sábado, 10 de março de 2012

Medo de Amar5

Medo de Amar 5
Londres, 8 abril de 1816
Nessie piscou duas vezes e percebeu que estava em um lugar escuro, com sombras bruxuleantes pairando pelas paredes. Seu corpo estava dolorido. Muito dolorido. Nada comparado com a cabeça. OH Céus! Ela se sentia muito mal. Tentou se mover e todos os seus ossos deram o alarde de que o seu estado era ainda pior do que pensava. Uma dor insuportável a fez gemer baixinho. Piscou mais duas vezes tentando se orientar. “Afinal onde estava? O que havia acontecido?” Forçou a sua memória e... A última coisa que se lembrava era de estar fugindo da casa do seu malfeitor.

- Hummm! – Além da dor insuportável em cada articulação de seu corpo, sua boca estava seca. Estava com muita sede. Precisava urgentemente de água. – Água... – Sussurrou com dificuldade.  Viu quando uma sombra passou pelo quarto. Era à sombra de um homem. “Seria Edward?” Ela começou a se preocupar. Se fosse ele, realmente, estaria morta. Tentou se sentar e mais uma vez foi atingida por uma dor aguda. – Aiiii!

- Calma, senhorita! – A voz rouca de um homem atingiu os seus ouvidos. Era uma bela voz. “Quem seria aquele homem? Onde ela estava? Estaria à mercê de um completo estranho?” – Pedirei a uma serviçal para trazer água e ajudá-la com as suas necessidades.

- Onde estou? Quem é você? - Nessie perguntou se sentindo completamente confusa. Sua vista fez uma rápida varredura pelo quarto. No primeiro momento a visão foi turva. As vistas demoraram a se acostumar  até se abrirem. Levou um tempo. Para ela uma eternidade, na verdade. Era um local luxuoso e aconchegante. Tudo aquilo só a deixava ainda mais confusa.

- Eu sou Jacob Black, Duque de Telford, e você está em Telford House na Mayfair. Eu a salvei de um atropelamento há quase cinco dias. Você ficou muito machucada por causa da queda. Segundo o Dr Host entrou em estado de coma. – Ele falou tudo muito tranquilamente ao aproximar-se da cama. Quando Nessie finalmente fitou o seu rosto, viu que se tratava de um homem bonito. Essa talvez não fosse à melhor definição para o Duque. Ele era o homem mais perfeito que vira na vida. Os seus cabelos negros como a noite. A pele morena queimada de sol, diferente da maioria dos homens pálidos. Os enormes olhos negros, o nariz arredondado, queixo quadrado, maçãs do rosto proeminente, grossas sobrancelhas e os desejáveis carnudos. Além disso, o homem era alto, com ombros largos e pareciam musculosos, mesmo de baixo daquela roupa. A sua camisa branca estava aberta e deixava o seu corpo e parte dos peitos a mostra. Nessie respirou fundo ao ver tamanha perfeição em forma de homem. Era um verdadeiro “deus grego” dos romances que lia escondido. Para completar, enquanto ele o observava, sorriu. Pode ver as covinhas se formando em seu queixo. Aquilo era bem mais do que uma visão. Nessie quase se esqueceu de que estava na cama de um completo estranho. Nem conseguiu sentir medo.

- Agradeço a generosidade, Vossa Graça. – Ela fez uma leve mesura com a cabeça. Não conseguia fazer mais no estado que estava. Apesar de ter perdido completa noção do que se passava ao olhar o homem, o corpo ainda lhe doía horrores. Ela gemeu novamente.

