quinta-feira, 3 de maio de 2012

Faz de conta que foi assim17

CAPÍTULO 16 – Termina quando acaba
EU TE AMO
(Chico Buarque)
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir


Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
O homem pensou que tinha se metido em uma grande encrenca quando quase foi pego no jardim da casa dos Cullen, mas agora, analisando a situação, achava que tinha sido providencial saberem de sua existência.
Ainda assim não se perdoava por ter sido tão displicente, cochilando na tocaia. Se não fosse seu bom condicionamento e astúcia para fugir, poderia estar preso.
Pagou a atendente e dirigiu-se ao seu balcão de tiro. Colocou as balas na pistola e descarregou-a no alvo. Apertou o botão que o trazia para perto e sorriu ao ver a cabeça do boneco de papelão praticamente desfigurada. Acertara todos os tiros. Estava mais do que pronto para seu objetivo. Faltava agora esperar o momento certo e puxar o gatilho. Teria uma única chance...
Jacob voltou tarde da delegacia. Conversou com os seguranças e soube que tudo estava bem. Foi até a cozinha, comeu um pedaço de torta de frango que encontrou na geladeira e entornou uma latinha de cerveja em um único gole. Contava com a ajuda da bebida para relaxar.
A casa estava no mais completo silêncio. Provavelmente Edward e Bella já estavam dormindo, pensou.
Quando já estava entrando em seu quarto, olhou para o fim de corredor e fitou a porta da suíte do casal.
Imaginou sua loirinha dormindo, vestindo uma camisola sensual... “Nos braços do homem que ela ama, seu idiota”, lembrou. Jake balançou a cabeça e espantou suas fantasias. Sessão tortura às duas da madrugada não era bem o que ele precisava. Queria apenas dormir e esquecer a dor em seu coração.
O trabalho exaustivo na delegacia tinha lhe rendido uma certeza: O tiro na farmácia que atingira Bella tinha vindo mesmo de um disparo acidental, devido à briga do assaltante com o balconista. A fita da câmera de segurança deixava isso bem claro, pelo menos depois de assisti-la mais de vinte vezes. Restava saber se o homem visto no jardim fazia parte da quadrilha ou se eram casos completamente diferentes.
Edward segurou a esposa na cama até as nove da manhã. Não queria correr o risco de encontrar Jacob Black no café-da-manhã.
– Estou com fome. – Bella reclamou.
– Ontem trocamos sexo por comida. Por que não fazemos o contrário hoje? – Edward perguntou sorrindo, enquanto a beijava no pescoço.
– Nem pensar, Edward. Vamos esperar só mais dois dias.
– É uma eternidade... – Ele contestou, aproximando os lábios dos seios de Bella, fazendo-a gemer baixinho.
– Seria mais fácil se você não fizesse assim...
– Assim como? – Edward murmurou enquanto sua língua brincava com o umbigo de Bella.
– Deixasse meu corpo em brasas...
– É assim que eu te deixo? – Ele perguntou, voltando a beijar seu pescoço.
Bella gemeu alto com o efeito que a barba nascendo de seu esposo provocava nela e confirmou com um simples aceno de cabeça.
Edward rolou na cama, colocando-a sobre seu corpo e segurou o rosto de Bella entra as mãos, fazendo-a olhar para ele.
– Você ainda não viu nada, menina. Deixe-me fazer amor com você e eu te mostro o que é sentir prazer de verdade.
Bella suspirou profundamente. Se ele a fazia ir ao céu apenas falando assim, imagina fazendo...
Beijaram-se ardentemente até que o ar lhes faltasse.
Como Edward suspeitava, Jacob já tinha saído quando desceram para tomarem café.
– Sr. Cullen, o Sr. Black mandou avisá-los que virá para o almoço. – Cornélia informou.
Quando Edward ia soltar um palavrão, lembrou-se da promessa que tinha feito à Bella e, disfarçando muito mal, respondeu “tudo bem”.
Foram para a praia passear com Bud.
Bella colocou um short e a parte de cima do biquíni. Queria pegar um bronzeado. Edward estava apenas de bermuda e com a camiseta jogada no ombro.
Edward, apesar dos seguranças que os acompanhavam discretamente, mantinha o olhar atento, querendo ter certeza que seria seguro estar ali com Bella.
