domingo, 15 de maio de 2011

Pena de anjo17


CAPÍTULO 17
by ValentinaLB

Bella já tinha perguntado umas dez vezes onde iríamos passar o dia, mas deixei-a curiosa, não lhe dando nenhuma pista sobre o nosso passeio.
Chegamos em menos de duas horas após sairmos de Chicago, depois de enfrentarmos alguns quilômetros em uma estradinha de terra no meio da mata de Oak Lawn, cidade vizinha a nossa.
 Faríamos um piquenique ao lado de um riacho que ficava na propriedade do pai de um amigo meu. Ele já tinha me falado várias vezes sobre a beleza daquela região e prontamente permitiu que eu e Bella viéssemos conhecer.
Realmente era de tirar o fôlego. As árvores em tons laranja, o riacho límpido e a idílica ponte de pedra pareciam um quadro de tão perfeitos.
Não havia muitas casas nem pessoas naquela região. Teríamos a mais completa privacidade.
Esticamos o enorme cobertor que eu havia trazido sobre as folhas secas do chão e nos sentamos embaixo das árvores, apreciando a paz daquele lugar.
- Por que será que eu ainda acho que Alice vai sair de trás de alguma árvore a qualquer momento? – Tive vontade de rir. Pelo visto Bella tinha adquirido mais um trauma.
- Relaxa, Bella, ninguém sabe que estamos aqui. Nas mensagens que enviamos não contamos aonde iríamos.
- Alice pode ter colocado algum chip rastreador em mim.
- Realmente há essa possibilidade, mas ela tem pavor de insetos e dificilmente entraria na mata. Estamos seguros. Relaxa, amor.
- Vou tentar.
- Vem cá que te dou uma ajudazinha.
Ficamos rindo até que nossas bocas se encontraram num beijo cheio de saudades. Há muitos dias não tínhamos um tempo só para nós. Ficamos namorando a manhã toda. Eu estava adorando ter Bella só para mim e aproveitei cada minuto ao seu lado.
Às onze horas meu celular tocou, era a “sarna” da minha irmã.
- O que você quer, Alice? – Perguntei sem a menor paciência.
- Eu vou te matar, Edward! Quero falar com Bella agora!! – Ela estava histérica.
- Bella não pode atender.
- Por que? Deixa de ser chato, seu irresponsável seqüestrador de noivas! Passa o telefone para a Bella agora!
- Nós estamos transando, Alice. Bella está com a boca ocupada. Dá para parar de nos interromper, ou quer me ouvir gozar no telefone?
- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii meuuuuuuuuuuuuuuuuuuu Deuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuus!!!
Desliguei o celular dando gargalhadas.
Dizer que Bella estava vermelha não definia com justiça sua situação. Na verdade ela parecia um luminoso de motel em neon, de tanta vergonha.
- Vo... você é lo, lo...louco? Como po...pode dizer uma...uma coisa dessas?
- Agora tenho certeza que ela não liga mais – falei, rindo mais ainda da cara hilária de Bella.
- Edward, você insinuou que eu... – Ela abriu a boca indignada com o próprio pensamento, sem perceber que estava olhando insistentemente para o meio de minhas pernas.
- Ham, ham. – Falei, com a cara mais cínica do mundo.
Bella tampou o rosto com a mão e balançou a cabeça.
- Nunca mais vou ter coragem de olhar na cara dela.
Eu não sabia se Bella era tímida ou ingênua... Ou os dois, o que era pior ainda.  Não entendia muito bem o que se passava na sua cabeça e nem fazia idéia do quanto ela sabia sobre o que acontecia entre homens e mulheres, tirando as barbaridades que sofrera em sua trágica experiência.
- Bella, acho que está na hora de termos uma conversa séria sobre um assunto muito importante. – Falei, já não rindo mais.
- Qual assunto? – Perguntou displicentemente, evitando me encarar. Ainda estava envergonhada por causa da minha brincadeira.
- Sexo.
Bella se engasgou com a saliva e começou a tossir feito louca. Por pouco não tive de fazer a Manobra de Heimlich nela.
- Sexo? – Grunhiu atônita.
- É, Bella. – Eu tinha de me controlar o tempo todo para não rir dela.
- Edward, não é minha mãe que deveria falar sobre isso comigo? – O luminoso estava ligado de novo.
