quinta-feira, 23 de junho de 2011

Crisalida25


CAPÍTULO 26 – NO AMOR E NA GUERRA
By ValentinaLB

POV EDWARD

Quando saí daquela casa, eu mal conseguia respirar, tão nervoso que estava. Minha vontade era procurar esse tal de Jacob e quebrar a cara dele. Nunca tinha sentido tanto ciúme de uma pessoa quanto sentia de Isabella. O dor de perdê-la já era lancinante, mas imaginá-la nos braços de outro era simplesmente insuportável. Ainda que eu merecesse seu desprezo, entregá-la o outro de mão beijada era algo que não estava disposto a fazer, ou melhor, eu não faria.
Tinha errado muito, sabia disso, mas erraria mais ainda se não lutasse para consertar a bobagem que tinha feito, afinal era para ter de volta a razão da minha vida que eu estava batalhando. 
Fui para meu apartamento. Talvez um banho me ajudasse a esfriar a cabeça.
Banheira, televisão, música, vídeo game... Tentei de tudo, mas as imagens de Isabella viajando com um homem ao seu lado ocupavam completamente minha cabeça.
A noite foi terrível. Nas poucas horas que dormi tive um pesadelo onde ela me mostrava sua barriga enorme, anunciando que estava grávida de Jacob. Acordei ofegando, molhado de suor. Olhei o relógio e eram sete horas. Precisava me arrumar para ir ao hospital, mas era difícil me concentrar em alguma coisa que não envolvesse a viagem de Isabella. Quando percebi estava discando o número de seu celular. Definitivamente eu estava perdendo minha racionalidade. Não me importava mais com as convenções, “inconveniente” era meu segundo nome.
- O que você quer, Edward? – Isabella perguntou friamente, já sabendo que era eu no telefone.
- Bom dia pra você também, Isabella!  - Tentei ser mais agradável que irônico.
- Bom dia, Edward, mas fala logo o que quer. – Apesar da raiva que estava de mim, ela ainda tinha dificuldade de ser completamente rude comigo.
- Só queria te pedir que não fizesse uma besteira como a que eu fiz, Isabella. Não faça nada impensado nem movida pelo desejo de vingança. Não se desrespeite por minha causa.  – Mesmo tomado pelo desespero, tinha muita coerência naquilo que estava dizendo. Eu verdadeiramente temia que ela se entregasse a Jacob apenas para me atingir, sem levar em consideração seus princípios. Temia por mim também, não podia negar. Se Isabella se entregasse a outro, não sei o que seria de mim.

- Edward, guarde seus conselhos para seus pacientes e pare de se meter na minha vida. – Eu a tinha ajudado a se tornar esta mulher segura que falava comigo agora, mas não imaginei que seria a primeira vítima de sua transformação.
- Não vou parar não, Isabella. Vou te vencer pelo cansaço, menina! – E ia mesmo...  
Isabella desligou o telefone na minha cara.
Não dava pra negar que minha menina estava se saindo muito bem. Ri ao me lembrar de suas palavras. Ela tinha razão, eu realmente falei como um médico. Era a criatura superando o criador. Era eu quem me sentia o inseguro e imaturo agora. Não só me sentia, como agia assim também.
Nos meus cálculos eles chegariam por volta das duas da tarde. Pedi minha avó que ficasse de olho e me avisasse assim que Isabella entrasse em casa.
Mal consegui prestar atenção nas aulas. Olhava o celular toda hora.  A demora deles só podia significar uma coisa, eles estavam fazendo algo mais do que falarem com a tal da D. Norma.
Já tinha voltado pra casa. Eram mais de sete da noite e nada deles voltarem. Meu coração sangrava no peito. As imagens dos dois juntos invadiam minha cabeça, levando-me quase à loucura. Seja lá o que fosse que tivesse havido entre eles, eu não ia querer saber. Há um limite para a dor. Detalhes não ajudariam em nada.
Resolvi que não ligaria nem procuraria mais Isabella. Não correria o risco de ouvir de sua boca que ela estava namorando o tal de Jacob.
Berta me ligou pouco depois das nove horas, avisando que Isabella acabara de chegar.
Minha voz triste deixou  claro para ela o que eu estava prevendo que tivesse acontecido.