- O médico advertiu que acordaria com dor. Ele receitou remédios para você. Ele temeu que seu corpo ficasse fraco demais e morresse, caso não acordasse logo. Sinto um grande alívio em vê-la acordar... - Falou com um tom de voz angustiado demais. Nessie notou. Era estranho estar diante de um duque. Mesmo que a houvesse salvado, como qualquer cavalheiro faria, não se importaria com sua saúde. Poderia ser cuidada por criados. Era estranho.  - Precisa de um banho e alimentação. Pedirei para a criada vir ajudar à senhorita. – Ele respondeu observando o seu rosto. Havia algo estranho na forma como ele a observava. Parecia analisar cada traço de forma atenta. Nessie se sentiu desconfortável naquele momento. Sabia que ficar a sós com um homem era muito perigoso. Já havia pagado um alto preço. – Não precisa me agradecer. Fiz o que qualquer cavalheiro faria naquela situação. Agora só preciso saber qual o seu nome e sobre a sua família. Eles devem morrer de preocupação em notícias tanto tempo. Pedi para o meu mordomo investigar com os serviçais dos nossos vizinhos, mas ninguém deu alarde de desaparecimento. Acho que estão preocupados com sua reputação.

- Eu... Eu... – Nessie gaguejou e foi tomada por pânico. Suas sobrancelhas se contraíram e lágrimas se formaram nos cantos dos olhos. Não poderia dizer a verdade ao Duque. Certamente ele a levaria direto para os braços de Edward. Ela tinha que mentir por mais que isso lhe afligisse. Ele parecia um homem bom e não era correto mentir. A maioria dos nobres eram arrogantes e pretensiosos. Certamente não teriam a mesma atitude do duque. O que fez foi muito mais que um ato de cavalheirismo. Salvou a sua via e a acolheu. Tinha certeza que o marquês nunca teria feito isso por uma estranha. Apesar disso, não poderia se dar ao luxo de lhe contar a verdade. “O que faria além de mentir? Céus! Nessie estava em apuros.

- O quê?- Ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas. Ficou ainda mais bonito com aquele jeito arrogante. Ela quase se perdeu em seu olhar. Ele se sentou a beira da cama e pode ver ainda mais claramente a forma como a fitava. Sentiu um nó se formando em sua garganta.

- Não sei... -  “O que mais ela poderia dizer?” Era preciso mentir para ele. Fingiria ter perdido a memória. Era plausível na situação em que se encontrava. Se ele a acolhesse os meses que faltavam para a sua liberdade, estava salva de Edward. Mentir era a sua única saída naquela circunstância desagradável. – Não lembro.

- Você não sabe quem é? Hum... – Ele perguntou e revirou os olhos. Levantou-se da cama e ficou andando de um lado para o outro sem dizer nada. Parecia impaciente naquele momento. – Isso é complicado.

- Eu sei. – Gaguejou, enquanto percebia a sua impaciência naquele momento. - Se Vossa Graça desejar, vou embora agora. Não sei para onde para ir, falar a verdade, mas não quero causar nenhum constrangimento. – Ela disse de forma tranqüila. Precisava manter o controle da situação. Ele não poderia suspeitar nem por um momento que estava fugindo. Seria desastroso. Certamente, como um cavalheiro, desafiaria o marquês para um duelo. Mesmo que fosse proibido naquela época. Homens costumavam duelar pela honra de mulheres, quando necessário. Era escandaloso sempre que ocorria. Ouviu vários mexericos de sua tia, normalmente contando casos de infidelidade ou disputa por cortesãs. Não queria estar na boca  da sociedade de forma alguma.

- Acha que eu a deixaria sair da minha casa machucada e sem memória? Pelo que me tomas, senhorita? – O duque se aproximou da cama e Nessie estremeceu. Ele estava ofendido ou sabia que mentia. Ela, no entanto, precisava continuar com a farsa.

- Eu não me lembro de nada. Não sei para onde ir e a quem procurar. No entanto seria escandaloso para a “minha família!” e para Vossa Graça se descobrissem que estou hospedada sem uma acompanhante na companhia de um homem. Por mais que esse homem seja um perfeito cavalheiro e tenha boas intenções. Não deveria se quer estar em trajes de dormir na sua frente. Muito menos sozinha em um quarto. Isso é terrível! – Ela colocou as duas mãos sobre a boca.  – Estou completamente arruinada.

