quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Voltar a Viver1

Oi amores! Tudo bem?
Bem, essa fanfic que vou postar é da minha amiga Sônia, que usa o pseudônimo Bonno. Ela é uma das fanfics mais lindas que já acompanhei e tenho certeza de que vão amar.



Sinopse: Após uma grande tragédia que tirou a vida da mulher que amava, Edward Cullen se vê com um filho recém-nascido nos braços,entregando-se à dor. Mesmo depois de cinco anos, Edward mantém-se fiel ao amor que viveu, mas o destino lhe oferece uma nova chance de ser feliz. Será que um coração despedaçado pode voltar a bater? Quantas vezes se é possível chegar à beira da loucura e recobrar a lucidez? Quantas vezes o destino nos oferecerá uma nova chance de voltar a viver?



Classificação: +18
Categorias: Saga Crepúsculo
Autora: Bonno 
Personagens: Alice Cullen, Angela Weber, Aro, Bella Swan, Carlisle Cullen, Charlie Swan, Edward Cullen, Emmet Cullen, Esme Cullen, Jacob Black, James, Jasper Hale, Jessica Stanley, Leah Clearwater, Mike Newton, Renée Dwyer, Rosalie Hale, Sam Uley
Gêneros: Drama, Romance
Avisos: Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

Capítulos: 45 (153.216 palavras) 


Notas da História:

A maioria dos personagens desta fic são de autoria de Stephenie Meyer, outros foram criados por mim. O delírio e a fantasia vividos pelos personagens fazem parte de uma aventura que há muito tempo eu desejava começar: escrever.





1 - Capítulo I – SEM AR

A estrada estava vazia e escorregadia devido à neve que caíra durante todo o final de semana. Ninguém, em sã consciência, se arriscaria a sair de casa com o tempo naquela condição, mas Emmett não tinha escolha. Precisava levar Isa, sua cunhada, para o hospital o mais rapidamente possível.  A bolsa já havia estourado e as contrações ficavam mais fortes e próximas a cada minuto. Se não se apressasse o bebê nasceria dentro do carro e, com o frio que fazia em Nova Iorque, isso não seria nada bom. Isa e o bebê precisariam estar protegidos do frio e o carro, por mais que o aquecedor estivesse ligado, não lhes ofereceria o abrigo adequado.

O coração do rapaz estava acelerado. A cada gemido de dor que Isa proferia Emmett pisava mais fundo no acelerador mesmo sabendo dos riscos que a estrada escorregadia representava. Sentia medo por Isa e por seu sobrinho, mas acima de tudo, sentia medo por Edward, seu irmão, que não saberia viver sem a família caso algo de errado viesse a acontecer. Sabia que Edward jamais o perdoaria se causasse um acidente e ferisse sua família. As palavras de Edward ao telefone quando ligou para avisar que estaria levando Isa para o hospital ecoavam em sua mente: “Traga minha mulher e meu filho em segurança, Emmett. Eles são tudo o que tenho de mais valioso na vida. Ficarei esperando com a equipe a postos na entrada no hospital.” Emmett aliviou o peso do pé sobre o acelerador. Não conseguia nem pensar na possibilidade de um acidente. Olhou para Isa como que se desculpando pela demora e ela lhe sorriu, apesar da dor que sentia.

_ Como estão as contrações?

_ Estão mais fortes e mais próximas a cada minuto, Emmett. Não sei se vou conseguir agüentar.

_Vai sim. Você é forte e meu sobrinho é um guerreiro Cullen. Só mais alguns minutos e estaremos no hospital. Edward estará te esperando com toda a equipe do hospital a postos. Tente ficar calma, tudo dará certo.

Emmett sentiu-se aliviado ao avistar de longe o hospital. Já podia ver Edward e várias outras pessoas aguardando a chegada de Isa. Tudo o que os separava da entrada do hospital era o semáforo com a luz vermelha acionada. Ele tamborilava os dedos impacientes sobre o volante do carro, rezando para que a luz verde não demorasse a se acender.

Tudo aconteceu muito rapidamente. Assim que avistou a luz verde que lhe dava permissão para prosseguir, Emmett pisou no acelerador e começou a passar pelo cruzamento. Um motorista embriagado que vinha em alta velocidade avançou o sinal vermelho chocando-se em cheio com a porta do passageiro do carro de Emmett lançando o veículo contra um poste do outro lado do cruzamento. Tudo o que Emmett viu antes de perder a consciência foi o corpo inerte de Isa ao seu lado.

