domingo, 15 de maio de 2011

Pena de anjo12


CAPÍTULO 12
by ValentinaLB

... - Tudo bem com você, Bella? – Perguntei, com a testa encostada na sua e nossas bocas praticamente unidas ainda. Minhas mãos continuavam segurando sua face.
- Ham, ham! – Eu adorava esse seu jeitinho de responder.
- Tudo bem se fizermos de novo? – Sorri de felicidade ao perguntar, independente se aquilo se repetiria ou não.
- Ham, ham! Bella também sorriu, acentuando ainda mais a beleza de seu rosto, rosado pelo acanhamento.
E, como se conhecesse o caminho há muitos e muitos anos, minha boca voltou a colar-se a sua, extasiando-se com aquele beijo quase angelical.

- Foi ruim, Bella? – Perguntei, ainda com seu rosto entre minhas mãos. Temia ter sido muito ousado.
- Não, Edward, não foi – Ela falou sorrindo meio sem graça, com a respiração ainda ofegante, mesmo nosso beijo tendo sido calmo e rápido.
Seus olhos verdes brilhavam enquanto fitavam os meus.
- É só isso que vai dizer? E aquela parte em que você diz que eu beijo super bem? – Brinquei, sorrindo torto, deixando-a mais vermelha ainda.
Bella riu.
- Tá bom, Edward, foi perfeito – falou toda dengosa.
- Jura? – Queria que ela se abrisse mais, que botasse pra fora seus sentimentos.
- Ham, ham. – Lá vinha ela com sua resposta típica.
- A gente vai poder se beijar assim a toda hora? – Agora a pergunta, por mais que parecesse brincadeira, era séria. Eu queria mesmo saber se tínhamos realmente quebrado essa barreira definitivamente.
- Ham, ham.
- Jura? – Custava nada confirmar mais uma vez.
- Para quem se intitula um exímio beijoqueiro você fala muito, Edward.
Bella tomou a iniciativa e me beijou, invadindo minha boca com sua língua antes que eu esboçasse qualquer reação.
Foi o melhor beijo de todos. Nossos corpos ainda não se tocavam, exceto suas mãos que afagavam meus cabelos e as minhas, que seguravam seu rosto.
Eu estava completamente arrebatado com sua atitude. Estava sendo mais fácil do que imaginei. Era longe de ser uma relação normal entre homem e mulher, mas a intensidade das sensações compensava a escassez de intimidade.
- Sabia que foi a primeira vez que eu beijei? – Bella falou timidamente.
Ainda estávamos nos tocando, forçando nossos rostos a ficarem próximos, como se no pequeno espaço entre eles tivéssemos criando um mundo só nosso, onde os medos não podiam entrar.
- Ham, ham! – Falei, imitando sei jeitinho de responder.
Era a primeira vez que a palavra namoro começava a ter algum sentido entre nós, nem que para isso eu tivesse que recorrer a silogismos.
“Os namorados se beijam... Nós nos beijávamos... Logo nós éramos namorados!!”
Pouco depois Bella foi embora. De certa forma fiquei aliviado. Quanto mais intimidade tínhamos, mais difícil se tornava para eu controlar minha excitação. Não queria que ela notasse meu estado. Tudo o que eu não precisava agora era estragar o que já havíamos conquistado.
Combinamos de almoçar na casa de meus pais no dia seguinte. Era o tradicional almoço de sábado em família e agora Bella participaria dele. Liguei para minha mãe avisando que a levaria.
- Vai ser um prazer recebê-la, filho. Não quero ser inconveniente, mas vocês estão namorando? – Minha mãe sempre fora muito discreta em relação a nossa vida pessoal.
- Estamos mãe. Eu estou completamente apaixonado por Bella e ela também está gostando de mim – falei. Era a primeira vez que assumia uma paixão tão explicitamente.
- Fico feliz por vocês, Edward, mas já contou para Bella que já a conhecia e sobre as coincidências que envolveram estes encontros? – Tinha preocupação na voz de Esme.
- Não mãe, ainda não. Não acho que seja o momento certo. – Este era um assunto que me deixava extremamente desconfortável.
- Todos os momentos são certos para a verdade, meu filho. Começar um relacionamento mentindo ou omitindo pode ter conseqüências catastróficas.
A sabedoria de minha mãe às vezes era irritante.