- Em tese, sim, mas eu preciso entender algumas coisas para poder te ajudar melhor. Eu tenho certas dúvidas – falei.
- Com vinte e cinco anos você ainda tem dúvidas sobre sexo? – Bella estava surpresa.
- Não é isso Bella, eu sei muito mais sobre sexo do que pode imaginar. O que eu quis dizer é que eu tenho dúvidas sobre o que “você” sabe sobre o assunto.
- Eu sei muito, Edward, e aprendi da forma mais dolorida que há.
- Bella, o que aquele monstro fez com você foi tortura, violência, abuso. Não é sobre isso que estou falando. Eu quero saber o que você sabe sobre sexo consensual, quando um homem e uma mulher de comum acordo usam seus corpos para se darem prazer? Como e onde se tocam? Entende?
- Hum... Eu sei do você está falando, Edward. Só depois que eu te conheci é que me pareceu possível ter prazer no sexo. Eu não assistia filmes ou programas onde apareciam pessoas transando. Não suportava sequer ver homens e mulheres se abraçando, me dava ânsia, mas mesmo evitando, é impossível não ter essas informações. Elas estão por todos os lados. Eu fugi deste assunto de todas as maneiras, mas quando a gente começou a namorar eu me surpreendi com as sensações que comecei a sentir e com os sonhos que passei a ter...
- Você sente desejo por mim, Bella? Você se imagina fazendo amor comigo e consegue enxergar isso sendo uma coisa boa? – Bella tinha acabado de assumir que tinha fantasias comigo, o que já era um excelente começo.
- Ham, ham!
- Eu adoro quando responde assim, Bella, mas agora quero uma resposta mais elaborada.
- Sim, Edward, eu acho que tenho vontade de me entregar por completo àquelas sensações que você me faz sentir quando me beija. Eu queria muito ter coragem de ir pra cama com você, pois tenho certeza que seria maravilhoso, mas é só ousarmos um pouco mais para o medo me dominar e aquelas memórias torturantes voltam a minha cabeça.
- O que mais te assusta, meu amor? Do que realmente você tem medo? – Perguntei.
- Da dor! - Disse, cerrando os olhos. - A única referência que eu tenho de uma penetração, Edward, é de algo me rasgando por dentro, cortando as minhas entranhas e me fazendo sangrar quase até a morte.  As minhas cicatrizes não me deixam esquecer o quanto o sexo pode machucar. As partes do seu corpo que você quer usar para me dar prazer são as mesmas que aquele homem usou para me torturar... É disso que eu tenho medo. Eu não quero mais sentir aquela dor de novo, Edward! Nunca mais...
- Eu te entendo, meu amor, mas você tem consciência de que não precisa ser assim? Que se for feito com amor essa dor pode se transformar em prazer? Tem, Bella? – Perguntei, acariciando seus cabelos.
- Tenho, Edward. Sei que você jamais me machucaria. Eu só não sei por que eu ainda te afasto quando tudo o que eu quero é que continue a me tocar? – Apesar da timidez, ela disse aquilo olhando no fundo dos meus olhos.
- Isso vai mudar, Bella. Deixe o tempo fazer o trabalho dele... – Falei, beijando-lhe os lábios carinhosamente.
- Vamos comer? – Perguntei. Já tinha pressionando muito a Bella e, afinal, o dia era para relaxarmos.
Fui no carro e busquei a enorme cesta que o hotel tinha arrumado para mim. Estava lotada de comida e refrigerantes.
Estava tudo delicioso. Bella, já recuperada, comeu quase toda a torta de morango com chocolate. Realmente não existia piquenique sem formigas.
Peguei um dos morangos que enfeitava a torta e levei-o até a boca de Bella.
- Já comeu morango desse jeito, Bella? – perguntei, mordendo a parte dele que estava fora da sua boca e dando-lhe um beijo logo a seguir.
O suco da fruta escorria por nossos lábios, despertando em nós uma luxúria que ainda não tínhamos experimentado juntos. Fomos intensificando o beijo à medida que nossos corpos clamavam por mais proximidade. Minha boca desceu por seu queixo e pescoço, sugando as gotas de morango derretido que escorriam.
Bella sussurrou meu nome entre gemidos. Desta vez não era um pedido para que eu parasse, era simplesmente uma forma de extravasar o desejo que tomava conta dela.
Eu não me lembrava de já ter me sentido tão excitado quanto naquele momento. Eu queria Bella de uma forma tão desesperada que chegava a doer.
