domingo, 15 de maio de 2011

Pena de anjo16


CAPÍTULO 16
By ValentinaLB

... “Esme e Rosalie chamaram Bella e percebi que Renée estava sozinha, sentada em uma mesa afastada. Eu precisava fazer alguma coisa e o momento era esse.
- Renée – chamei sua atenção, sentando-me ao seu lado. – Preciso te contar de onde você me conhece.”
Ela me olhou assustada, prevendo que o que eu falaria era importante.
- Então eu estava certa sobre nos conhecermos? – Perguntou meio desconfiada.
- Sim, você estava certa. Renée, tenho algo muito sério para te contar, mas não acho que seja nem a hora, nem o lugar adequados – falei, percebendo que seria impossível conversarmos sem sermos interrompidos. - Poderíamos nos encontrar amanhã? Posso ir na sua casa quando Bella sair com Alice ou, se preferir, nos encontramos aqui no hotel – sugeri.
- Edward, agora você me deixou preocupada. Poderia pelo menos me adiantar alguma coisa para que eu consiga dormir esta noite. Não acha que já tenho muitos motivos para uma insônia? – Brincou ironicamente, sem muito entusiasmo.
Seu pedido era justo.
- Renée, eu sou o paramédico que salvou a vida da Bella quando ela cortou os pulsos, há dois anos. Naquele dia você estava muito desesperada e foi por isso que não se lembrou quem era eu. – Não adiantava ficar enrolando, mas tinha consciência que o que acabara de dizer exterminaria a última gota de equilíbrio que havia naquela mulher.
Pensei que ela desmaiaria. Seu rosto ficou lívido e os lábios tremiam. Seus olhos fixavam os meus, estarrecidos.
Ela abria a boca para falar, mas nenhum som saía.
Pedi a um garçom que passava que me trouxesse um copo de água urgente. Torci para que ninguém notasse o estado de choque em que Renée se encontrava.
Fechou os olhos por alguns segundos e quando os abriu, lágrimas escorriam deles.
- Mãe, não acredito que ainda esteja chorando! - Bella falou, risonha e carinhosa, aparecendo do nosso lado sem que notássemos sua chegada.
Meu coração parou de bater. Percebi que aquela noite perfeita poderia terminar em um pesadelo para mim. Era agora que ela descobriria tudo!
Os olhos de Renée iam do meu rosto para o de Bella, num vai e vem agoniante. Eu só esperava o momento em que ela repetiria tudo o que eu tinha acabado de lhe contar na frente da filha e todo meu sonho de ser feliz ao lado de Bella ruiria.
- Coisas de mãe, filha. Não se preocupe comigo. – Foi tudo o que finalmente conseguiu dizer.
- Edward, me salve de Alice, por favor, só hoje! – Bella pediu, puxando-me pela mão.
Deixei Renée sozinha sem saber o que ela faria a seguir. Minha cabeça doía.
- Edward, suas mãos estão frias, meu amor. Relaxa, o pior já passou. Todos já sabem do casamento e nos apóiam. É nossa noite, aproveite. – Bella não suspeitava que “nossa noite” corria um grande risco.
Ela não desgrudou mais de mim, com medo de Alice. A todo tempo eu olhava para Renée e todas as vezes nossos olhares se cruzavam. Sua expressão era indecifrável, o que me deixava desesperado e ansioso. Não podia prever sua reação. Eu estava em suas mãos.
Vi quando ela chamou Charlie, cochichou alguma coisa em seu ouvido e começaram a se aproximar de nós. Minhas pernas foram perdendo as forças e me apoiei em Bella. Por pouco eu não a derrubo. Ela era uma baixinha que mal chegava a cinqüenta quilos e eu, um homem de quase um metro e noventa, cheio de músculos que a profissão acabava exigindo. Ela literalmente gemeu de dor sob o peso do meu corpo.
- Desculpe-me, Bella, eu escorreguei. – Menti, voltando a me apoiar nas minhas pernas trêmulas. Ainda assim eram mais fortes e confiáveis do que a frágil e minúscula garota com quem me casaria.
Renée veio direto para meu lado e me deu um forte abraço. Inicialmente fiquei sem saber o que fazer, mas depois correspondi, abraçando-a também. Aquele abraço era como uma conversa silenciosa.
 – Esperarei sua visita – sussurrou em meu ouvido.
Despedi-me de meus sogros e prometi que levaria Bella depois.