- Calma, querido, conhecendo Bella como conheço, acho impossível que algo mais íntimo tenha acontecido entre eles, ela não faria isso, mesmo considerando que foi perdidamente apaixonada por ele.
- O que está dizendo, vó? – Isabella apaixonada? Ouvi direito?
- Bella não te contou? – Tinha um tom de surpresa em sua voz.
- O que ela teria de ter me contado? Por favor, vó, explique essa história direito – implorei.
Berta então me contou tudo que sabia sobre o amor platônico que Isabella nutriu pelo marido da melhor amiga por tantos anos. Contou também que foi só por ter citado esta paixão que ela acabou cedendo, resolvendo dançar em seu aniversário.
Então era pra ele que ela dançou daquela forma? Era nele que pensava enquanto seu corpo se movia como se fizesse amor...
- Edward? – Berta percebeu meu silêncio. Eu estava em choque.
- Querido, só te contei isso para que saiba com o que está lidando. Precisa se dedicar com afinco a reconquistar Isabella. É você quem ela ama agora, não tenho dúvidas disso, mas precisa ser rápido para não perdê-la.
- Vó, vou desligar agora. Depois a gente se fala.
Soltei o telefone e levei minhas mãos à cabeça. O que minha avó tinha me dito mudava tudo. Isabella poderia não ter agido por vingança, como pensei, provavelmente ela se entregou por amor, afinal de contas Jacob agora era um homem livre.
Um buraco se formou em meu peito. Senti-me como um vampiro, existindo sem estar vivo.
Os dias seguintes foram um tormento. Não liguei mais para Isabella. Cogitei até a possibilidade da voltar para a Inglaterra. Não via muito sentido em continuar me martirizando, correndo o risco de encontrá-la com ele em algum lugar.
Aquele dia estava sendo o pior de todos. Soube que Berta e Renne viajariam e que Isabella dormiria sozinha, pois Carmem também estava fora. Minha avó me contava tudo o que sabia sobre Isabella. Eu acompanhava sua rotina, mesmo sem vê-la, uma forma que encontrei para estar mais perto dela.
Bastou saber disso para ficar fantasiando a possibilidade de Jacob passar a noite lá. Foi terrível.
No fim da tarde as nuvens começaram a ficar carregadas, anunciando que uma chuva forte desabaria a qualquer momento.
As lembranças da última tempestade voltaram a minha mente. Nunca mais veria uma sem me lembrar de Isabella.
A noite começava a cair e uma idéia fixa martelava em minha cabeça. Isabella ficaria apavorada se estivesse sozinha, o que não tinha certeza.  
Se me encontraria com ele ou não, não importava, o fato é que não iria arriscar em deixá-la  só. Talvez ela nem sequer abrisse a porta para mim, mas eu iria de qualquer jeito. Eu amava muito Isabella e protegê-la era mais que uma obrigação, era um prazer.
No caminho percebi que os raios e trovões estavam cada vez mais fortes e constantes. Assim que cheguei, liguei em seu celular para que abrisse o portão para mim, sentindo o coração na boca de medo de ouvir Isabella dizer que Jacob estava com ela.
- Alô! – Sua voz era de quem estava em desespero.
- Bella, por favor, abra a portão para mim. Estou aqui fora, na porta da sua casa. – Foi mais uma súplica que um pedido.
- Edward? – Ela se surpreendeu ao saber que era eu.
Isabella demorou alguns segundos, que pareceram horas, para responder.
- Já estou indo.
Fiquei aliviado. Ela estava sozinha! E ainda por cima me deixaria entrar. Uma onde de felicidade me invadiu.
O portão se abriu. Estacionei o carro e fui para a porta. Quando dei por mim, Isabella se atirava em meus braços, trêmula e fria, reações de quem estava morrendo de medo.
Seu perfume inundou-me. Minha vida tinha sentido... Mesmo que por pouco tempo, ela era minha de novo.
Abracei seu corpo frágil e a levei no colo até o sofá. Apertei-a em meus braços para que se sentisse segura.
- Pronto, Isabella, eu já estou aqui. Não está mais sozinha. Fique calma que já vai passar – falei baixinho em seu ouvido.