- Eu te quero tanto, Bella! – Murmurei em seu ouvido.
Minhas mãos começaram a descer por seu pescoço, indo claramente em direção a seus seios. Tudo o que me restava era avançar o sinal, até descobrir os seus limites.
Senti Bella empurrando-me para trás.
- Desculpe-me, Edward, desculpe! – Lamentou.
Abaixou a cabeça e começou a chorar.
Respirei profundamente, em busca de um mínimo de racionalidade e afaguei seus cabelos.
- Nós estamos conseguindo ir cada vez mais longe, Bella. Não precisa chorar por ter parado. Não temos de fazer tudo de uma única vez. Você não precisa exigir tanto assim de você.
- Eu não queria ser assim, Edward, eu queria ser normal – falou entre soluços.
- Não fale dessa forma, meu amor, claro que você é normal. Ter medo é totalmente aceitável no seu caso. Nós vamos conseguir superar esses traumas juntos. Eu adorei o que fizemos agora; acho que já demos um grande passo. E saiba que a partir de hoje minha fruta preferida será o morango – brinquei.
- A minha também. – Bella riu. Levantei seu rosto e limpei suas lágrimas.
- Sem dor, Bella. “Um passo de cada vez.” É assim que faremos.
Recolhemos a comida que sobrou e fomos caminhar no riacho, aproveitando a água gelada para esfriarmos o fogo que ainda ardia em nossos corpos.
Voltamos no final da tarde.
- Amanhã só nos veremos no casamento. Vou passar o dia em um SPA. Coisas da sua irmã!! – Bella falou quando parei na frente de sua casa.
- Então a próxima vez que eu te ver estará vestida de noiva? – Só de imaginá-la meu coração já disparava.
- Sim, e estarei a minutos de me transformar em sua esposa – falou, acariciando meus cabelos e colando levemente seus lábios nos meus.
- Vão ser longas horas...
- Vão mesmo...
A manhã estava linda. Não podíamos ter escolhido um dia melhor para casarmos.
Tomei banho, fiz a barba e fui para casa dos meus pais ajudar nos últimos detalhes.
A casa parecia que tinha sido atingida por um tornado. Não havia nada no lugar. Umas cinqüenta pessoas corriam de um lado para outro, entre mesas, flores, candelabros, cadeiras e mais um monte de coisas que eu nem ousava perguntar o que eram. Apesar da aparente bagunça, tudo corria dentro o mais perfeito planejamento de minha irmã. Não tinha nada para eu fazer ali.
Tentei falar com Bella, mas soube que estava sem celular, “para não ser incomodada”. Não precisei nem perguntar de quem tinha sido aquela idéia absurda.
A expressão com que me olhavam não deixava dúvidas de que Alice tinha contado o episódio do telefone para todo mundo.
Ela estava eufórica por achar que era verdade, lançando-me sorrisinhos de contentamento. Minha mãe e meu pai, que não eram tão ingênuos, repreenderam-me pela brincadeira.
- Coitadinha, já posso imaginar o constrangimento de Bella ao ouvi-lo falando aquilo. Você não tem juízo, Edward? Olha se isso é coisa para falar para sua irmã. Nem parece que vai se casar, age como se fosse um menino. – Dona Esme estava realmente aborrecida comigo.
- A Bella fica linda quando está envergonhada, mãe. Precisava ver a cara dela! Minha barriga doeu de tanto rir. E é tudo culpa da Alice, que não nos deixa em paz. Tem de brigar é com ela! - Ela me olhou como se eu fosse um caso sem salvação e saiu pisando duro.
Voltei para minha suíte e fui descansar um pouco. Não que eu tivesse uma noite de núpcias que fosse requerer muito esforço, mas um bom sono vespertino nunca era demais.
Quando desci do carro, já vestido em meu smoking preto do casamento, não acreditei que aquela bagunça da manhã pudesse ter se transformado em um cenário de sonhos como aquele que estava diante de meus olhos.
O jardim estava todo iluminado com lâmpadas verdes que, escondidas entre as plantas, projetavam sua luz nas árvores, deixando-as deslumbrantes. As mesas dos convidados estavam espalhadas em uma das varandas, lindamente decoradas. Não tinha como não admirar e se encantar com o bom gosto da festa.