Senti-me aliviado depois daquele abraço. Tinha algo de terno nele... De cumplicidade.
Não demorou muito e todos começaram a ir embora. Praticamente arrastada por Jasper, Alice foi a última a sair, esbravejando palavras desconexas sobre uma maldita lista de convidados.
- Bella, o que acha de fugirmos e nos casarmos em Las Vegas? É uma boa forma de nos livrarmos desta destemperada. – Sugeri.
- Sua proposta é tentadora – falou rindo - mas seria muita crueldade com ela, amor. Nunca vi ninguém tão feliz em organizar um casamento quanto sua irmã. Eu agüento, nem que para isso tenha que triplicar minha dose de Prozac. – Me encantava o bom humor de Bella.
- Obrigada, Bella. Fico feliz que entenda a empolgação de Alice. Apesar de tudo, e esse tudo é muita coisa, amo minha irmã. Realmente nunca a vi tão feliz.
- Ela é um doce, Edward.
- Vamos subir um pouco antes de levá-la pra casa? Esta noite quase não tive tempo de curtir minha noiva. Estou com saudade desta boca macia – falei, dando apenas um selinho em seus lábios. O salão estava cheio de funcionários desmontando a festa.
Assim que entramos na suíte, nos beijamos apaixonadamente. Bella ainda mantinha uma distância do meu corpo, mas a cada dia ficávamos mais próximos e nossos beijos mais ousados.
Bella se sentou no sofá, tirou os sapatos de salto e levantou as pernas, esticando-as sobre as almofadas.
Sentei ao lado de seus pés e fiquei olhando-os. Eram pequenos e delicados. Apresentavam marcas vermelhas nos lugares onde o calçado havia apertado.
- Posso fazer massagens nos seus pés? – Perguntei.
Sua expressão era de quem tinha sido pega de surpresa. Pelo visto eu tinha sugerido tocar um lugar que ela ainda não tinha rotulado como “proibido para homens”.
- Acho que sim – falou, sem muita convicção.
Com calma e cuidado levantei-os e coloquei em meu colo. Bella me olhava um pouco desconfiada.
Levei minhas mãos até um de seus pés e comecei a apertá-lo gentilmente, usando os dedos para fazer pressão.
Bella fechou os olhos e esboçou um sorriso, soltando um longo e sensual suspiro.
- Isso é tão bom!
- Então relaxa e curta porque seu noivo é ótimo em massagens nos pés – brinquei, caprichando no que fazia.
 Bella realmente relaxou. Manteve os olhos fechados e me deixou massageá-la, parecendo quase adormecida enquanto seus pés eram carinhosamente acariciados por minhas mãos.
Nunca fui um adepto à podofilia, mas confesso que aquela massagem estava me deixando excitado. Melhor parar enquanto mantinha meu autocontrole. Não gostava de ficar dando bandeira na frente de Bella. 
- Foi tão gostoso! Eu quase dormi – Bella falou quando parei, sorrindo sem graça.
- Quer dormir aqui, amor?
- Hã? – Bella se surpreendeu com minha pergunta, arregalando os olhos completamente.
- Calma, Bella, sem segundas intenções... Eu passo a noite aqui no sofá e você fica na cama. É que pensei que não quisesse colocar seus sapatos novamente.
- Não, Edward, eu tenho de ir, meu pai ficaria chateado se eu fizesse isso.  
- Tudo bem, daqui a dezoito dias não teremos mais de nos separar, você será minha “esposa”. – Dei ênfase à palavra esposa.
- Edward, tem uma coisa que eu ainda não te contei – Bella falou, enquanto descíamos para a garagem. - Rosalie pediu que eu fosse amanhã ao consultório dela. Ela me prometeu que não vai ter exame, que é só para me receitar um anticoncepcional, para o caso da gente... Hã... Você sabe... – Eu já tinha me acostumado com sua cara vermelha quando o assunto era sexo.
- Isso é ótimo, Bella. Deveria deixá-la que a examinasse também. Minha cunhada é uma excelente ginecologista e além de tudo é mulher, não irá sentir vergonha.
- Eu odeio esses exames, Edward. Não sabe quantas vezes tive de fazê-los depois do que aconteceu. E eu sinto vergonha mesmo com mulheres. É constrangedor de qualquer jeito.
- Eu sei ,Bella. Deve ter sido horrível, mas ainda assim é necessário. Precisa colocar sua saúde em primeiro lugar e prevenção nunca é demais.