Já perto da hora do almoço, voltaram para casa. Jacob já estava lá.
– Oi, Jacob! – Bella cumprimentou-o.
– Oi Bella.
Para o dono da casa ele fez apenas um aceno com a cabeça, que foi polidamente correspondido.
O policial bem que tentou, mas quando percebeu seus olhos, ainda que disfarçadamente, encaravam os lindos seios de Bella, cobertos apenas com o pequeno biquíni.
– Vai se trocar, Bella. – Edward mandou, tentando ao máximo controlar seu ciúme.
– Tudo bem. Vou tomar um banho e já desço pra gente almoçar.
– Apesar dos seguranças, você não devia ficar saindo muito com a Bella. É melhor que fiquem em casa por enquanto. – Jake falou, procurando manter seu lado profissional acima do pessoal.
– Eu estava atento. Mas tudo bem, evitaremos lugares públicos de agora pra frente. – Edward concordou.
– Ontem nós verificamos as fitas do assalto e deu para concluir que o tiro foi mesmo acidental.
– É bom irmos excluindo possibilidades. E quanto ao homem que estava no jardim, alguma pista? – Edward perguntou.
– Ainda não. Estamos verificando junto às lojas de armas das redondezas para ver quem comprou balas para pistola recentemente. Com as que capturamos na mochila fica mais fácil saber o tipo. Dentro de uns dois dias receberei o primeiro relatório das investigações. Se ainda dermos sorte de ter uma câmera de segurança na loja, aí sim, teremos uma pista e tanto. Estamos também investigando as empresas de revelações de fotografias para ver se a foto foi revelada em alguma delas. Pode ser que os funcionários se lembrem de quem solicitou o serviço. E mais uma chance de termos alguma pista.
– Vamos torcer então.
– Vamos...
A conversa até que foi amigável. Sem a presença de Bella, Edward ficou menos na defensiva.
O almoço transcorreu sem discussões. Na maior parte do tempo ficaram em silêncio. Bella até que tentou iniciar uma conversa, mas sempre era cortada com as respostas monossilábicas de seu esposo.
Edward temia que Jacob soltasse alguma insinuação sobre o plano, por isso preferiu não deixar nenhum assunto evoluir.
O dia seguinte transcorreu sem nenhuma novidade. Jake almoçou sozinho, pois Edward e Bella foram a um restaurante na beira da praia.
– Além do fato de eu ser filha de uma empregada, havia algum outro motivo para o seu pai não gostar de mim? – Bella perguntou, quebrando o silêncio no carro, enquanto voltavam para casa.
– Por que está perguntando isso, Bella?
– Porque eu quero saber, oras!
Edward a encarou por um tempo. A pergunta o tinha pegado de surpresa.
– Não, Bella, meu pai foi contra nossa união apenas porque queria que eu me casasse com a filha de algum membro da aristocracia inglesa. Apenas isso.
Ela não tinha certeza se devia continuar o assunto, temendo magoar Edward, mas também não queria ficar com aquela dúvida entalada na garganta.
– Você acha que ele me odeia a ponto de me querer morta?
– Bella, vo...você acha que é ele que contratou aquele homem para te matar? – Edward estava estupefato com a suspeita dela.
– Eu já nem sei mais o que eu acho. Apenas estou me agarrando às únicas informações que tenho sobre meu passado. Até onde sei, ele é a única pessoa que poderia me querer morta, afinal eu “sujei” o nome da sua família.
– Meu pai não seria capaz de algo assim, Bella. Não consigo nem imaginar uma hipótese dessas. Ele não desceria tão baixo... E tem mais uma coisa, você não sujou nada. Você é a pessoa mais linda e honrada que eu conheço. E eu sou o homem mais sortudo e afortunado do mundo por te ter como esposa. – Edward falou, sem conseguir digerir tudo o que acabara de ouvir.
Por mais que não quisesse acreditar que o pai pudesse fazer uma loucura daquelas, tinha de admitir que se a polícia soubesse de tudo o que havia acontecido no passado, ele seria sim um suspeito.
Tentou manter-se calmo, mas internamente um turbilhão de dúvidas e pensamentos inundava sua mente.
– Desculpe-me ter feito uma suposição como essa, Edward. Não queria magoá-lo, ofendendo seu pai. Esqueça o que eu falei.