Ele enterrou o rosto no meu pescoço, fazendo um arrepio percorrer todo meu corpo. Controlei-me o máximo que pude. Não era hora para dar demonstrações de virilidade. Deixar meus hormônios no comando já tinha me causado muitos problemas.
A cada estrondo Isabella tremia mais e eu intensificava meu abraço, sussurrando-lhe palavras de conforto.
Num sentimento beirando o sadismo, sentia-me o homem mais feliz do mundo, tendo-a tão próxima de mim.
- Você não me ligou mais – Comentou baixinho, já parecendo mais calma.
“Ela sentiu minha falta”, pensei.
- Isabella, faz idéia da agonia que fiquei quando desligou o seu celular e me deixou imaginando o que podia estar acontecendo você e Jacob? Pensa que não sei que já foi apaixonada nele? Ou ainda é, não sei... – Foi mais difícil dizer isso sem chorar do que imaginei. -Você não tem a mínima noção do desespero que me toma quando penso que pode ter se entregado àquele cara, que ele pode ter tocado seu corpo, beijado sua boca... É uma dor tão intensa que me atrapalha a respirar. Eu não queria que tivesse a oportunidade de me contar que estava com ele, então resolvi não ligar mais. – Que ela não falasse agora, meu Deus!!!
- Mas você está aqui agora...
- Porque sabia que estava sozinha e que devia estar apavorada. Quando começou as trovoadas não pensei duas vezes antes de pegar meu carro e vir ficar com você. Tive medo que não abrisse a porta para mim, que preferisse enfrentar a chuva sozinha a ficar comigo. Mas meu maior pavor era que ele estivesse aqui – confessei.
- Não estamos juntos, Edward. Não tenho nada com Jacob. Estou feliz que esteja aqui.
Tive vontade de gritar de alegria. Foi como se um raio de esperança me atingisse.
- Não tanto quanto eu, Isabella – falei, tentando conter o riso. - Não imagina como estou me sentindo por tê-la novamente em meus braços, nem que seja apenas porque seu medo superou o ódio que tem de mim. – Era difícil externar aquele pensamento tão dolorido.
- Não te odeio, Edward. Tentei, mas não consegui. – Isabella desabafou. Tinha um pouco de desapontamento em sua voz.
Deus tinha me perdoado, só pode!! Era muita felicidade para um dia só.
- É tão bom ouvir isso, Isabella.
- Por que fez aquilo comigo, Edward? – Sua pergunta me surpreendeu. Tanto pela melancolia que havia em sua voz, quanto pelo fato de não esperar que ela tocasse no assunto novamente.
- Porque sou um idiota que não soube reconhecer a força do amor verdadeiro, Isabella. Eu deixei que velhas referências interferissem em nossa relação, sem me dar conta que o que eu estava vivendo era muito mais forte e intenso do que uma simples necessidade física. – Não tinhas palavras no mundo que justificassem o que fiz, mas estas vieram do coração e esperava que tivessem alguma força.
 A tempestade voltou a ficar violenta. Isabella se encolheu e não falou mais nada. Sua cabeça desceu para meu peito. Ela parecia se sentir segura em meus braços. Ficamos quietos, entregues aquele momento idílico, onde os problemas não existiam.
A chuva parou. Minha presença não se justificava mais.
- Agora que já está bem, já vou indo, Isabella. – Como eu queria que ela me pedisse para ficar, mas não merecia tanto. Já tinha tido mais do que sonhei naquela noite.
- Obrigada, Edward – disse, saindo do meu colo e se levantando. – Não sei nem como agradecer – falou toda meiga.
Levantei-me também, aproximando-me dela. A vontade de beijá-la era gigantesca. Sentia uma saudade alucinante da maciez de seus lábios e do gosto doce de sua boca.  
- Eu tenho esperança que ainda me perdoará, Isabella. – Falei, olhando intensamente em seus olhos. - Vou te esperar o quanto for necessário. E não precisa me agradecer. Sempre que precisar estarei do seu lado. – E estaria de qualquer jeito, mesmo que ela não me quisesse.
- Já te perdoei, Edward. Agora só preciso me perdoar por ter te perdoado. Isso é que está sendo difícil para mim – desabafou.
Embora feliz de saber aquilo, tinha consciência que ainda faltava a parte mais difícil do perdão: superar o orgulho ferido.
