quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Faz de conta que foi assim6


CAPÍTULO 5 – “Já não há Razão pra lhe Querer
O QUE ME IMPORTA
(Marisa Monte)
O que me importa
Seu carinho agora
Se é muito tarde
Para amar você...

O que me importa
Se você me adora
Se já não há razão
Prá lhe querer...

O que me importa
Ver você sofrer assim
Se quando eu lhe quis
Você nem mesmo soube dar
Amor!...

O que me importa
Ver você chorando
Se tantas vezes
Eu chorei também...

O que me importa
Sua voz chamando
Se prá você jamais
Eu fui alguém...

O que me importa
Essa tristeza em seu olhar
Se o meu olhar tem mais
Tristezas prá chorar
Que o seu!...

O que me importa
Ver você tão triste
Se triste fui
E você nem ligou...

O que me importa
Seu carinho agora
Se para mim
A vida terminou
Terminou!

...”Eu limpei minha vida
Te tirei do meu corpo
Te tirei das entranhas
Fiz um tipo de aborto
E por fim nosso caso acabou
Está morto”...

Bella estava na cozinha quando ouviu seu celular tocando. Imaginou que fosse James, pois tinham combinado fazer piquenique no Potter Lake, aproveitando o domimgo.
Correu para atender, pensando que talvez o namorado tivesse mudando os planos.
– Alô!
Depois de não ter nenhuma resposta, Bella repetiu mais alto.
– Alô!
Do outro lado Edward sentia seu estômago se contrair e o ar lhe faltar. Com muito esforço conseguiu falar.
– Isabella, quem está falando é Edward Cullen!
Quando terminou a frase, puxou o ar com força, respirando para não desmaiar.
Não, não era Edward Cullen quem estava falando, era Ed Masen, mas este ela não conhecia.
Um silêncio opressor se fez do outro lado.
Bella sentiu as pernas falharem e sentou-se no chão, sem tempo de procurar uma cadeira.
Uma sensação estranha tomou conta de seu corpo, como se um calor aquecesse todas as suas células.
Lembrou-se que não tinha falado nada desde que ouvira aquela voz, que apesar de mais madura, ainda seria capaz de reconhecer em qualquer lugar do mundo.
Edward sabia que ela não tinha desligado o telefone, então prosseguiu.
– Bella? – Chamou sua atenção, lembrando-a que estava alí.
– O que você quer, Edward?
As palavras saíram de sua boca sem que se desse conta, mas mesmo se tivesse pensado para falar, era isto que perguntaria. O que Edward queria com ela dez anos depois de abandoná-la?
O pior é que nem Edward sabia o que esperava daquela ligação. Tinha ligado num momento de loucura e desespero. Mas já que o tinha feito, agora iria até o fim. Não ia mais se esconder atrás de sua covardia.
– Queria me encontrar com você para conversarmos. Eu poderia ir aí, se concordasse.
– Edward, não sei o que deu em você para achar que temos algo para conversar.
Bella descobriu enfim o que era aquele calor que invadia seu corpo... Era ódio.
– Eu sei que fiz muito mal a você, Bella... Não imagina o quanto me arrependo. Eu queria muito te explicar porque eu fui embora e, principalmente, queria te pedir perdão.
– Edward, eu quero distância de você, da sua família, e de qualquer outra pessoa que carregar o sobrenome Cullen. Esqueça que me conheceu assim como eu fiz há muito tempo. Não se preocupe em me pedir perdão, na verdade eu nem me lembro mais o que foi que você me fez.
Bella pôs para fora toda a raiva que sentira por tantos anos.
Não tinha uma única palavra daquelas que Edward achasse que não merecesse ouvir, mas assim mesmo doeram profundamente em sua alma. Tinha de confessar que alimentava, em seu íntimo, a ilusão de que Bella ainda o amasse e que quizesse vê-lo tanto quanto ele queria vê-la.
– Por favor, Bella, sei que fui um covarde e que a fiz sofrer, mas eu também não tive um único dia de felicidade desde que a deixei... Eu ainda te amo, Bella. Te amei por todos esses anos e amarei até a minha morte.
Bella pensou que aquilo só podia ser brincadeira. Como assim? Que história de dizer que a amava era aquela? Edward Cullen nunca amou ninguém!!!
– Onde quer chegar com isso, Edward? Está fazendo algum tipo de brincadeira comigo?
– Bella, eu levei dez anos para criar coragem de te procurar. Tudo o que estou falando é a mais pura verdade.
– Edward, eu não me importo com o que você sente ou deixa de sentir por mim. Eu te tirei da minha vida há muito tempo e não tenho a mínima vontade de me relacionar com você novamente, nem como amigo e muito menos como namorado, amante ou o que quer que esteja sugerindo. Siga sua vida e me esqueça. Não quero ser indelicada, mas tenho de desligar. Por favor, não me ligue nunca mais.
Ao ver que ela tinha desligado o telefone, Edward sentiu como de tivesse implodido.
Uma dor lancinante e um choro convulsivo tomou-o de assalto.