- Tá bom, Edward, vou pensar sobre isso, agora vamos mudar de assunto. Eu também tenho vergonha de falar disso.
- Quero saber do que você não tem vergonha, Bella. Vive ruborizada! – Falei rindo, apertando suas bochechas.
- Vamos nos ver amanhã? – Perguntei ao parar o carro em frente sua casa.
- Edward, sua irmã ficou de vir me pegar aqui às oito horas da manhã e disse que não temos hora de parar. Acho que só vai nos restar o celular.
- Se precisar de mim para salvá-la, me ligue.
Nos beijamos com paixão. Ao nos separarmos meus lábios passaram por sua orelha e desceram para o pescoço, enchendo-o de beijos. Era a primeira vez que eu fazia isso.
Bella encolheu os ombros e soltou um gemido alto.
- Eu te amo, Bella – falei, roçando a boca no lóbulo de sua orelha. O perfume e a maciez de sua pele estavam me levando à loucura.
A pele arrepiada e os suspiros de Bella me incentivavam a continuar e alimentavam meu desejo que já estava ficando incontrolável.
Nos beijamos novamente, com mais luxúria ainda. Tive de me segurar para minhas mãos não descerem para seus seios. Uma vontade louca de tocá-los me consumia.
- Edward... – Havia medo na forma como Bella chamou meu nome, alertando-me que estávamos atravessando um limite perigoso.
- Tudo bem, Bella, é melhor pararmos mesmo. Desculpe se me excedi. - Ainda bem que estava escuro dentro do carro.
- Me liga amanhã – falou, evitando me olhar.
- Ligo sim.
Bella entrou em casa e fiquei olhando-a fechar a porta. Amanhã voltaria neste lugar e nada me garantia que eu ainda estaria tão feliz quanto estava agora.
O cansaço me ajudou a dormir.

Às nove horas em ponto eu entrava na sala da casa de Bella. Já tinha me certificado com Alice que as duas estavam juntas.
Minhas mãos suavam frio.
-Bom, Renée, acho que te devo explicações – disse, depois de nos cumprimentarmos.
- Você não me deve nada, Edward. Aliás, sou eu quem lhe devo, mas gostaria muito de ouvir a sua história. – Me surpreendi com sua calma.
Sentamo-nos e comecei a contar tudo bem devagar, desde o momento em que quase atropelei o estuprador até quando impedi Bella de pular do prédio. Em alguns momentos tive de parar para me certificar de que Renée teria condição de continuar ouvindo. Respondi todas as suas perguntas e a vi se desesperar quando contei da carta e da tentativa de Bella de acabar mais uma vez com sua vida. Queria lhe falar sobre a história do anjo, para compartilhar com alguém minhas dúvidas quanto a sua veracidade, mas me lembrei das palavras do desconhecido me pedindo para nunca contar aquilo a ninguém.
- Meus Deus, Edward, Bella precisa saber disso! – Renée falou entre soluços. – Não pode esconder isso dela!
- Eu sei, ninguém sabe disso mais do que eu, mas não acho que ela esteja preparada para saber, Renée – falei, enfiando meus dedos entre os cabelos, desesperando-me por não ter uma solução para aquela situação.
Relatei a conversa que tínhamos tido no dia que resolvemos nos casar, sobre ela se sentir bem com o fato de eu não pertencer a seu passado.
- Edward, o que existe entre você e Bella é muito mais que simples encontros por coincidência! Algo divino une vocês. Não tem como não se surpreender e comover-se com tudo o que me contou. Bella precisa saber que tem um anjo na vida dela e que esse anjo é você.
“Mais uma a me chamar de anjo.”
- Renée, eu e Bella vamos viajar de lua de mel por uma semana. Por favor, assim que voltarmos eu conto tudo, mas me deixe prepará-la primeiro. Tenho esperança que este tempo que passarmos juntos, já casados, ajude Bella a superar mais ainda seus traumas. Por favor, me dê só mais esses dias, eu te imploro, não fale nada pra ela nem pro Charlie por enquanto.
- Dá pra ver o quanto a ama, Edward, e duvido que esse sentimento tenha nascido recentemente. O amor de vocês não é algo que possa ser explicado. Nunca vi uma história tão triste e ao mesmo tempo tão bonita em minha vida. Vou deixar seu coração decidir o que é melhor para a minha filha, afinal te devo isso. Você salvou três vezes a vida dela e ainda continua salvando, mas como mãe tenho a obrigação de te alertar que mentiras são muito perigosas num relacionamento.