Edward havia passado a noite toda de plantão na ala de pediatria do hospital que pertencia a seu pai, Carlisle Cullen. Estava exausto, mas a ligação de Emmett logo pela manhã avisando que Isa havia entrado em trabalho de parto e que estava a caminho do hospital o deixou com a adrenalina a mil. Andava de um lado para o outro na porta do hospital. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse Isa e seu menino. Não via a hora de poder beijar a esposa e segurar nos braços o filho que estava a caminho. Amava-os acima de tudo, acima da própria vida.

O sol surgiu timidamente iluminando aquela manhã que, para Edward, seria a mais feliz de toda a sua vida. Lembrou-se com carinho da manhã ensolarada em que havia conhecido a mulher de sua vida, dois anos antes:

Edward morava na Califórnia e gostava de correr pela praia logo nas primeiras horas do dia. Após correr pelas areias úmidas durante quase uma hora, decidiu que era hora de voltar para seu apartamento e preparar-se para ir à faculdade onde faria a última prova que o separava de seu diploma de médico pediatra. Amava as crianças. Eram puras, sinceras e incapazes de ferir os outros intencionalmente.
Já fora da areia, avistou uma bela jovem sentada em um dos bancos da calçada de frente para o mar. Era linda, de feições suaves, pele clara e sem marcas, nem mesmo uma sarda. Os lábios rosados e suavemente carnudos despertavam o desejo de provar-lhes o gosto. Os cabelos castanhos- escuros na altura da cintura ganhavam um tom levemente avermelhado sob a luz do sol. Mas havia algo errado com aquela jovem. Edward não pode deixar de observá-la por alguns instantes. Ela parecia triste. Olhava o mar como se tentasse encontrar alguma coisa perdida. Edward sabia que tinha que ir para casa ou iria se atrasar para a prova, mas não conseguia sair dali. Aproximou-se inconscientemente da moça sentando-se na outra extremidade do mesmo banco e ali permaneceu olhando-a até que ela percebeu sua presença. Edward ainda não tinha visto os olhos da moça, mas assim que ela virou o rosto delicado em sua direção ele pode admirar as duas esmeraldas mais lindas que já havia visto. Seu olhar ficou preso no dela e seu coração tornou-se cativo no mesmo instante. Apesar da tristeza que via nos olhos daquela linda mulher não pode deixar de admirar-lhes a beleza.
_ Perdoe-me! – disse Edward – Não quero ser inconveniente, mas você me parece triste. Posso fazer alguma coisa por você?
_Obrigada, mas infelizmente não há nada que você possa fazer por mim no momento.
Edward observou uma lágrima solitária escorrer dos olhos tristes da moça e sentiu uma enorme vontade de abraçá-la e ampará-la. Não sabia explicar o que estava sentindo, só sabia que precisava desesperadamente senti-la protegida em seus braços. Aproximou-se cuidadosamente estudando cada reação da jovem:
_ Eu sou Edward. Se você quiser alguém pra conversar ou simplesmente um ombro pra chorar, estarei aqui.
A moça o encarou em silêncio deixando que outra lágrima escorresse por sua face, e sem se dar conta, encostou a cabeça do ombro de Edward. Ele imediatamente a abraçou, sentindo o calor de seu corpo e o aroma delicioso que exalava de seus cabelos: morango. Ele adorava morangos e sorriu com esse pensamento, sentindo-se satisfeito pelo contato. Naquele momento, Edward soube que havia encontrado a mulher que completaria sua vida, a mulher que o faria o mais feliz de todos os homens.

Um estrondo pavoroso trouxe Edward de volta ao presente. Do outro lado do cruzamento um carro atingia brutalmente a lateral de um Mercedes S55 AM lançando o veículo contra um poste. Toda a equipe diante do hospital corria em direção ao acidente enquanto Edward reconhecia petrificado o carro de Carlisle. Sabia que Emmett estaria dentro dele trazendo sua mulher e seu filho. A mente de Edward dizia-lhe para correr na direção de sua família, mas suas pernas não obedeciam. Estava congelado diante do hospital e só conseguia ouvir as vozes distantes da equipe médica que já socorria as vítimas. “Faça alguma coisa, Edward. Mova-se!”  - gritava sua mente. Suas pernas finalmente começaram a se mover e Edward não sabia dizer como havia chegado à porta do veículo preto onde jazia inconsciente a razão de sua vida.

