domingo, 7 de novembro de 2010

A encarnação do Pecado Por Edward Cullen3



Capítulo 2 – Luxúria




Naquela primeira noite, houve um grande jantar em minha homenagem, onde padres,bispos, cardeais e abades estavam presentes, conversando sobre os pecados do mundo e a submissão das mulheres.



Isabella servia-nos com muito interesse, ouvindo cada parte da conversa com profunda indignação e a todo momento nossos olhares se encontravam de forma furtiva. Sentia-me completamente desconfortável com a situação. Contudo, mesmo lutando contra a atração que ela exercia em mim, não conseguia deixar de lhe olhar com curiosidade.



A certa altura ela pediu permissão para se recolher e eu fiquei ouvindo as tolices que diziam sobre as mulheres e como deveriam se comportar. Sinceramente, aquele falso moralismo me enjoava, e tive vontade de me recolher também para não continuar a ouvir tamanhas tolices que nem deveriam ser ditas pela boca de homens de Deus.



Disse que me sentia cansado e me recolhi ao meu quarto. E para a minha surpresa, quando cheguei a meu aposento, eu a encontrei lendo uma das minhas traduções. Ela se virou assustada quando a porta se abriu e eu a fechei rapidamente. Afinal não queria que nos vissem em situação tão constrangedora.



Caminhei até ela, olhando profundamente em seus olhos, já sentindo a tensão dominando o meu corpo. Parei diante dela e peguei os papéis que ela havia deixado sobre o criado mudo.



- Todos os meus pensamentos. – Disse sentindo a minha sexualidade mostrando sinal que estava ali presente, desejosa de sentir aquele corpo do pecado em si. Ela me olhava de forma penetrante, analisando todos os meus gestos cautelosamente e me deixava ainda mais nervoso diante daquela situação tão inusitada.



- Por que saiu¿ - Eu a questionei lendo um pedaço do texto que estava no manuscrito, vendo-a com a face maliciosa em seu rosto angelical.



- Estou com dor de cabeça. – Vi em seu rosto que não se tratava de uma mera mentira para me espionar e saber mais sobre mim. Mas parecia não ter nenhum tipo de pudor em relação aquilo e continuava a me analisar com aqueles olhos verdes arregalados.



Caminhei até a minha cadeira, com as pilhas dos meus manuscritos nas mãos, sentei, arqueei as sobrancelhas e comecei a observá-la. Vi que apesar de nervosa com aquele interrogatório, havia uma certa satisfação na forma como me olhava. Senti mais uma vez o pecado brotar em minha sexualidade ao analisar aquele lindo corpo, que deixava as suaves curvas a mostra dentro daquele lindo vestido azul. Seus pequenos seios eretos, o colo mais do que perfeito, uma cintura com curvas sinuosas. Mas o que realmente me chamava a atenção não era o seu corpo. Sim seus olhos que nunca desviavam dos meus, encarando-me com petulância e intimidação,deixando-me de certa maneira desconcertado perante a situação tão inconveniente. Sabia que se nos pegassem em meu quarto, seria no mínimo um escândalo para nós dois e não haveria forma de remediar a situação. Ela, contudo, ainda mostrando altivez na forma de olhar, parecia não se preocupar com aquilo e continuava com a mesma petulância no olhar.



- E qual a razão dela¿ - Perguntei tentando entender o que se passava. Se teria a coragem para dizer que era apenas uma desculpa para examinar o meu quarto. Não sabia até onde ela poderia chegar e me intrigava o seu comportamento tão ousado.



- Não suportei que falassem de mim como se eu fosse apenas uma coisa. – Disse com a voz firme e a mesma forma de me encarar nos olhos, como se buscasse em mim algum resquício de fraqueza.



- O que gosta de ler¿ - Perguntei analisando os meus manuscritos. Por sinal impróprios para uma moça ler.



- Filosofia, ciência, matemática, astronomia, teologia e romances. – Respondeu de forma tranqüila, enquanto eu analisava os manuscritos que havia bisbilhotado.



- Leu isto¿ - Perguntei de forma severa, erguendo as folhas em minhas mãos. E pela primeira vez vi um sinal de sua fraqueza, quando abaixou o olhar e negou com a cabeça. Sabia que estava mentindo, mas naquela situação, era preferível evitar uma discussão.