– Tudo bem, amor. No seu lugar qualquer um estaria confuso assim como você está. Não se preocupe, não me ofendeu.
Não tinha como Edward ficar com raiva de Bella. Se tinha uma vítima ali, era ela. E, além do mais, seus argumento tinham fundamento, ele constatou aturdido.
Assim que chegaram em casa, Edward ligou para os pais. Esperava que falando com eles pudesse acabar de vez com suas divagações absurdas.
– Edward, meu filho, que surpresa boa. É tão bom falar com você! Estou com tantas saudades.
– Oi mãe! Eu também estou com saudades. Como vão as coisas por aí?
– Tudo bem. Seu pai, como sempre, trabalhando muito. Ele sente muito a sua falta. Por que não vem nos visitar?
– Eu vou sim, mãe. Estou ocupado fazendo umas viagens de negócios, mas quando terminar irei aí vê-los.
– Sua voz está diferente, filho. Você me parece mais feliz, mais alegre.
– Por que diz isso, mãe?
– Não sei... Apenas sinto que algo de bom está acontecendo na sua vida. É só um pressentimento de mãe.
– Eu estou feliz sim, mãe. – Edward confirmou, impressionado com sua sensibilidade.
– Que bom, Edward! Não agüentava mais vê-lo tão triste. Desde que você abandonou a... – Esme parou o que ia dizendo, evitando citar o nome de Bella. - Desde que foi morar aí nos Estados Unidos, – corrigiu - nunca mais o vi feliz. Não sabe como sofria em te ver tão atormentado, filho.
– Eu estou bem, mãe. Nunca fui tão feliz em toda a minha vida.
– Oh, Deus, como é bom ouvir isso! Não sabe o quanto me alegro com essa notícia. Quando estiver pronto para me dizer o motivo de sua felicidade, terei muito prazer em ouvir, filho.
– Tá bom, Dona Esme, hora dessa eu te conto. – Edward falou rindo, pensando no que ela diria se soubesse o que ele estava fazendo. – Mande um abraço para o meu pai.
– Ligue mais para ele, Edward. Carlisle anda muito estranho. Ele está muito preocupado com algo, mas não se abre comigo. Talvez com você ele se sinta mais à vontade de contar o que está acontecendo.
Edward sentiu o estômago contrair-se, e uma sensação horrível tomou conta de seu corpo.
“Será que Bella tinha razão?”
– Vou falar com ele assim que der. Tchau, mãe.
– Tchau, querido. Um beijo.
Edward desligou o telefone e ficou olhando fixamente para a foto no porta-retrato em cima de sua mesa. Uma montagem muito bem feita tinha criado um momento que não existiu. Ele e Bella se beijavam na porta de uma igrejinha na beira de um penhasco. Tinham acabado de se casarem.
“Será que seu pai, o poderoso Carlisle Cullen, sabia de tudo o que ele fizera para ter Bella de novo? Estaria ele tentando separá-los mais uma vez?”
Edward colocou as mãos na cabeça e colocou a testa na mesa, angustiado com os próprios pensamentos.
– Algum problema, amor? – Bella perguntou, entrando no escritório. Achou estranha a posição em que o marido se encontrava.
– Apenas uma dor de cabeça chata, nada sério. – Edward respondeu sorrindo, deixando seus problemas de lado.
– Dor de cabeça?... Logo agora que eu ia te dar uma notícia boa. – Ela falou, sentando-se na mesa, em frente para a cadeira de Edward.
– Que notícia? – Ele quis saber, acariciando suas coxas torneadas que estavam bem à sua frente.
– Acabou... – Bella falou, mordendo os lábios sensualmente.
– Acabou?
– Aham...
– Precisa muito mais do que uma dor de cabeça para impedir que eu faça amor com você hoje, menina.
Edward se levantou e posicionou-se entre as pernas de Bella, puxando-a para junto de si. Segurou o rosto dela com firmeza e beijou-a ardentemente.
– Você sabe o que isso significa, Bella?
– O quê?
– Que nós vamos subir, entrar naquele quarto e só sairemos de lá depois que eu tiver te amado de todas as formas que se pode amar uma mulher.
– Co-como assim? – Bella perguntou assustada, mas excitada ao mesmo tempo.
– Vem comigo que eu te mostro. – Edward falou, sorrindo maliciosamente.
