segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Resenha de Para Sempre publicada no skoob

Resenha publicada no skoob por Daiane Engler

Antes que comece a ler meu “livro” Emoticon pacman atenha-se a duas coisas:
a) Essa é minha opinião, minha visão, minhas considerações. Isso não necessariamente é o que é, senão meus “achismos”.
b) Sabe aquela história de “cu e gosto cada um tem o seu?”. Pois é.
Eu serei bem honesta. Este romance tinha tudo para me coibir de lê-lo.
1° Ele é o estilo mulherzinha. O que já me repele sem precisar de qualquer esforço.
Ei, calma aí! Não estou dizendo que isso é ruim, só não é meu estilo de leitura.
2° Ele é água com açúcar.
Novamente, isso não é ruim.
3° Estou sem net na minha desk. O que me faz dependente da desk do meu irmão. Imaginou o drama?
Pois é. Levei três dias pra ler. Absurdo!
Sim, absurdo! Do contrário, teria lido em UM dia.
Pense sobre isso.
A partir daqui, eu peço para quem não quer SPOILER correr para as colinas!
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Eu comecei a leitura crente de que o romance merecia 3 estrelas, por motivos que falarei abaixo, e o terminei certa de que ele merecia as 5 por motivos que falarei abaixo, também.
O livro conta a história de Lizzy e Justin, amigos de infância, que se apaixonam e enfrentam inúmeros obstáculos para terem o seu Para Sempre.
Até aí se parece bem clichê, e é.
Mas, pense cá comigo, o que não é clichê?
O clichê não é ruim, a forma de fazê-lo sim. Eu sei que lendo o rápido resumo acima pode parecer desinteressante por ser mais um do mesmo, mas como em qualquer história, pelo menos pra mim, eu tenho de me apegar às nuances do romance, as entrelinhas e em como ele é desenvolvido, porque é isso que fará a diferença dele entre as demais histórias.
Novamente, pense sobre isso.
Enquanto lia o romance, tive três linhas de pensamento:
1° O romance tem um estilo “Sparksiano” (Nicholas Sparks).
2° Ele também tem uma pegada espiritual. Por muitas vezes enquanto lia, eu o caracterizei como romance gospel (isso existe?) por trazer a tona questões de fé e perdão de uma forma muito religiosa. E pela própria história como foi desenvolvida.
3° Como não podia deixar de ser, psicológica.
A história de Lizzy e de Justin é cheia de altos e baixos, de lutas e desistências, de erros e acertos, de ganhos e perdas, de alegrias singelas e de profundas tristezas, mas que por cima disso tudo, por cima de todas as barreiras que se levantaram contra eles e/ou talvez para que estes se provassem serem merecedores de alcançarem tal graça, que é aproveitar o melhor do amor. Eles perseveraram, superando o próprio orgulho e egoísmo para, enfim, desfrutarem da felicidade que eles construíram ao longo do caminho que traçaram.
É uma história de superação, sofrida e dolorida (que um tratamento psicológico poderia ter melhorado a vida de ambos). Contada em dois tempos, presente e passado. Um presente que me encheu os olhos d’água e me deixou na borda, esperando...
A Glaucia apresenta uma história cheia de reflexões, de fidelidade aos seus personagens e suas histórias de vida. Foi como tinha de ser, nem mais nem menos.
Pelo histórico familiar de Lizzy, ela tinha tudo para se perder na vida. Isso até um menininho esperto, Justin Stone, seu vizinho, lhe oferecer a mão por pura bondade e inocência infantil, e isso se estender para o resto da família Stone.
Lizzy teve na família Stone e, consequentemente, em Justin uma ancora salvadora em momentos cruciais de sua vida. Sobretudo, na infância. Uma vez que era negligenciada por sua própria família. Os Stone lhe deu ensinamentos fundamentais, e cobriu algumas lacunas de sua vida que seus pais não supriam. E como era de se esperar, a convivência aproxima Lizzy e Justin além da amizade, que acabam se tornando o primeiro amor um do outro. E o primeiro coração quebrado quando a vida os distancia.
Lizzy é uma garota frágil e insegura, enquanto Justin é seguro e positivo.
Por vezes, confesso, meu lado leitora que vai apenas na onda teve vontade de encher Lizzy de tapa, por sua insegurança e carência, por sua falta de ação quando ela devia sentir raiva (e com toda razão), pelo perdão rápido e as vezes até pela falta de amor próprio, que ela tem um pouquinho. E sim, Justin tinha razão qdo dizia que ela se fazia de vítima das circunstâncias. O que ele não sabia, como mtos na vida real não sabem, o buraco é mais embaixo.
Lizzy parou no tempo, vivendo em espera quando Justin se mudou. Ela não namorou, não viveu experiências com outras pessoas por estar presa à promessa do amor juvenil de “Para Sempre”. Enquanto Justin teve suas experiências, conheceu outras pessoas. Viveu.