- E acha que sair por ai sem rumo a deixaria em situação menos desfavorável?- Ele perguntou de forma irônica. – Sua família está a sua procura. Entretanto sua reputação estaria na lama se isso viesse a publico. Sinceramente, não sei como descobrir de que família pertence sem perguntar. Outra coisa que me intriga é o fato da senhorita está fugindo sorrateiramente no meio da noite. Isso provavelmente seria mais um escândalo somado a toda essa constrangedora situação. – Ele ficou analisando o rosto de Nessie novamente. Ela abriu e fechou a boca duas vezes. Não conseguiu responder. Sabia que estava jogando com ela. Se começasse a investigar descobriria quem era e a entregaria ao seu carrasco. Precisava dizer algo que não comprometesse a sua mentira.

-  Essa situação é demasiadamente estranha. – Ela disse tentando se manter calma e desviou os olhos dele. Sabia que ele veria a sua mentira. Precisava disfarçar. Jogar com que tinha. Ele não a atiraria na rua. – Se Vossa Graça puder me dar um tempo para recordar o que se passou? Tenho certeza que me lembrarei das circunstâncias, que causaram o meu fatídico acidente e a minha origem. Só mais um pouco da grande generosidade que sei que “milord”  tem.

- Tudo bem, milady. – Jacob se levantou e caminhou até a porta. – Darei todo o tempo do mundo para o seu restabelecimento. Meus serviçais não farão qualquer comentário sobre a sua presença em minha casa. Quando descobrirmos a que família pertence, eu esclarecerei os acontecimentos. Evitaremos o escândalo, eu lhe dou minha palavra de honra. Por hora só quero restabeleça a sua saúde. Eu a deixarei a sós por um momento. Daqui a pouco uma senhorita virá lhe ajudar com o que for preciso. – Ele pegou a mão de Nessie a beijou gentilmente. Ela se arrepiou quando os seus lábios aveludados tocaram a sua pele. Os seus olhos se encontraram e por longos segundos ela se viu presa a ele.

[...]

Jacob saiu dos aposentos e deixou a jovem sozinha. Estava muito perturbado com a conversa que teve. A única conclusão plausível para tudo aquilo era que estava mentindo. Ele pode estudar bem as suas feições durante o tempo que falaram. Viu as mudanças de expressões em seu rosto. Teve a certeza que fingia não se lembrar e certamente estava fugindo de alguém. Antes se tinha dúvida, de que pertencia a uma família nobre, não tinha mais. A forma como conversou lhe deu a certeza que fora muito bem educada. Seu vocabulário era impecável e também o decoro. Provavelmente estava fugindo para se aventurar com algum jovem por quem se apaixonara ou para se ver livre de algum casamento arranjado. Aquele pensamento fez o seu coração se apertar. “Inferno! Por que ele se importava tanto se estava apaixonada?” Não tinha o direito de se sentir dessa forma.

Voltou ao seu raciocínio sobre a situação. Às vezes havia rumores de escândalos daquele tipo. Jovens se rebelavam contra as suas famílias e fugiam de compromissos com rudes e velhos Lords, cheios de riquezas a procura de uma jovem de boa família para se unir. Mas uma coisa ainda o deixava intrigado. Suas mãos parecia calejadas pelo trabalho. Sendo assim isso ainda era um mistério. Fosse como fosse, Jacob precisava descobrir a verdade antes que ficasse louco. Já não conseguia pensar em mais nada que não fosse a “Bela Adormecida”. Ela era linda demais. Os olhos verdes pareciam preciosas esmeraldas, os lábios delicados, em forma de coração, e desejosos se moviam com graciosidade enquanto falava. Era perfeita para ele. Nunca, desde a traição que sofrera, se sentira assim tão fascinado por uma mulher. A jovem, no entanto, conseguia mexer com algo há muito adormecido em seu coração. Ele estava apaixonado. Era difícil admitir, mas estava loucamente apaixonado. Do contrário não ficaria velando o seu leito. Por mais que relutasse contra aquele sentimento era assim que se sentia. Quatro dias foram o suficiente para deixá-lo completamente rendido diante de uma desconhecida. Estava realmente ficando louco. Não podia, sabia bem. Tinha obrigações com o título. Por mais que relutassem em se casar, sabia que em algum momento precisaria de uma jovem, de boa linhagem, para ter um filho. Todos os homens passavam por esse tipo de obrigação. Casamento sem amor era algo muito comum para a sociedade. O que importava era a continuação da sua família. Todos o lembravam disso. As mães casamenteiras o espreitavam em busca de uma oportunidade. Ele, no entanto, não queria uma jovem enfadonha, sem beleza e sem graça para se casar. Por isso fugia. Também evitava, de todas as formas, apaixonar-se. Tinha amantes, era verdade, mas nenhuma significava mais do que noites de sexo.