Edward a pegou no colo e subiram as escadas se beijando, sem sequer perceberem a presença de Jake que passou por eles.
Jacob era esperto o suficiente para saber qual a intenção deles. Cerrou os punhos e entrou no carro batendo a porta. Já estava acostumando-se com a dor em seu coração. Sabia que apaixonar-se por Bella não tinha sido algo inteligente. Era óbvio que, apesar da mentira que os envolvia, o amor entre eles era intenso e verdadeiro. Qualquer um poderia ver isso.
Edward fechou a porta do quarto e colocou Bella na cama.
– Aguarde só um minutinho que eu já volto.
Correu até o banheiro e colocou a banheira para encher. Jogou sais de banho na água morna e viu uma camada de espuma se formar, exalando um delicioso perfume de alfazema. Queria tomar um banho antes de fazer amor com Bella e seria muito bom ter sua companhia.
Voltou para o lado de Bella, que o esperava ansiosa e ofegante, devido ao medo que a dominava.
– Bella, vem cá. – Chamou, segurando em sua mão para ajudá-la a se levantar.
– Aonde?
– Você não queria tomar banho comigo? Pois então, estou te convidando.
Bella sentiu o rosto corar de vergonha.
– Como você sabe disso?
– Eu ouvi sua conversa com a Alice – falou rindo.
– Edward, seu intrometido, isso é falta de educação!
– Falta de educação é você ficar contando para a esposa do meu amigo como é o meu pinto.
Bella conseguiu ficar mais vermelha ainda. Ele estava se divertindo com a vergonha dela.
– E-eu apenas fa-falei... Ah, e-eu só co-comentei... – Ela gaguejava tanto que deu pena em Edward, que já não se agüentava de vontade de rir.
– Ei, Bella, eu estou brincando, bobinha. Não me importo com isso. Depois de hoje você vai ter muito o que contar para a Alice. – Edward disse, mostrando-lhe a banheira.
Ele a abraçou e beijou-a novamente, tentando acalmá-la.
Com suas mãos hábeis, despiu Bella carinhosamente, deixando-a apenas de calcinha. Não levou muito tempo para se livrar das próprias roupas, ficando completamente nu.
Bella admirou o corpo perfeito de seu marido mais uma vez. Sem se dar conta, tirou sua calcinha como se aquele gesto fosse algo corriqueiro. Só se deu conta do que tinha feito quando se viu sendo observada pelos olhos dele, que ardiam de desejo enquanto fitavam seu sexo desnudo.
Edward entrou primeiro e deu a mão, ajudando Bella a entrar também. Sentaram-se um de frente para o outro, nos extremos da banheira, protegidos pela espuma que os envolveu.
– Vem aqui. – Edward a chamou, puxando as pernas de Bella de surpresa e passando-as sobre as suas. Ficaram frente a frente.
Bella assustou-se quando percebeu que suas partes íntimas estavam encostando-se perigosamente.
– Você vai colocar agora? – Perguntou aflita.
Edward riu.
– Bella, Bella... Não, eu não vou “colocar” agora – disse, ironizando a palavras colocar. - Nós vamos fazer amor, menina... “Amor”. Não é assim, de surpresa, que as coisas vão acontecer. Fique calma que eu não vou fazer nada que não queira ou para a qual não esteja preparada. Você me parece apavorada... Não quero que sinta medo, amor. Relaxa, você já fez isso antes, apenas não lembra.
Bella seguiu seu conselho e se aconchegou melhor em seu corpo, adaptando-se àquela nova posição. O movimento de suas pernas provocou uma onda de prazer que percorreu todo seu corpo e, pelo gemido que Edward soltou, no dele também, concluiu.
Edward levou suas mãos até as nádegas de Bella e pressionou seu quadril ao dele, enquanto invadia sua boca com sua língua ávida e sedenta de seu gosto. Quando precisavam respirar, ele descia seus lábios até os seios de Bella, sugando seus mamilos túrgidos.
Seus dedos acariciavam o sexo de Bella, arrancando-lhe gemidos profundos.
Bella passou os braços em volta do pescoço de Edward e correspondeu ao beijo com sofreguidão, enquanto tremia de desejo pelas sensações que Edward a fazia sentir com suas carícias.
– Eu te amo... – Murmurou nos lábios de Edward.