Um lado meu gritava para ela acordar e cair em si.
“Hey, não é pq vc o ama que tem de passar em cima de si msm!”
MAS, então, meu outro lado, psicológico, para pra refletir sobre a vida de Lizzy e de Justin.
Justin teve uma vida feliz, uma família estruturada, o apoio, o amor. Base. Tudo que Lizzy não teve.
Lizzy não poderia ser uma garota segura de si quando veio de uma família desestruturada, onde ela desde pequena esteve jogada a Deus dará, sem amparo, exceto pelos Stone. Porém, embora essa família fosse boa para ela, a família própria dela era fundamental para seu desenvolvimento como mulher, como pessoa. Ela não teve nada disso.
O descaso e descuido desde seu nascimento, as vergonhas e sentimentos reprimidos por seus pais, a crença por acreditar piamente que era o fator causador da infelicidade dos pais deixaram marcas, traumas ela carregou para a vida adulta. E talvez nem ela, na correria do cotidiano, na própria vivencia, se desse conta dos traumas que tinha. Era impossível que na vida que ela cresceu, ela se tornasse uma adulta autossuficiente.
Foram os Stone em geral que deram a ela algumas lições sobre a fé, sobre o amor e respeito ao próximo. Foram eles que aplicaram e fortaleceram princípios e valores. No entanto, já havia um dano feito. E é justamente por isso, mesmo ela não sendo 100%, que a faz forte. Eu sei, é contraditório. Mas a vida é contraditória.
Apesar de tudo contra, Lizzy seguiu firme. Ela se negligenciou um pouco a favor do amor, o que não acho mto legal e me emputece um pouco. Ela tbm perdoou com demasiada facilidade, faltou um tico de sangue nas veias nas horas corretas, e sobrou infantilidade nas horas que não precisavam. Aliás, ela é infantil em alguns momentos. Contudo, se você parar para pensar um pouquinho verá que não tinha como ser diferente. E é isso que é genial.
Lizzy nunca teve nada na vida, nada de bom realmente e cobiçava ter o que via nas famílias dos demais, assim como qualquer criança que não tem amor em casa. Que criança não iria querer uma mãe que se importasse? Um pai preocupado? Os pais que eram as pessoas que deveriam amá-la e cuidá-la nunca se importaram com seu bem-estar.
Como não apegar aqueles que lhe estenderam a mão?
Como ela poderia se dar ao luxo de ser orgulhosa quando ela sabia o quão difícil era estar só? O valor de ter alguém? De ser amado e se amar?
É claro que para alguém como ela que tanto desejou, mas nunca teve dos seus, afeto, carinho e suporte, o perdoar venha fácil, porque ela sabe o que é estar só.
Pra mim é evidente o medo dela em perder a única coisa boa que ela teve na vida. Justin e seu amor. Sim, poderia ter se tornado uma obsessão, e por vezes cheguei a pensar se não era. Mas com o decorrer da história vc percebe que não. Sim, há o receio, mas há um punhado de amor, também.
Mesmo com toda fragilidade dela, Lizzy é uma garota batalhadora e um pouco purista. Ela também é forte e companheira quando tem de ser. Foi lindo vê-la dar o ponta pé inicial para que Justin tivesse seu sonho realizado. E assim como ela tem seus momentos fortes, Justin tem seus momentos de fraquezas.
Houve momentos em que quis fazê-lo sofrer mto.
Houve momentos que fiquei com raiva de Lizzy.
Entretanto, embora ache que Lizzy tenha todos os motivos para perdoar com facilidade, me fez falta um pouco mais de ação dela. E novamente é justificável. Lizzy, devido aos traumas de infância, traz um pouco dessa infantilidade pra vida adulta. E gente, infelizmente, por falta de conhecimento (do personagem, não da autora), de saber que precisa de um tratamento psicológico, mtas pessoas levam isso para o tumulo. Aprendem a superar uma e outra coisa, e enterram outras mais fundo e vão vivendo. Lizzy viveu como milhares de pessoas fazem na vida real.
Antes de ir para o final, quero apontar os pontos negativos.
O que me incomodou muito foi a forma de Justin agir em certas ocasiões. A facilidade dele em modificar as situações a seu favor quando ele era o errado e num estalar de dedos era como se o erro dele nunca tivesse existido. Em certos momentos cheguei a pensar que ele se aproveitava dessa fragilidade de Lizzy, mesmo que inconsciente. E Lizzy se permitia isso.
(Isso aqui gente é subjetivo, okay? Meu gosto)
As falas das crianças. No início, ainda com Lizzy e Justin, em certos momentos são adultas e maduras demais para crianças, mesmo sendo narrado por uma senhora. O mesmo se dá com Johnny. Sei, ele é um garoto prodígio, ainda assim ele é só um garoto de 8 anos. Mas por vezes tive a impressão de ele ter pelo menos uns 12 ou 13, e por isso voltar no texto para checar.