Emmett já estava sendo levado desacordado para a sala de emergência enquanto os bombeiros cortavam a porta emperrada que impedia o resgate de Isa.  Edward permanecia sentado no banco do motorista segurando a mão da esposa após ter imobilizado seu pescoço e verificado os sinais vitais que ficavam mais fracos a cada minuto. A pele clara de seu rosto estava agora vermelha, manchada pelo sangue que escorria do ferimento na cabeça. Edward pousou a mão sobre a enorme barriga que abrigava seu filho sentindo-o mover-se muito levemente. Algo estava errado. Se o bebê estivesse bem deveria mover-se com força buscando o canal de saída que o traria ao mundo. Seu filho estava... Edward não conseguiu concluir o pensamento. Não podia perder seu filho. Isa jamais se recuperaria de uma tragédia como essa. Com o coração batendo forte no peito percebeu a porta ao lado de Isa ser finalmente retirada e seu corpo ser cuidadosamente colocado sobre a maca que a transportaria à sala de cirurgia onde o obstetra e toda sua equipe a aguardavam para uma cesariana de emergência. Edward acompanhou a maca até a entrada da sala de cirurgia sem soltar a mão da esposa. Durante todo o trajeto, sussurrava em seu ouvido que tudo ia ficar bem, que ela e o bebê ficariam bem. Precisava acreditar nisso para não enlouquecer.

Do lado de fora, na sala de espera, toda a família aguardava notícias de Isa e do bebê. Emmett já estava acordado, mas permaneceria em observação por vinte e quatro horas para que fosse descartada a possibilidade de uma concussão. A forte pancada que havia levado na cabeça no momento em que seu lado do carro atingira o poste causava-lhe uma dor latejante, enlouquecedora. Foi preciso sedá-lo levemente para que ele permanecesse em repouso absoluto. Havia tentado levantar-se da cama do hospital por diversas vezes querendo ver a cunhada. Sentia-se culpado embora todos lhe dissessem que o motorista que os atingira estivesse dirigindo embriagado.

Alice estava calada desde o momento em que Isa fora levada para a cirurgia. Sentada sozinha em uma poltrona da sala de espera, observava o irmão andando de um lado para o outro em agonia. Sabia que ele estava a ponto de enlouquecer e invadir a sala onde sua mulher e seu filho lutavam pela vida. Havia sido impedido por Carlisle de acompanhar a cirurgia por motivos óbvios. Ela sabia que ele não agüentaria esperar por muito mais tempo.   Era louco por aquela mulher, morreria por ela, morreria sem ela. Sem conseguir se conter, atravessou a sala de espera e abraçou forte o irmão que lhe retribuiu com um beijo trêmulo na testa.

_ Ela vai ficar bem, Edward. Eu sei que vai. – disse tentando conter o choro que ameaçava explodir.

_ Não sei viver sem ela, Alice. Não consigo... – a voz de Edward estava embargada.

_ Você não vai ter que viver sem ela, meu irmão. Tenha fé em Deus. Ela é forte e seu filho é um Cullen. Eles vão sobreviver.

_ Eu preciso me apegar a essa ideia, Alice, ou vou enlouquecer de vez.

Edward abraçou mais forte o corpo pequeno e delicado da irmã caçula em busca de segurança. Sempre foram muito apegados e sabia que teria nela seu porto seguro em qualquer situação. Permaneceram assim por mais duas horas até que um dos médicos saiu da sala de cirurgia. Seu rosto estampava o cansaço resultante de horas de tensão com a responsabilidade de salvar duas vidas. O médico aproximou-se lentamente sob o olhar ansioso da família. Edward, que estava de costas para o médico, soltou-se de Alice e correu em sua direção assim que percebeu os olhares de Esme e Carlisle convergindo para ele. Sem coragem de perguntar, ele aguardou até que o médico desse a notícia:

_ Seu menino está bem, Edward. Nós o pusemos em uma incubadora e está recebendo oxigênio. Nasceu com uma cor um pouco arroxeada por ter ficado algum tempo sem oxigênio, mas passa bem. Em vinte e quatro horas poderemos realizar alguns exames e saberemos se terá alguma seqüela, mas ele é forte e perfeito. Sairá dessa bem, com certeza.

O coração de Edward, embora estivesse um pouco aliviado, estava ainda apertado no peito. O médico não havia dito nada sobre Isa e ele não sabia avaliar se a expressão triste no rosto do médico era cansaço ou pesar.  Edward não era capaz de dizer nada. O medo de ouvir qualquer coisa que não fosse “sua mulher passa bem” havia feito sua voz desaparecer. Foi Alice quem fez a pergunta, percebendo que seu irmão não conseguiria fazê-la.

_ E Isa, doutor Uley? Como ela está?

O médico olhou diretamente nos olhos de Edward antes de baixar a cabeça e responder:

_ Isa teve uma série de paradas cardíacas durante a cirurgia. Conseguimos reanimá-la, mas ela havia perdido muito sangue devido aos ferimentos causados pelo acidente. Ela está em estado de coma profundo, Edward. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Sinto muito. Só nos resta esperar e rezar para que ela seja forte e volte pra nós.