– Você é tudo na minha vida, Bella. Eu te amo também.
– Eu não estou mais com medo, eu te quero... Agora!
– Então vamos para o quarto...
Edward saiu da banheira e enrolou-se no roupão. Em seguida ajudou Bella a se levantar e entregou o outro a ela, não sem antes admirar aquele corpo perfeito diante de si.
– Você é linda!
– Você também...
Edward abraçou-a por trás, colocando o rosto no vão do pescoço de Bella e foram para o quarto.
Sem pudores, despiram-se e se jogaram na cama, prontos para serem finalmente um do outro.
Suas bocas se uniram num beijo ardente e faminto.
Sentindo o corpo de Bella sob o seu, Edward se posicionou entre suas pernas e olhando em seus olhos, penetrou-a de uma vez, querendo estar finalmente dentro dela.
Bella sentiu uma dor tão forte que seu grito saiu junto com as lágrimas. Não espera que sexo doesse tanto. Era como se estivesse sendo rasgada por dentro. Seu cérebro levou alguns segundos para entender o que se passava. Estava claro que aquela era a primeira vez que um homem a possuía. Tinha algo muito sério acontecendo ali.
Edward paralisou-se assim que percebeu o ocorrido. Sabia muito bem o que aquilo significava. Nunca lhe passou pela cabeça que Bella pudesse ser virgem... Nunca...
– Bella, eu posso explicar... – Murmurou Edward, sem saber o que dizer.
– Continua. Não pare – Ela falou num fio de voz, com a face molhada pelo pranto silencioso.
– Mas eu preciso... – Ele assustou-se com o pedido dela.
– Não fale nada. Por Deus, apenas continue, por favor.
Bella queria que Edward a amasse até o fim. Queria prolongar o entorpecimento que o desejo e a dor física lhe causavam. Não estava pronta ainda para enfrentar a realidade. Fechou os olhos tentando fazer com que o sonho que vivera com ele tivesse um fim à altura do amor que sentia.
Edward saiu lentamente de dentro dela e voltou a penetrá-la, agora um pouco mais cuidadoso. Não conseguia entender o que estava acontecendo, mas se Bella queria assim... Assim seria. Deixou o desespero de lado e mergulhou de cabeça no último ato de seu teatro, onde fazia o papel do homem mais feliz do mundo.
Foi aumentando cada vez mais seus movimentos até que o semblante de dor no rosto de Bella se transformou em prazer.
– Quem é você? – Bella sussurrou, perdendo-se no verde daqueles olhos que a fitavam?
– Meu nome é Edward Masen Cullen, e eu te amo desde meus treze anos. – Edward murmurou chorando, enquanto seus corpos se uniam em movimentos ritmados.
– Quem sou eu? – Bella já não sabia mais o que era verdade ou mentira na sua vida.
– Isabella Swan... E você me odiava.
Falavam baixo como se não quisessem acordar a realidade que os rondava.
Bella calou-se. Fechou os olhos e se entregou ao derradeiro momento de felicidade que teria ao lado daquele estranho.
Edward passou a estocá-la forte, quase bruto, na esperança de fundir-se definitivamente a ela, para que nada tivesse força suficiente para separá-los.
As lágrimas de ambos uniam-se numa mistura promíscua de dor e felicidade.
Além daqueles vidros que os separam do mar, a razão falaria mais alto do que a fome de seus corpos e o “adeus” seria inevitável.
Bella sentiu o membro de Edward preenchê-la mais uma vez e viu seu corpo inteiro se contrair em espasmos. Gozou sem limites, sem censura, sem motivos... Sua alma chorava enquanto seu corpo estava em festa.
Assistiu, já de volta à consciência, Edward alcançar o gozo dele, despejando dentro dela a última coisa que aceitaria daquele homem.
Assim que se recuperou, Edward enterrou o rosto no pescoço da menina que acabara de fazer mulher e, ainda dentro dela, chorou como uma criança.
– Não me deixe, meu amor. Pelo amor de Deus, não me deixe! Você me prometeu! – Implorou entre soluços.
Promessas... De que valiam elas agora?
Bella o forçou a sair de cima dela. Quando Edward se deitou ao seu lado ela pode enfim levantar-se. Pegou o roupão que estava no chão e o vestiu, percebendo envergonhada que uma mistura de sangue e sêmem escorria na parte interna de sua coxa.