Foi para o Whit’s aborrecido aquela noite. Estava completamente confuso e precisava beber um pouco para colocar as idéias em ordens.

Assim que chegou ao local, avistou Langlay em uma mesa com outro cavalheiro a quem não conhecia. Dirigiu-se até eles, cumprimentou-os e depois disso passou a conversar sobre investimentos. Aquilo manteria a sua mente distante do pensamento de sobre certa jovem “desmemoriada” que estava hospedada em sua casa. Quando o outro cavalheiro foi embora, Langlay o questionou sobre a moça.

- E como vai a “Bela adormecida”? - Perguntou e depois bebericou um gole de conhaque. Jacob não queria se lembrar dela. Muito menos falar sobre o assunto. Sabia, no entanto, que o amigo não o deixaria em paz. Sua obsessão o tornara motivo de piada.

- Ela acordou. – Disse como se aquilo não fosse um acontecimento relevante.  – O que se passa com Colchester? - Perguntou mudando de assunto.  Sabia que Langlay não se deixaria vencer, mas não custava nada tentar. – Qual o motivo da discussão com Whilcamp? – Disse olhando para a mesa do outro lado.

- Colchester está nervoso. Dizem que está devendo muito e Whilcamp está cobrando o que lhe é de direito. Mas você está propositalmente mudando de assunto. – Disse com humor sardônico e arqueou uma das sobrancelhas.

- Vejo que você notou afinal. – Respondeu com desdenho. Não estava com paciência alguma para aquilo. Não aquela noite. Não depois de vê-la. Não quando queria estar com ela em seus braços e niná-la.

- Algo o aflige e tenho certeza que é certa donzela que estava adormecida, em um dos aposentos de sua casa. Agora vai me dizer o motivo do seu tom ríspido ou terei que o convencer a me contar.

- Como se você fosse capaz de me convencer de algo. – Jacob respondeu.

- Sou persistente. Não vê? - Langlay deu um sorriso irônico.

- Não quero falar sobre ela. – Respondeu.

- É uma pena, porque eu quero. Quem ela é? O que fazia fugindo durante a noite? - Bebeu outro gole e ficou observando a expressão rígida do amigo. – Qual é problema Telford? Somo amigos e não contarei a ninguém sobre a jovem. Só estou curioso. Quero saber quem foi à feliz senhorita, que roubou o coração do maior dos libertinos de Londres. Essa foi uma façanha e tanto.

- Você faz muitas perguntas. Desde quando virou mexeriqueiro, Langlay? - Jacob perguntou desgostoso. O amigo tinha intimidade o bastante para aquele tipo de interpelação, mas ele não estava disposto a falar. Precisava entender os próprios sentimentos primeiro. Era vergonhoso um homem, como ele, sentir-se tão vulnerável diante de uma mulher. Ele se sentia assim. Algo dentro de si, adormecido há anos, estava inquieto. Precisava entender o próprio coração e pensar no que fazer. Não queria falar.

- Desde que você deixou de freqüentar as orgias, bordeis e a casa das suas amantes. Há quanto tempo? Hum! Acho que é por isso que está tão mal humorado. Nem cortejou a jovem e já é um pretendente fiel? Interessante isso! – Langley gargalhou algo.

- Você não sabe de nada. Não cortejarei ninguém. Sabe que nunca mais amarei e que não tenho interesse em me casar. Não entendo o motivo de tanto entusiasmo. – Jacob retrucou.

- Só quero saber sobre ela e não o deixarei em paz até contar o que se passa. Saiba que Brandt também está louco de curiosidade. Até conversamos hoje como isso tudo é divertido. Pode ter certeza que ele lhe fará até mais perguntas do que eu, caro amigo. – Os dois ficaram em silêncio por um momento e depois Jacob voltou a falar.