_ Onde ela está? – a voz de Edward não passava de um sussurro. Faltava-lhe o ar. Sentia que o chão estava se abrindo sob seus pés e tudo o que queria naquele instante era cair na escuridão daquele buraco desde que a dor passasse.

_ Ela foi levada para a UTI e ficará em observação constante, Edward. Vamos cuidar bem dela, não se preocupe.

Edward, que até então parecia anestesiado, levantou o olhar para o médico e deixou que todo seu desespero viesse à tona:

_ NÃO ME PREOCUPAR? – gritou agarrando o médico pelo colarinho – MINHA MULHER PODE ESTAR MORRENDO NESTE EXATO MOMENTO E VOCÊ TEM A CORAGEM DE ME PEDIR PARA NÃO ME PREOCUPAR?

_ Filho, por favor, controle-se! – dizia Carlisle enquanto ele e mais dois enfermeiros arrancavam Edward de cima do médico. – Nós sabemos como está sendo difícil pra você, mas você precisa se acalmar. Seu filho precisa de você. Enquanto Isa estiver ausente, ele só tem você pra protegê-lo.

É claro que aquilo não era verdade. Toda a família estaria lá para cuidar e proteger o menino, mas Carlisle precisava trazer seu filho de volta à razão. Edward respirava com dificuldade, parecia não enxergar nada a sua frente. Fitava o rosto do pai com o olhar perdido de uma criança indefesa e amedrontada. Carlisle abraçou o filho com força e sussurrou em seu ouvido:

_ Nós estamos aqui, filho. Não vamos sair do seu lado enquanto precisar de nós. Mas você precisa ser forte. Não pode deixar o desespero tomar conta de você. Você agora é pai e precisa cuidar do pequeno Brian.

Edward sentiu-se sendo puxado do buraco escuro em que estava afundando ao ouvir o nome do filho. Abraçou-se ainda mais fortemente ao pai, beijando-lhe a face em agradecimento e desculpou-se com o médico pelo descontrole. Depois pediu para ver a esposa, acompanhando o Dr. Uley até a UTI.

_ Edward, mesmo que você seja médico do hospital, sabe que não posso permitir que fique muito tempo com ela, não sabe? – perguntou o médico.

_ Sim, eu sei. – Edward disse com os olhos marejados cravados na esposa através do vidro que os separava. – Eu só preciso sentir o calor da pele dela e dizer que eu e o nosso filho estamos esperando por ela, que precisamos dela.

O médico tocou-lhe o ombro em sinal de compreensão e se afastou dando-lhe privacidade com a esposa. Edward entrou no quarto sentindo o coração esmagado no peito. Medo. Era isso o que sentia. Aproximou-se do leito onde Isa permanecia inconsciente, pegou-lhe cuidadosamente a mão apertando-a suavemente na esperança de senti-la reagir ao seu toque. Nada. Observou atentamente o rosto sereno da mulher. Parecia estar dormindo um sono tranqüilo. Beijou-lhe suavemente os lábios e aproximou-se mais sussurrando em seu ouvido:

– Oi, amor! Nosso menino está bem e está esperando por você, mamãe! Estou esperando você acordar pra conhecê-lo junto comigo, dorminhoca! Está na hora de acordar, preguiçosa! Volta pra mim, amor!Abra seus olhos pra mim, querida! Preciso ver essas esmeraldas que eu tanto amo brilhando de emoção pelo nosso filho.

Edward deixou seus olhos derramarem uma lágrima que escorreu por sua bochecha e pousou sobre o rosto de Isa. Nenhuma reação. Nada. Permaneceu ali segurando sua mão e sussurrando palavras de amor em seu ouvido até que o Dr. Uley viesse avisá-lo que teria que sair. Isa precisava repousar.

Vinte e quatro horas mais tarde o pequeno Brian era submetido a uma bateria de exames que constataram que o menino estava bem, sem seqüelas pela falta de oxigênio durante o parto caótico que o trouxera ao mundo. Edward levou o filho pra casa dos pais dois dias depois. O menino já estava fora de risco e poderia ser cuidado em casa, cercado pelo amor da família. Deitado na cama de casal do seu antigo quarto de solteiro, Edward observava com carinho o rostinho tranqüilo de Brian que dormia inocentemente sem ter a menor noção de que sua mãe lutava contra a morte em um leito frio de hospital para permanecer ao seu lado neste mundo. 

Alice entrou silenciosamente no quarto de Edward para avisá-lo que Carlisle estava esperando para irem ao hospital ver Isa.