- Foi bom não ter lido. Traduzi de Catulo, um poeta gozador. – Vi um breve sorriso em seu olhar, enquanto balançava a cabeça, que estava baixa e pelo semblante, levemente avermelhado, parecia envergonhada pela primeira vez. – Ele nunca falaria de uma mulher como uma coisa.



- Boa noite, Milord! – Assentiu com a cabeça e saiu apressadamente do meu quarto. Sabia que por sua vergonha, estampada claramente em sua face, havia lido o conteúdo da tradução em meus manuscritos. Senti-me um tolo por forçar aquela conversa. A minha sexualidade latejava dentro de mim, deixando-me completamente excitado com toda aquela situação. Coloquei os manuscritos sobre a mesa, caminhei até a cama, passei a mão por dentro da roupa e segurei firme o meu sexo e pensando em Isabella estimulei-o pela primeira vez na vida de forma pecaminosa... sentindo-me completamente culpado depois de chegar ao gozo após sentir o ápice do prazer enquanto pensava no corpo de Isabella.



Ajoelhei-me diante da cama e pedi perdão a Deus pelos meus pecados. Contudo sentia o peso daquela forte atração e a carga em meus ombros era grande demais.



- Senhor, perdoe-me porque pequei.



---- xx ----



A primeira semana passou rapidamente e Isabella se mostrava uma aluna esplêndida em suas colocações e pensamentos.



Confesso que era mais fácil para eu discutir os assuntos com meus discípulos na cátedra, do que com ela, que possuía um pensamento muito além da maioria das pessoas que eu conhecia.



Não sabia de onde vinha tanta convicção e como concebeu aquela forma tão peculiar de pensar. Mas o fato era que ensiná-la se tornou um grande desafio para mim e nossas discussões sobre os mais variados temas ficavam calorosas.



Ela me tentava de forma que já não podia agüentar. Outrora imaginei que seria difícil conviver com a luxúria me chamando dentro de casa. Entretanto, nem em meus piores pesadelos, poderia imaginar que uma criatura tão bela poderia ser tão ousada e obstinada.



Em muitos momentos suas mãos me tocavam, acariciando as minhas de forma a me constranger. Seus olhos cantam para mim sem precisar dizer qualquer palavra. Em algumas ocasiões, seus pés tocaram as minhas pernas de forma inapropriada e seus lábios estavam sempre parecendo chamar os meus. Cheguei até a perceber que me espiava em momentos íntimos, mas não sei o motivo de não adverti-la sobre aquilo. Talvez, difícil de se afirmar, a minha sexualidade já estava tão acostumada com aquela tentação diária, que não conseguia encontrar forças para refrear as suas ações ousadas.



Sabia que se abrisse a guarda para uma discussão sobre o assunto, certamente perderia o razão e a deixaria perceber o quanto mexia comigo. Era quase impossível rebater os seus argumentos em uma conversa.



- Certamente a lei é a lei. Quem somos nós para escolher como obedecer¿ - Dizia com altivez em certa discussão.



- Porque a Santa Madre igreja diferencia entre... – Tentei falar e me cortou com o mesmo tom ativo.



- Sob autoridade de quem¿ - Questiona em tom zombeteiro. –Onde se acha tal autoridade. No Novo Testamento¿ Nosso Senhor disse: “Não vim destruir, mas satisfazer”. – Para completar o meu martírio, ainda conhecia bem as escrituras e falava com muita propriedade, tornando o nosso diálogo ainda mais caloroso.



- Sob a autoridade dos Santos. – Mais uma vez ela me cortou, colocando sua face diante de mim, com aqueles olhos verdes me testando de forma inapropriada... ela era terrível... Sim! completamente terrível!



- E quantos Santos Nosso Senhor criou¿ - Segurou as minhas mãos e continuou com a mesma perspicácia em suas argumentações, debatendo cada palavra com convicção.



- Nosso Senhor escolheu Apóstolos que...



