difícil recusar um pedido nessas circunstâncias.

- Então o senhor aceita¿ - Ela perguntou.

- É claro que ele aceita. – Jacob deu um sorriso malicioso para ele. – Mas é temporário. Apenas até descobrirmos uma forma legal de não termos um tutor antes do término da faculdade.

- Sei que você está relutante, rapaz. Não precisa se aborrecer comigo. Confiar o dinheiro a um estranho é muito complicado, mas eu nunca faria mal a minha neta. – Ele disse para Jacob.

- O senhor, se não percebeu, já fez mal a ela quando acabou com a boa memória da sua mãe. E o meu dinheiro, não confio nem a minha própria sombra. – Jacob respondeu de forma dura.

- Jacob, acho que devemos falar a sós. – Ness disse fuzilando o com o olhar.

- Vamos dar um tempo para eles, Herman.- Alice disse ao marido.

- Tudo bem! Acho que diante de tantas coisas é normal desconfiar de todo mundo. Eu nem me sinto a vontade sabendo que ele está assim tão desconfortável. – Os dois se levantaram e saíram.

- Mas o que foi isso¿ - Ness bateu no braço dele.

- O que foi isso¿ O homem só faltou chamar a sua mãe de galinha e você confia nele¿ Você viu o ódio que ele falou da sua família. Eu não acho que ele goste tanto de você para fazer tamanho sacrifício, querida. Não acho mesmo! E esse dinheiro também é meu. – Ele disse relutante.

- Jacob, ele é meu avô. No momento só temos ele contra os meus tios. Podemos fazê-lo assinar um contrato ou coisa assim. Não faça isso agora! – Ela implorou abraçando o. Além disso, eu mereço a chance de estar perto da minha família.

- Ness eles não são sua família. São apenas parentes distantes. Não vê que é um erro¿ Ainda quer colocá-los para morar de baixo no nosso teto¿ Eu não quero dividir a casa com estranhos. – Ele permaneceu firme na sua decisão.

- Se você tivesse um avô que não viu há anos. Se fosse o pai da sua mãe, que nunca conheceu... Ah, Jacob! Você está sendo cruel comigo. – Ela choramingou.

- Eu estou apenas tentando protegê-la de gente interesseira. Eu prometi isso diante do túmulo do seu avô. – Ele disse.

- Você prometeu¿ Mesmo antes do testamento¿ - Ela perguntou.

- Eu prometi te proteger, cuidar e... fazer o possível pela sua felicidade. Foi um ato de impulso no momento de dor. Se soubesse que isso iria me custar tanto...

- Chato!

- Burra!

-Jacob, por favor! Por favor! Eu quero ficar perto deles. – Ela segurou o rosto dele com as duas mãos. Os olhos estavam cheios de lágrimas naquele momento.

- O que você não me pede que eu não faça, garota¿ Você parece uma bruxa, sabia¿ - Ele a abraçou. – Mas eu não confio neles. Ele é interesseiro, Ness. Eu vi isso em seus olhos. Vi fingimento neles dois. Posso estar enganado, contudo alguma coisa me diz que vamos nos arrepender por isso.

- Então você concorda¿ - Ela perguntou beijando os seus lábios.

- Mas é provisório. Entendeu¿ Um mês de hospedagem. – Ele afirmou.

- Cinco meses. – Ela pediu.

- Dois meses¿ - Ele rebateu.

- Quatro. – Ela insistiu.

- Três e não se fala mais nisso. – Jacob deu a sua ultima palavra.

- Tudo bem! Pediremos para eles ficarem conosco três meses para nos conhecermos melhor. Se der alguma coisa errada, eu assumo a responsabilidade. – Ela afirmou de forma segura.

- OK! Vamos dar a noticia a eles. E seja o que Deus quiser.

[...]

Jacob e Ness foram ao escritório da empresa de Carlisle e conversaram com o presidente. O colocaram a par da situação e pediram que os advogados da empresa tomassem a frente do caso. Eles precisavam de uma representação jurídica no pedido de tutela que seu avô faria.

Depois de tudo acertado, foram direto para o cemitério de Forks e quando chegaram foram cercados por um batalhão de repórteres.

Os seguranças tentaram levá-los para o local onde Dr Paladino seria enterrado de forma discreta... Aquilo não foi possível.