_ Cuide do meu menino pra mim, Alice. Eu não me demoro. – pediu Edward dando um beijo suave na testa do garoto. – Papai não vai demorar, anjinho! Prometo!

_ Vá tranqüilo, meu irmão. Vá ver sua Isa. Seu filho estará em boas mãos. Cuidarei dele como se fosse meu. – disse Alice abraçando o irmão e dando-lhe um beijo estalado na bochecha.

_ Eu sei disso, minha irmã. Não sei o que seria de nós dois se não fosse por você.

Edward desceu as escadas da entrada da casa após despedir-se da irmã e da mãe com um abraço caloroso e apertado. Carlisle já estava no carro com o motor ligado a espera do filho. Emmett, ainda com a cabeça envolta em ataduras, estava sentado no banco de trás do Volvo C30 prata de Edward. Edward sentou-se no banco do passageiro e sorriu para o irmão. Sabia como era difícil para Emmett ver a tristeza estampada em seu rosto. Já havia conversado com Emmett na tentativa de aliviar-lhe o sentimento de culpa pelo acidente. O maldito motorista embriagado era o único responsável por todo aquele sofrimento. Se não tivesse tido morte instantânea ao ser arremessado para fora do carro pela falta do uso do cinto de segurança, o teria matado com suas próprias mãos. Emmett sabia que o irmão estava sofrendo. Estava estampado em seus tristes olhos azuis. Faltavam-lhe o brilho que somente o sorriso de Isa era capaz de provocar.

Os três homens permaneceram calados durante todo o trajeto para o hospital. O Dr. Uley já os aguardava na entrada do hospital com uma expressão preocupada. Edward desceu do carro sem esperar pelo pai ou pelo irmão e caminhou apressadamente na direção do médico.

_ Diga logo, por favor. O que aconteceu com a minha mulher? – o desespero já tomando conta de sua voz.

_ Ela está sendo operada novamente, Edward. Tivemos que tomar uma decisão de emergência, por isso não pudemos esperar pela autorização da família. O cérebro dela inchou muito na noite passada por causa da pancada do acidente. A pressão intracraniana subiu a níveis extremamente perigosos e tivemos que chamar o neurologista para uma cirurgia de emergência. Não posso mentir pra você, Edward. As chances são mínimas, mas existem.

Edward sentiu o chão se abrindo novamente sob seus pés. Desta vez desceria em queda livre só parando ao se espatifar no fundo do buraco. Emmett abraçou com um aperto de aço o irmão que chorava como um bebê assustado. Edward tinha a ligeira impressão de que alguém o envolvia e podia ouvir uma voz em seu ouvido, mas não conseguia entender uma palavra sequer. Tudo o que pensava era que não viveria sem Isa. Precisava dela pra viver como precisava do ar em seus pulmões. Não conseguiria, não sem ela.

Edward sentia que a angústia da espera o estava levando à loucura. A cirurgia já estava acontecendo havia horas e nenhuma notícia tinha chegado até ele.   Andava de um lado para o outro da sala de espera como um leão enjaulado em busca de uma saída.

_Edward, por favor, sente-se um pouco. Você está andando nessa sala há horas e deve estar cansado. – disse Carlisle pondo uma mão no ombro do filho.

_ Pai, eu não sei mais o que fazer. Ninguém nos traz noticias da Isa. Não aguento mais essa angústia. Pelo amor de Deus, pai, me ajude. Entre naquela sala e veja se a minha mulher ainda está viva.

_ Filho, eu não posso entrar na sala de cirurgia, você como médico sabe os riscos de infecção que uma coisa dessas pode trazer. Mas fique aqui, eu vou tentar chamar algum dos médicos para te dar noticias da sua mulher.

Carlisle se afastou do filho e se encaminhou para a sala de higienização onde os médicos se limpavam antes das cirurgias. Sam Uley estava retirando as roupas esterilizadas usadas durante a operação. Trazia o semblante cansado pelas incontáveis horas de cirurgia. Encaminhou-se com Carlisle para falar com Edward. O olhar desolado do médico alarmou Emmett que imediatamente se levantou colocando-se ao lado do irmão. Sabia que ele surtaria se as notícias não fossem boas. Edward tremia dos pés à cabeça, suas pernas estavam bambas e ele achou melhor se sentar para ouvir o que Sam tinha a dizer.

_ Edward, eu preciso que você me ouça com bastante atenção e, por favor, tente manter a calma.

Os olhos de Edward se encheram de lágrimas já esperando a notícia que acabaria com ele de vez.