- Eu sei mãe, mas tenho medo que, se souber, Bella se afaste de mim. Deixe-me só ganhar sua confiança, aí eu conto. – Era neste argumento que eu me segurava quando sentia-me traindo a confiança de Bella ao esconder dela que conhecia sua história mais do ela podia imaginar.
- Você é quem sabe, Edward. Não quero me intrometer. Vai ser maravilhoso receber sua namorada aqui em casa, afinal de contas será a primeira vez que virá acompanhado.
- Bella é muito especial para mim, mãe. Ela é a mulher da minha vida. Quero me casar com ela, ter filhos, netos... Envelhecer ao seu lado. – Segundo o suposto anjo isso já tinha dado certo uma vez.
- Que bom que encontrou finalmente alguém com quem queira formar uma família, meu filho, mas... – Quando minha mãe falava “mas” eu tremia na base. - Edward, longe de mim querer falar de sexo com você, mas seu pai comentou que vocês não podem se tocar devido aos traumas dela. Está mesmo disposto a se tornar abstêmio enquanto Bella não se curar? Você só tem vinte e cinco anos, Edward! Vai conseguir ficar meses ou até anos sem transar?
- Mãe?!!! – Eu tinha fugido desta conversa a adolescência toda e não era agora que a teria.
- Eu também fico constrangida de falarmos sobre isso, Edward, mas eu me preocupo, filho. Não quero que seja infiel a esta menina, indo procurar satisfação com outras. Ela já sofreu muito, coitadinha.
- Mãe, eu nunca faria isso com Bella!!  Pode deixar que da minha libido eu sei cuidar; e vamos mudar de assunto, pelo amor de Deus!!
- Tá bom, não está mais aqui quem falou.
- Tchau, mãe, até amanhã. Te amo.
- Também te amo filho! Até amanhã .
Desliguei o telefone e fiquei pensando nas palavras dela. E se realmente demorasse anos para Bella conseguir se entregar por completo a mim? Por quanto tempo eu conseguiria ficar sem sexo sem começar a descontar minhas frustrações nela?
Balancei a cabeça espantando aqueles pensamentos. Não demoraria tanto assim. Eu já estava me tornando único para Bella, assim como ela era única para mim... Em pouco tempo não haveria mais nenhum empecilho entre nós.
Dormi me lembrando do sabor doce da boca de Bella. Sonhei que fazíamos amor e, como se fosse um garoto de treze anos, acordei precisando de um banho. E pensar que nosso namoro estava apenas começando...
 Já eram mais de dez horas quando me levantei. A melhor parte das férias era não tem de acordar às seis da manhã.
Busquei Bella em sua casa por volta do meio dia. O almoço na casa dos meus pais sempre saía tarde. Bella estava linda. Vestia um vestido branco com bolinhas pretas e uma sandália baixinha também preta. Estava linda.
Ela já me esperava na calçada. Provavelmente para que eu não descesse e seus pais me vissem.
- Oi amor, está linda – falei, deslumbrado com sua beleza.
- Oi Edward, obrigada.
Fiquei olhando em seus olhos, louco para lhe beijar, mas sem saber se devia.
Aproximei-me lentamente e dei um selinho em sua boca. Melhor começar devagar.
- Bella, já falou com seus pais sobre nós? – Perguntei, enquanto dirigia para minha antiga casa.
- Falei só com a minha mãe. Ela está louca para te conhecer. Meu pai está viajando a negócios. Quando ele voltar, vou te convidar para jantar lá em casa.
- Eu vou adorar.
- Em que seu pai trabalha? – Aproveitei a oportunidade para conhecer um pouco mais sobre sua família.
- Ele é advogado e tem um escritório. Uma firma famosa de Nova York o convidou para uma reunião. Minha mãe acha que vão lhe propor sociedade – falou animada.
- E sua mãe, o que faz.
- Ela é advogada também. Trabalhava com meu pai, mas tivemos uns problemas em casa há dois anos  e ela parou de trabalhar fora. Agora ela presta serviço voluntário para uma ONG, dando consultoria jurídica a pessoas de baixa renda pela internet.
Bella parecia se dar muito bem com a mãe. Seus olhos brilharam quando falou do trabalho altruísta dela.
- Você sempre morou aqui em Chicago? – Esperava que ela não me achasse muito enxerido.