- Vocês dois me tiram do sério. Sinceramente o que pode ter de interessante nessa história? - Jacob perguntou.

- O fato de você está visivelmente apaixonado por uma jovem que está em coma na sua casa. Isso é interessante demais, caro Jacob. Agora conte o que se passa. – Jacob respirou fundo e depois começou a contar.

- Ela é linda. Chega a doer quando olho. Acho que estou ficando louco. – Jacob bebeu um gole do seu conhaque e depois voltou a falar. – Ela diz ter perdido a memória, mas acho que está mentindo. Foge de alguma coisa. O que é estranho é o fato dela falar como uma nobre. Os trajes não eram finos e as mãos levemente calejadas. Usa um brinco de diamante. Tudo isso é muito confuso para mim.

- Ela pode ter vestido os trajes de uma serviçal e fugido de um casamento arranjado. Muitas jovens fazem isso, Jacob. Agora as mãos calejadas podem indicar que ela fez algo que as deixassem naquele estado. Isso não significa necessariamente que seja uma empregada. Será muito divertido descobrimos todo esse mistério. Podemos contratar um investigador particular para isso. – Langlay dizia entusiasmado e Jacob teve vontade de esmurrá-lo.

- Nós? Como assim nós? Você está louco ou a bebida já começou a fazer efeito? - Jacob o questionou arqueando uma das sobrancelhas. Os amigos levavam aquilo como uma brincadeira durante aqueles dias. Para ele nada era brincadeira. Pela primeira vez em anos ele se sentia vivo. Sentia algo dentro de si. Não trataria a jovem, bom como a situação, com leviandade. Ela merecia mais do que aquilo. Mais do que aposta de velhos amigos, que achavam tudo muito divertido e só queriam ganhar as suas custas. Ela era... Especial.

- Brandt e eu vamos ajudá-lo a descobrir tudo sobre a jovenzinha que o enfeitiçou, caro amigo. Afinal ela tem seus méritos. Uma mulher que rouba o coração de um homem, mesmo dormindo merece todos os riscos. – Começou a rir. Alguns olharam para a mesa. Mas os dois continuaram a conversar como se não tivessem chamado a atenção.

- Vocês não vão se meter nessa questão. Eu os proíbo. – Jacob vociferou. O amigo, porém continuou com o mesmo olhar brincalhão e sorriso debochado nos lábios. Aquilo era irritante demais. Só queria ficar calado, beber e pensar... Pensar nela, sobre ela. Era pedir demais?

- É mesmo? E acha que nós temos medo de você? - Foi à voz de Brandt que Jacob ouviu. Virou-se e viu o conde atrás dele. – É claro que não, Jacob. E quando veremos a “bela adormecida”? Quero conhecer a famosa senhorita. – os dois amigos usavam de uma intimidade que ele permitia. Ninguém, nem sua mãe, nunca ousou a lhe chamar pelo nome de batismo. Eles, no entanto, eram amigos desde os tempos de Eton e Oxford. Eram como irmãos e não precisavam de tratamento formal. Se fosse outra pessoa, a interrogá-lo daquela forma e com tamanha intimidade, estaria em sérios apuros. Jacob era um inimigo cruel. Sua fama de mau, “o duque sombrio”, assim como a de amante e libertino era muito conhecida pela sociedade em geral. Ninguém se atrevia a desafiá-lo.

- Vocês não vão! Alex e Derek, eu estou falando sério. Fiquem fora disso! Isso é assunto meu e resolverei sozinho. Nem tentem dar uma de casamenteiros para cima de mim. Entenderam? - Jacob olhou para os amigos, Brandt já se sentava na outra cadeira e Langlay morria de rir do seu destempero.

- Isso é muito divertido. – Langlay disse para ele.

- É um belo desafio. Teremos muita agitação nas próximas semanas. – Foi a vez de Brandt.

- Eu já disseee... – Jacob se levantou. Já não estava mais com paciência com os amigos.

- É bom ter você de volta, Jacob! – Brandt disse. – Pensei que nunca mais se apaixonaria de novo. Tenho que agradecer a senhorita...