- Obrigada, Renée. Não vou deixar que Bella descubra antes de eu mesmo contar pra ela. Ela vai estar bem mais forte e segura quando voltarmos. Vai estar preparada para entender.
- Vou orar para que você esteja certo, Edward. – Renée segurou minhas mãos e deitou seu rosto sobre elas, chorando convulsivamente.
- Você é uma pessoa abençoada, Edward, e agradeço muito sua presença na vida tão trágica da minha filhinha. Faça minha menina ser feliz de novo, não a deixe se matar!
Fiquei sem saber o que fazer, olhando o desespero dela e sentindo nos ombros o peso da responsabilidade que pairava sobre mim. Eu precisava manter Bella feliz não apenas pela sobrevivência dela, mas pela minha, pois ela era tudo para mim, e também pela sobrevivência de outras pessoas, como aquela mãe que chorava emocionada diante de mim.
Apesar de sentir todos os músculos do meu corpo doerem, entrei no meu carro aliviado por ter resolvido meu problema. Eu tinha marcado uma data para contar tudo para Bella e com certeza seria o momento certo. Agora eu poderia finalmente me dedicar unicamente aos preparativos do casamento.
As duas semanas seguintes passaram voando. Eu praticamente não via Bella e quando nos encontrávamos, na maioria das vezes à noite, ela estava tão cansada que dormia sentada.
Reservei o hotel em Wallace; aluguei o jatinho que nos levaria até lá e o carro que usaríamos para passear pela região; providenciei a limpeza do novo apartamento; contratei uma empregada, através de uma firma especializada, para trabalhar para nós, fazendo os serviços domésticos ; entreguei os convites, que não eram muitos e virei boy da Alice, buscando e levando coisas para ela.
Fora nossa família e alguns tios e primos meus e da Bella, convidamos os meus colegas de equipe e alguns amigos mais chegados. Bella ficou muito triste quando soube que seu padrinho não poderia vir, pois estava em uma cidade do interior onde defendia uma causa muito importante. Ele era advogado.
Já com todos os convidados confirmados, a festa seria oficialmente para cinqüenta pessoas, mas quem via Alice correr de um lado para outro com Bella, o dia inteiro, pensava que ela estava organizando a coroação do Rei da Inglaterra.
Renée e Esme tinham nos perguntado o que achávamos da presença de um padre no casamento. As duas eram católicas. Por incrível que pareça me pareceu uma idéia bem interessante. Minha relação com Deus tinha mudado muito nos últimos meses e sua bênção era bem vinda. Bella, como tinha sido criada na fé cristã, adorou o fato de eu concordar.
As lágrimas de felicidade de minha mãe me comoveram.
- Que bom que aceitou! Você foi um presente que Deus me deu, Edward. Não pode deixá-Lo fora de sua vida, meu filho.
- Ele trouxe Bella de volta pra mim, mãe, mesmo o pedido tendo vindo de um descrente como eu.
- Deus conhece sua alma, meu “pequeno milagre”. A sua fé, Edward, você professa, mesmo sem saber, seguindo o Seu maior mandamento: Amando e respeitando seu próximo, colocando sua própria vida em risco para salvá-los.
Tinha muita verdade em suas palavras.

- Bella, tire esses dois últimos dias para descansar. Se quiser consigo uma medida restritiva que proíba minha irmã de chagar perto de você. – Apesar da brincadeira, estava preocupado com o cansaço dela. Estávamos no carro e eu a estava levando pra casa.
- Amanhã é o dia das compras no shopping, Edward. – Bella parecia apavorada. - Alice que me ajudar a comprar camisolas e lingeries... Essa coisa de medida restritiva funciona mesmo?
Comecei a rir.
- Lingeries? Hum!! Estou começando a amar minha irmã de novo.
- É sério, seu bobo tarado! Vamos fugir amanhã. Me leve para um lugar onde ela não me encontre, por favor.
- Combinado! Nada de compras, amanhã sumiremos do mapa; afinal, quem precisa de calcinhas em uma lua de mel? – Me vinguei por ela ter me chamado de “bobo tarado”.
- Será que um dia minha cara vai parar de ficar vermelha com suas gracinhas sem graça? – Bella perguntou.
- Espero que não.
Dentro de dois dias aquela menina linda seria minha esposa. Só não sabia quando ela seria minha mulher.

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