A cerimônia do casamento aconteceria na sala, onde um altar tinha sido montado e cadeiras colocadas para que os convidados assistissem.
Só meu pai e Emmet estavam prontos. Nenhuma mulher havia descido ainda. Por mais linda que a festa tivesse, enquanto Bella não chegasse seu brilho não estaria completo.
- Nervoso, filho? – Meu pai perguntou, rindo da minha cara aflita.
- Ansioso, pai. Queria que Bella estivesse aqui.
- Ela vai estar, Edward, mas vai ser a última a chegar.
Ele e meu irmão já tinham passado por isso e por mais que eu tentasse disfarçar, eles sabiam o que eu estava sentindo.
Rosalie e Ethan apareceram. Minha cunhada era uma mulher muito bonita e estava linda. Meu sobrinho gorduchinho estava parecendo um homenzinho vestido de terno. Era ele quem levaria as alianças.
Os convidados foram chegando aos poucos e, mesmo me ocupando em recebê-los, cada vez eu ficava mais aflito. Alguns colegas não puderam vir porque estavam de plantão, mas suas esposas vieram, representando-os. Fiquei tocado com a consideração que tiveram.
Bebidas finas e requintadas entradas eram servidas por garçons impecavelmente vestidos. Alice tinha pensado em tudo.
Minha mãe veio me apresentar o Padre que nos casaria. Como o que ela havia convidado não pode comparecer, por motivos de saúde, tinha mandado um substituto.
Quando ele se virou e me estendeu a mão. Pensei que desmaiaria.
Lá estava eu diante do anjo da igreja. Ele agora estava vestido com a roupa típica de padres.
- Edward, este é o Padre Abel, que dará as bênçãos para você e Bella.
Eu não sabia o que dizer. Estava praticamente em choque. Estendi-lhe a mão para cumprimentá-lo, sem conseguir pronunciar uma palavra que fosse, e recebi um aperto caloroso.
- Será um prazer abençoar seu casamento com Isabella. Não é sempre que encontramos pessoas unidas por um amor tão intenso e especial quanto o de vocês. – falou, sabendo que eu entendia a que ele se referia.
Lançou-me um sorriso cúmplice e reconfortante.
Alice nos interrompeu, avisando que Charlie e Bella já estavam chegando. Pediu a todos que fossem para a sala, pois logo o casamento iniciaria. Minhas mãos começaram a suar frio.
Os minutos que fiquei naquele altar esperando que Bella entrasse pareceram uma eternidade. As mãos de meu pai em meu ombro ajudaram um pouco, mas não foram suficientes para acabar com minha ansiedade.
Ao som da música tema de “O fantasma da Ópera”, tocada por uma pequena orquestra no fundo da sala, a porta que me separava de minha noiva se abriu e meus olhos vislumbraram a imagem mais linda que já tinham visto. Usando um vestido de renda que a deixava divinamente doce e magnífica, Bella começou a caminhar até mim.
As flores de seu buquê balançavam no mesmo compasso em que suas mãos tremiam, denunciando injustamente o nervosismo que tentava disfarçar. Seus olhos brilhavam intensamente pelas lágrimas que teimavam em umedecê-los. Em meio a tanta emoção nosso olhar se cruzou e eu entendi porque até mesmo um anjo da guarda tinha se apaixonado perdidamente por ela. Bella era perfeita e seu sorriso só poderia ser comparado ao canto de uma sereia, pois era capaz de fazer qualquer homem cometer loucuras por ele. Quanto mais se aproximava do altar, mas eu tinha certeza que ela era a razão da minha existência. Eu daria minha vida por aquela menina que vinha em minha direção.
Senti meu rosto molhado e só então percebi que eu também chorava.
Charlie deu um beijo em sua testa e a abraçou ternamente. Depois de me cumprimentar, entregou-me a mão de sua filha para que eu a segurasse.
Meus olhos não desgrudavam dos de Bella um segundo que fosse.
- Você está linda, meu amor – murmurei enquanto beijava seu rosto e nos virávamos de frente para o Tabelião que nos casaria no civil.
Era difícil me concentrar em alguma coisa que não fosse aquela bela mulher que estava ao meu lado.
Após o casamento civil começou o casamento religioso. Na verdade seria apenas uma bênção, sem seguir necessariamente os rituais convencionais da igreja.
Com uma voz que só poderia ser mesmo de um anjo, Padre Abel começou a ler uma passagem da Bíblia que eu não conhecia.