Os olhares dos moradores de Forks estavam sob os dois. Todos cochichavam enquanto o padre fazia um dos seus famosos sermões. Aquilo deixou Ness extremamente constrangida. Se sentia com um alvo sobre a testa. As pessoas deixavam claro o quão perigoso era ficar perto dos dois. E nem mesmo as suas amigas se atreveram uma aproximação mesmo com o local cercado por policia local e do FBI. Ninguém queria correr o risco de morrer. A morte de Sam era um claro exemplo que nenhum deles estaria a salvo perto do casal.

- Por que não me jogam logo em uma fogueira¿- Ela resmungou no ouvido de Jacob.

- Não seja dramática. – Ele respondeu.

- Estão nos tratando como leprosos, Jacob. Não tenho nenhuma doença contagiosa. – Ela disse chorosa. Estava se sentindo magoada com a rejeição das pessoas. Nunca se sentira tão humilhada quanto naquele momento. – Claire, Carly, Nathaly e July me pagam. – Continuou resmungando.

- Se continuar assim, perderá o discurso sobre o descanso eterno que o padre está terminando.

- Quem se importa com o descanso eterno com esses abutres fofoqueiros cochichando sobre nós. Ninguém está prestando a atenção no que esse gagá está falando.

- Shiii! – Uma senhora ao advertiu há alguns metros de distância e os dois se seguraram para não mandarem a mulher pastar.

- Que feio, Nessezinha! Você quase não vai a igreja, não confessa e ainda fala mal do padre¿

- Confessar¿ Céus, se eu começar a me confessar com ele – Ela se segurou para não rir. – Ficarei um ano inteiro no confessionário. Isso sem falar na penitência que ele certamente me daria.  Aff.

- Você tem tantos pecados assim, é¿- Ele perguntou, abraçando a por trás.

- Como se você não soubesse. – Ela respondeu.

- Não serei eu a atirar a primeira pedra. – Ele deu um leve beijo no seu pescoço.

Os dois continuaram incomodados com as pessoas e o sermão, que demorou quase uma hora com o padre falando sobre o paraíso, o apocalipse e os princípios cristãos. Depois ainda se meteu contar a vida dos Paladinos que passaram em Forks. Quando o defunto finalmente foi enterrado e as pessoas começaram a sair, a esposa de Paladino, que estava com as duas filhas, chamou a chamou.

- Renesmee Cullen¿- A mulher chamou e os dois viraram para encará-la. Esperaram a aproximação, imaginando mais uma cena de escândalo. Era só o que faltava naquele velório. Tirou um envelope do paletó e entregou a Ness. – Eu encontrei esse envelope com seu nome no escritório lá de casa. Não sei o que significa, mas acho que ele queria que chegasse a você. – Ness pegou o papel e sem dizer mais nada a mulher e as filhas saíram caminhando com a multidão de Forsk.

- O que será¿- Jacob perguntou curioso.

- Se seu não abrir, não saberemos o que é. – Ela abriu o envelope e tirou uma velha fotografia. Era vários jovens com vestes luxuosas. Provavelmente em um baile. Eles reconheceram algumas das pessoas. O coração de Jacob gelou ao ver os seus pais na foto.

- OH! Esses são... – Ele nem conseguiu falar.

- Seus pais. – Ela disse.

- E os outros¿ Quem serão¿ - Ele perguntou.

- Vamos perguntar ao juiz Bristop. Talvez ele saiba quem são essas pessoas. – Ness respondeu.

- E se o assassino estiver nessa foto¿ Por que Paladino mandaria uma foto para você¿ Só pode ser isso.- Jacob estava com o coração acelerado. Aquela era a pista mais forte que tinham até aquele momento. Precisavam alcançar o Juiz para saber quem eram aquelas pessoas.

Os dois correram até alcançarem o Juiz. As pessoas olharam curiosas para a cena. Algumas até pararam para observar o que se passava.

- Sr Clai! Sr Clai! – Ness Chamou.

- Oi, querida! – O Juiz parou para atendê-los.

- O Sr Paladino deixou uma foto para mim. O senhor pode nos dizer quem são essas pessoas¿ - Ness entregou a foto para ele. O homem observou atentamente aquela foto franzindo o cenho.

-Acho que é um baile da escola de Forks¿ - Ele disse.

- Um baile de formatura¿ - Jacob perguntou.