Ainda assim sorri de felicidade. Um grande passo já tinha sido dado.
- Esta parte é a mais complicada, Isabella. Mas espero que consiga. Estarei te esperando.
Beijei sua testa e foi embora. Bendita tempestade!!!
Achei melhor não ligar mais para Isabella. Ela precisaria de tempo para lidar com seus conflitos e além do mais, meu ciúme descontrolado podia me levar a fazer coisas que a irritariam e me fariam arrepender-me depois.
Minha avó não cabia em si de felicidade quando me contou sobre o prêmio que receberia. Fiquei emocionado ao vê-la tão feliz. Ela fazia questão da minha presença lá e é claro que eu também não perderia por nada aquele momento tão especial para ela.
Senti um frio no estômago quando soube que compartilharíamos a nossa mesa da festa com Renee e Isabella. Enfim eu a veria de novo.
Isabella ainda não tinha chegado quando entramos no grande salão imponentemente decorado. A festa estava linda. Procuramos nossa mesa e nos sentamos. Eu estava ansioso por sua chegada. Alguns minutos depois fiquei de boca aberta ao vê-la caminhando em nossa direção. Ele estava magnífica. Vestia um vestido preto que a deixava enlouquecedoramente sexy. Pensei que meu coração saltaria do peito. Segurei o queixo por reflexo, abobalhado com a beleza de Isabella.
- Está simplesmente perfeita, Isabella! – Desconfiei que meu olhar deixara passar todo o deslumbramento que sentia.
- Você também está muito bonito, Edward. – Isabella falou timidamente.
Minha avó também ficou maravilhada com sua graça. Elogiou tanto que a deixou envergonhada.
 Cumprimentei Renée e voltamos a nos sentar, iniciando uma divertida conversa sobre a festa e seus convidados.
Isabella estava sentada ao meu lado, o que fazia com que meu coração batesse descompassado.
- Oi, Bella, está muito bonita! – Assim que ouvi aquela voz, sabia de quem se tratava. Mesmo nunca tendo visto-o, imaginei acertadamente que era Jacob. Levantei a cabeça e dei uma olhada nada amigável para ele. Eu odiava aquele cara.
- Oi, Jacob. – Isabella o cumprimentou, levantando-se para abraçá-lo. Contei até mil para não esmurrá-lo ali mesmo.
Jacob cumprimentou Renée e Berta, depois se virou para mim, estendendo a mão. Pensei seriamente em não corresponder ao cumprimento.
- Jacob, este é Edward, meu... – Isabella não soube explicar o que eu era.
- Namorado! – Terminei para ela. Provavelmente ela me odiaria por isso, mas queria mostrar aquele FDP que Isabella era minha. As feministas que me perdoassem, mas a paixão, às vezes, deixa o discernimento da gente altamente prejudicado.
Isabella me fuzilou com o olhar.
- Nos vemos por aí, linda. – Jacob disse, beijando-a no rosto. – E fique longe de cerveja, menina. – Soltou uma risada de deboche, irritando-me até o último fio de cabelo.
Olhei para Isabella, tentando descobrir que insinuação era aquela. Desviei meus olhos para Jacob, que me encarou desafiadoramente.  Se não fosse por Berta, meteria um murro em sua cara cínica. 
Não sei se prevendo o que estava preste a acontecer ou se pelo acaso, alguém o chamou e Jacob se afastou da mesa. Respirei fundo em busca da minha sanidade.
- Que história de cerveja é esta, Bella? – Renne perguntou. Não era só eu que estava curioso.
- Depois a gente conversa, mãe. – Isabella respondeu, tentando encerrar o assunto. Ela estava muito enganada se pensava que eu deixaria passar. Uma parte minha tinha plena consciência que não era da minha conta o que Isabella fazia da sua vida, mas outra parte, a mais forte e descontrolada, queria saber com detalhes o que aquele safado tinha insinuado.
Puxei Isabella pelo braço, com uma certa brutalidade, admito, e dirigi-me para fora do salão.
- Isabella, vai ter de me explicar o que este idiota insinuou – falei rispidamente. Eu nem de longe lembrava o homem educado e ponderado que eu era.