- Sim, eu nasci e sempre morei aqui. Ficamos um ano e meio fora, quando eu... Quando eu tive uns problemas de saúde. Fomos morar em Forks, uma cidade bem pequena, no Estado de Washington. Meus pais acharam que a vida no interior me faria bem, mas eu preferi voltar para cá. Dava para perceber o quanto eles estavam se sacrificando por mim e decidi que não mereciam aquilo, então falei que queria voltar e estamos aqui. – Era notório que se sentia culpada em relação ao sofrimento que causara aos pais.
- Qual foi o problema de saúde que você teve?
Pressentia que estava entrando em terreno perigoso, mas quem sabe ela já se sentisse à vontade para me falar de suas tentativas de suicídio. Tinha curiosidade em saber se tinha tentado outras vezes. Queria muito poder conversar abertamente com Bella sobre este assunto, mas a iniciativa teria de vir dela.
- Eu tive depressão – limitou-se a dizer, sem dar mais detalhes.
A chegada à casa de meus pais interrompeu nossa conversa. Esme nos esperava na porta da frente, com seu sorriso acolhedor de sempre. Nossa casa era uma mansão rodeada de árvores que encantava todos que a visitavam. Percebi que com Bella não foi diferente.
- Seja bem vinda, querida! É um prazer tê-la aqui conosco – Esme falou. Como era próprio de minha mãe nunca ser indelicada, limitou-se acenar com a cabeça para Bella, fazendo questão de não colocá-la em uma situação constrangedora.
- Obrigada, Esme. Sua casa é linda! – Bella falou, se mostrando bem simpática.
- Oi filho, Deus te abençoe, querido! – Sem resistir em manter o padrão anterior, me abraçou ternamente e beijou meu rosto.
- Oi mãe, está linda, como sempre. – E estava mesmo. Ela não parecia ter filhos adultos. Sua beleza era delicada e a deixava com ar de menina. Quando saíamos juntos, ela e os filhos, parecia mais nossa irmã do que mãe.
Meu pai e o resto da família, que já tinha chegado, também vieram nos cumprimentar, cuidando para não tocarem em Bella. É claro que Alice se empolgou e por muito pouco não se atirou nos braços de Bella. Só não o fez porque Jasper, seu marido, a segurou disfarçadamente, evitando o embaraço.
Apresentamos Jasper a Bella, pois ela ainda não o conhecia. No dia da festa ele estava de plantão, pois, assim como o resto da família, também era médico.
Quem mais ficou alegre em ver Bella foi Ethan, que correu para seus braços, desconsiderando qualquer impedimento que o separasse de sua nova melhor amiga.
Ela o abraçou e deu muitos beijos em sua bochecha gordinha.
Até que a babá o buscasse para tomar a sopinha, ele monopolizou a atenção de Bella.
- Já estou ficando com ciúmes de Ethan – brinquei, falando baixinho em seu ouvido. – Ele tem regalias que eu não tenho. – Como queria abraçá-la como aquele pestinha fazia!!!
Bella apenas riu sem graça.
- Você é um bobo mesmo...
O almoço estava delicioso e passamos o tempo todo dando risadas das palhaçadas de Emmet.
Bella parecia estar se divertindo muito. Eu não me cansava de observá-la e me encantar com seu sorriso. Ela ria com a alma.
Depois do almoço fomos sozinhos para o jardim, que era imenso e cheio de árvores.
- Obrigada por ter vindo, Bella. Você é a primeira namorada minha que participa do nosso almoço de sábado. Estou muito feliz por tê-la trazido.
- Verdade? – Ela realmente demonstrava surpresa.
- Você é muito especial para mim, meu amor. Nunca imaginei amar como a amo. Te trouxe porque queria que minha família soubesse disso.
- O que eu sinto por você também é muito forte, Edward. Quando estamos separados eu sinto tanto a sua falta que chega a doer.
- Vamos ter minhas férias inteiras para ficarmos juntos o tempo todo. Se quiser pode até dormir lá na minha suíte.
Meu Deus, olha a besteira que eu tinha acabado de dizer!
Bella ficou vermelha na hora e era nítido seu nervosismo.
- Bella, desculpe-me, eu me expressei mal. Não é no sentindo que você está pensando. Eu só quis dizer que por mim ficávamos juntos o tempo inteiro.
- Edward, você não precisa ficar se explicando. É mais do que normal que pense em sexo. Você é um homem de vinte e cinco anos, não há nada de errado nisso. A errada e estranha aqui sou eu.