- Temos que dar um nome a ela. – Langlay falou.

- Ela já tem um nome. – Jacob disse.

- Que você não sabe, é claro. Ela está se fingindo de desmemoriada e você não sabe como chamá-la. Então precisamos arrumar um nome... – Brandt afirmou.

- Chega! Vou embora. – Jacob saiu impaciente enquanto os amigos morriam de rir de seu destempero. Sabia que não o deixariam em paz. Nunca mais teria paz com aqueles dois fazendo perguntas e tentando empurrá-lo para um casamento. Muitas vezes eles o advertiram que precisava casar e gerar um herdeiro. Porém não queria se casar. Não naquele momento. Queria apenas aproveitar a vida de libertino com exuberantes mulheres. Todavia aquela situação era nova. Sentia algo muito forte pela jovem, apesar de negar. Mas a idéia de casamento estava completamente fora de questão. Não cairia na armadilha dessa coisa que as pessoas chamam de amor. Não nasceu para isso. Era livre e continuaria assim. Estava feliz com as suas decisões e uma desconhecida não mudaria aquele fato.

Jacob havia retornado de férias. Era a primeira vez que voltava de Oxford e estava com saudade. Não da casa. De seu pai ou de sua mãe, muito menos. Não tinha o menor conforto ao lado deles. O pai era frio, calculista e arrogante. Só se importava com seus malditos cães. A mãe era a beleza e exemplo de nobreza. Sempre polida, discreta e os anos ao lado do duque tiraram toda a emoção da mocidade. Era uma beleza fria. Viver na propriedade dos Telford sempre fora um tormento. Mas naquele momento era diferente. Sim! Caroline estava lá e ansiava por vê-la. Sentia muito sua falta.

Caroline era uma jovem linda, cheia de vida, fogosa e até de certa forma arrogante. Teve sua mãe como tutora durante os anos, após a morte dos pais. Era preparada para ser uma verdadeira Lady, pela duquesa. Os pais morreram em um terrível acidente quando tinha apenas quinze anos e no testamento, como último desejo, foi deixada aos cuidados de Lady Telford, que fora a melhor amiga de sua mãe, na escola preparatória para moças em Spencer.

Apesar de todo o esmero na educação de Caroline e de introduzi-la na sociedade, em busca de um marido, a duquesa nunca achou aceitável tê-la como nora. O duque e a duquesa não queriam uma jovem sem linhagem apropriada. O pai dela era apenas um comerciante rico. Isso bastava para desqualificá-la. Sempre ficou claro que um casamento não seria admitido. Jacob sabia e Caroline também. O duque chegou ameaçar a deixá-lo sem dinheiro se teimasse.

Caroline era gananciosa demais e fora educada para se casar com um conde. Isso era o esperado para ele, desde o primeiro dia que chegou a casa. Jacob pretendia desafiar a família, quando saísse de Oxford, para se casar com a amada. Mas no dia de sua volta teve uma grande decepção.

Quando chegou ao estábulo, lugar que fora informado pela sua aia, escutou gemidos e sussurros. Por mais que seus sentidos o alertassem para não olhar, Jacob precisava saber. Era necessário. Quando abriu a porteira de uma das baias, presenciou sua amada fazendo sexo com seu próprio pai. Aquilo foi um choque. Foi tomado pela fúria e os dois acabaram lutando. Não teve arrependimento em bater no duque e saiu dali, jurando nunca mais voltar. Não olhou para trás. Não olhou nos olhos de Caroline. A traição era demais para ele. A última pessoa que poderia imaginar com ela, ali, era o pai. Não perdoaria nenhum dos dois... Nunca.

Caroline se casou meses depois com um velho conde viúvo, foi o que soube. Desde então não a viu mais. Os boatos que correram pela sociedade foi que o conde precisava muito de um filho  e a impedia de ir a Londres. Eles estavam “trabalhando” muito para dar um herdeiro a ele.

Já seu pai... Esse nunca mais o viu. No leito de morte mandou chamar pelo filho. Jacob não compareceu nem mesmo ao enterro. Fato que foi muito falado pela sociedade na época.