- Não! Está vendo esse aqui. – Ele apontou. – É o meu irmão e essa roupa foi a que usei no meu baile de formatura. Lembro que minha mãe brigou muito para ele usar nessa festa. Sei que não é de formatura, porque ele teve roupas novas naquele ano.- Afirmou. – Esses são seu avós,Calisle e Amy. Aqui os seus pais Billy e Sarah. Os pais do falecido Sam Uley, o delegado Cartes, a tia as sua amiga Clair Young, Paladino... Muitos eu não reconheço. Deixa eu tentar me lembrar.- Ficou em silêncio por um momento e voltou a falar. – A avó das suas “amigas” Denalis. Ela é a falecida mãe do pai delas. Acho a maioria dessas pessoas morreram ou se mudaram de Forks, ironicamente. Não consigo reconhecê-los.

- Não reconhece os outros¿ O assassino pode estar nessa foto, Sr Clai  - Ness disse.

- Sr Bristop é importante demais saber quem são as outras pessoas a foto. Se a maioria já morreu, o assassino pode estar mais perto do que pensamos. – Jacob falou.

- Paladino não deixaria uma foto como pista. Ele provavelmente queria dar uma lembrança dos seus avós Ness.

- Pode ser. – Jacob respondeu frustrado, sabendo que aquilo bem poderia ser verdade.

- Mas e se não for¿ Se ele deixou para parecer isso e na verdade for uma pista¿ - Ness perguntou.

- Então sugiro que vocês procurem no livro anual daquele ano. A biblioteca da escola de vocês pode ajudar a descobrir quem são os outros. Ou... Procurem alguém mais velho do que eu. –Ele respondeu.

- Obrigada pela atenção, Sr Clai.

- As fofoqueiras da cidade adoram quando me trata com intimidade, filha. Daqui a pouco vão dizer que está dando em cima de mim. – Ele beijou a testa de Ness carinhosamente. – Nos vemos no enterro de Sam mais tarde. – Ele se despediu do casal.

- Jacob, eu tenho certeza que aqui tem uma pista. – Ness disse sentindo uma excitação com a nova evidência.

-Acho que é só uma lembrança. – Ele disse um pouco desapontado. – Mas em fim temos fotos de nossa família. A minha mãe era tão linda. – Ele disse com os olhos cheios de lágrimas. Olhou a foto dos pais mais uma vez e se sentiu estranho.

- Vamos para casa! Ainda temos que enfrentar os repórteres. E quero descansar antes de voltar ao cemitério novamente.

Jacob passou a mão por trás das suas costas, tomando sua cintura, e os dois caminharam junto as pessoas. Os seguranças logo os escoltaram até o carro, passando pelos curiosos e repórteres. No caminho, os dois foram pensando sobre a foto e na possibilidade de ser uma pista. Sabiam que Dr Paladino não era a pessoa mais caridosa para deixar uma fotografia de recordação. Por mais absurdo que parecesse, tinham a nítida impressão que haviam deixado passar algo de muito importante.

“O que aquilo significava¿ Qual a intenção do defunto ao deixar aquela fotografia¿ Como descobriam isso, sem nem mesmo podiam sair de casa em serem seguidos¿ A coisa toda poderia ficar mais complicada¿”

Nota Glau
Sara e anônimos, obrigada pelos comentários do ultimo cap

Peço que digam coisas engraçadas para o Enterro do Sam. Estou pensando um alguns barracos básicos. Ajudem-me nisso, por favor.

Peço desculpas pela demora, mas essa semana foi corrida e só terminei o cap na terça feira. Estive atarefada e não consegui revisar. A Leka só me respondeu hoje e a Heri anda bem ocupada.
Tentarei postar na terça feria, mas não garanto. Estou cheia de cólicas e com dor de cabeça. Até isso passar, fico enjoada e com os nervos a flor da pele.
Espero que me perdoem se demorar um pouco mais.
Bem nesse cap tem fatos importantes a serem analisados. Então comessem a colocar a cabecinha de vocês para trabalhar.
Outra coisa, é essa fic não será muito longa. Creio que em uns dez caps mais estarei terminando. Já não estou com pique, tempo e tão animada para escrever. Se conseguir postar dois caps por semana, creio que no meado de junho estarei terminando.

Obrigada por tudo!

Boa leitura e bjus no core


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