- Foram feitos Santos exceto um. – Deu um breve sorriso e continuou a sua colocação. – Como saberemos se Judas não fazia a vontade de Deus¿ O Deus do nosso testamento é diferente do Nosso Senhor. O Velho é um Deus de vingança e o novo um Deus de amor. Como acreditar nos dois¿ - Havia petulância e certeza em suas palavras. Ela fazia as suas próprias conjecturas, baseada no que lia e tirar algo se sua cabeça era mais do que impossível. Não haveria forma de fazê-la entender que suas palavras não passavam de blasfêmias contra o nosso Senhor.



- Basta! Basta! – Soltei a sua mão e em seguida comecei a rir da sua expressão divertida, sabendo que havia ganhado mais uma discussão com o famoso mestre de teologia. – Seja qual for o Deus, agradeço por não ser a minha aluna na catedral. Prefiro discutir com o Colegiado dos cardeais. – Deu um breve sorriso e sua expressão ficou séria. –Não, prefiro discutir com qualquer um do que com você. O colégio dos cardeais seria bem mais fácil. – Abaixou o olhar e sorriu satisfeita.



Ela apoiou o rosto com uma das mãos, segurando a sua pequena maçã e voltou a encarar o meu olhar da forma que mexia com a minha sexualidade.



- Leu alguns dos poetas clássicos¿ - Perguntei tentando mudar de assunto, enquanto bebia um cálice de vinho.



- Alguns! - Respondeu praticamente sussurrando com a voz sensual que me fazia estremecer. E o desejo de meu corpo só aumentar.



– Como define a poesia¿



- Certamente ela se auto-define. – Responde da mesma forma. – Então... é prosa memorável. Um espelho da verdade escrito.



- Bom! Muito bom! – Digo sorrindo para ela. – Eu me lembrarei disso.



- Li seus poemas também. – Diz com a voz cautelosa de anjo.



- Espelho da verdade¿ - Pergunto desafiando, sabendo exatamente a que se referia.



- Não! Prosa memorável. – Bebe uma taça de vinho de forma sensual, enquanto os seus olhos desafiam os meus e me deixam ainda mais excitado com aquela conversa que tomava um tom desafiador. Ficamos conversando por um bom tempo, falando através de metáforas e sabia exatamente o que queria de mim... Ela me queria e fazia questão de deixar aquilo bem claro. E por mais que tentasse lutar contra aquela tentação, era mais forte do que eu.



Fazia as minhas confissões ao padre e lhe pedia perdão pelos meus pecados. Pagava todas as penitências e mesmo assim o peso da minha consciência por ter pecado continuava a me cobrar.



Já não era mais o mesmo em minhas aulas e meus alunos já percebiam a mudança em mim. Porque minha mente estava cheia de luxúria carnal. E já ouvia alguns comentários maliciosos a respeito, fazendo de conta não perceber tamanha maledicência.



Certa noite estava em meu aposento, escrevendo um poema, e ela entrou para me levar um prato de comida. Ela o colocou sobre a mesa e depois se debruçou sobre mim, segurando a minha mão, com o rosto tão próximo ao meu que dava para sentir o calor da sua pele. Meu corpo começou a queimar e quis tomá-la para mim naquele momento. Estava tomado pela luxúria, com a sexualidade pulsante e um desespero crescente dentro de mim.



- Se importa¿ - Perguntou com a face angelical ao tocar a minha mão.



- Sim! Eu me importo. – Afastei a sua mão por um momento e depois a segurei de forma agressiva, enquanto nos olhávamos tão perto, que era possível sentir o seu hálito quente em minha boca. – Por Deus me deixe em paz! – Quase gritei, pois meu desespero devastador estava quase me fazendo perder o controle. Sabendo que se continuasse tão perto de mim, não haveria mais saída para nenhum de nós e estaríamos completamente condenados ao inferno.



- Está me machucando! – Disse assustada, puxando a sua mão e saiu correndo. Levantei-me de sobressalto e fui até a janela. Então a abri e deixei o vento frio trazendo alguns flocos de neve invadissem o meu corpo ardente, de forma a esfriá-lo para que conseguisse me acalmar e ter condições de pensar racionalmente sobre o que se passava comigo. Peguei os flocos de neve que estava na beira da janela e cobri todo o meu rosto em desespero. Só assim pude me sentir melhor depois de perder a cabeça com Isabella.