Jacob estava furioso. “Por que tinha que se lembrar de Caroline? E do pai?” Justo naquele momento lhe via a cabeça uma verdade cruel. As mulheres são falsas e fingem quando lhes convém. Aquela desconhecida nada tinha de diferente delas. Ele precisava tomar cuidado para não cair em uma armadilha. Precisava proteger o seu coração.


Glau
E ai miguxas? A Heri gostou muito de tudo que já leu até agora. Essa estória ainda está no começo. Imaginem só quando o romance realmente começar. Vcs acham que Jacob vai abrir mão de Nessie para Edward? Imaginem o que será capaz quando descobrir o que ele fez.
Bem, não contarei mais nada. Só espero realmente que estejam gostando. Entrarei de férias na próxima semana e pretendo trabalhar mais essa fic.
Quero agradecer a minha beta Heri, pois sem ela não conseguiria. Também os comentários maravilhosos de vocês. Eu AMO comentários! Vcs sabiam?
Bem to saindo agora para a manicure e mais tarde entro para ver o que escreveram.
PS: Fiz um calendário de postagens para as fics. Essa irá ao ar todo sábado.

Bjus no core 
N/Heri: Imaginem uma mulher que dormindo rouba o coração de um homem, pense no que será ela acordada....aff...eu ainda morro por esses fatos que Glau nos inspira...Ai meninas...querem roubar o coração do Lord tbm? Será dureza, pois ele ta traumatizado e amargurado pelo passado...COMENTEM..Bjokas

10 comentários:

Michelle Black's disse...

Hum adorei o esclarecimento sobre o que se passou com o Jake e a tal Caroline, e vejo que ele é escaldado! Hi vai dar trabalho se render hein...e a Nessie dando uma de desmemoriada, não se saiu muito bem kkkk....mais estou muito curiosa quando vai começar a derrapada do Edchato? Ui não vejo a hora do Duque coloca-lo no seu lugar e o romance não sei se quero agora não rsrs, gosto mais desse estado de paixão secreta é muito mais gostoso! Bjus!

Unknown disse...

uau.... perfeito quando sera que Jacob descobrira a verdade ein..e o Edizinho ( odeio) ele vai se arrepender quando o Jacob descobri.. ñ vejo a hora de ler mais.. rsrsr
beijoxxx
AAAAAAAAMMMMMMMMMMEEEEIIIIIIIII.....

ϟ Faa Mariia Anntunes disse...

peeeeeeeeeeeeeeeeeerfeito!

Katherine Black disse...

PERFEITOOOOO
a Nessie nao fingiu muito bem... quero ver quando o Jacob descobrir sobre o Edward.....
maissssssss

Deia disse...

Uau!!! A Nessie dormindo fez o Jacob se apaixonar agora acordada...
Sinto qua agora que ele pensou na Caroline a relação dele com a Nessie vai mudar, ele vai se proteger mais e será derepente até meio arrogante com ela, e nesse tempo ela vai se apaixonar por ele, ele vai descobrir o que ela esconde e vai ficar furioso com o Edward(tomar que fique mesmo), mas acho que ele terá que ter um pouco de trabalho para conquistar ela, afinal ela tem medo. Não sei falo isso, mas você sempre nos surpreende com algo que não haviamos pensado, estou amando a fic, e esperarei anciosa pelos proximos capitulos pq ela ta demais.
Bjus
Deia

Paty disse...

Amei o capitulo foi maravilhoso ver o PV do Jakelicia e saber pq ele guarda tanto rancor das mulheres ,mas esta Caroline foi uma verdadeira vagabunda hein sem falar no canalha que era seu pai mas ainda bem que ele viu a tempo a vagaba que queria para ser sua mulher mas ele tem que ver que so pq ela não prestava não quer dizer que tds as mulheres são iguais a ela

Este amor que ele sentiu por Renesmee foi arrebatador se msm ela inconciente ele ficou tão impresionado com ela agora que ela acordou vai ser pior pq ela com este jeito meigo e fragil conquistara ele mas ainda , mas quero ver so quando ele descobrir td que o crapula do Edward fez a ele se ele e tão sangue frio assim ele vai querer matar o infeliz e eu torço por isto ok

hilsiane disse...