Olhou para aquele que acreditou ser seu marido e não soube o que pensar. Foi para o banheiro tomar banho. Ligou o chuveiro e ficou embaixo, deixando a água escorrer por seu corpo dolorido. Todas as dores do mundo estavam nela naquele momento.
Segundos depois ouviu a voz de Edward. Ele estava sentado na beirada da banheira, de roupão.
– Por que você quis continuar, Bella? – Perguntou Edward, querendo ouvir que era porque ela o amava.
– Não sei...
E não sabia mesmo, apenas não teve forças para dizer “pare”. Não se arranca um amor do coração em tão pouco tempo, pensou. Tinha continuado por amor.
– Eu vou te contar tudo o que eu fiz pra te ter de volta, Bella. Mas quero deixar bem claro que não vou te pedir perdão por isso. Eu não me arrependo do que fiz. Lutar por você foi a única coisa que me orgulho de ter feito em toda a minha vida. Apenas um segundo ao seu lado já compensou essa loucura toda.
Edward relatou com detalhes o que tinha acontecido entre eles, desde que se encontraram embaixo daquela árvore, no jardim da mansão na Inglaterra, até o dia em que foi buscá-la no hospital.
Quando Bella sentiu que não tinha mais forças para ficar em pé, sentou-se no chão e deixou suas lágrimas misturarem-se com a água que caía sobre sua cabeça. Não entendia como aquilo podia não ser um pesadelo. Era muito absurdo para ser real.
Sem ser interrompido uma única vez sequer, Edward falou o que queria e saiu do banheiro. Já nem conseguia mais chorar.
Depois de um tempo, Bella voltou para o quarto. Edward a esperava, sentado na cama.
– Eu vou embora. Preciso fugir dessa mentira toda - desabafou.
– MENTIRA, BELLA?? ME DIGA O QUE HÁ DE MENTIRA NO QUE SENTIMOS UM PELO OUTRO? ME DIGA QUAL PARTE DO QUE FIZEMOS NAQUELA CAMA FOI MENTIRA? EU TE AMO DE VERDADE!! SERÁ QUE ISSO NÃO VALE NADA? – Edward estava desesperado.
– Eu não sei mais nada... – Bella falou, caindo num choro convulsivo logo em seguida. – Eu estou perdida, ferida, machucada... Dói tanto que eu nem sei como estou conseguindo permanecer consciente – lamentou, se jogando na poltrona, vencida pela decepção.
– Bella, - Edward aproximou-se – eu achava que você me odiava, mas você se guardou pra mim. Agora sei que me amava também. Você não admitia, mas nunca me esqueceu. Eu apenas juntei nós dois, amor... Apenas isso. Nós nunca fomos tão verdadeiros com nossos sentimentos como agora. – Edward se justificou.
– Pela segunda vez eu perdi toda a minha história. Eu acreditei que essa era minha vida e agora descubro que é tudo falso, tudo inventado... Essas fotos, os fatos... Tudo criado em computador, tudo contratado. tudo pago... Meu Deus, Edward, por que você fez isso comigo? – Bella mal conseguia falar por causa do choro.
– Eu fiz isso pra te fazer feliz, Bella. Pra te devolver o que eu tinha lhe roubado.
– Um erro para consertar outro erro? Você nunca considerou me reconquistar sem mentiras, Edward? Por que não? Por que não me procurou e pediu perdão?
– Eu pedi, mas você não aceitou. Mandou-me ficar longe da sua vida. Você me odiava, Bella!
– Não acho que esse plano todo tenha sido mais fácil do que você ter insistido, ido me procurar, implorado meu perdão.
– Pelo amor de Deus, Bella, não vai embora! Você acabou de ser minha...
– Eu te dei um troféu, Edward. Um prêmio por ter conseguido me enganar tão bem. Se contente com ele, era a única coisa que eu tinha para te dar...
Bella foi para o closet se trocar, deixando Edward aos prantos.
Não fazia a menor idéia para onde iria. Todas as pessoas que conhecia faziam parte daquele plano torpe... Menos uma... Ia pedir ajuda para Jake.
Edward respirou profundamente. Como já era esperado, o plano não tinha dado certo... Mas pelo menos desta vez ele tinha tentado... E quase conseguido...
QUASE
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença do "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva)

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