- Bella, seria muita hipocrisia minha negar que não te desejo como mulher. É claro que eu quero te ver curada , que quero abraçá-la, beijá-la, amá-la... Mas eu vou respeitar seu tempo. Não quero forçá-la a fazer nada que não esteja preparada para fazer. Não se preocupe comigo, eu sei me controlar.
- Obrigada por sua paciência, Edward. Realmente não sei se mereço tanto.
Aproximei-me dela e segurei seu rosto com as mãos. Bella se enrijeceu por segundos, mas depois relaxou.
- Você merece todo meu amor, Bella. Confie em mim.
- Você é meu porto seguro. Eu te amo muito.
Nos beijamos embalados pelas batidas aceleradas de nossos corações. Nossos corpos não se tocavam, mas a energia que os unia podia ser sentida. Era como se estivéssemos numa redoma, unidos  por uma força maior que qualquer medo ou trauma.
O grito de Emmet nos chamando nos tirou daquele momento perfeito.
- É melhor irmos antes que pensem que estamos fazendo algo errado. – Bella comentou, não sei se brincando ou falando sério.
- Ele não vai parar de gritar enquanto não aparecermos na sua frente.
Emmet queria que fôssemos assistir filme. Já estava tudo pronto para a sessão da tarde: pipoca, luz reduzida e almofadas espalhadas sobre o confortável tapete da sala de televisão.
- Alice pode dar play porque os pombinhos chegaram. – Emmet estava ansioso como uma criança. Era bem típico dele.
Eu e Bella nos sentamos na poltrona que estava vazia. A falta de espaço fez com que ficássemos mais próximos do que o de costume.
Nem bem o filme tinha começado, percebi que Bella estava bem sonolenta.
- Quer ir embora, amor, parece com sono? – Perguntei bem baixinho.
- Não se preocupe comigo, Edward. São os remédios que me deixam assim. Eu os tomo logo depois do almoço e fico assim por um tempo. É por isso que às vezes deixo de tomá-los, eles praticamente me dopam.
- Quer deitar no quarto de hóspedes ou prefere ir embora? – Perguntei novamente, vendo que suas pálpebras estavam a ponto de se fecharem.
- Não quero estragar seu dia com sua família.
- Ei, você não está estragando nada. – Falei carinhosamente para que entendesse que nada era mais importante para mim do que seu bem estar.
- Pessoal o filme vai ficar para outra hora. Eu e Bella já vamos indo.
Despedimo-nos de todos, e entramos no carro. Bella já quase não se agüentava em pé. Dormiu todo o caminho de volta, lindamente encolhida no banco. Eu quase não conseguia prestar atenção no trânsito, hipnotizado pela doçura do seu sono.
Preferi levá-la ao hotel. Fiquei meio envergonhado de chegar a sua casa com ela dormindo e ter de enfrentar sua mãe sozinho.
Quando parei o carro no estacionamento, tentei acordá-la, mas me pareceu uma missão impossível. Ela estava profundamente adormecida.
Dei a volta no carro e a retirei, pegando-a em meu colo. Seu corpo leve e frágil se uniu ao meu. Sem consciência do que estava fazendo, Bella abraçou meu pescoço, envolvendo-o com seus braços e descansou o rosto em meu peito.
Não há como descrever o que eu senti naquele momento. Eu tinha Bella em meus braços... Pela primeira vez, senti o calor de seu corpo se espalhar pelo meu.
Subi o elevador totalmente em estado de graça. Gerson, o ascensorista, ficou me olhando com cara de espanto, possivelmente intrigado com meu semblante de felicidade.
Entrei na suíte e, descontente com nossa separação, coloquei-a delicadamente na cama, retirando suas sandálias. Seu vestido subiu um pouco e pude admirar suas pernas torneadas. Puxei-o rapidamente antes que perdesse de vez o controle.
Sentei-me ao seu lado para ajeitar o travesseiro e fiquei ali, velando seu sono com uma alegria sem precedentes tomando conta de mim. Não tinha nada mais lindo do mundo do que ver Bella dormindo...
De repente imagens meio apagadas de uma garotinha sonolenta rezando, deitada em uma cama que parecia muito antiga invadiram minha mente.
“ Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege...me guarde... me governe... me ilumine, amém!” – Pedia uma vozinha meiga e infantil.
As lembranças, assim como vieram, sumiram, mas uma sensação de plenitude tomou conta de mim e da minha alma.
- Dorme, Bella, eu estou aqui com você... – Sussurrei.
E foi o que fiz o resto da tarde. Era melhor nem procurar explicação para o que acabara de acontecer...

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