Outra coisa, falas de Justin como, por exemplo:
“Pelo que me tomas?”
Eu achei extremamente arcaico e fora de lugar para jovens. Ele fala isso umas duas ou três vezes. Creio que para idosos esse modo de falar caberia bem, assim como algumas palavras rebuscadas soltas no decorrer do livro, em partes em que eles ainda são apenas jovens, MAS não achei adequado para diálogos. Para o corpo de texto, okay. Não para falas, pois deu uma conotação “envelhecida”.
Há algumas “impurezas” em descrições, coisas bobas.
Por esses motivos e outras pequenas coisinhas, eu daria 03 estrelas ao livro.
Meu conselho é, beta-reader, pois há umas pequenas contradições no texto, que uma leitora beta poderia ajudar. E cuidado com as descrições para não exagerar e revelar o óbvio.
Eu sou mto cri-cri com o corpo de texto e estética as vezes me incomoda um pouco. Não estou dizendo que está ruim, porque não está, mas pode melhorar.
A escrita da Glaucia é fluída, leve e apaixonada. E um tanto tímida nas cenas picantes, não por falta de palavrões ou palavras improprias. Só tímida e talvez um pouco sonhadora.
Novamente, não é ruim. Só diferente do que estou acostumada.
Agora, ela TOTALMENTE mereceu as 05 estrelas, não apenas pelo final como também pelas bonitas reflexões que deixou com esse livro.
Livro bom é aquele, que apesar dos erros, fica marcado em nossa mente. E vc não pode vê-lo menos porque os acertos dele são maiores que qualquer erro.
Qdo comecei a ler, confesso que, apesar do aviso da autora, pensei que não era uma boa deixar o final tão evidente, até pensei que deveria apenas haver o presente no início e depois só no fim. MAS tenho de dar o braço a torcer. Glaucia tinha toda razão em preparar o leitor, e no decorrer do livro nos dar esses pequenos momentos com Justin e Lizzy qdo velhinhos.
Não teve um só desses momentos que meus olhos não encheram d’água. Que não me emocionei. Não houve um só momento que duvidei do amor de Lizzy, do próprio Justin. Aliás, o amor dela para ele se prova a cada um desses momentos. E foi lindo de morrer.
Eu sei oq mtos pensam, que já saber oq irá acontecer não tem graça, mas isso não é verdade. Embora vc saiba que vai morrer, a vida não deixa de ser boa. E é por saber que há um fim que temos consciência do valor dela.
Glaucia nos traz isso.
Eu falei muito sobre a fragilidade de Lizzy, mas sabe, apesar de toda sua vulnerabilidade, ela é uma mulher muito forte. A propósito, uma das reflexões mais importantes que Glaucia traz a meu ver é:
Ao olhar um idoso vemos nele a fragilidade e nos esquecemos de que aquela pessoa esculpida pelo tempo já foi um jovem. Mas se engana quem pensa que ele é fraco. O idoso realmente não possui mais o vigor de um jovem, pois o tempo tratou de sugar isso, mas as perdas que ele enfrentou no decorrer da vida e que um jovem ainda irá enfrentar, faz desse idoso franzino tremendamente forte.
Já pensou em qtas perdas um idoso(a) franzino(a) enfrentou? E ainda está de pé?
Eu estive terrivelmente saudosa na perda dos Stone, e qdo o momento crucial chegou, eu fiquei meio brava com a autora, e então, passou e eu entendi.
Glaucia não poderia ter feito essa história de melhor forma. Há sim pontos que podem melhorar. Mas a forma que Para Sempre se desenvolveu foi estupenda. Perfeita.
Eu morri de chorar com a perda, o sentimento de definitivo me arrasou, e fui confortada pela carta linda, pelo próprio conforto de Lizzy.
O que faz esse romance ser magnífico, apesar dos erros, é justamente essa imperfeição dos personagens. O que os torna reais. Justin e Lizzy hoje fazem parte da minha vida. E, meu coração está partido e aliviado ao mesmo tempo por eles que, apesar de todo contra, terem construído sua felicidade tijolo a tijolo.
Para Sempre me marcou de forma linda. E toda vez que ouvir La Solitudine ou Emoções (que baixei só por isso) vou me lembrar do meu casal!
Eu me despeço de Para Sempre com um sentimento saudoso, que a morte trás, apenas para nos dizer o quando é importante dar valor enquanto há vida. Só saudades...
Obrigada Glaucia pela linda leitura.
Att,
Daya Engler
Publicado em: http://www.skoob.com.br/livro/resenhas/239132/edicao:267493

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