- Edward, quer fazer o favor de me largar! Não te devo explicação nenhuma. – Isabella bem que tentou me parar, mas não teve o menor êxito. Eu era bem mais forte e estava usufruindo disso.
Levei-a ate o jardim. Havia ali apenas um casal no maior amasso. Não nos atrapalharia. Acho que na verdade nem notaram nossa presença.
- Isabella, pelo amor de Deus, o que foi que aprontou? – Eu estava completamente transtornado. Tinha pavor de imaginar o que ouviria de Isabella.
- Foi só um porre, Edward, nada demais – falou displicentemente.
- SÓ UM PORRE? – Gritei indignado. Eu estava fora de mim. Jamais imaginei sentir tanto ciúme na vida.
- Edward, fale baixo!
- Está bem, eu falo, mas por tudo que é sagrado, Isabella, o que foi que aconteceu naquela viagem? – “Que não seja o que eu estou pensando, meu Deus!!”
- Eu só bebi um pouco mais do que devia, aí eu fiquei muito mal, aí o Jacob me levou para um quarto de hotel, aí eu vomitei em mim e nele, aí ele tirou meu vestido, aí me deitou na cama, aí eu apaguei, aí eu acordei e aí viemos embora. Foi só isso, Edward.
Nunca entendi tanto as crises psicóticas de meus pacientes como naquele momento.
- Aquele tarado tirou seu vestido? – Imaginei suas mãos tocando o corpo dela e senti meus olhos pegando fogo. Eu era a personificação da fúria.
- Estava todo sujo, Edward. Eu também não queria que isto tivesse acontecido. Acha que gostei de acordar só de calcinha ao lado dele? Eu quase morri de vergonha. Eu preferiria estar em coma alcoólica. Foi terrivelmente constrangedor. – Apesar de tudo, acreditei em Isabella. Pior ainda era saber que ele se aproveitou da ingenuidade dela.
Levei as mãos à cabeça, como sempre fazia quando estava desesperado.
- O FDP se deitou com você praticamente nua? Eu vou a-ca-bar com a vi-da de-le. – Aquele infeliz estava com os dias contados.
- Não vai fazer nada disso, Edward. Ele foi muito educado e respeitador. Ao contrário de você, ele consegue se controlar diante de uma mulher. E além do mais eu sou solteira, lembra? Mesmo se tivesse acontecido algo entre nós, o que não aconteceu, seria problema meu... ou solução, quem sabe. Afinal a minha virgindade nos causou muitos problemas, não foi Edward? – As palavras de Isabella tinham tantas verdades que me desarmaram um pouco. Apesar do sarcasmo, não podia negar que estivesse certa, em parte.
- Isabella, eu mereço ouvir o que está me dizendo, mas isso não muda em nada a vontade que estou de quebrar a cara desse tal de Jacob. Ele que não banque o engraçadinho para o seu lado, ou não vou me lembrar que estou em uma festa.
Ela ficou pensativa, me olhando estranhamente.
- Edward, talvez devesse contratar aquela prostituta novamente, se é que não o fez, pois dizem que sexo acalma. Não me venha bancar o namorado nervosinho agora, que é um pouco tarde para isso. Tudo bem que não sinto ódio por você e que tenha sido extremamente carinhoso comigo naquele dia, mas isso não lhe dá o direito de se meter nos meus relacionamentos. Vou continuar sendo amiga de Jacob e não aceitarei interferências suas.
Isabella me deixou sem argumentos.
- Você é quem sabe, Isabella. Faça como quiser, mas que vou quebrar a cara dele se encostar um dedo sequer em você, não duvide.
Continuei agindo como um idiota.
Voltei para o salão, deixando-a para trás. Estava um pouco envergonhado de minhas atitudes, mas não arrependido.
Fui para o banheiro e joguei água fria no rosto. Precisava me acalmar. Não queria estragar a noite de Berta.
Fiquei lá até ouvir que as premiações se iniciariam. Voltei para a mesa.
Evitei olhar para Isabella.
Ao anunciarem os nomes de Renée e Berta, nos olhamos e trocamos um sorriso de contentamento. A trégua duraria pouco. Renée dedicou o prêmio à filha. Lágrimas escorreram dos olhos de Isabella, emocionada. Segurei sua mão, dando-lhe apoio. Por mais nervoso que estivesse, ser amável com ela era algo automático em mim.