Mais dias foram se passando e viver embaixo do mesmo teto era completamente difícil para mim. E mesmo com o cardeal Swan presente, Isabella sempre encontrava uma forma de me tentar.



Ele era completamente alheio ao que se passava em sua casa, dedicando-se única e exclusivamente as suas relíquias “santas”, que forjava para angariar dinheiro as custas de pessoas ignorantes. Não se dando conta do clima de sedução que estava embaixo do seu nariz o tempo inteiro.



Chegou a noite de natal, todos fomos para a catedral para a missão de celebração. Ficamos um ao lado de outro e nossos olhares se encontravam a todo momento. Seu cheiro era delicioso e me tirava completamente a razão. Sentia-me o pior dos pecadores, por deixar que a luxúria me tomasse justamente na casa de Deus. Mas era impossível evitar aquelas reações em meu corpo, com ela tão cheirosa e tão perto, mesmo com a igreja cheia, seu tio ao seu lado e a imagem do Senhor olhando para mim.



Vivi uma luta entre o santo e o profano, já não agüentando mais aquela terrível sensação de desejo dominando o meu corpo. Sabendo que a queria mais do que tudo e precisava saciar os meus desejos em seu corpo virginal.



Saímos da missa e seu tio ficou com os demais clérigos comemorando. Então Isabella, Jacob e eu partimos pelas vielas de Paris, que estavam lotadas de pessoas que bebiam, riam e se divertiam, em direção a sua casa.



Em parte do caminho, Jacob parou e lhe pediu um beijo, alegando que era tradição. Aquilo fez um ciúme aflorar dentro de mim. Contudo precisava manter a compostura e não deixar os outros perceberem o quão incomodado havia ficado.



- Deve-me um beijo, Milady! – Disse segurando a sua mão.



- É natal. Uma tradição. – Disse observando-o encarar o seu rosto, enquanto segurava a sua mão. Ela se virou para mim e me questionou.



- É a tradição, Milord¿ - Seus olhos estavam cheios de malícia e sabia que usaria aquilo para conseguir um beijo meu depois. Confirmei e fiquei parado, inflamado pelo ciúme.



- Praticamente a lei, Milady! – Disse com sorriso malicioso para ela. Observando-a se dirigir a Jacob e beijar o seu rosto. Depois nós três demos os braços e caminhamos sorrindo pelas vielas de Paris.



Chegamos a casa e ficamos em frente a lareira conversando, enquanto tomávamos vinho. Nossos olhares estavam fixos um no outro e estava claro que nos desejávamos ardentemente. Senti meu coração bater mais forte, minha sexualidade pulsando dentro de mim, uma irresistível vontade de tomá-la. Contudo o seu tio chegou e ainda ficou um tempo conversando conosco.



Depois que o cardeal Swan se recolheu, continuamos a tomar o nosso vinho, no mesmo clima de sedução que havia antes, até chegarmos ao ponto crucial e que tanto temia.



- Não me deve algo¿ - Perguntou com olhar exalando luxúria, enquanto me enfeitiçava de forma irreversível, para o meu mais completo desespero, com os lábios úmidos pelo vinho e a voz macia que cantava para o meu coração desejoso.



- É a tradição. – Respondi deixando-me levar pela sua sedução.



- Praticamente a lei. – Sabia que usaria as minhas palavras contra mim. Mas no fundo estava gostando e queria aquilo... precisava desesperadamente dela para saciar o meu desejo.



- Nosso Senhor foi traído por um beijo.



- Foi pré-ordenado. – Rebateu.



- Esse também¿ - Questionei arqueando a sobrancelha.



- Desde o início dos tempos. – Aproximou-se mim lentamente, depois colou seus lábios nos meus e começou a movê-lo. De repente, ouvimos um barulho e nos afastamos. A serviçal entrou trazendo mais uma bandeja com alimentos e vinho. Ficamos nos encarando em silêncio, esperando que fosse embora para que continuássemos o nosso beijo. Meu corpo queimava aflito e sabia que aquela noite, seria a minha mais completa perdição. Não havia mais como voltar e eu cederia aos pecados da carne, deixando a luxuria vencer os votos que havia feito com o meu Senhor.

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