Chorou como um menino, ou melhor, como um homem que tinha acabado de deparar-se com a realidade nua e crua. E a realidade era que ele não representava mais nada na vida de Bella. Ela o odiava.
Edward compeendeu porque tinha demorado tanto para procurar Bella. Ele tentara, inconscientemente, adiar ou mesmo evitar esse momento torturante em sua vida: Descobrir que não significava mais nada na vida dela.
A frieza de sua voz ainda ecoava em seus ouvidos. Ela sentia muito rancor e mágoa pelos Cullen, e com razão!
Quando conseguiu controlar o choro, ligou para Emmet pedindo que ele fosse até seu apartamento. Precisava de um ombro amigo.
...”Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água”...
Quando James olhou no rosto de Bella, viu quão pálida ela estava.
– Aconteceu alguma coisa, amor?
– Não foi nada, só pensei ter visto um fantasma.
James franziu a testa.
– Você bebeu, Bella? – Perguntou rindo.
– Não, mas você me deu uma ótima idéia.
James não entendeu nada, mas isso já era esperado. Sua namorada parecia um Manual de Instalação em chinês. Era impossível decifrá-la
Bella tentava em vão não pensar no que tinha acabado de acontecer. Ainda tremia de nervoso e espanto.
Ouvir a voz de Edward Cullen dez anos depois não era uma forma muito boa de iniciar seu domingo. Tinha convicção que o odiava, mas estranhou o fato de passar o dia todo meio aérea, não conseguindo se concentrar em nada.
– Bella, aconteceu alguma coisa? Estou te achando distante hoje. – James a conhecia o suficiente para perceber que alguma coisa a incomodava.
– Não é nada, amor. Deve ser TPM. – Bella disfarçou, evitando contar sobre o telefonema. James não sabia nada do seu passado e queria que continuasse assim.
– Se é assim, tá explicado.
Riram até suas bocas se unirem famintas.
Para raiva e desespero de Bella, aquele beijo a fez lembrar dos lábios de Edward sobre os delas, na única vez que se beijaram.
Não!!!! De novo, não! Definitivamente ela não iria soltar os fantasmas do sótão.
Enquanto esperava Emmet chegar, Edward chorou todas as lágrimas que tinha.
Sua história com Isabella, até minutos atrás, ainda existia em sua cabeça, mas agora ela tinha posto um fim definitivo em tudo.
Podia parecer estranho, mas era assim que se sentia. Era como se tivessem acabado de terminar um longo namoro, ainda que platônico.
A presença do amigo acalmou-o um pouco.
– Você tinha razão, Emmet, ela me odeia. – Edward desabafou, desolado.
– Ódio é um sentimento passional, Ed. Se ela te odeia é porque não te esqueceu.
– Acabou, cara!!! Se você tivesse sentido a frieza dela como eu senti, saberia do que eu estou falando.
– Telefone aceita tudo, Ed. Vá lá, fale com ela cara a cara. Olhe no fundo dos olhos dela. Só assim você vai ter certeza se há verdade nas suas palavras.
– Ela não quer me ver, deixou isso bem claro.
– Insiste então. Vai insistindo, Ed, não desiste. Uma hora ela esquece tudo o que passou e te perdoa.
Edward sabia que as palavras de Emmet eram apenas para animá-lo.
– Ela nunca vai esquecer o que eu fiz com ela... Nunca...
O sofrimento que tinha lhe causado não era algo que podia seu desprezado, mesmo com o tempo, pensou Edward.
Emmet olhou para o amigo e não soube o que dizer. Se em dez anos ela não o tinha perdoado, então Ed tinha razão... Ela nunca esqueceria que fora abandonada por ele.
Não teve coragem de dizer isso ao amigo.
Nos dias que se seguiram, Edward mais parecia um zumbi do que gente. Suas olheiras profundas denunciavam as noites horríveis que ele vinha tendo. Durante o dia o trabalho o ajudava a distrair-se, mas quando o sol se punha, chegava junto a tristeza, empurrando-o para um buraco escuro do qual desconfiava que nunca mais sairia.
O relatório daquele mês ainda estava lacrado no envelope da mesma forma como recebera.
Edward não tinha tido coragem de abri-lo. Depois de ter falado com Bella, aquela invasão não autorizada na sua vida parecia mais arbitrária ainda.
Ligou par Conrad e informou que após aquele mês, que já tinha começado, seus serviços estavam dispensados.
No domingo seguinte, quando James entrou em seu apartamento com um enorme buquê de tulipas na mão, suas flores preferidas, Bella soube que alguma coisa importante estava para acontecer em sua vida.
Depois de um beijo longo e apaixonado, ele finalmente falou:
– Bella, fui chamado para gerenciar a área de Recursos Humanos da filial Inglesa da empresa e gostaria muito que viesse comigo, como minha esposa.
Bella ficou olhando perplexa para o namorado, tentando processar suas palavras. Um sentimento de DéJà vu a invadiu. Já tinha ouvido um pedido como aquele há muitos anos atrás.