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”...
- Este é um trecho de Coríntios 13, que nos fala do amor. O mesmo amor que celebramos agora. Quanto vale o sonho de viver um grande amor? Que preço estamos disposto a pagar para termos ao nosso lado a pessoa que amamos? – As perguntas de Padre Abel foram recebidas no mais completo silêncio pelos convidados presentes.
- Eis aqui um casal que sabe responder estas perguntas,  pois não se importa com as dificuldades que terá de enfrentar. O amor que une Isabella e Edward é maior que o medo, que a descrença e e desesperança. Ele sofre, crê, espera e suporta. Eles sabem que enquanto estiverem juntos, serão mais fortes do que qualquer obstáculo que encontrarão pela frente. Eles têm fé no amor, que é o mesmo que ter fé em Deus.
O anjo me encarava enquanto falava, como se estivesse falando apenas comigo. Eu entendia muito bem suas palavras. Ele já tinha me falado das consequências da minha escolha pelo amor por Bella, quando abandonei minha condição de anjo. No nosso primeiro encontro ele tinha dito que tinha mais revelações a me fazer e agora eu suspeitava que era sobre elas que ela estava falando.
Ethan entrou trazendo as alianças e foi recebido por sorrisos de encantamento dos presentes. Ele começou andando devagar, exatamente como tinha ensaiado, mas quando viu Bella, não conteve sua emoção e correu para seus braços, fazendo gargalhadas soarem pela sala.
- Existem laços inquebráveis... – murmurou baixinho o “padre”, sem perceber que podia ser ouvido.
Bella abraçou Ethan e beijou-lhe a bochecha.
- Quer casar comigo? – Perguntou para ele, enquanto o pegava no colo.
Sua cabecinha se moveu rapidamente pra cima e pra baixo, num sinal evidente de um “sim” caloroso. Mais risadas foram ouvidas.
- Eu cheguei primeiro, mocinho!! – Brinquei, batendo levemente em seu ombro.
Assim que Rose o pegou do colo da minha noiva, nos voltamos para o padre para enfim colocarmos as alianças que seriam abençoadas por ele.
- Edward Anthony Cullen, você aceita Isabella Marie Swan, como sua legitima esposa e promete amá-la e respeitá-la até que a morte os separe? – Perguntou o anjo.
- Sim – disse, olhando intensamente nos olhos verdes de Bella – e te prometo ainda que nem mesmo a morte nos separará.
O sorriso do anjo era a confirmação do que eu acabara de prometer.
- Isabella Marie Swan, você aceita Edward Anthony Cullen, como seu legitimo marido e promete amá-lo e respeitá-lo até que a morte os separe?
Poucos ali sabiam do peso que esta última parte da pergunta representava para mim. Eu ainda temia que um dia Bella pudesse fazer uma loucura e acabar com sua vida.
- Prometo! – Bella falou, com a voz embargada pela vontade de chorar.
Então nossas mãos foram unidas e a aliança de Bella me foi passada para que eu a colocasse em seu delicado dedo.
- Isabella, receba esta aliança como prova do meu amor e fidelidade. – Sua mão estava fria e trêmula. O que não diferenciava muito da minha.
Foi a vez de Bella colocar a aliança em mim.
- Edward, receba esta aliança como prova do meu amor e fidelidade. – Sua voz doce invadiu o meu ouvido, como a mais perfeita das melodias.
Com um sorriso nos lábios ouvimos as palavras que tanto ansiávamos.
- Em nome de Deus, eu os declaro marido e mulher.
Nossos olhos se tornaram incapazes de ver qualquer coisa que não fosse o outro e naquele momento não havia medo, nem trauma, nem nada que nos impedisse de fazermos o que nossas almas exigiam. Atraídos por uma força mágica, nos abraçamos sem receios. Nossos corpos se uniram em perfeita precisão, embevecidos de alegria por terem enfim se reencontrado. Eu não duvidava mais de que Bella já tivesse sido minha. Eu reconheceria a sensação de plenitude daquele abraço mesmo que séculos e séculos houvesse se passado desde a última vez que a experimentei. O êxtase de tê-la junto a mim não era algo que pudesse ser esquecido.
Sem nos separarmos, nossas bocas se encontraram e, ao som de palmas, celebramos o nosso próprio ritual de casamento. Agora, mais do que nunca, éramos marido e mulher.

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