Berta também me dedicou seu prêmio, enchendo-me com palavras de carinho e agradecimentos. Com muito esforço segurei minhas lágrimas, sem graça de chorar na frente de Isabella. Senti sua mão apertando a minha, retribuindo o apoio que tinha lhe dado.
Assim que as duas voltaram, nos soltamos rapidamente, como se a mágica do momento tivesse se esvaído, dando lugar à aborrecida realidade.
Isabella se levantou e saiu da mesa. Acompanhei-a com o olhar, até o momento em que ela entrou no banheiro. Assim que saiu de volta, vi Jacob se aproximar dela. Meu sangue ferveu. Quando ia me levantando para ir lá esmurrar a cara daquele desgraçado, senti a mão de Berta em meu braço.
- Pelo amor de Deus, Edward, não vá começar uma briga aqui na festa. – Ela me pediu desesperada. – Não transforme um dos dias mais felizes da minha vida em uma tragédia. – Seus olhos estavam marejados.
- Tudo bem vó, desculpe meu destempero. Não vou estragar sua alegria. Não se preocupe mais.
Estava tão focado em meus problemas que nem me preocupei com minha avó. Eu estava me tornando um grande egoísta. Iria estragar sua festa por ciúmes e capricho. Fiquei envergonhado com o meu comportamento.
Tive de ficar assistindo Isabella dançar com Jacob, sentindo meu estômago se contorcer de raiva, mas sabendo que estava impossibilitado de acabar de uma vez com o sorriso vitorioso que estampava a cara do salafrário. Não sei por que, mas algo me dizia que nunca mais conseguiria ouvir Elvis Presley sem vomitar.
O miserável do DJ resolveu colocar uma música lenta e antes que piscasse eles estavam dançando com os corpos colados um no outro. Eu tentei, juro que tentei, mas quando vi já tinha me levantado, sob os protestos de Berta, que ignorei por completo, indo até onde eles estavam.
- Se importa se eu dançar com minha namorada? – Perguntei, puxando Isabella para os meus braços. – Eu não me reconhecia.
- Não é melhor perguntar primeiro se ela quer dançar com você? – Esse Jacob estava querendo briga mesmo.
- Querem parar de agir como se eu não estivesse aqui – Isabella falou nervosa.
Ela devia estar envergonhada com a nossa atitude infantil.
- Isabella, vamos sair daqui antes que eu cometa uma loucura. Aliás, eu já teria cometido se minha avó não tivesse implorado pra que eu não o fizesse.  – Eu tremia de nervoso.
- Jacob, depois falo com você. Obrigada pela dança, me diverti muito. – Isabella ainda se dispôs a despedir do cara. Balancei a cabeça de impaciência.
- Também me diverti muito, linda, mas melhor que dançar, é beber com você – Jacob disse rindo.
Minha vó que me desculpasse, mas eu ia matar aquele cachorro agora. E teria feito, se Isabella não tivesse me empurrado para longe, dando-me um tempo para respirar e pensar melhor.
- Vamos, Edward.
Segurei em seu braço e a segui, rumo ao jardim.
Não podia mais viver querendo matar todo homem que se aproximasse de Isabella. Eu estava ridículo. Resolvi tomar uma atitude drástica. Ou daria certo ou a perderia de vez...
Isabella parou no jardim e começou a falar. Não prestei atenção em nada que dizia. Apenas me concentrei no que iria fazer a seguir.
- Edward você não tem o direito de agir assim. Não po...
Passei minha mão atrás de sua nuca e lasquei-lhe um beijo sedento, colando meu corpo ao seu, sentindo seus seios colarem em meu peito.
Isabella tentou afastar-me, mas ignorei sua tentativa, invadindo sua boca com minha língua. Tinha tanta paixão naquele ato que, apesar da brutalidade, ele se justificava. Finalmente ela cedeu , fazendo-me o homem mais feliz do mundo. Eu já não precisava forçá-la. Nosso beijo se tornou doce, apaixonado... intenso. Suas mãos subiram para minha nuca, acariciando-as e nossas almas finalmente ganharam voz, gritando que o amor venceu, fazendo tudo voltar a ter sentido...

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