_ Não se apavore. Isa está viva. A cirurgia foi muito complexa. A pressão intracraniana ainda está alta, mas conseguimos fazer com que ela fosse reduzida um pouco. Ela está sendo medicada com noradrenalida e temos que aguardar que o inchaço no cérebro diminua e alivie a pressão. Só depois disso poderemos ter um prognóstico mais preciso. O estado dela é gravíssimo, Edward. Eu gostaria de dar notícias melhores, mas infelizmente não posso.

Edward não pôde ver a esposa que estava isolada em uma sala esterilizada com parte do crânio aberto para aliviar a pressão no cérebro. Acompanhado do pai e do irmão, voltou para casa em silêncio. Parecia um zumbi quando entrou em casa deixando a mãe e a irmã totalmente alarmadas. Encaminhou-se para o quarto onde seu filho dormia sereno após o banho e a mamadeira dados pela tia Alice. Entrou embaixo do chuveiro deixando que a água quente caísse sobre sua cabeça e seus ombros aliviando-lhe a tensão e lavando-lhe as lágrimas que agora escorriam silenciosamente de seus olhos. Vestiu-se com uma calça de abrigo e deitou-se abraçando o corpinho frágil do filho. Beijou-lhe a fronte sentindo o cheirinho gostoso de bebê e ali permaneceu até que o cansaço o dominasse por completo e se entregasse à inconsciência.

Na sala de estar do andar inferior, Carlisle acabava de relatar à mulher e à filha as horas de angústia que tinham passado no hospital. Esme tinha os olhos arregalados de pavor e tentava a todo custo compreender como uma pessoa tão boa como Isa podia passar por tanto sofrimento. Ela não merecia. Alice, depois de enxugar as lágrimas e acalmar-se, subiu ao quarto do irmão para ver como ele e o sobrinho estavam. Aproximou-se cuidadosamente da cama ao vê-los adormecidos. Passou suavemente os dedos pelos cabelos do irmão notando-lhe a expressão sofrida e cansada. Fez o mesmo com o sobrinho fechando as cortinas do quarto antes de sair.

O dia seguinte amanheceu extremamente frio. A neve voltara a cair na noite anterior e o céu estava coberto de nuvens cinza deixando a cidade com um ar melancólico. Edward acordou sentindo-se desorientado. Ouvia os ruídos da casa, sabia que todos já estavam acordados, mas o quarto ainda estava escuro. Levou algum tempo para descobrir as cortinas cerradas. Seu filho não dormia mais ao seu lado. Alice com certeza o teria levado mais cedo para que o irmão descansasse mais um pouco. Levantou-se ainda tonto de sono e tomou um banho demorado. Desceu para a sala de jantar onde sua família já tomava o café da manhã.

_ Filho, ainda é cedo. Por que não volta pra cama e dorme mais um pouco? – a voz suave de Esme quebrou o silêncio.

_ Não quero dormir, mãe. Não quero mais sonhar que estou perdendo a minha mulher. – Edward disse com um fio de voz.

Ninguém disse mais nada até que todos tivessem acabado de tomar o café. Edward levantou-se da mesa e com o filho nos braços subiu para o quarto em silêncio. Na sala de jantar, a família não sabia o que fazer para ajudá-lo. Todos sabiam da dor que ele sentia, mas somente Isa seria capaz de aliviá-la.

_ Eu não suporto vê-lo assim. – disse Esme com lágrimas nos olhos.

_ Não chore, meu amor. Nosso filho é forte e vai superar essa fase difícil. Estaremos todos aqui para apoiá-lo. – disse Carlisle abraçando a esposa.

Alice, que até aquele momento tinha sido forte e mantido a calma pelo bem do irmão e do sobrinho, desabou no sofá da sala em um choro magoado e descontrolado. Emmett correu ao encontro da irmã caçula pegando-a no colo e acariciando-lhe os cabelos.

_ Chore, Alice. Chore tudo o que tiver que chorar agora. Nosso irmão precisa de nós. Então, minha irmãzinha, chore tudo agora. Eu estou aqui.

Alice agarrou-se ao pescoço do irmão mais velho e entregou-se à tristeza e às lágrimas. Emmett a levou para o quarto no colo, como fazia quando ela era criança e dormia no sofá da sala assistindo desenhos animados até tarde da noite escondida dos pais. Depositou-a com carinho na cama deitando-se com ela e puxando-a para si. Alice ainda chorou por mais algum tempo antes de dormir com a cabeça apoiada no peito do irmão que a abraçava protetoramente.