amei o cap ,adoro essa fic . tanto o jake como a nessie sofreram muito mais de maneiras diferente ele decepção amorosa,ela foi violentada ambos tem medo de se envolverem e se apaixona e vão lutar contra esse sentimento que ja esta surgino entre eles, mais o amor entre eles vai ser mais forte do que tudo e juntos vão descobri que nem tudo e dor e sofrimento. mais quando o jake descobri o que o edward fez com a nessie ele vai paga por toda maldade que fez a ela,tomara que o edward não abuse da nessie de novo ela ja foi muito machucada,sabe to louca que ela e o jacke comerce a namora logo eu amo esse casal.ps: coloca a foto do jake e da nessie.mais uma vez parabéns pela fic mara.bj anne posta logo.

Arícia Aguiar disse...

Glau... o q foi isso, nossa pelo q imagino, esse sentimento é transcedental, ja que surgiu com ela ainda adormecida, sem nem se quer ter olhado nos olhos dela... aff! *suspira* e Nessie nao conseguiu mentir pra ele... kkkkkkkk

qro ver a reação dele qnd descobrir toda a verdade...

Bjo Glau... aguardando a proximo

Leticia (Agatha21) disse...

Nossa... oq foi isso? Traído pela namorada e seu pai? Tadinho... manda ele aqui pra minha casa que eu consolo ele...kkkkkk

Bom, vamos a minha opinião.... Não sei como o Jake vai saber a verdadeira identidade da "Bela adormecida!", pois já deu pra perceber que a Nessie não vai abrir a boca. Então minha mente já está imaginando como: O Jake já descobriu que o Lorde Colchester está devendo uma grana por aí. Então... os amigos de bebedeira dele, ficam sabendo, através do próprio Edward, o motivo principal de seu nervosismo. Claro que o Edward não vai estar lúcido, depois de encher a cara passa a falar tudo sobre a prima sumida...que a desonrou, não permitiu fazer sua temporada pra não conhecer nenhum pretendente, e seu plano de casar com ela e tomar todo seu dinheiro pra pagar suas dívidas. Depois disso os amigos do Jake correm pra contar pra ele que descobriram a identidade de sua amada e o motivo de sua fuga..... Viajei agora......

bjks e até o próximo cap.....

obs: Glau, vc já pensou em fazer uma história interativa? Já pensou nós, leitoras, nos braços do Jakelicía? TDB...kkkk

Daniela RC disse...

Glaucia minha linda, primeiro tenho que pedir desculpas, eu demorei séculos para vir deixar o meu comentário, mas é que a minha mae tirou-me o pc e eu li o capitulo no me movel e nao sei porque mas nao estava a conseguir comentar =(

Bem, o que importa realmente é que finalmente consegui vir =), ainda não tenho pc mas estou a utilizar o do meu trabalho xD

Em relação ao capítulo a Nessie mentiu??
Pois eu não sei o que faria na situaçõ dela, pois se o Jacob fosse um daqueles homens que nao querem problemas, talvez lhe "devolvesse" á familia e isso seria muito triste e tudo o que a Nessie tentou fazer ia pelo cano abaixo, por tanto agora compreendo o porque de a nessie mentir ao jake...

Tadinho do Jacob =( ele foi traido pela pessoa que gostava e pelo proprio pai???
Tadinho...
Eu também nem iria ao enterro dele...acho muito bem e essa tal de caroline teve o final bem merecido, casada com um elho xD, mas Glaucia tal de Caroline nao vai aparecer na fic pois nao??
Não quero que o Jacob sofra mais....
Que lindo ele já está apaixonado pela nessie ainda antes de ela acordar =D

Glucia vosse é simplesmente perfeita =D
QUERO MAIS...
ESTOU A ROER AS UNHAS DE TANTA ANSIEDADE xD

Pronto vou dizer: QUERO MAIS!!!!! xD

Bem, cá fico á espera ansiosamente pelo sábado!!!

Beijos grandes querida =D

Daniela Cristóvão

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