– Amor, eu estou te pedindo em casamento. – James achou melhor fazer uma síntese rápida de suas palavras, pois duvidava que Bella estivesse em condições de entendê-las. Ela parecia meio catatônica.
– Casamento, James? – Perguntou desorientada.
– É, amor! Vem comigo para a Inglaterra.
Sua mão saiu de dentro do bolso de sua calça segurando uma caixinha preta. Dentro havia um lindo anel de esmeraldas.
– Combina com seus olhos, assim como você combina comigo, Isabella. Por favor, aceite ser minha esposa! – James pediu carinhosamente, encarando a mulher que amava.
Bella pensou que já era hora de superar seu receio em se entregar ao amor. Voltar para seu país natal seria a grande prova de fogo pela qual passaria. Se ia enfrentar seus traumas, era melhor que enfrentasse todos de uma vez. Num ímpeto que não lhe era muito peculiar, respondeu:
– Sim, James, eu me caso com você.
Ganhou um sorriso e um beijo que a convenceram que estava fazendo o certo.
Tiveram dois meses para prepararem a mudança. Se casariam apenas quando chegassem na Inglaterra, para sobrar mais tempo para resolverem questões como a venda deseus apartamentos, rescisão contratual da Bella e organização das coisas pessoais que levariam.
Foi tanta correria que Bella teve pouco tempo avaliando o que estava fazendo de sua vida. Tinha ligado o piloto automático e simplesmente deixado as coisas acontecerem.
Bella prometeu ao noivo que depois do casamento iria se jogar de corpo e alma ao relacionamento deles.
No dia da partida, Bella não teve de quem se despedir. Seus vínculos sociais eram bem superficiais, resumindo-se a alguns colegas de faculdade e do trabalho.
Um frio na barriga a acompanhou enquanto deixava o Kansas para trás, denunciando o medo que se apossava de seu corpo.
Tinha vindo ali , há oito anos trás, em busca da felicidade e agora estava voltando para Londres acreditando que este utópico sentimento estava lá a sua espera.
Teriam uma conexão em New York, de onde embarcariam direto para Londres.
A primeira hora de espera do vôo para a Europa, Isabella não parou de pensar um segundo, até que não agüentou mais...
– James, me desculpe, mas eu não posso ir.
Bella sabia que seria infeliz e pior ainda, que faria ele infeliz, e isso ela não queria de forma nenhuma. Ele não merecia. Suspeitava que sua decisão tivesse sido motivada pelo telefonema de Edward, como se quisesse atingi-lo de alguma forma com aquele casamento. Sentiu vergonha de sua inconseqüência.
– Por que isso agora, amor? Você só está assustada. Quando chegarmos lá se sentirá mais calma.
– Não, James, eu não posso voltar para a Inglaterra... Definitivamente não posso. E também não conseguirei ser a mulher que merece. Não suportaria te contaminar com minha infelicidade. Me desculpe, me desculpe... – Bella chorava copiosamente, sabendo que estava ferindo os sentimentos dele.
– Bella, eu te amo muito, quero ser seu marido e te fazer feliz como nunca foi, mas se insistir com este absurdo e sair deste aeroporto, será para sempre. Nunca mais me verá. Não posso agüentar mais isso... – Falou com lágrimas nos olhos.
– Você vai encontrar alguém que te ame como merece, James.
Bella saiu correndo, aos prantos, levando apenas sua bolsa e a impressão que estava deixando para trás sua última chance de ser feliz, mas estava apenas respeitando seus limites. Seguir em frente era mais do que conseguiria fazer.
Depois de pedir à Empresa Aérea para que desembarcasse sua bagagem e a guardasse, até que pudesse vir buscá-la, Isabella pegou um taxi sem saber para onde ir. Não tinha mais emprego, nem casa, nem rumo...
Pediu ao taxista que a levasse até um hotel em Manhattan.
Não conseguia pensar direito. Estava completamente perdida.
Desceu rapidamente do carro e entrou em uma farmácia ao lado do hotel. Precisava urgentemente de um analgésico, ou sua cabeça explodiria.
Quando chegou ao caixa, Bella descobriu transtornada que tinha esquecido a bolsa no carro.
Foi em meio a todo esse desespero que ela ouviu a frase que a deixou paralisada.
“Ninguém se mexa. É um assalto!”
Tudo aconteceu em câmara lenta diante dos olhos dela. Dois homens lutando e um estampido de bala.
Sentiu algo escorrendo por seu ombro. Era sangue...
Edward atendeu o telefone meio irritado. O que Conrad Allister poderia querer com ele às duas da madrugada.
Não tinha lido o relatório anterior e nem leria o último que ele estava elaborando, mesmo que tivessem lhe custado dez mil dólares.
– Alô!
– Ed, aconteceu uma coisa horrível...

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