O sol havia surgido timidamente após o almoço. Edward já estava a postos na direção do carro aguardando Alice e o pai para irem ao hospital. Não via a hora de ver Isa e de sussurrar em seu ouvido como Brian estava mais lindo a cada segundo. Lindo como ela, com os mesmos olhos na cor verde-esmeralda que o pai tanto amava na mãe. A mesma pele branquinha, macia e cheirosa. Os mesmos cabelos lisos, castanho-avermelhados da mãe. Sua cópia perfeita esperando a mamãe voltar pra casa pra dormir aconchegado em seus braços e mamar do leitinho quentinho de seus seios.

Os três entraram no hospital e Edward se encaminhou diretamente para a UTI. Hoje ninguém o impediria de tocar sua esposa. Como médico do hospital tinha livre acesso a todos os setores normalmente vetados aos outros e, por isso, ninguém tentou impedi-lo de passar. Cumprimentou algumas enfermeiras pelo caminho até chegar ao quarto de Isa. Abriu a porta devagar se deparando com toda a equipe médica dentro do quarto. Ninguém percebeu sua presença. Olhavam silenciosamente o semblante tranqüilo da paciente. Edward deu um passo adiante e parou petrificado diante do leito da mulher. O monitor cardíaco mostrava uma linha reta contínua e os bips característicos da máquina haviam sido substituídos por um apito agudo ininterrupto. Por um momento, Edward pensou que estivesse em casa, deitado em sua cama tendo um novo pesadelo. Lutando contra sua mente que teimava em lhe pregar uma peça avançou em direção à esposa, sentando-se na beirada da cama e tocando-lhe o rosto lívido.

_ Isa, amor? Estou aqui, meu anjo. Abra os olhos pra mim, por favor.

Isa permanecia imóvel sobre o leito. Edward olhou mais uma vez para o monitor cardíaco que continuava mostrando o que ele não queria e não podia acreditar. A realidade caiu sobre ele como uma tormenta. Edward agarrou a esposa pelos ombros e começou a sacudir o corpo já sem vida de Isa na esperança de acordá-la. Gritava desesperado o nome da mulher pedindo para que ela voltasse para ele enquanto a equipe de médicos e enfermeiros tentava fracassadamente arrancá-lo dali. 

Alice e Carlisle entraram minutos depois de Edward no quarto assistindo com os corações devastados a cena que se desenrolava diante de seus olhos. Edward havia perdido completamente a sanidade. Agarrava-se desesperadamente ao cadáver de Isa como um náufrago que se agarra a uma tábua de salvação. Mas ela não podia salvá-lo e Edward estava afundando. Isa havia partido e levado com ela o ar que ele precisava para viver.  Alice correu em direção ao irmão abraçando-o com seus braços delicados. Edward chorava ainda agarrado à mulher enquanto Alice tentava convencê-lo a deixá-la ir. Incontáveis minutos se passaram até que, finalmente, Edward soltou-se do corpo da esposa abraçando a irmã.

_ Alice, eu não vou conseguir! Traz a Isa de volta pra mim, Alice. Eu não vou conseguir viver sem ela.

Alice nada disse. Apenas abraçou o irmão com toda a força que tinha olhando para o pai em busca de socorro. Carlisle aproximou-se dos filhos e os abraçou. Os três permaneceram ali chorando sem dizer sequer uma palavra até que os enfermeiros fizeram menção de remover o corpo de Isa. Edward surtou. Começou a gritar e a jogar todos os aparelhos ainda conectados ao corpo sem vida de Isa no chão. Provocava um verdadeiro caos por todo o quarto que foi invadido por mais dois enfermeiros que o agarraram. Uma leve picada no braço e a voz de Alice dizendo que ele iria ficar bem foram as últimas coisas que Edward sentiu antes de mergulhar na inconsciência.

Desde que voltara à consciência Edward não havia dito uma única palavra. Apenas banhou-se, aprontou-se para a interminável e angustiante noite no velório. No andar inferior da casa, a família aguardava calada por ele. O trajeto para o cemitério fora feito no mais absoluto silêncio. Todos pisavam em ovos, com medo de dizer qualquer coisa que o fizesse perder novamente a razão.

Edward permaneceu calado por toda a noite. Manteve-se sentado em um canto do salão com o filho nos braços. Agarrava-se a ele com medo de perder a sanidade. Não teve coragem de aproximar-se do caixão onde jazia o corpo de Isa. A seu pedido ele permaneceu fechado. Não suportaria vê-la morta mais uma vez. Morreria com ela. Preferia guardar a lembrança dos momentos felizes que tiveram. Lembrou-se do dia em que Isa confessou que estava grávida:

Isa vinha sentindo um mal estar contínuo durante aqueles últimos dias do mês abril. Sentia-se fraca e já havia desmaiado algumas vezes deixando Edward preocupado. Edward insistia em levá-la ao médico, mas ela dizia que não era nada. Frescuras de mulher, ela alegara. Edward não havia engolido aquela história e continuava insistindo com a esposa para que fosse ao médico. Mas Isa sabia perfeitamente como distraí-lo. Bastava sussurrar em seu ouvido que sentia saudades dele e ele se esquecia do mundo lá fora e se afundava sem culpa na mulher que amava.
Edward havia feito plantão durante o dia no hospital e estaria livre à noite. Abriu a porta de casa encontrando tudo no mais absoluto silêncio. Encontrou a mesa posta para um jantar romântico à luz de velas. Sabia que Isa jamais se esqueceria do seu aniversário. Isa surgiu magnífica no topo da escada vestindo um vestido preto tomara que caia que deixava evidente a beleza de seu corpo. Os olhos de Edward percorreram com desejo o corpo da mulher que descia as escadas com um lindo sorriso no rosto e com uma elegância jamais vista. “Minha”, pensou Edward, “somente minha”. Isa aproximou-se do fim das escadas tomando a mão estendida de Edward dando-lhe um breve beijo nos lábios.
_ Feliz aniversário, meu amor. Depois do jantar eu tenho um presente especial pra você.
_ O único presente que eu quero é você nua na minha cama.
_ Isso você também terá, mas eu tenho algo melhor pra te dar.
_ Impossível. Não há nada melhor do que fazer amor com a mulher da minha vida.
Isa apenas sorriu e o levou pela mão até a sala de jantar. A refeição foi servida e o casal jantou em meio a risos e carícias.   Mais tarde, no quarto, Edward esperava por Isa na cama enquanto ela se aprontava no banheiro da suíte. Isa entrou no quarto vestindo uma camisola curtinha vermelha. Edward sentiu a boca seca e um calor abrasador começou a queimar-lhe corpo. Não conseguiu esperar até que Isa chegasse à cama. Levantou-se correndo e puxou-a para si colando seus corpos e beijando seus lábios com amor e devoção. O beijo, que a princípio era calmo, foi tornando-se urgente e faminto na medida em que os dois se aproximavam da cama. As roupas já haviam sido jogadas em alguma parte do quarto e os corpos nus se fundiam em um só, tomados de prazer.
Edward não se cansava de admirar o corpo nu da bela mulher deitada em sua cama, após uma noite de amor. Lembrou-se da promessa que Isa havia feito. Algo a respeito de um presente especial. O que poderia ser mais especial do que a noite que haviam acabado de ter? Como se tivesse lido os pensamentos do marido, Isa levantou-se dirigindo-se ao closet e voltando de lá com uma pequena caixinha de veludo azul-marinho envolta em um laço de fita prateado.
_ É pra você. – disse com um sorriso maroto nos lábios. - Vamos, abra!
Edward olhou para a caixinha sem conseguir adivinhar-lhe o conteúdo. Desfez o laço com cuidado e olhando nos olhos marejados da esposa abriu a caixinha. Um par de sapatinhos de lã branca estava depositado no fundo da caixa junto a um bilhete que dizia: “Feliz aniversário, papai!”
Edward ergueu novamente os olhos para a mulher com um sorriso lindo nos lábios. Não foi capaz de dizer nenhuma palavra. Apenas lhe deu seu sorriso mais largo e estonteante e a abraçou emocionado. Aquele, sem dúvidas, tinha sido seu melhor presente de aniversário.

Edward depositou uma rosa vermelha sobre o túmulo da esposa. Ao seu redor, observou as pessoas que já se retiravam após o sepultamento. Alice embalava Brian com os olhos cheios de lágrimas. Tinha se mantido firme durante toda a noite porque sabia que o irmão poderia precisar dela, mas já sentia suas forças fraquejarem. Buscou com o olhar o auxílio de Esme que permanecia próxima a Edward, abraçada ao marido. Emmett aproximou-se da irmã tomando o menino nos braços. Alice sorriu em agradecimento e abraçada a Emmett encaminhou-se para o carro que os esperava na porta do cemitério.

Sozinho diante do túmulo de Isa, Edward chorou pela última vez. Acariciou com os dedos trêmulos o nome na lápide branca.  

_ Eu queria que você tivesse me levado com você, amor. Você prometeu que jamais me deixaria, lembra?  - Edward olhou na direção de Emmett e fitou o filho que dormia tranqüilo. – Mas agora eu não posso ficar com você, amor. Nosso filho precisa de mim. Eu não sei como vou fazer pra viver sem você, mas eu preciso tentar. Por ele, eu preciso tentar.

Edward enxugou as lágrimas que banhavam seu rosto. Sabia que os dias que se seguiriam não seriam fáceis, mas por seu filho, por Brian, ele precisava voltar a viver.





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